Câncer de vagina e vulva: diferenças, sintomas e a importância do diagnóstico precoce
27/11 – Dia Mundial de combate ao Câncer
Embora ainda pouco discutidos, o câncer de vagina e o câncer de vulva exigem atenção constante das mulheres e acompanhamento regular com o ginecologista. Apesar de surgirem na mesma região anatômica são doenças distintas, com comportamentos, sintomas e tratamentos diferentes.
O Dr. Caetano da Silva Cardeal, ginecologista da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Oncológica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), explica que a primeira diferença está na anatomia. “A vulva é a parte externa do genital feminino, onde há pelos, e é composta pelo monte de Vênus, grandes lábios, pequenos lábios e clitóris. Já a vagina é o canal interno que liga a vulva ao colo do útero. Tumores externos são classificados como câncer de vulva; já os que surgem no canal vaginal são cânceres de vagina”, esclarece.
O especialista reforça que o câncer de vulva costuma ter crescimento mais lento e causar sintomas perceptíveis, enquanto o câncer de vagina, geralmente mais agressivo, pode evoluir silenciosamente e ser detectado apenas no exame ginecológico de rotina.
Os sintomas iniciais também variam e, muitas vezes, são confundidos com condições comuns. “O sinal mais frequente do câncer de vulva é a coceira persistente, mas também podem surgir manchas, nódulos ou feridas que não cicatrizam”, afirma Dr. Caetano. Ardor ao urinar, frequentemente confundido com infecção urinária, e dor durante a relação sexual também merecem atenção. Já no câncer de vagina, os indícios tendem a ser menos evidentes: sangramento fora do período menstrual ou, após a menopausa, corrimento anormal, dor durante a relação e sensação de nódulo ou massa na região pélvica.
Os fatores de risco também diferem, embora ambos tenham relação direta com a infecção pelo HPV, principalmente pelos subtipos 16 e 18 - prevenidos pela vacina. No caso do câncer de vulva, além do HPV, o líquen escleroso (doença autoimune que causa atrofia e prurido intenso) é um fator importante a ser considerado, especialmente em mulheres pós-menopausa. Tabagismo, imunossupressão, presença de lesões precursoras e histórico de tratamentos como radioterapia também aumentam o risco. “Mulheres fumantes, por exemplo, ou que já tiveram lesões na vulva precisam de acompanhamento mais rigoroso”, afirma o especialista. Já para o câncer de vagina, o principal fator continua sendo o HPV, especialmente em pacientes que já apresentaram neoplasia intraepitelial cervical (NIC) ou vaginal.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por avaliação clínica mais detalhada. Na vulva, o ginecologista observa manchas, feridas e irregularidades e, se necessário, realiza a vulvoscopia para ampliar a visualização da área suspeita. “Feridas que não cicatrizam por mais de três semanas e associadas a prurido devem ser biopsiadas”, alerta o médico. Já o diagnóstico do câncer de vagina depende do exame especular, que permite visualizar todas as paredes do canal vaginal. Se houver suspeita, são realizadas colposcopia e biópsia. Após a confirmação, exames de imagem como ultrassom, ressonância magnética, tomografia e PET-CT complementam e orientam o tratamento.
Tratamentos
Os tratamentos variam conforme o estágio da doença. No câncer de vulva, a cirurgia é o tratamento padrão nos estágios iniciais, podendo incluir retirada da lesão e, em alguns casos, dos linfonodos inguinais. Para tumores maiores ou avançados, combinações de radioterapia e quimioterapia podem reduzir a doença antes de uma eventual cirurgia. Já no câncer de vagina, apenas tumores muito pequenos (menores que 2 cm) costumam ser operados; para os demais, a radioterapia associada à quimioterapia é o tratamento mais comum. “Quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores são as chances de cura”, enfatiza Dr. Caetano. Tumores iniciais de vulva têm índices de cura entre 80% e 90%, já nos casos mais avançados - com linfonodos comprometidos, comprometimento de vagina e ânus - essas taxas caem, mas ainda com possibilidade de tratamento. A imunoterapia também começa a despontar como alternativa em pesquisas para casos específicos de câncer de vulva.
