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USO DE IMPLANTES HORMONAIS E CÂNCER DE MAMA

Nota Conjunta Oficial da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) Clique aqui e confira o material.

Recentemente, foi publicado o artigo “Incidence of Invasive Breast Cancer in Women Treated with Testosterone Implants: Dayton Prospective Cohort Study, 15-Year Update”, que avaliou a incidência de câncer de mama invasivo em usuárias de implantes de testosterona ou de implantes de testosterona combinados com um inibidor da aromatase (Anastrozol). Os autores concluíram que a terapia com testosterona ou com implantes de testosterona e Anastrozol reduziu a incidência de câncer de mama em 47%.

Especialistas da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) avaliaram esse artigo e consideram que diversas imprecisões metodológicas comprometem a confiabilidade desses achados. A seguir, destacamos os principais pontos que impedem a incorporação desses dados à prática clínica.

  1. Ausência de Grupo Controle: O estudo comparou a incidência de câncer de mama em usuárias de implantes de testosterona com dados populacionais do SEER (Surveillance, Epidemiology, and End Results), sem incluir um grupo controle composto por não usuárias das mesmas terapias. Essa ausência representa uma grave imprecisão metodológica, que pode gerar viés de seleção e limitar a generalização dos achados.
  2. Falta de Controle para Fatores de Risco: Os autores afirmaram que as participantes não apresentavam risco aumentado ou reduzido de câncer de mama, sem demonstrar como esse risco foi calculado. Além disso, o IMC médio do grupo estudado foi de 26 kg/m², muito abaixo da média americana, o que compromete comparações com outros bancos de dados. Ressalta-se que o IMC elevado é um fator de risco conhecido para câncer de mama.
  3. Uso de Anastrozol como Fator Confundidor: No estudo, dois grupos foram avaliados, um de usuárias apenas de testosterona e outro de usuárias de testosterona associada ao Anastrozol, um inibidor da aromatase conhecido por reduzir o risco de câncer de mama. Entretanto, a análise estatística foi conduzida considerando ambos os grupos em conjunto, impossibilitando conclusões robustas sobre a relação entre o uso de testosterona e o risco de câncer de mama.
  4. Viés de Seleção e Amostragem Não Representativa: O estudo apresenta um viés de seleção, pois todas as pacientes foram tratadas em um único centro especializado na inserção de implantes hormonais, coordenado pela autora principal do estudo. Além disso:
  • Os critérios de inclusão foram baseados em sintomas subjetivos de “deficiência hormonal”, sem esclarecimento sobre quais seriam esses sintomas.
  • O estudo excluiu pacientes diagnosticadas com câncer até 240 dias após o primeiro implante e aquelas que ficaram mais de 240 dias sem receber um novo implante. Essa exclusão pode distorcer os resultados, eliminando casos que contrariariam a hipótese dos autores.
  • Não foram detalhadas outras possíveis complicações associadas ao uso de hormônios.
  1. Falta de Informações sobre a Dose de Testosterona Utilizada: Não há informação sobre a dose de testosterona administrada. Os autores mencionam que as doses foram ajustadas com base na resposta aos sintomas e efeitos colaterais, mas não especificam quais sintomas foram considerados nem as doses utilizadas.

Diante dessas graves deficiências metodológicas, este estudo não permite concluir que o uso de testosterona esteja associado à redução do risco de câncer de mama.

Os achados não justificam qualquer alteração na prática clínica atual. Para testar essa hipótese de forma adequada, seria necessário um ensaio clínico randomizado que atenda aos critérios estabelecidos pelas boas práticas em pesquisa clínica.

A FEBRASGO, a SBEM, a SBM, a Comissão Nacional de Mastologia e a Comissão Nacional de Imaginologia Mamária consideram temerária e prejudicial à saúde da população a disseminação de informações distorcidas sobre o tema. Reforçamos a importância da adesão a evidências científicas sólidas e às recomendações de sociedades médicas reconhecidas, evitando a adoção de práticas clínicas baseadas em estudos com limitações metodológicas e potenciais vieses.

