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Nota Falecimento

É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento da querida Dra. Daria Barroso Serrão das Neves, ginecologista exemplar, profissional competente e extremamente dedicada. Sua generosidade, humanidade e compromisso com a medicina deixaram marcas inesquecíveis em todos que tiveram o privilégio de conviver com ela.

Seu legado permanecerá vivo em nossos corações.


12 de abril - Dia do Obstetra: os desafios e os recados aos jovens médicos

Neste dia especial a todos os 37.327 obstetras no Brasil1, conversamos com a Dra. Rosiane Mattar, obstetra presidente da CNE de Gestação de Alto Risco, e com a Dra. Lílian de Paiva Rodrigues Hsu, presidente da CNE de Assistência Pré-Natal, para entender o que ainda tem sido desafiador na profissão.

Para Dra. Rosiane, “ser obstetra é uma grande alegria, é fazer parte da vida de uma família num momento muito importante, mas também é muito estressante, já que por vezes lidamos com urgências inesperadas e, eventualmente, as decisões são difíceis, pois envolvem a vida da mãe e da criança”.

Além deste desafio inerente à profissão, Dra. Rosiane pontua a falta de flexibilidade em algumas práticas da Medicina e nos preceitos das pessoas em geral. “A mulher que quer a cesárea não aceita que se discuta com ela qual é o melhor tipo de parto. Se o caso é um parto normal, a paciente quer te dizer se precisa ou não fazer uma intervenção, acreditando que vai dar tudo certo. Fica difícil fazê-la entender que, por vezes, existem riscos e intercorrências que inviabilizam seus desejos, pois temos que garantir a saúde da mãe e do filho”.

Para Dra. Lílian, o cenário obesogênico e estilos de vida pouco saudáveis - como ingestão de bebidas alcoólicas e hábitos tabagistas, principalmente, nas mulheres jovens - também estão entre os desafios. “A obesidade materna está associada a maiores riscos de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, macrossomia fetal e complicações no parto. Orientar sobre alimentação balanceada e atividade física antes da concepção é essencial, mas esbarra em dificuldades culturais e socioeconômicas. Algumas mulheres podem enfrentar barreiras ao acesso de cuidados em saúde como custo, disponibilidade de serviços e falta de informações, o que pode impedir a busca por cuidados pré-concepcionais adequados”, comenta.

Ela reforça a necessidade de informar as mulheres sobre a importância dos cuidados pré-concepcionais e o planejamento familiar. “O obstetra deve considerar a saúde mental das pacientes, pois transtornos emocionais podem contribuir para hábitos de vida pouco saudáveis, que apesar de serem socialmente aceitáveis - como bebidas alcoólicas e hábitos tabagistas - são altamente prejudiciais durante a gestação. O desafio é conscientizar sobre os danos, mesmo antes da gravidez”. 

Para ela, o obstetra deve atuar em conjunto com nutricionistas, psicólogos e outros profissionais da saúde para oferecer um melhor cuidado às pacientes. Fatores como falta de acesso a alimentos saudáveis, estresse e publicidade de produtos ultraprocessados agravam a situação. “O principal é entender que a saúde fetal começa antes da concepção, e intervenções precoces melhoram os desfechos materno-infantis”, finaliza Dra. Lílian.


Recado aos jovens obstetras

“Tem que gostar do que faz, lembrar que ser médico é gostar de gente e não pode, em nenhum momento - mesmo quando está cansado ou sem dormir – adotar qualquer atitude que não seja gostar da pessoa, da família. Fazer o seu melhor com comprometimento e segurança. Aprender, estudar...essas coisas são inerentes à prática da Medicina e da Obstetrícia, carreira que escolhemos. Então, temos que praticar nosso ofício com muito amor, comprometimento e conhecimento, sem pensar tanto nos problemas que podem advir do exercício profissional” – Dra. Rosiane Mattar.

