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Tempo bom e muitos debates científicos neste segundo dia do 62º CBGO

Como previsto, o dia amanheceu com céu azul no Rio de Janeiro para o segundo dia do 62º CBGO. O trânsito de hoje esteve um pouco mais intenso para a chegada dos congressistas ao RioCentro. São as surpresas imprevisíveis, mas nada que tenha gerado atrasos para o início dos simpósios. 

Foi um dia intenso de discussões entre ginecologistas e obstetras com abordagens como: Dificuldades no acesso ao aborto legal e morte materna; Contracepção hormonal oral combinada após os 40 anos; Dúvidas comuns no aleitamento materno - como orientar; Infecções emergentes e re-emergentes em ginecologia e obstetrícia.

Foco também no Núcleo Feminino da FEBRASGO, com ênfase em campanhas pelo fim da violência contra a mulher médica - #euvejovocê -, e um panorama sobre o momento atual das decisões da Anvisa em relação aos implantes hormonais manipulados. O posicionamento - e trabalho em conjunto da Federação e sociedades parceiras - foi apresentado em uma conferência da presidente, Dra. Maria Celeste Osório Wender.

Muitas salas com excelente público, além da grande circulação nos corredores da Feira Expositora. No estande da FEBRASGO, os participantes têm acesso a produtos personalizados da GO Store, como camisetas, copo tipo Stanley, agenda, canetas, jalecos, chaveiros, mochila e bolsa térmica. Vai ser difícil não se render a levar um pedacinho da especialidade e da história do Congresso para casa.

Quem também circulou pelos corredores da área de exposição observou uma agitação diferente. Era o FebraQuiz, que envolve os jovens profissionais em uma competição para estimular o aprendizado e é uma ótima ferramenta de networking.

O formato da competição é de perguntas e respostas, com questões baseadas em temas atualizados da Ginecologia e Obstetrícia. Ou seja, quem passar por perto vai conferir o entusiasmo dos participantes. Depois das duas rodadas classificatórias, a final acontece na sexta-feira, às 18 horas.

 

Dicas são sempre bem-vindas, então para quem está no 62º CBGO, vale lembrar que há uma ampla praça de alimentação com espaço coberto e, do lado oposto deste local, há um restaurante do estilo self-service. Também há guarda-volumes espalhados pelos pavilhões e tomadas para carregamento de celular. O atendimento nos food trucks é rápido, o que facilita a correria normal dos congressos, afinal ninguém quer perder nenhuma sessão.

Se durante a semana o trânsito é mais suave, atenção para a chegada amanhã, dia 16 de maio, pois é sexta-feira. O dia promete ser intenso, então aproveitem a noite para descansar e recarregar as baterias.

62º CBGO: Ginecologia endócrina no consultório

Com a coordenação do Dr. Edmundo Chada Baracat, membro da Comissão Nacional Especializada de Ginecologia Endócrina, as aulas abordaram o tratamento do hiperandrogenismo (Dra. Maria Cândida Pinheiro Baracat), a conduta em sangramento uterino anormal não estrutural (Dra. Cristina Laguna Benetti Pinto), as novas recomendações no tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos (Dr. José Maria Soares Junior) e a tensão pré-menstrual - diagnóstico e tratamento (Dra. Técia Maria de Oliveira Maranhão).

 

Dentre os pontos destacados durante as aulas estão: as avaliações e critérios para os diagnósticos adequados; mecanismos de ações dos anticoncepcionais no hirsutismo (hiperandrogenismo); opções de tratamento e seus efeitos no sangramento uterino anormal (não hormonais, hormonais ou cirúrgicos); a importância de corrigir os distúrbios metabólicos, a mudança no estilo de vida e o combate à obesidade na Síndrome dos Ovários Policísticos; e a falta de evidências científicas para o diagnóstico e tratamento da tensão pré-menstrual e a importância do monitoramento.

 

Foi reforçado também o importante papel que o ginecologista tem no acompanhamento dessas pacientes, mesmo em situações relacionadas às questões endócrinas e metabólicas, como no hiperandrogenismo e na Síndrome dos Ovários Policísticos.

