62° CBGO 2025: Recomendações para a Ginecologia sobre rastreamento do câncer de mama
Uma das mesas redondas do 62° Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia discutiu o rastreamento do câncer de mama e do BI-RADS para a Ginecologia. Com a coordenação da presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia Regional Rio de Janeiro, Dra. Maria Júlia Gregório Calas, os debates abordaram tópicos como mama densa, as principais críticas a respeito do rastreamento e pontos importantes do BI-RADS ultrassonográfico.
Os especialistas apresentaram a atual diretriz para a detecção precoce do câncer de mama e destacaram que as orientações não são um consenso. Dessa forma, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) - em conjunto com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) - elaborou recomendações consideradas mais eficazes na investigação e no diagnóstico precoce da doença.
Uma delas é a mamografia a partir apenas dos 50 anos, como recomenda o Ministério da Saúde. Para as Sociedades Médicas, esse exame é essencial no rastreamento e há a necessidade de mudança na idade para iniciar a avaliação, que seria a partir dos 40 anos até 74 anos.
Outro ponto reforçado pela Dra. Hilka Flávia Barra do Espírito Santo Alves Pereira, vice-presidente da FEBRASGO na Região Norte, é a abordagem das mulheres de alto risco. “Histórico familiar, mutações genéticas, fatores de risco e rastreamento intensificados são fundamentais para prevenção e detecção do câncer de mama de forma antecipada. O rastreamento precoce salva vidas.”
Para a médica, é essencial promover a conscientização sobre o problema e a importância dos hábitos de vida saudáveis para evitar os fatores de risco, além de garantir acesso à saúde e aos exames necessários.
O Dr. Alexandre José Calado Barbosa, presidente da Febrasgo Regional Alagoas, fez esclarecimentos sobre a condução de pacientes com mama densa no rastreamento do câncer e apresentou pontos importantes do BI-RADS mamográfico para o ginecologista.
Sobre mama densa, o médico apresentou estratégias para o melhor rastreamentos dessas mulheres, dividindo em população de risco habitual e de alto risco. “No risco habitual, a orientação é a realização de mamografia anual, ressonância magnética e ultrassom. Já no alto risco, além da mamografia, a ressonância magnética anual.” Ele também chamou atenção para a importância de avaliar as questões mamárias durante a gestação.
Já com relação aos BI-RADS mamográficos, um dos pontos destacados pelo Dr. Alexandre foi a importância do exame. Segundo ele, é essencial, para padronizar a interpretação e descrição do laudo, sistematizar a classificação e conduta de lesões e proporcionar um sistema de auditoria de qualidade.
As considerações sobre as críticas a respeito do atual rastreamento do câncer de mama foram feitas pelo Dr. Gil Facina, presidente do Conselho Científico da Sociedade de Mastologia. Ele abordou desde o rastreamento e suas recomendações, a cobertura populacional, o sobrediagnóstico e o papel do ginecologista.
Segundo o especialista, os ginecologistas têm papel importante no manejo do câncer de mama, que vão desde a avaliação de risco, a interpretação do BI-RADS e o aconselhamento. “É fundamental que o profissional analise os fatores genéticos, histórico e densidade mamária, compreenda as categorias dos BI-RADS (0 a 6) para as melhores condutas e oriente sobre os riscos e tratamentos.”
As indicações, as orientações, as classificações, as limitações e as vantagens do BI-RADS ultrassonográfico para o ginecologista foram apresentadas pela Dra. Maria Júlia Gregório Calas, ginecologista membro da CNE de Imaginologia Mamária da FEBRASGO.
Ela explicou que ultrassonografias não são recomendadas como rastreamento suplementar ou como método isolado em mulheres com risco habitual e destacou que é preciso atenção em algumas situações como: aquelas com menos de 30 anos não têm indicação de exames periódicos, já que a maioria das lesões são benignas; mulheres na pós-menopausa sim precisam de atenção, pois nódulos novos costumam ser suspeitos; e não há indicação de ressonância magnética no controle de lesões de BI-RADS 3 na ultrassonogafia, assim como substituto de indicação de biópsia.