Rio de Janeiro, 06 de fevereiro de 2025

Maria Celeste Osório Wender

(CNEs de Mastologia e Imagenologia Mamária)

Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)

 

Neuton Dornelas Gomes

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)

 

Augusto Tufi Hassan

Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM)

         

           

Diagnóstico precoce pode garantir taxa de cura de até 90% no câncer de mama

No Dia Nacional da Mamografia, 5 de fevereiro, a Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) destaca a importância do exame para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Ao identificar lesões iniciais, a taxa de cura pode chegar até 90%.

 

A Dra. Rosemar Macedo, presidente da Comissão Especializada em Mastologia da FEBRASGO, explica que a idade ideal para a realização do exame na população de uma forma geral, considerada de risco habitual, é a partir dos 40 anos, com intervalo anual. Para aquelas mulheres com risco aumentado, como as que têm predisposição genética para o desenvolvimento do câncer de mama, a idade para a realização da mamografia pode ser antecipada.

 

“A mamografia é o principal exame para o diagnóstico precoce, contribuindo para a redução da mortalidade por câncer de mama. Em alguns casos, pode ser necessária a solicitação de ultrassonografia e ressonância magnética. No entanto, isso não é uma regra; na vasta maioria das situações, a mamografia é capaz de detectar o câncer”, ressaltou a Dra.

 

A especialista explica que existem algumas condições que podem interferir no resultado do exame, como as mamas densas. “As mamas densas são aquelas em que há maior quantidade de tecido mamário e menor quantidade de gordura. Isso é o que nós chamamos de mama densa. Mamas com esse padrão podem representar um desafio para a detecção de lesões”, afirma.

 

A mamografia pode causar dor ou desconforto, mas um estudo realizado na Universidade Federal de Goiás mostrou que o percentual de pacientes que relatam desconforto intenso, a ponto de inviabilizar a realização de um novo exame, é extremamente baixo. “A vasta maioria das mulheres pode sentir algum desconforto ou até não sentir nada, mas, quando há desconforto, ele é geralmente suportável e não impede que a paciente realize a mamografia novamente”, lembra a médica.

 

Tanto a mamografia quanto a ressonância magnética e a ultrassonografia são exames de imagem importantes, mas cada um tem suas limitações. A ultrassonografia e ressonância, por exemplo, não conseguem visualizar microcalcificações, que podem ser vistas na mamografia, representando uma limitação desse exame. Deve-se ressaltar que não devemos substituir a mamografia pela ressonância e a ultrassonografia. O exame inicial para rastreamento é a mamografia. Por isso, a solicitação de ressonância e ultrassonografia são complementares ao exame da mamografia.

 

 

No Dia Mundial do Câncer, FEBRASGO esclarece mitos e verdades sobre o câncer de Colo do Útero e o HPV

Para marcar o Dia Mundial do Câncer, no próximo 4 de fevereiro, a Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) faz um alerta sobre a importância da conscientização e prevenção do câncer de colo do útero. Estima-se que, entre 2023 e 2025, cerca de 17 mil mulheres sejam diagnosticadas com essa doença, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

O Dr. Eduardo Cândido, presidente da Comissão de Ginecologia Oncológica da FEBRASGO, compartilha alguns mitos e verdades sobre o câncer de colo do útero e HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano), destacando a necessidade de informações precisas para a prevenção e diagnóstico precoce.

  1. Não tenho histórico familiar de câncer do colo do útero, então não preciso me preocupar

MITO. Mesmo sem histórico familiar, a mulher pode estar em risco. O principal fator causador do câncer de colo do útero é a infecção por tipos do HPV, transmitidos por contato sexual. Por isso, é fundamental que mulheres sexualmente ativas usem regularmente os métodos de barreira (como a camisinha feminina e masculina) e realizem exames de Papanicolau regularmente. Para aquelas que fizeram histerectomia total ou têm mais de 69 anos, é importante discutir com o médico a necessidade de continuar com os exames preventivos.

  1. O câncer de colo do útero pode ser evitado


VERDADE.
Sim, o câncer de colo do útero é um dos mais preveníveis. A principal causa é o HPV, e a prevenção começa com a vacinação, indicada desde a infância. Embora existam mais de 150 tipos de HPV, os tipos 16 e 18 são responsáveis por mais de 70% dos casos de câncer do colo do útero. A vacina, disponível gratuitamente no SUS, é recomendada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, com duas doses administradas com intervalo de seis meses.