62º CBGO: Infertilidade e reprodução assistida

“Atenção aos detalhes é essencial na investigação do casal infértil”, afirma Dr. Roberto de Azevedo Antunes, Diretor da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (SGORJ), durante a aula “Manejo da infertilidade no consultório ginecológico”.

O ginecologista reforça: nos casos de infertilidade, além da mulher, é fundamental investigar o homem e procurar entender (1) história clínica e estilo de vida, (2) dados do exame físico, (3) dosagem de espermograma, (4) dosagem hormonal, (5) fragmentação do DNA dos espermatozoides e (6) US testicular.

O fator masculino está atrelado a 50% dos casos de infertilidade na Europa, e o número é o mesmo no Brasil, seja por causas isoladas ou associadas. Nos Estados Unidos, esse número chega a 60%.

Dentro da mesma temática, Dr. Paulo Gallo de Sá, membro da Comissão Nacional Especializada de Reprodução Assistida da FEBRASGO, afirma: “Quanto maior o tempo para começar o tratamento de infertilidade, maior o risco de não dar certo”. Ele foi o responsável por trazer insights dentro da pauta “Como a propedêutica feminina para infertilidade deve ser realizada na atualidade”. E indica a investigação dos fatores: (1) masculino, (2) tubário, (3) ovariano e (4) uterino.

A infertilidade em todo mundo acomete cerca de 10% a 20% dos casais, e a endometriose pode estar entre as causas. “A endometriose está presente em 47% dos casais que tentam engravidar”, conta Dr. Paulo.

Durante a aula “Quando encaminhar o casal infértil para um especialista: a importância do timing”, a Dra. Marta Curado Finotti, membro da Comissão Nacional Especializada de Reprodução Assistida e do Núcleo Feminino, explica que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma em cada seis pessoas é afetada pela infertilidade.

Ela comenta que a duração da infertilidade e o tipo de infertilidade (primária ou secundária) devem ser considerados. Entretanto, assim como outros palestrantes da mesma mesa, ela reitera: a idade avançada da mulher é fator de risco para infertilidade, anomalias e perdas fetais.

Sobre quando encaminhar o casal para o especialista, a ginecologista dá dicas: (1) quando a mulher tiver mais de 40 anos, (2) quando tiver amenorreia, (3) quando a mulher tiver doença uterina, (4) se houver subinfertilidade masculina, (5) se existirem disfunções sexuais, (6) abortamento de repetição e (7) quando a mulher vai passar por quimioterapia.

Para Dra. Marta, os ginecologistas devem questionar todas as pacientes sobre planejamento reprodutivo e suas tentativas de engravidar.

Em relação à criopreservação de óvulos e embriões, a médica faz um alerta: “O congelamento mais indicado é o de óvulos, pois o congelamento de embriões pode causar problemas futuros se, por acaso, o casal se separar”.

62º CBGO: Situações especiais na gravidez

Condutas e manejos nos casos de epilepsia (Dr. Renato Teixeira Souza), doença inflamatória intestinal (Dr. Mauro Sancovski), tromboembolismo (Dra. Venina Isabel Poco Viana Lemos de Barros) e depressão (Dr. Edilberto Alves Pereira da Rocha Filho) foram os assuntos em pauta nas aulas do 62º CBGO.

 

Nas considerações sobre epilepsia, a orientação e aconselhamento pré-concepcional foram destacados. Além disso, foi ressaltada a importância de não interromper o uso do medicamento durante a gestação e oferecer acompanhamento pré-natal de alto risco.

 

Já nas doenças inflamatórias, como Doença de Crohn e o Reto Colite Ulcerativa, o ideal é que a gravidez ocorra quando as doenças inflamatórias estejam em remissão, o que reduz o risco de complicações.

 

O tromboembolismo foi apresentado como uma das grandes preocupações na gestação, já que o risco do desenvolvimento do problema é ainda maior em razão de todas as alterações hormonais que ocorrem no corpo da mulher. Por isso, a avaliação e atenção, principalmente com as mulheres com histórico de trombose prévia, são fundamentais.

 

O papel do obstetra foi destacado nos esclarecimentos sobre depressão. Segundo o especialista, o diagnóstico preciso, monitoramento intensivo, abordagem estruturada e educação, com informações sobre a condição, hábitos saudáveis, rede de apoio e estímulo à atividade física são muito importantes no processo de acompanhamento e tratamento da depressão.