Debate sobre o parto humanizado no 62º CBGO leva a muitas reflexões
“Foi um privilégio poder coordenar uma mesa tão cheia de reflexões e aprendizado”. Essa foi a sensação da Dra. Roseli Mieko Yamamoto Nomura, diretora administrativa da FEBRASGO, ao finalizar a sessão que abordou o parto humanizado. Fizeram parte da mesa: Dra. Mary Nakamura, Dra. Adriana Lippi Waissman, Dr. Jorge Kuhn dos Santos, Dr. Alberto Trapani Júnior e Dr. Caio de Campos Prado.
Os debates envolveram a assistência ao parto, analgesia, proteção perineal, episiotomia, as equipes de trabalho e as práticas de como o momento deve ser cuidado.
Uma reflexão em comum é o fato de milhões de partos acontecerem diariamente, mas os questionamentos continuarem a ser feitos. Segundo a Dra. Roseli, são necessárias mais evidências científicas para validar todas as práticas. “Não podemos aceitar uma Fake News ou somente uma indicação de uma proposta terapêutica sem embasamento. Temos tantos partos, mas falta uma pesquisa consistente para trazer fortes evidências”.
A médica explicou que as pesquisas existem, mas não são suficientes para um redirecionamento ideal e que estímulos para novos estudos nas universidades têm sido incentivados. “Precisamos oferecer às mulheres as melhores práticas”.
Momentos de reflexão sobre o “desaprender” estiveram no centro das discussões. A Dra. Roseli lembrou que decisões da antiga obstetrícia eram feitas sem evidências fortes e é o momento de refletir sobre as mudanças que vêm acontecendo, não só no Brasil, mas em todo mundo. “A mulher se apropriou deste momento e passou a ter o controle da sua vida na gestação. É importante entender e assimilar essas mudanças”.
O Dr. Jorge Kuhn, da Escola Paulista de Medicina, também mencionou a necessidade de um trabalho multiprofissional no momento do parto e as mudanças nas condutas ao longo do tempo. Entre elas, o fato de o médico, antigamente, só ser chamado quando era necessário ao surgir uma intercorrência. Tudo isso mudou, mas é preciso, atualmente, um trabalho ‘transprofissional’”.
Em época de tantas reflexões, o Dr. Jorge reforça a importância de ter uma mente aberta para analisar que algumas práticas feitas antigamente não eram adequadas. “Lembro de um professor que dizia nas aulas que metade do que os alunos aprenderam iria mudar. Só não sabíamos qual metade era.”
Segundo o Dr. Jorge, que essa mensagem de reaprendizado possa ser estimulada para os jovens, porque é a formação deles que pode mudar o cenário, baseado em trabalhos robustos e feitos sem conflitos de interesses.
62° CBGO 2025: Fórum fomenta a reflexão sobre a mortalidade materna no Brasil
Durante o Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (CBGO 2025), aconteceu o Fórum Mortalidade Materna no Brasil. A atividade fomentou a reflexão e o debate sobre temas essenciais relacionados aos cuidados com as mulheres. Foram três palestras que buscaram chamar atenção para a situação da mortalidade materna em geral, a de mulheres negras e de adolescentes menores de 14 anos.
Um dos pontos principais da discussão foi a importância de promover a prevenção, o suporte e ações voltadas para reduzir a mortalidade de mulheres de classes, raças e idades distintas.
O Fórum foi a oportunidade de conhecer a realidade do Brasil sobre a questão, analisar os dados e as metas de mortalidade, o papel da atenção básica e o enfrentamento do estupro de vulnerável, além de discutir o racismo estrutural e institucional que muitas mulheres podem sofrer.