  1. O HPV sempre apresenta sintomas


MITO
. infecção por HPV, na maioria das vezes, não apresenta sintomas e só pode ser identificada pelo exame de Papanicolaou (quando ocorrem alterações nas células do colo do útero provocadas pelo vírus) ou por testes mais específicos como a identificação do DNA do HPV também pela coleta do preventivo.  Por isso, é crucial manter os exames de rotina em dia, já que o HPV pode permanecer no organismo sem ser detectado de outra forma.

  1. O HPV pode ser curado


MITO.
Embora não haja cura específica para a infecção pelo HPV, a maioria dos casos é controlada pelo sistema imunológico e desaparece naturalmente. No entanto, em alguns casos, o HPV pode persistir e evoluir para tumores malignos, sendo a vacinação preventiva e o contato sexual com métodos de barreira, as melhores formas de controle.

  1. Nem todas as mulheres com HPV terão câncer de colo do útero


VERDADE.
Nem todos os tipos do HPV causam câncer de colo do útero. Entre os mais perigosos estão o 16 e 18. Além disso, é a falta de tratamento das lesões precursoras que pode resultar em câncer. Quando essas lesões são tratadas adequadamente, o risco de câncer é praticamente nulo.

  1. O câncer do colo do útero tem cura


VERDADE.
Diagnosticado precocemente, o câncer de colo do útero tem uma taxa de cura de até 95%, o que reforça a importância do diagnóstico precoce por exames regulares.

  1. A vacina contra o HPV é apenas indicada para mulheres

MITO. A vacina contra o HPV é recomendada tanto para meninas quanto para meninos. Disponibilizada pelo SUS, a vacina quadrivalente protege contra os tipos 6, 11 (causadores das verrugas genitais), 16 e 18 do vírus, prevenindo não só o câncer do colo do útero, mas também de vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe. Já disponível em rede privada, está aprovada a vacina nonavalente, que além de conferir proteção contra os tipos acima, também protege infecção contra outros 5 tipos causadores de tumores (31, 33, 45, 52, 58).

  1. Sangramento vaginal na menopausa pode ser sintoma de câncer de colo de útero, bem como o sangramento após a relação sexual em mulheres mais jovens e corrimento vaginal com odor forte e persistente.

 

VERDADE. Durante a menopausa, qualquer tipo de sangramento vaginal deve ser investigado. Pode ser um sinal de diversas condições, incluindo o câncer de colo do útero e o câncer de endométrio (corpo do útero). Por isso, é fundamental buscar orientação médica ao notar qualquer alteração no padrão de sangramento, especialmente após a menopausa. Essas informações, segundo o Dr. Eduardo Cândido, são essenciais para derrubar mitos e encorajar as mulheres a adotarem medidas preventivas (vacinação contra o HPV, uso de camisinha...) e a realizarem exames regulares, garantindo um diagnóstico precoce e, consequentemente, um tratamento mais eficaz.

Núcleo Feminino da FEBRASGO busca fortalecer a atuação das mulheres na Medicina

Além de promover debates sobre os desafios da carreira,  saúde mental e  qualidade de vida, o Grupo oferece programas de educação continuada

 

Em 1849, Elizabeth Blackwell foi a primeira mulher no mundo a obter o título de graduação em Medicina. A médica britânica, formada nos Estados Unidos, abriu portas para que muitas outras mulheres pudessem seguir os seus passos. O Dia da Mulher Médica, celebrado em 3 de fevereiro, é uma homenagem não apenas à pioneira, mas também a todas as mulheres médicas, que desempenham um papel essencial na evolução da saúde global.

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) reconhece os avanços conquistados pelas ginecologistas e destaca os desafios que ainda são enfrentados por profissionais da área. A participação crescente das mulheres no mercado de trabalho médico tem sido um marco importante, com a estimativa de que, até 2035, ocorra um crescimento de 118% de mulheres médicas no Brasil, de acordo com dados da Demografia Médica. Esse crescimento é especialmente notável na área da ginecologia, onde a presença feminina é cada vez mais forte.