62º CBGO: Situações Especiais na Gestação: Asma, Cardiopatias, Lúpus e Infecção Urinária

O que o obstetra precisa saber para lidar com situações especiais durante a gestação? Esse questionamento envolve quatro situações delicadas que merecem um cuidado especial dos médicos.

A mesa, coordenada pela Dra. Rosiane Mattar, presidente da CNE de Gestação de Alto Risco, também foi especial por ser composta apenas por mulheres. A Dra. Rosiane destacou a satisfação de ter um grupo feminino discutindo pontos tão sensíveis.

A Dra. Sara Toassa Gomes Solha, membro da mesma CNE, abordou a asma no contexto das mudanças fisiológicas na gestação, os principais fatores de risco, os resultados adversos e o tratamento tanto para a mãe quanto para o bebê. A especialista reforçou que o corticoide inalatório é o carro-chefe do tratamento e que, ao contrário do que se imagina, o parto normal traz benefícios para a prole.

Se a cardiopatia já é preocupante no dia a dia, na gestação a condição requer um acompanhamento muito cuidadoso, sendo uma das principais causas indiretas de morte materna. A Dra. Vera Therezinha Medeiros, também membro da CNE de Gestação de Alto Risco, listou pontos-chave para o acompanhamento dessas gestantes: avaliar as medicações em uso, controlar o peso, manter a suplementação de ferro, prevenir e controlar possíveis infecções devem ser rotina no acompanhamento dessas pacientes. A especialista recomenda que não há necessidade de antecipação do parto e a alta não deve ocorrer antes de cinco dias após o nascimento do bebê.

São mais de 4 milhões de infecções a cada ano na Europa. Esses foram alguns dos dados apresentados pela Dra. Helaine Maria Milanez, secretária da CNE de Doenças Infectocontagiosas, durante a apresentação em que abordou a ITU (Infecção do Trato Urinário). Ela orienta que, nas rotinas de pré-natal, entre outros pontos, é preciso rastrear ITU com urocultura na primeira consulta e novamente com 28 semanas, considerando o perfil de sensibilidade/resistência do agente infeccioso.

O lúpus é uma doença autoimune crônica que acomete mulheres em idade fértil, com pico entre 20 e 35 anos. A Dra. Janete Vettorazi, membro da CNE de Gestação de Alto Risco, reforçou a importância de iniciar a consulta com mulheres que têm lúpus de forma simples e objetiva: "Você está planejando engravidar no próximo ano?" Dependendo da resposta da paciente, a doença precisa estar controlada há pelo menos seis meses. Ela sugere a revisão das medicações e a solicitação de exames específicos (anti-RO/SSA, anti-La/SSB, antifosfolípides e anticoagulante lúpico).

Alguns dos materiais mencionados nas apresentações estão em documentos e guidelines disponíveis no site da FEBRASGO.

Rio de Janeiro é ponto de encontro da Ginecologia e Obstetrícia

São cerca de 12 mil metros quadrados do RioCentro ocupados pelo 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia da FEBRASGO, onde cerca de cinco mil congressistas estarão circulando. A programação é abrangente com 718 aulas, que acontecem até sábado.

O início do evento, nesta quarta-feira, dia 14 de maio, contou com 13 cursos na programação científica, além da Assembleia Geral da Federação, para definições de projetos, planejamento e o futuro da entidade, e a cerimônia de abertura.

Já a área de exposição foi liberada desde o início das atividades, contando com 47 expositores que já iniciaram um networking com os participantes, compartilhando as recentes novidades do mercado. A FEBRASGO aproveita para convidar todos os congressistas para visitarem o estande da entidade, que está localizado no centro da exposição. Uma parada obrigatória para rever amigos e conhecer lançamentos e produtos.

Rio de Janeiro em Maio

Para quem gosta de se planejar, vale a pena observar que maio é um mês especial na Cidade Maravilhosa, com temperaturas amenas, tempo quase sempre aberto e perfeito para observar a cidade.