O especialista reforça que a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais. A vacinação contra o HPV, o acompanhamento regular com o ginecologista e a atenção às mudanças no corpo são medidas essenciais. “Conhecer a própria vulva e procurar atendimento diante de qualquer alteração é um passo decisivo para identificar precocemente lesões que podem salvar vidas”, finaliza.
Violência contra a mulher: impactos na saúde e o papel essencial do médico ginecologista
- Mulheres expostas a agressões têm maior probabilidade de enfrentar aborto
- 25/11 é o Dia Internacional para Eliminação da Violência contra as Mulheres
A violência contra a mulher permanece como uma das mais graves violações dos direitos humanos e um desafio urgente de saúde pública. Suas manifestações — físicas, psicológicas, sexuais e patrimoniais - produzem efeitos que ultrapassam o sofrimento individual e se estendem às famílias, às comunidades e a toda a sociedade.
Segundo a médica Dra. Aline Veras Morais Brilhante, ginecologista da Comissão Nacional Especializada em Violência Sexual e Interrupção Gestacional Prevista em Lei da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), os danos provocados pela violência são amplos e persistentes. “As consequências são complexas, multifacetadas e podem acompanhar a mulher por toda a vida, afetando não apenas sua saúde física e emocional, mas também seu bem-estar social, sua autonomia e seu futuro”, afirma.
Impactos na saúde sexual e reprodutiva
No âmbito físico, as agressões podem resultar em lesões de diferentes gravidades, como fraturas, queimaduras, hematomas e traumas ginecológicos. Em casos mais extremos, a violência culmina no feminicídio, expressão mais cruel da desigualdade de gênero.
A violência também compromete profundamente a saúde sexual e reprodutiva das vítimas. Mulheres expostas a agressões têm maior probabilidade de enfrentar gestações indesejadas, abortos inseguros, complicações na gravidez - como parto prematuro e aborto espontâneo -, além de infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV. A violência sexual, em especial, impõe riscos diretos ao corpo e à saúde mental da mulher.
Dra. Aline destaca que esses impactos raramente se limitam ao momento da agressão. “A exposição prolongada ao estresse e ao trauma pode desencadear síndromes dolorosas crônicas, distúrbios gastrointestinais, dores de cabeça persistentes e alterações significativas na mobilidade e no funcionamento geral do organismo”, explica.
Os danos psicológicos figuram entre os mais severos. Muitas vítimas desenvolvem Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), depressão, ansiedade, distúrbios do sono e transtornos alimentares. Além disso, há aumento do risco de abuso de substâncias e tentativas de suicídio.
O papel do ginecologista na identificação e no acolhimento
A consulta ginecológica e obstétrica, por ser um momento de intimidade e confiança, frequentemente se torna a única oportunidade para que a mulher revele o abuso. Neste caso, é papel do médico ficar atento aos sinais físicos como - hematomas, lesões genitais, traumas cicatrizados e ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) recorrentes -, que devem acender um alerta. Da mesma forma, comportamentos como hesitação ao falar, ansiedade, tristeza profunda e a presença de um acompanhante controlador também podem indicar que a mulher está em situação de violência.
Para Dra. Aline, o compromisso do especialista vai além do diagnóstico técnico. “É fundamental que o ginecologista conduza o atendimento com sensibilidade, escuta ativa e postura não julgadora, garantindo um ambiente seguro para que a paciente possa se expressar e receber ajuda de forma qualificada”, orienta.
A violência sexual é considerada uma emergência médica. O protocolo inclui profilaxia para ISTs e HIV - preferencialmente nas primeiras 72 horas -, contracepção de emergência, coleta de vestígios mediante consentimento e acolhimento psicológico e social. A notificação compulsória é obrigatória e essencial para subsidiar políticas públicas e aprimorar a rede de proteção.