A atividade foi coordenada pela Dra. Rossana Pulcineli Vieira Francisco, obstetra presidente da CNE de Mortalidade Materna e membro do Núcleo Feminino da FEBRASGO, que reforçou ser fundamental todos assumirem o seu papel. “Precisamos estimular a reflexão para que todos compreendam que só com políticas públicas poderemos mudar a realidade dessas mulheres.”
A situação da mortalidade materna no Brasil e as metas do desenvolvimento sustentável
A Dra. Maria do Carmo Leal, obstetra membro da CNE de Mortalidade Materna, foi a responsável por apresentar o tema. Ela iniciou a palestra reforçando a importância dos ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e destacou que a meta, segundo os ODSs, é a redução da taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos, até 2030.
A especialista explicou que, de forma geral, essa meta foi atingida em 2022, depois de um período complicado com o aumento do indicador devido aos anos de pandemia, o que foi mostrado em reunião promovida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2023. No encontro, foram analisados os dados dos anos de 2016 a 2022.
Mas, ainda é preciso mais ações e estratégias para que os números não voltem a subir e que as novas metas possam ser alcançadas. “Neste encontro de avaliação, estabeleceu-se que, no Brasil, até 2030, a meta nacional é reduzir a razão de mortalidade materna (RMM) para, no máximo, 30 mortes por 100 mil nascidos vivos.”
Dentre algumas das iniciativas governamentais para o alcance das metas estão: assegurar, no mínimo, sete consultas pré-natal a todas as gestantes; aumentar o orçamento para a atenção básica e serviços de saúde obstétrica; fortalecer os programas de tratamento e diagnóstico precoce e ações de promoção de saúde, principalmente, na atenção primária; assegurar e ampliar a cobertura vacinal, fortalecendo o Programa Nacional de Imunizações (PNI); desmistificar as fake news sobre as vacinas; reconstruir a Rede Cegonha; fortalecer o ESF (Estratégia de Saúde da Família); e o Programa Mais Médicos.
A mortalidade materna em mulheres negras: da morte de Alyne Pimentel aos dias atuais
Para Dra. Rossana Pulcineli Vieira Francisco, compreender os fatores que contribuem para a mortalidade materna é fundamental, principalmente em mulheres negras. A médica abordou a questão em sua palestra e apresentou o caso de Alyne Pimentel, jovem gestante negra que faleceu em 2002 por falta de atendimento adequado.
“Falar sobre o caso Alyne Pimental é muito importante, pois se tornou um marco internacional na luta contra o racismo obstétrico. Foi a primeira condenação do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) por morte materna evitável, em 2011”, destacou ela, lamentando que negligências como as que ocorreram com Alyne ainda possam ser vistas atualmente.
De acordo com os dados apresentados pela médica, o percentual de mortes maternas segundo a cor passou de 50% a 60%, de 2002 a 2011, e para 65% até 2024. Para ela, esses números refletem a falta de acesso a serviços de saúde qualificados, desigualdade socioeconômica e de acesso à educação e o silenciamento das dores das mulheres negras. Por isso, a especialista reforçou a necessidade de estimular a reflexão sobre o racismo estrutural e institucional na saúde.
“O caminho para reduzir a mortalidade materna nessas mulheres é lutar contra essas práticas discriminatórias nos serviços públicos de saúde e discutir políticas públicas eficazes.”
Mortalidade materna em adolescentes menores de 14 anos e o enfrentamento do estupro de vulnerável
A gravidez infantil é um marcador de vulnerabilidade. Foi o que enfatizou a Dra. Ida Perea Monteiro, obstetra membro da CNE de Mortalidade Materna, na palestra que encerrou os debates do Fórum de Mortalidade Materna. Durante a aula foram apresentados dados atualizados sobre gestação em menores de 14 anos, comparando com as faixas etárias mais avançadas.
A Dra. Ida destacou ainda a importância de compreender as questões legais que envolvem o estupro de vulnerável e a responsabilidade dos profissionais de saúde na notificação, proteção e encaminhamento. “É preciso deixar claro que relações com menores de 14 anos configura como estupro de vulnerável, independentemente se for consensual.”