“Mantenha-se sempre atualizado com as novas práticas, técnicas e diretrizes. A Medicina exige atualização constante. Ouça suas pacientes atentamente, responda às suas preocupações e forneça informações de maneira que elas possam entender. Isso ajuda a construir confiança e melhora a adesão ao tratamento. Cada paciente é única, com suas histórias e preocupações. Praticar a empatia não apenas ajudará no relacionamento médico-paciente, mas também trará satisfação ao seu trabalho.

A medicina é uma profissão desafiadora e pode ser estressante. Encontre tempo para cuidar de si mesmo, manter hobbies, estar com a família e amigos. O equilíbrio é essencial para se manter saudável e garantir uma prática médica sustentável. A troca de experiências e conhecimentos com colegas pode enriquecer sua prática. Use a Tecnologia a seu favor, mas não se torne escravo dela. Familiarize-se com as inovações tecnológicas e o uso de inteligência artificial. Elas podem aprimorar seu trabalho clínico, aumentar a segurança e a eficácia do atendimento. Mas lembre-se: o raciocino clínico é soberano.

Mantenha viva sua paixão pela obstetrícia e por ajudar as mulheres em momentos tão significativos de suas vidas. A residência pode ser difícil e exigir muito de cada um. Encare os desafios como oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Cada experiência contribuirá para sua formação. A sua responsabilidade é grande, mas também extremamente gratificante. Reconheça o valor do seu trabalho e a diferença que ele faz.” - Dra. Lílian de Paiva Rodrigues Hsu

1 – Dados da Demografia Médica de 2024 divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

08 de abril - Dia Mundial da Luta contra o Câncer: a importância do estilo de vida e o papel do ginecologista na prevenção

O Dr. Eduardo Batista Cândido, presidente da CNE de Ginecologia Oncológica, vem reforçar a importância da prevenção do câncer ginecológico - por meio de hábitos de vida mais saudáveis - e destacar o papel do ginecologista na prevenção do câncer.

Segundo o médico, o tabaco é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer; o HPV ocupa o segundo lugar. Em mulheres, o uso do tabaco está fortemente relacionado ao câncer de colo de útero, vulva e vagina. “Mesmo com o conhecimento sobre os riscos, muitas mulheres, especialmente jovens, ainda veem o consumo de tabaco como algo inofensivo. Contudo, o controle sobre esse consumo é fundamental, pois ele está diretamente ligado a diversos tipos de câncer”, explica Dr. Eduardo.

Além do tabaco, o uso do vape (cigarros eletrônicos) também está associado ao aumento de casos de câncer, principalmente de pulmão. Embora o câncer de pulmão não seja classificado como ginecológico, ele afeta um número significativo de mulheres. Isso é tão importante que está preconizado: mulheres entre 55 e 80 anos que fumaram cerca de 20 maços ao ano devem ser rastreadas por tomografia de baixa dosagem para câncer de pulmão.

Atividade física e alimentação saudável

Dr. Eduardo reforça que é importante manter uma rotina regular de atividade física, pois além dos benefícios para o sistema cardiovascular, os exercícios ajudam a controlar o peso e o índice de massa corporal (IMC). “A prática regular de exercícios está associada a uma menor incidência de cânceres, como o de mama e o de endométrio, que têm forte relação com desequilíbrios hormonais. A obesidade – que pode ter uma das causas o sedentarismo - pode levar ao colesterol aumentado, que perifericamente é convertido em estrona, um combustível para o câncer de endométrio”, explica o médico.

A alimentação equilibrada também desempenha um papel crucial na prevenção do câncer. Manter o peso dentro dos limites saudáveis, controlar o colesterol e reduzir o consumo de álcool são medidas eficazes na prevenção, especialmente para o câncer de mama, cujo risco aumenta significativamente após a menopausa.

O papel essencial dos ginecologistas na luta contra o câncer

O trabalho dos ginecologistas vai muito além do cuidado com a saúde reprodutiva. É fundamental que os profissionais da área desempenhem um papel ativo na conscientização sobre a prevenção do câncer, especialmente os de origem ginecológica.