O acompanhamento, entretanto, não se encerra no atendimento emergencial. O cuidado multidisciplinar deve envolver ginecologista, psicólogo(a), assistente social e outros profissionais, garantindo suporte integral à mulher.
“A recuperação demanda uma abordagem holística que una proteção, cuidado clínico, apoio emocional e autonomia econômica. É essa rede articulada que permite à mulher reconstruir sua vida e ressignificar sua história”, afirma Dra. Aline.
O enfrentamento da violência contra a mulher exige políticas públicas eficientes, formação contínua de profissionais da saúde, campanhas de conscientização e o fortalecimento das redes de apoio. A cada atendimento qualificado, abre-se uma possibilidade real de romper o ciclo da violência e garantir que a vítima seja devidamente acolhida, protegida e acompanhada. Neste sentido, a FEBRASGO busca reforçar a campanha #EuVejoVocê – Pelo fim da violência contra a mulher com notícias, informativos, vídeos, lives e infográficos para ampliar as discussão e fornecer informações sobre o assunto.
FEBRASGO alerta: dor abdominal persistente em meninas pode ser sinal de tumor ovariano
No Dia Nacional de Combate ao Câncer Infanto-Juvenil (23/11), entidade reforça o papel da Atenção Primária e da Emergência no diagnóstico precoce e no cuidado integral de meninas e adolescentes.
Em alusão ao dia 23 de novembro, Dia Nacional de Combate ao Câncer Infanto-Juvenil (Lei nº 11.650/2008), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) chama a atenção de pediatras, médicos de família, ginecologistas e equipes de pronto-atendimento para dois sinais que não podem ser subestimados: dor abdominal persistente e aumento progressivo do volume abdominal em meninas e adolescentes. Esses sintomas, frequentemente atribuídos a cólicas, distensão ou “gases”, podem ser os primeiros indícios de tumores ovarianos, a neoplasia ginecológica mais comum nessa faixa etária. O diagnóstico precoce é determinante para ampliar as chances de cura, que podem chegar a 80% quando o tratamento é iniciado oportunamente em centros especializados.
“Reconhecer sinais de alerta e acionar rapidamente a rede de referência é fundamental para mudar desfechos”, afirma a ginecologista Dra. Elaine da Silva Pires Araujo, ginecologista da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia na Infância e Adolescência da FEBRASGO.
Tumor ovariano: principal neoplasia ginecológica em meninas
No atendimento primário, o aumento abdominal é a principal queixa que sugere massa ovariana. Na urgência, o quadro costuma se manifestar como dor abdominal intensa, podendo estar associado à torção ovariana ou ruptura de cistos. Muitas vezes, o tumor é identificado justamente durante a investigação desse episódio agudo.
A FEBRASGO destaca que cistos simples de ovário são comuns na infância e adolescência e, embora geralmente benignos, podem crescer, torcer e exigir intervenção. A diferenciação entre cistos funcionais, tumores benignos e neoplasias malignas depende de ultrassonografia e, quando necessário, de avaliação por serviços especializados em oncologia pediátrica e ginecologia da infância e adolescência.
Quando a dor merece investigação
Dor pélvica, distensão abdominal e irregularidade menstrual fazem parte das queixas comuns da adolescência. No entanto, sinais como dor persistente, crescimento abdominal, sensação de massa e sintomas associados (náuseas intensas, perda de peso, mal-estar importante) devem motivar investigação imediata com ultrassonografia e, diante da suspeita, encaminhamento adequado.
“A orientação é clara: dor que não passa e barriga que aumenta não podem ser tratadas repetidamente como cólica menstrual. É preciso examinar, solicitar imagem e referenciar”, reforça a Dra. Elaine Araujo.
Tratamento que preserva a vida e o futuro reprodutivo
No manejo de tumores ginecológicos – ou em casos em que adolescentes serão submetidas a quimio ou radioterapia por outros cânceres – a preservação da fertilidade deve fazer parte do planejamento terapêutico desde o início.