Outro ponto reforçado por ela é a discussão sobre o aborto legal, garantido por lei para essas meninas, os fluxos previstos na legislação e os principais obstáculos enfrentados por essas jovens, vítimas de violência sexual, e suas famílias. “É dever ético e legal dos profissionais atuarem na proteção de meninas, informar sobre os direitos à proteção e à interrupção da gravidez respeitando sua autonomia e integridade.”
A médica enfatizou que a gravidez nessa faixa etária é sempre resultado de estupro com risco aumentado de morte materna, além de ser um fracasso coletivo das políticas públicas. “É sempre importante reforçar que menina não é mãe e a mortalidade materna em menores de 14 anos é uma tragédia que exige resposta imediata”, completou Dra. Ida.
62° CBGO: Debate sobre cirurgia robótica e telecirurgia
A tecnologia tem revolucionado a medicina há anos e o tema esteve em pauta no 62° Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia - CBGO 2025, que acontece no Riocentro, Rio de Janeiro, de 14 a 17 de maio. As reflexões sobre o assunto destacaram o papel da cirurgia robótica nos resultados dos procedimentos cirúrgicos em ginecologia e o crescimento da teleconsulta e da telecirurgia.
Os esclarecimentos foram apresentados na mesa “Endoscopia ginecológica - Cirurgia no Século 21”, coordenada pela Dra. Márcia Mendonça Carneiro, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Endometriose. Participaram dos debates o Dr. Agnaldo Lopes da Silva, Diretor Científico da FEBRASGO, e o Dr. Mariano Tamura Vieira Gomes, presidente da CNE de Endoscopia Ginecológica.
O Dr. Agnaldo esclareceu que estamos vivendo um momento de renovação e que as questões tecnológicas envolvendo a cirurgia, a robótica e a teleconsulta têm evoluído de maneira significativa. “Podemos esperar cada vez mais avanços nessa área. Procedimentos cirúrgicos com robótica já são uma realidade e usados, inclusive, em cirurgias ginecológicas.”
O especialista apresentou a palestra “A telecirurgia já é uma realidade?”, destacando a história e os 10 mandamentos da telecirurgia. Dentre os pontos importantes ressaltados por ele estão: priorizar a segurança e eficácia do paciente; manter a transparência, a honestidade e o consentimento; promover a interação humana e empatia; aderir às práticas médicas éticas, estabelecer responsabilidades e obrigações claras; defender a privacidade e a segurança de dados; promover a acessibilidade e equidade; incentivar a colaboração e a padronização internacionais; promover a educação e o treinamento contínuos e; promover a inovação de tecnologias de telecirurgia seguras e confiáveis.
E a cirurgia robótica, será que ela melhora realmente os resultados em ginecologia? O Dr. Mariano Tamura Vieira Gomes foi quem buscou responder essa questão. Ele apresentou algumas das características das cirurgias que utilizam essa ferramenta e destacou que elas trazem bons resultados, com satisfação da paciente e baixa morbidade.
Outros benefícios da robótica na ginecologia elencados por ele durante a palestra foram: o tratamento em casos tanto de alta quanto de baixa complexidade, interações tecnológicas, bons resultados estéticos, autonomia do cirurgião, importância do volume cirúrgico para resultados consistentes e necessidade de viabilização de custos.
Segundo os especialistas, a incorporação dessas tecnologias, incluindo a inteligência artificial, é fundamental para fazer a diferença no tratamento e na vida da pessoa que está sendo beneficiada, além de fortalecer a relação médico-paciente. “A tecnologia não deve excluir, mas reforçar o toque humano nos cuidados de saúde. A questão humana sempre deve prevalecer”, finalizou o Dr. Agnaldo.
62º CBGO: O cuidado integral das mulheres no climatério – Parte 2
A Dra. Lucia Costa Paiva, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Climatério, trouxe insights sobre “Terapia hormonal (TH): indicações e efeitos colaterais”.