A vacinação contra o HPV (Papilomavírus Humano) é uma dessas medidas essenciais. Não apenas deve ser oferecida, mas também prescrita para todas as mulheres (e, eventualmente, suas filhas), incluindo aquelas que já apresentaram lesões pré-cancerígenas. A vacinação é indicada para pacientes de até 45 anos e é um fator de proteção contra o câncer de colo de útero, além de outras neoplasias relacionadas ao HPV.

As meninas entre 9 e 14 anos, mesmo sem contato sexual, precisam ser vacinadas contra o HPV.

“O câncer de endométrio e do ovário, por exemplo, não são rastreáveis como o de útero, o que representa um desafio enorme, pois muitas vezes são diagnosticados em estágios avançados”, alerta Dr. Eduardo.

Outro aspecto que merece atenção é a educação sexual, que deve ser reforçada em todos os atendimentos. “O câncer de colo de útero, por exemplo, está diretamente ligado à infecção pelo HPV, que pode ser transmitido por via sexual. Por isso, é essencial que os ginecologistas incentivem o uso de métodos de barreira, como preservativos, para prevenir a infecção e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Este tipo de conscientização é uma responsabilidade do profissional de saúde, que tem um papel protagonista na orientação das pacientes”.

No Brasil, segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer) o câncer do colo do útero é o primeiro mais incidente na região Norte (26,24 para cada 100 mil mulheres) e o segundo nas regiões Nordeste (16,10 para cada 100 mil mulheres). No Centro-Oeste (12,35 para cada 100 mil mulheres) ocupa a terceira posição, seguido pela região Sul (12,60 para cada 100 mil mulheres) e pela região Sudeste (8,61para cada 100 mil mulheres), na quinta posição.

Segundo a mesma instituição, estima-se que, no triênio 2023-2025, serão 17.010 novos casos de câncer do colo do útero no Brasil. Isso representa uma taxa de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres.

Além dos cuidados ginecológicos, os ginecologistas também desempenham um papel importante na informação sobre cânceres não ginecológicos, como o câncer colorretal, um dos mais comuns no Brasil. O câncer de cólon e intestino, frequentemente diagnosticado por meio da colonoscopia (exame realizado pelo coloproctologista), é um tipo de câncer que pode ser prevenido com exames regulares. “Esse tipo de rastreamento é particularmente importante, pois, em algumas regiões do Brasil, o câncer colorretal é o segundo mais frequente”, afirma o médico.

Papel dos ginecologistas na prevenção

É fundamental que os ginecologistas alertem suas pacientes - e suas famílias - sobre a importância de medidas preventivas e do rastreamento precoce da doença. O cuidado contínuo e a realização dos exames preventivos, como o Papanicolau e mamografia podem salvar vidas, e a orientação adequada é crucial para garantir que as pacientes recebam o cuidado necessário no momento certo.

“Conscientizar as pacientes sobre a prevenção, diagnóstico precoce e rastreio de câncer é uma responsabilidade que os ginecologistas devem abraçar com compromisso, para garantir a saúde e bem-estar das mulheres e de suas famílias”, finaliza o ginecologista.

Estima que, entre 2023 e 2025, o Brasil terá 73.610 novos casos de câncer de mama, o que corresponde a 41,89 casos por 100 mil mulheres. 

Fonte: INCA – Instituto Nacioanl de Câncer

Papel da FEBRASGO

Ao longo de toda sua história, a FEBRASGO tem desempenhado um papel essencial na prevenção do câncer ginecológico. Suas ações de atualizações dos profissionais de saúde, materiais divulgados em veículos proprietários (como a revista Femina), informações nas redes sociais, posicionamentos, diretrizes e protocolos oficiais, além do incentivo de orientações de segurança com evidências científicas, fazem parte da contribuição da FEBRASGO na luta contra o câncer.

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