Segundo a FEBRASGO, a discussão sobre oncofertilidade deve ocorrer assim que o risco de comprometimento ovariano ou uterino é identificado. Estratégias podem incluir cirurgias poupadoras, preservação de tecido ovariano ou preservação de óvulos em situações específicas, sempre avaliadas por equipe multidisciplinar.
Cuidado integral: prevenção e saúde sexual
A FEBRASGO reforça que o cuidado de meninas e adolescentes em contexto oncológico deve incluir orientação em saúde sexual, uso de preservativos e atualização vacinal, especialmente a vacina contra o HPV, fundamental para prevenir cânceres do trato genital no futuro.
Para a entidade, o Novembro Dourado é uma oportunidade para ampliar a visibilidade da saúde ginecológica na oncologia pediátrica. “Ver a criança ou adolescente como um todo significa incluir a saúde reprodutiva, a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e o planejamento da vida adulta desde o início do tratamento”, conclui a Dra. Elaine Araujo.
Nota aos Médicos e à Sociedade: CFM e AMB alertam contra estelionato divulgado pela OMB
CFM e AMB alertam contra Estelionato divulgado pela OMB
O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) alertam que a denominada "Ordem Médica Brasileira" (OMB) não possui qualquer respaldo na legislação brasileira para titular o médico como especialista.
O sistema de Conselhos Regionais e Federal de Medicina (CRMS e CFM) constitui a estrutura oficialmente estabelecida para fiscalizar e normatizar o exercício profissional no país, com origem no Decreto-Lei n° 7.955/1945, que instituiu o CFM, e consolidada pela Lei n° 3.268/1957, que definiu suas atribuições enquanto órgãos de Estado.
A criação de especialidade ou área de atuação é disciplinada pelo Decreto n° 8.516/2015, sendo necessária aprovação pela Comissão Mista de Especialidades (CME), composta pelo CFM, AMB e Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação (CNRM/MEC).
Qualquer tentativa de conferir título de especialista fora desse marco legal não tem validade e caracteriza estelionato, sendo risco à segurança do paciente e dos sistemas de saúde, ao permitir que profissionais se apresentem como especialistas sem comprovação técnico-cientifica adequada.
O Decreto-Lei n° 4.113/1942, que disciplina a propaganda médica, veda expressamente o anúncio de especialidades não reconhecidas ou não homologadas pelas sociedades cientificas competentes, devendo o médico obter o Registro de Qualificação de Especialista (RQE) para validar sua expertise juntos aos Conselhos de Medicina e divulgar sua especialidade.
O CFM e a AMB adotarão as medidas legais cabíveis no âmbito cível, criminal e ético contra aqueles que estão perpetrando este crime.
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
A FEBRASGO lança o InterGO, programa de intercâmbio para residentes em Ginecologia e Obstetrícia
Como parte da campanha "Sempre com Você", uma iniciativa para reforçar o compromisso contínuo com os ginecologistas e obstetras (GOs) de todo o Brasil, a FEBRASGO - por meio de sua Comissão Nacional de Residências Médicas e em parceria com importantes centros de formação em Ginecologia e Obstetrícia - lança o InterGO, um programa de intercâmbio voltado a residentes que desejam ampliar experiências, conhecer novas realidades assistenciais e fortalecer sua formação técnica e científica.
“O Projeto Inter-GO será de grande importância para ampliar as oportunidades de treinamento dos residentes em diferentes áreas de atuação do Ginecologista e Obstetra, além de permitir a troca de experiências entre programas de residência em GO de diferentes regiões do nosso país”, declara Dr. Gustavo Salata Romão, presidente da CNE de Residência Médica da FEBRASGO.
O que é o Programa InterGO
O InterGO foi criado com o propósito de aproximar Programas de Residência Médica (PRM) em Ginecologia e Obstetrícia de todo o Brasil, estimulando a troca de experiências, a atualização científica e a integração nacional.
Por meio do programa, residentes do 2º e 3º ano podem realizar estágios de curta duração (30 dias), atuando como visitantes ou optativos, sempre sob supervisão de equipes experientes e professores de alto nível.