A chegada até o RioCentro é sempre mais fácil, em função do contrafluxo do trânsito na cidade. Ou seja, com essas informações, os congressistas já podem se organizar e chegar com tranquilidade, como aconteceu neste primeiro dia. O local de retiradas de materiais e crachá está montado na entrada do Centro de Convenções, para agilizar a entrada. Para facilitar à circulação, foram colocadas faixas no piso sinalizando todas as salas.

Fiquem atentos às mensagens sobre o Shuttle, que estão no aplicativo, e para quem vem de carro, o acesso é pelo portão 6, com um amplo estacionamento.

Cerimônia de Abertura

Depois de meses de espera, “chegou a hora de trocar experiências, compartilhar conhecimento e reencontrar os colegas e amigos”. Com essa mensagem de boas-vindas, a FEBRASGO deu início à cerimônia de abertura do 62º CBGO, na noite desta quarta-feira.

Na composição da mesa: Dra. Maria Celeste Osório Wender, presidente da FEBRASGO e do 62º CBGO; os diretores – Dr. Agnaldo Lopes da Silva Filho (científico), Dra. Roseli Mieko Yamamoto Nomura (administrativo), Dr. Marcelo Luís Steiner (financeiro), Dra. Lia Cruz Vaz da Costa Damasio (defesa e valorização profissional); Raphael Câmara Medeiros Parente (representante do Conselho Federal de Medicina); Dr. Cézar Eduardo Fernandes (presidente da Associação Médica Brasileira); e Jorge Fonte de Rezende Filho (representando a Academia Nacional de Medicina do Rio de Janeiro).

Em seu discurso, a Dra. Maria Celeste lembrou que o “congresso representa o compromisso da FEBRASGO com a atualização científica, a valorização da prática médica baseada em evidências e a defesa da saúde da mulher em todas as fases da vida”. Ela citou alguns destaques do 62º CBGO, incluindo a série de Cursos práticos no Hands On, as conferências com os principais especialistas brasileiros, assim como o FebraQuiz e os Fóruns dedicados a temas sensíveis e relevantes, como a Saúde da Mulher no Climatério, Mortalidade Materna e Eliminação do Câncer de Colo Uterino.

"Todas as ações de educação continuada e todas as diretrizes, que são construídas pela FEBRASGO, são motivo de grande orgulho para nós", disse Dr. César Eduardo Fernande, presidente da AMB.

A cerimônia também foi de homenagens com a entrega do Prêmio Mérito FEBRASGO, que reconhece o trabalho de profissionais que contribuíram para o crescimento da Ginecologia e Obstetrícia no Brasil. A FEBRASGO agradece a todos por fazerem parte da história da especialidade no país.

Cursos Pré-Congresso

Os 13 cursos programados para o primeiro dia abordaram desde as ferramentas digitais; passando por situações especiais, como asma, lúpus, perinatologia, cardiopatias, infecções urinárias; até sexualidade no climatério; sexologia; tratamento cirúrgico; endocrinologia; infertilidade; ultrassonografia, entre outros.

Mensagens importantes para o dia a dia sobre o que o ginecologista e o obstetra precisam saber foram passadas ao longo do dia.

 

NOTA OFICIAL – FEBRASGO Sobre o “Protocolo Super Bebê” e a importância da Medicina Baseada em Evidências

A FEBRASGO, através da sua Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal, vem a público alertar sobre a divulgação, nas redes sociais, de um chamado “Protocolo Super Bebê”, que propõe o uso de vitaminas orais e injetáveis em gestantes com promessas de aumento do QI do bebê e fortalecimento imunológico.

Tais práticas não possuem respaldo em evidências científicas robustas, nem estão incluídas em diretrizes clínicas reconhecidas. A adoção indiscriminada de suplementos e substâncias injetáveis na gestação, fora de indicações clínicas comprovadas, pode representar riscos sérios à saúde materna e fetal.

A FEBRASGO reforça seu compromisso com: A assistência pré-natal baseada em evidência; a segurança da materna e fetal; o combate à medicalização excessiva e à desinformação.

Práticas clínicas devem sempre ser orientadas por especialistas e embasadas em ciência de qualidade. Promessas infundadas, mesmo que com aparência de sofisticação, não substituem a boa medicina e podem expor as gestantes a riscos inaceitáveis.