No entanto, apesar desse progresso, as ginecologistas enfrentam uma série de obstáculos como a disparidade salarial, a sobrecarga de trabalho e o preconceito ainda presente no ambiente profissional. Segundo a FEBRASGO, muitas médicas ginecologistas também lidam com a constante sobrecarga de responsabilidades, muitas vezes conciliando a vida profissional com a familiar.

A Federação tem se dedicado a apoiar essas profissionais por meio de várias iniciativas, como a criação do Núcleo Feminino, que busca fortalecer a atuação das mulheres na Medicina, além de promover debates sobre os desafios da carreira, a saúde mental e a qualidade de vida. O Núcleo também trabalha para oferecer programas de educação continuada, promovendo a atualização constante das ginecologistas nas novas tecnologias e inovações no campo da obstetrícia e ginecologia.

A Dra. Marta Finotti, coordenadora  do Núcleo Feminino da FEBRASGO e do projeto Feito Para Ela, destaca a importância de reconhecer as vitórias e os desafios das mulheres médicas, especialmente na ginecologia. "Apesar de todas as conquistas, ainda há muito a ser feito. O empoderamento feminino na Medicina precisa ser fortalecido. A FEBRASGO tem trabalhado incansavelmente para garantir que as ginecologistas recebam o reconhecimento e o apoio necessário para prosperarem em sua profissão", afirma Dra. Marta.

O núcleo tem como objetivos:

  • Aumentar a conscientização sobre questões de saúde das mulheres e promover políticas e iniciativas que apoiem a saúde feminina;
  • Apoiar os direitos das mulheres de tomar decisões informadas sobre sua saúde reprodutiva;
  • Facilitar o contato e colaboração entre mulheres ginecologistas-obstetras profissionais, pesquisadoras e defensoras dos direitos das mulheres para compartilhar conhecimento e recursos e promover a pesquisa e a inovação da saúde das mulheres;
  • Incentivar a discussão de temas relacionados aos desafios da carreira, mercado de trabalho, empreendedorismo, saúde física e mental e qualidade de vida na grade dos congressos da FEBRASGO;
  • Desenvolver programas educacionais e oportunidades de treinamento para mulheres profissionais da área da obstetrícia e ginecologia para aprimorar seus conhecimentos e habilidades nos cuidados da saúde feminina;

A FEBRASGO também busca fomentar a colaboração entre ginecologistas, pesquisadores e defensoras dos direitos das mulheres, promovendo novas iniciativas de pesquisa e inovação em saúde reprodutiva, saúde materna e menopausa. O objetivo é criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor para as mulheres médicas, que possam contribuir para o avanço da medicina e da saúde das mulheres em todo o mundo.

Neste Dia da Mulher Médica, a FEBRASGO reafirma seu compromisso com a equidade na Medicina e com a promoção de um futuro mais justo para as ginecologistas e suas pacientes, reconhecendo a importância de se continuar a luta por um sistema de saúde mais igualitário e inclusivo.

Quais são os métodos contraceptivos mais adequados para adolescentes?

FEBRASGO destaca a importância da escolha e orientação adequada para a prevenção de gestações não planejadas nesta faixa etária

 

Na Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, que acontece de 1 a 8 de fevereiro, a Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) faz um importante alerta sobre a necessidade de métodos contraceptivos eficazes e adequados à realidade dos jovens, fundamentais para prevenir gestações não planejadas nesse período da vida.

A Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, presidente da Comissão de Anticoncepção da FEBRASGO, destaca que há métodos contraceptivos específicos indicados para adolescentes, considerando as particularidades dessa faixa etária. Ela ressalta ainda que os adolescentes estão entre os grupos com as maiores taxas de gestações não planejadas, o que reforça a importância de orientar e oferecer acesso a opções eficazes e seguras de contracepção.

“Várias são as razões para que a gestação ocorra sem planejamento, entre elas uniões muito precoces com o parceiro, falta de acesso ao método contraceptivo escolhido e descontentamento ou falta de adesão a ele. A prioridade deve ser a oferta de métodos contraceptivos mais eficazes, considerando que essa faixa etária está no auge da fertilidade, o que pode aumentar a probabilidade de falhas contraceptivas”, disse a médica.