A FEBRASGO atua como elo entre os PRM acolhedores e os residentes interessados, dando visibilidade às oportunidades disponíveis em todo o território nacional.
Benefícios e oportunidades
A participação no InterGO possibilita contato direto com diferentes cenários de prática e amplia a formação do futuro especialista. Entre os principais benefícios, destacam-se:
- Acesso a centros de excelência em Ginecologia e Obstetrícia;
- Aprendizado com equipes reconhecidas nacionalmente;
- Enriquecimento curricular e científico, com vivências práticas em diferentes realidades hospitalares;
- Networking com especialistas e professores de referência na área;
- Integração nacional entre programas, contribuindo para a qualidade da formação médica.
Como participar
As vagas e áreas de estágio são disponibilizadas por programas de residência consolidados e parceiros, que informam à FEBRASGO suas possibilidades de acolhimento. Essas oportunidades são organizadas na plataforma do InterGO, onde o residente pode consultar as opções disponíveis e se inscrever de forma simples e segura.
Informações disponíveis na plataforma:
- Instituição;
- Área de estágio;
- Quantidade de vagas.
Atenção:
- Este é um benefício exclusivo para residentes que realizaram o exame do TPI.
- Residente, Clique no Botão abaixo e acesse com o seu login e senha cadastrados no TPI.
Os interessados podem acessar mais detalhes e realizar a inscrição pelo link: https://www.febrasgo.org.br/pt/residentes/intergo
Com o InterGO, a FEBRASGO reafirma seu compromisso com a excelência na formação médica, a integração entre programas de residência e o crescimento profissional de cada residente. Compartilhar experiências é construir o futuro da Ginecologia e Obstetrícia e qualificar ainda mais a assistência à saúde da mulher no Brasil.
FEBRASGO. Sempre com você!
Uma nova perspectiva para ampliar sua formação médica.
Amplie seus horizontes na Ginecologia e Obstetrícia com o InterGO
O programa de intercâmbio da FEBRASGO que conecta residentes, instituições e oportunidades em todo o Brasil.
A FEBRASGO, através de sua Comissão Nacional de Residências Médicas e em parceria com importantes centros de formação de Ginecologia e Obstetrícia, lança uma importante iniciativa: o InterGO, programa de intercâmbio voltado para residentes de Ginecologia e Obstetrícia que desejam expandir suas experiências, conhecer novas realidades assistenciais e fortalecer sua formação técnica e científica.
O que é o Programa InterGO
O InterGO foi criado com o propósito de aproximar Programas de Residência Médica (PRM) de Ginecologia e Obstetrícia de todo o Brasil, estimulando a troca de experiências, a atualização científica e a integração nacional. Por meio desse intercâmbio, residentes do 2º e 3º ano podem realizar estágios de curta duração (30 dias), atuando como visitantes ou optativos, sob supervisão de equipes experientes e professores de alto nível.
A FEBRASGO atua como elo entre os PRM acolhedores e os residentes interessados, promovendo a visibilidade das oportunidades disponíveis em todo o território nacional.
Benefícios e Oportunidades
- Acesso a centros de excelência em Ginecologia e Obstetrícia.
- Aprendizado com equipes reconhecidas nacionalmente.
- Enriquecimento curricular e científico com vivências práticas em diferentes realidades hospitalares.
- Networking com especialistas e professores de referência.
- Integração nacional entre programas, fortalecendo a formação médica.
Como participar
As vagas e áreas de estágio são disponibilizadas por programas de residência consolidados e parceiros, que informam à FEBRASGO suas áreas de acolhimento. Essas oportunidades são organizadas na plataforma do InterGO, onde o residente pode consultar as opções disponíveis e se inscrever de forma simples e segura.
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- Área de Estágio
- Qde Vagas
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Atenção:
- Este é um benefício exclusivo para residentes que realizaram o exame do TPI.
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Com o InterGO, a FEBRASGO reafirma seu compromisso em promover a excelência na formação médica, a integração entre programas e o crescimento profissional de cada residente.