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O climatério é um evento fisiológico que proporciona aos médicos e às mulheres uma oportunidade de promoção de saúde.
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A TH reduz em 75% a intensidade e frequência das ondas de calor semanais.
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A terapia hormonal pode ser indicada para: (1) tratamento de sintomas vasomotores; (2) síndrome geniturinária; (3) insuficiência ovariana prematura (antes dos 40 anos); e (4) prevenção da perda de massa óssea.
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É essencial que ginecologistas questionem sobre sinais da síndrome geniturinária, tais como ressecamento vaginal, infecção urinária e atrofia externa.
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Embora não seja indicada diretamente para esses fins, a TH também traz benefícios para: humor, sono, função sexual; pode reduzir o risco de diabetes tipo 2, de câncer colorretal (quando utilizada em terapia combinada) e reduzir o risco de eventos cardiovasculares, além de melhorar a qualidade de vida.
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“Educação médica, informação para pacientes e fornecimento (e aquisição) de medicamentos são importantes para darmos qualidade de vida e saúde adequadas às mulheres no climatério”, pontuou Dra. Lucia.
TH e Prevenção da Massa Óssea
“O que eu quero para minha paciente é que ela nunca frature. Nós, ginecologistas, precisamos olhar a saúde óssea da mulher que entra na menopausa”, declarou Dr. Marcelo Luis Steiner, diretor da FEBRASGO, logo no início de sua aula durante o Fórum – Saúde Mulher no Climatério. Dr. Marcelo trouxe dados do estudo Swan, que indica: durante a menopausa, ocorre perda de 10,6% de massa óssea na coluna lombar e 9,1% no colo do fêmur.
O diretor da FEBRASGO comenta ainda que é importante que ginecologistas se preocupem com as ondas de calor, porém não podem esquecer de questionar sobre a massa óssea.
Os ginecologistas desempenham um papel crucial na prevenção, identificação e tratamento das mulheres propensas a desenvolver doenças ósseas. A saúde óssea deve ser acompanhada desde a infância, com um período crucial de ganho de massa óssea e desenvolvimento do tecido ósseo na adolescência, atingindo o pico entre os 25 e 30 anos.
Após os 30 anos, a massa óssea estabiliza e começa a diminuir gradualmente após os 40 anos. De acordo com o ginecologista, a genética é responsável por cerca de 70 a 80% do pico de massa óssea, enquanto os hábitos de vida influenciam aproximadamente 20%. “Devemos ser ativos para determinar o risco de fraturas e realizar as intervenções recomendadas”, comenta Dr. Steiner.
62º CBGO: O cuidado integral das mulheres no climatério – Parte 1
A mesa moderada pela Dra. Maria Celeste Osorio Wender, presidente da FEBRASGO e da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Núcleo Feminino, e pela Dra. Lucia Helena Simões da Costa Paiva, presidente da CNE de Climatério, contou com a participação de mulheres representantes do governo. Uma delas foi a Dra. Renata de Souza Reis, Coordenadora Geral de Atenção à Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde.
Dra. Renata trouxe um panorama importante sobre a evolução das políticas públicas para as mulheres no climatério. Desde a publicação da Alma Ata (1978), passando pelo Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher: Bases da Ação Programática (1984), que, segundo a Coordenadora Geral de Atenção à Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde, “foi forjado pela luta de muitas mulheres”.
Nesta evolução, foi citada a Norma de Assistência ao Climatério (1994) e a 1ª Conferência Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres, que versa sobre a garantia de universalidade e integralidade no cuidado à saúde e na promoção de políticas específicas para os diferentes perfis de mulher: a do campo, das comunidades ribeirinhas e indígenas, por exemplo.
O documento sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres - PNAISM (2004) dedica sessão específica ao climatério. Um dos objetivos deste documento é ampliar o acesso e qualificar a atenção às mulheres no climatério na rede SUS. O Manual de Atenção à Mulher no Climatério e Menopausa, que atualmente está em atualização, discorre sobre acolhimento, aspectos psicológicos, hábitos de vida, terapêutica e medidas de prevenção de agravos.