É importante destacar que, por apresentarem menor risco de comorbidades, o principal critério na escolha do método para jovens deve ser a sua efetividade. Nesse sentido, os métodos reversíveis de longa duração (LARCs) são os mais indicados. Eles incluem os dispositivos intrauterinos (DIUs) hormonais e não hormonais, bem como o implante subdérmico de etonogestrel.

A ginecologista destaca que a orientação sobre o melhor método contraceptivo para cada paciente deve ser individualizada, levando em consideração as características, necessidades e preferências de cada adolescente. Esse processo começa com o estabelecimento de uma relação de confiança, que só é possível por meio do respeito, da confidencialidade das informações compartilhadas e de uma abordagem sem julgamentos. “Uma comunicação efetiva permite compreender os anseios da jovem, esclarecer dúvidas e desconstruir mitos relacionados aos métodos contraceptivos, explica a especialista.

Além da escolha do método, é fundamental explorar outros aspectos que podem impactar a saúde do paciente. Queixas como dismenorreia (cólicas menstruais intensas), sangramento uterino aumentado, cefaleias e sintomas de tensão pré-menstrual devem ser avaliados, pois muitos métodos oferecem benefícios adicionais além da contracepção, como o alívio desses problemas.

“Também é importante investigar a presença de condições de saúde que possam contraindicar o uso de métodos com componente estrogênico, ainda que sejam raras nessa faixa etária. Esse cuidado minucioso assegura que a escolha do método seja não apenas eficaz, mas também segura e benéfica para o bem-estar geral da adolescente”, ressaltou.

A médica explica que os contraceptivos não representam riscos à saúde, ao contrário do que circula em algumas redes sociais. “Os contraceptivos modernos são seguros, desde que respeitadas as contraindicações. Por exemplo, mulheres saudáveis podem usar contraceptivos orais combinados (a pílula) por muitos anos, sem prejuízo à saúde e ainda com o benefício de redução do risco de tumores de ovário e endométrio, desde que não apresentem contraindicações como, por exemplo, hipertensão arterial ou enxaqueca com aura. Mulheres que utilizam métodos que reduzem o sangramento uterino raramente desenvolvem anemia e, geralmente, apresentam uma boa qualidade de vida, com diminuição da dismenorreia”, explicou a Dra. Ilza.

O momento da escolha da contracepção é ideal para o médico abordar o uso de preservativos em conjunto com anticoncepcionais, essenciais para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Quando se estabelece uma boa relação durante o aconselhamento, o tema do risco de ISTs pode surgir de forma natural, facilitando a discussão. É importante reforçar que o preservativo, tanto masculino quanto feminino, é o único método capaz de prevenir essas infecções.

“Mostrar dados, abordar fatos da vida cotidiana e discutir a possibilidade de que o parceiro tenha outros parceiros podem ser caminhos eficazes para promover esclarecimentos sobre ISTs, destaca a especialista. Essa abordagem educativa, aliada ao respeito e à confiança, contribui para que adolescentes compreendam a importância de usar preservativos como complemento aos métodos anticoncepcionais, protegendo sua saúde de forma mais ampla.

“Adolescentes, em especial, necessitam de acompanhamento nos primeiros anos de uso dos métodos contraceptivos. Esse grupo é o que mais frequentemente descontinua o uso dos métodos sem buscar rapidamente uma substituição, muitas vezes devido a mitos ou dúvidas sobre alterações que desconhecem serem normais no início do uso, como o sangramento uterino irregular. A adesão ao método deve ser monitorada, e orientações frequentes no início do uso podem contribuir para melhores taxas de continuidade, garantindo maior eficácia e segurança na contracepção”, finaliza.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FEBRASGO participa de reunião com a ANS para discutir as diretrizes da proposta do Manual de Certificação de Boas Práticas em Atenção Oncológica

Entre os assuntos tratados, a Federação reforçou seu posicionamento a favor do rastreamento mamográfico anual para mulheres a partir dos 40 anos

Na última segunda-feira (27), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) participou do encontro entre  a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e outras entidades médicas para uma discussão sobre a proposta do Manual de Certificação de Boas Práticas em Atenção Oncológica que estabelece parâmetros para a certificação de operadoras de saúde.