Compartilhar experiências é construir o futuro da Ginecologia e Obstetrícia, qualificando ainda mais a assistência à saúde da mulher no Brasil.
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Mortalidade materna é quase o dobro entre mulheres pretas no Brasil, aponta estudo
- Disparidade se mantém por mais de uma década em todas as regiões, faixas etárias e causas
- Especialista da FEBRASGO reforça que o problema decorre de barreiras de acesso, qualidade do cuidado e racismo estrutural
- 20 de novembro: Dia da Consciência Negra
“Estudo mostra que a mortalidade materna foi quase duas vezes maior entre mulheres pretas ao longo de mais de uma década, em todas as regiões do país, em todas as faixas etárias e por todas as causas”, explica Dra. Fernanda Garanhani de Castro Surita, ginecologista e obstetra da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e uma das autoras do estudo cujo link é https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38985056/ .
Segundo a especialista, as maiores taxas de morte no ciclo gravídico-puerperal entre mulheres negras não se relacionam a fatores genéticos ou biológicos. “Condições clínicas de maior gravidade, demoras na obtenção do cuidado e atendimento pouco qualificado podem estar envolvidos — possivelmente pela presença do racismo estrutural na rotina dos serviços de saúde.” Esse racismo, acrescenta, interfere na qualidade do atendimento às gestantes negras desde o acesso ao serviço — por distância geográfica, custos, horários incompatíveis com o trabalho, falta de rede de apoio para cuidar de si — até o receio de um atendimento desrespeitoso.
Quando rompida a barreira do acesso, pode haver outra barreira: a baixa valorização das queixas pelos profissionais de saúde. O resultado são consultas mais rápidas, menos acolhedoras e com menos explicações, o que impacta diretamente o cuidado. Isso é relatado em outro estudo qualitativo (link https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/40424987/ ), que entrevistou mulheres negras após o parto e mostrou, entre outras questões, o sentimento de não serem ouvidas e de não estarem adequadamente informadas sobre os procedimentos pelos quais iriam passar.
A Dra. Fernanda reforça que oferecer cuidado “humanizado e equitativo” significa adotar um “cuidado centrado na pessoa”: uma abordagem que coloca a pessoa assistida — suas necessidades, preferências e valores — no centro das decisões clínicas e do planejamento do cuidado, assegurando respeito, dignidade, protagonismo, informação qualificada e empatia. “Isso vale para todas as pessoas gestantes e puérperas, mas é particularmente essencial para aquelas em situação de vulnerabilidade, seja pela cor da pele ou por outras condições.”
Para superar o racismo estrutural na saúde, a especialista destaca que é preciso ir além da conscientização individual. “É necessária uma transformação fundamentada em educação crítica e antirracista, tanto na graduação médica quanto na educação profissional continuada. Esses processos devem abordar preconceitos implícitos e explícitos e, também, enfrentar os fundamentos históricos e sociopolíticos da desigualdade racial em saúde. Cabe citar a importância de ações inclusivas em todo o processo de formação, desde o acesso por vestibulares até políticas de permanência estudantil, para ampliar a presença de pessoas negras em espaços de cuidado e na discussão de políticas públicas específicas”, aponta.
Nesta direção, a FEBRASGO tem atuado para integrar a equidade racial às políticas de saúde, às estruturas de melhoria da qualidade e aos mecanismos de responsabilização. Criar ambientes inclusivos e reflexivos — nos quais a conduta profissional considere as interseccionalidades e seja guiada por equidade, justiça e ética — é essencial para romper a persistência de hierarquias racializadas no cuidado obstétrico e em toda a rede de atenção à saúde.
“Por fim, gostaria de sugerir a leitura de um editorial sobre o tema, em que abordamos a importância de considerar as disparidades raciais na tomada de decisões para reduzir inequidades em saúde e de como a cor da pele deve ser levada em conta, no contexto histórico de discriminação, como uma variável complexa que influencia desfechos em saúde”, conclui a Dra. Fernanda. O estudo ao qual ela se refere pode ser consultado aqui https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37339640/