“Além de outros direitos civis e políticos, muitas obviedades que existem hoje não eram realidade até pouco tempo atrás: o direito ao voto, a escolher se eu, mulher, quero estudar (ou não), a não precisar de permissão do marido para trabalhar. São liberdades que construímos e não foram fáceis. Por isso, faço questão de honrar e agradecer a todas as ancestrais que me antecederam e abriram os caminhos para que hoje eu estivesse aqui falando com vocês”, declarou a Coordenadora Geral de Atenção à Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde.
Ainda de acordo com a coordenadora, há trabalhos em andamento: (1) está sendo elaborado um curso autoinstrucional (EaD) para profissionais de atenção primária em saúde e (2) está em tramitação a incorporação de novos medicamentos para tratamento de sintomas da menopausa. “E um spoiler: em outubro de 2025, haverá a 1ª Mostra Nacional de Experiências no SUS de Promoção de Saúde de Mulheres na Transição para Menopausa e Pós-menopausa”, comentou a médica.
A mesa ainda contou com as seguintes apresentações:
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Dr. Luiz Francisco Cintra Baccaro, membro da CNE de Climatério, sobre doenças prevalentes na pós-menopausa – com foco nas doenças cardiovasculares, que representam 30% dos óbitos em mulheres a partir dos 55 anos.
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Dra. Maria Célia Mendes, membro da CNE de Climatério, fez uma apresentação sobre alimentação saudável e atividade física na prevenção de doenças.
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Aline Lima Xavier, enfermeira da Coordenação Geral de Prevenção às Condições Crônicas na Atenção Primária de Saúde, destacou a importância de cuidar da mulher integralmente, já que 85% da carga de doenças no Brasil é de condições crônicas, dentre elas, as DCNT – doenças crônicas não transmissíveis.
Ao final desta 1ª parte do Fórum – Saúde da Mulher no Climatério, a Dra. Maria Celeste comentou: “Tenho certeza de que essa integração é para gerar frutos”.
62º CBGO – Lançamento da 2ª edição dos Tratados de Ginecologia e de Obstetrícia
Durante o 62º CBGO, foi oficialmente lançada no estande da FEBRASGO a segunda edição de dois tratados essenciais para atualização de médicos: o de Ginecologia e o de Obstetrícia.
O Tratado de Obstetrícia tem como editores o Dr. Agnaldo Lopes da Silva Filho, Dr. César Eduardo Fernandes e Dra. Maria Celeste Osório Wender. Entre os coordenadores, estão Dr. Álvaro Luiz Lage Alves, Dr. Olímpio Barbosa de Moraes Filho, Dra. Roseli Mieko Yamamoto Nomura e Dra. Rosiane Mattar.
Já o Tratado de Ginecologia tem como editores Dr. Agnaldo Lopes da Silva Filho, Dr. César Eduardo Fernandes e Dra. Maria Celeste Osório Wender, e os coordenadores são: Dr. Luciano de Melo Pompei, Dr. Rogério Bonassi Machado, Dr. Sérgio Podgaec e Dra. Zsuzsanna Jármy Di Bella.
“Se eu tiver que adjetivar de alguma maneira este Tratado de Obstetrícia eu diria maravilhoso, não porque estamos na Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro, mas o livro é uma fonte de consulta obrigatória para quem tem interesse na especialidade”, declara Dr. César Eduardo.
O Dr. Agnaldo elenca que a FEBRASGO tem no seu DNA a questão da educação médica continuada. “Trazer informação de qualidade tem tudo a ver com o propósito da FEBRASGO, proporcionando a melhor assistência para as mulheres brasileiras. Apesar da internet, livros físicos como esses tratados fazem muita diferença para jovens e acadêmicos que queiram mais informação atualizada e de qualidade para melhorar sua assistência no dia a dia.”