Entre os temas abordados na proposta, o rastreamento mamográfico para mulheres a partir dos 50 anos de idade, realizado a cada dois anos, foi apontado como uma enorme preocupação entre os especialistas. Durante a reunião, a FEBRASGO, representada pela Dra. Rosemar Macedo Sousa Rahal, presidente da Comissão Especializada em Mastologia da entidade, reforçou seu posicionamento sobre o tema. “A Federação entende que essa abordagem negligencia uma parte significativa da população, visto que 25% dos casos de câncer de mama no Brasil ocorrem entre as mulheres de 40 a 50 anos. Portanto, adotar essa diretriz resultaria em perder o diagnóstico precoce de um quarto das mulheres nessa faixa etária”, disse.

A especialista defende que a mamografia tem um papel fundamental no diagnóstico precoce, pois permite identificar lesões em estágios iniciais da doença, o que permite tratamentos menos agressivos. “O tratamento na fase inicial promove uma recuperação mais rápida, permitindo que a paciente retorne às suas atividades laborais com mais agilidade”, explica a Dra. Rosemar. “O diagnóstico precoce também contribui para a redução do sofrimento da mulher e sua família, além de representar uma economia tanto social quanto econômica”, finaliza.

Portanto, a FEBRASGO reafirma seu compromisso com a saúde da mulher e defende o acesso à mamografia a partir dos 40 anos, de forma anual, como um direito legítimo das mulheres brasileiras. A possibilidade de negar esse direito seria um retrocesso, retirando um benefício que já está assegurado por lei.

Após ouvir a opinião de todas as entidades presentes no encontro, a ANS concedeu um prazo de 30 dias para a apresentação de estudos científicos e dados técnicos que justifiquem o rastreio mamográfico a partir dos 40 anos, e garantiu que todas as manifestações serão analisadas e uma nova proposta de normativa será elaborada e submetida à aprovação da diretoria colegiada da ANS.

FEBRASGO participa de reunião com Ministério da Saúde para discutir estratégias e ações de controle da dengue e outras arboviroses

Mais de 93 mil casos prováveis de dengue foram registrados nas primeiras semanas de 2025, com 11 mortes confirmadas e outras 104 ainda em investigação

No último dia 22 de janeiro, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) participou de uma reunião com a ministra da Saúde, Nísia Trindade e representantes de conselhos, sociedade civil, sindicatos, federações, instituições de saúde, associações e especialistas para discutir estratégias e ações para o controle da dengue e de outras arboviroses.

A gravidade da situação ficou evidente nos dados apresentados: mais de 93 mil casos prováveis de dengue foram registrados nas primeiras semanas de 2025, com 11 mortes confirmadas e outras 104 ainda em investigação. Em resposta, o Ministério da Saúde intensificou as campanhas de conscientização e combate às arboviroses. As ações serão priorizadas em estados que apresentam tendência de aumento nos casos de dengue, Zika e chikungunya, buscando reduzir os impactos dessas doenças e proteger a população.

O Dr. Regis Kreitchmann, presidente da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da FEBRASGO, participou da reunião e destacou o compromisso da Federação em contribuir ativamente da campanha. “A FEBRASGO reafirma sua preocupação com a saúde das gestantes e puérperas, que representam um grupo particularmente vulnerável em meio ao avanço de epidemias como a dengue. Nossa prioridade é garantir a saúde da gestante e do bebê”, destaca.

 

A Federação tem trabalhado intensamente para orientar e capacitar ginecologistas e obstetras em todo o país, reforçando a importância do diagnóstico precoce e do manejo adequado dos casos em gestantes. “Essa atuação é crucial diante dos números apresentados pelo Ministério da Saúde. Uma vez infectadas, as gestantes apresentaram maiores chances de desfechos desfavoráveis em comparação com mulheres não gestantes. Essa preocupação evidencia a necessidade de ações coordenadas e urgentes para proteger as populações mais suscetíveis e mitigar os impactos da doença na saúde pública”, afirma o especialista.

No ano passado, a FEBRASGO, em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), lançou o "Manual de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da Dengue na Gestação e no Puerpério". O manual foi concebido com o propósito de oferecer orientações específicas e detalhadas sobre a gestão da dengue em grávidas e puérperas, abordando desde o diagnóstico precoce até o tratamento clínico e a prevenção de complicações graves.

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