Dr. Sérgio Podgaec comenta que é muito importante os temas serem vistos periodicamente. “Sempre há protocolo novo, mudança de conduta e precisamos de um material oficial de conteúdo sólido para que os ginecologistas já formados, os residentes ou mesmo alunos, que estejam estudando Ginecologia e Obstetrícia na faculdade, tenham boa referência para estudarem e se atualizarem”.
Logo após a sessão de fotos, foi a vez da Dra. Maria Celeste fazer sua declaração sobre a importância dessas obras. “Estes tratados são fundamentais para levar informação correta para o profissional que busca conhecimento em qualquer área dentro da Ginecologia e Obstetrícia. Sempre com princípio de evidências científicas e condutas corretas. Asseguramos assim qualidade da assistência na saúde da mulher brasileira. Estamos muito felizes em lançar aqui neste congresso esses tratados”.
Vendidos a R$ 1.100,00 cada ou ambos por 2.200,00, parcelados em 10 vezes, o congressista que tiver interesse poderá adquiri-los durante o 62º CBGO, no estande da Gen Medicina, localizado bem pertinho do espaço da FEBRASGO. A partir de segunda-feira, os Tratados de Ginecologia e o de Obstetrícia estarão disponíveis para compra no site: www.grupogen.com.br
Tempo bom e muitos debates científicos neste segundo dia do 62º CBGO
Como previsto, o dia amanheceu com céu azul no Rio de Janeiro para o segundo dia do 62º CBGO. O trânsito de hoje esteve um pouco mais intenso para a chegada dos congressistas ao RioCentro. São as surpresas imprevisíveis, mas nada que tenha gerado atrasos para o início dos simpósios.
Foi um dia intenso de discussões entre ginecologistas e obstetras com abordagens como: Dificuldades no acesso ao aborto legal e morte materna; Contracepção hormonal oral combinada após os 40 anos; Dúvidas comuns no aleitamento materno - como orientar; Infecções emergentes e re-emergentes em ginecologia e obstetrícia.
Foco também no Núcleo Feminino da FEBRASGO, com ênfase em campanhas pelo fim da violência contra a mulher médica - #euvejovocê -, e um panorama sobre o momento atual das decisões da Anvisa em relação aos implantes hormonais manipulados. O posicionamento - e trabalho em conjunto da Federação e sociedades parceiras - foi apresentado em uma conferência da presidente, Dra. Maria Celeste Osório Wender.
Muitas salas com excelente público, além da grande circulação nos corredores da Feira Expositora. No estande da FEBRASGO, os participantes têm acesso a produtos personalizados da GO Store, como camisetas, copo tipo Stanley, agenda, canetas, jalecos, chaveiros, mochila e bolsa térmica. Vai ser difícil não se render a levar um pedacinho da especialidade e da história do Congresso para casa.
Quem também circulou pelos corredores da área de exposição observou uma agitação diferente. Era o FebraQuiz, que envolve os jovens profissionais em uma competição para estimular o aprendizado e é uma ótima ferramenta de networking.
O formato da competição é de perguntas e respostas, com questões baseadas em temas atualizados da Ginecologia e Obstetrícia. Ou seja, quem passar por perto vai conferir o entusiasmo dos participantes. Depois das duas rodadas classificatórias, a final acontece na sexta-feira, às 18 horas.
Dicas são sempre bem-vindas, então para quem está no 62º CBGO, vale lembrar que há uma ampla praça de alimentação com espaço coberto e, do lado oposto deste local, há um restaurante do estilo self-service. Também há guarda-volumes espalhados pelos pavilhões e tomadas para carregamento de celular. O atendimento nos food trucks é rápido, o que facilita a correria normal dos congressos, afinal ninguém quer perder nenhuma sessão.
Se durante a semana o trânsito é mais suave, atenção para a chegada amanhã, dia 16 de maio, pois é sexta-feira. O dia promete ser intenso, então aproveitem a noite para descansar e recarregar as baterias.