Recomendamos fortemente que condutas terapêuticas voltadas à gestação sejam sempre orientadas por especialistas, com base em protocolos clínicos e diretrizes estabelecidos por sociedades médicas reconhecidas.

 

Dra. Lilian de Paiva Rodrigues Hsu

Presidente da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal FEBRASGO – Ciência, compromisso e ética pela saúde da mulher

Dor pélvica crônica pode estar ligada à endometriose, adenomiose e outras condições: especialista alerta para a importância do diagnóstico

Tema será abordado no 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia – CBGO, que acontece de 14 a 17 de maio, no Riocentro, RJ

Uma das principais queixas femininas , em diferentes fases da vida, a dor pélvica crônica (DPC) pode estar associada a diversos fatores – desde condições ginecológicas como endometriose e miomas, até disfunções no trato urinário e intestinal. O problema afeta cerca de 26% das mulheres em idade reprodutiva, sendo responsável por aproximadamente 10% das consultas ginecológicas, 40 % das laparoscopias e 12% das histerectomias.

Apesar da alta incidência, o sintoma é frequentemente negligenciado ou confundido com desconfortos passageiros, atrasando o diagnóstico de doenças graves como a endometriose. O alerta é da médica ginecologista Dra. Márcia Mendonça Carneiro, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).   “A dor pélvica crônica é uma dor não cíclica, com duração de pelo menos seis meses, localizada na pelve, parte inferior do abdome, região lombar e nádegas. A gravidade costuma ser suficiente para causar incapacidade e levar à busca por atendimento médico. Ela não é uma doença em si, mas um sintoma que pode estar associado a diferentes afecções ginecológicas e não ginecológicas.””, explica a médica.

Principais causas

Entre as causas ginecológicas mais comuns da dor pélvica estão a endometriose, a adenomiose, miomas, aderências pélvicas e a doença inflamatória pélvica. Já as causas não ginecológicas incluem síndrome do intestino irritável, colite, doença celíaca, infecções urinárias recorrentes e até distúrbios musculoesqueléticos. De acordo com a especialista, cerca de 37,7% dos casos têm origem gastrointestinal, 30,8% urinária e apenas 20,2% estão ligados diretamente a fatores ginecológicos.

“Apesar de a endometriose ser mais comum em mulheres jovens e a adenomiose ter sido tradicionalmente associada àquelas acima dos 40 anos, os avanços nos métodos de imagem têm permitido diagnósticos mais precoces, inclusive em mulheres mais jovens”, pontua Dra. Márcia.

Como chegar ao diagnóstico?

O caminho até o diagnóstico definitivo, no entanto, costuma ser longo e desgastante. Estudos indicam que mulheres com endometriose levam entre 5 e 12 anos para obter o diagnóstico correto — no Brasil, esse tempo varia entre 4 e 7 anos. “Cerca de 61% dessas mulheres ouviram de um médico que não havia nada errado, e 47% passaram por cinco ou mais profissionais até serem diagnosticadas. Muitas vezes, essa dor é tratada como algo ‘normal’, o que contribui para o sofrimento prolongado e desnecessário”, alerta a ginecologista.

A orientação médica inicial deve incluir anamnese detalhada, exame físico completo, exames laboratoriais e de imagem como ultrassonografia transvaginal. Em casos mais complexos, podem ser necessários exames como ressonância magnética e videolaparoscopia.

Tratamentos

O tratamento da dor pélvica crônica deve ser individualizado, considerando todas as possíveis causas e particularidades de cada paciente. “Não existe um único tratamento que resolva o problema por completo. Em geral, é necessário o envolvimento de uma equipe multidisciplinar formada por ginecologistas, especialistas em dor, fisioterapeutas e psicólogos”, ressalta a médica.

Entre as abordagens disponíveis estão terapias medicamentosas, bloqueios anestésicos, neuromodulação, fisioterapia do assoalho pélvico, acupuntura e psicoterapia. Mudanças no estilo de vida, alimentação e práticas integrativas também fazem parte do arsenal terapêutico.

Prevenção e conscientização

A dor pélvica crônica afeta não apenas o corpo, mas também a mente. Mulheres com DPC frequentemente enfrentam ansiedade, depressão, baixa autoestima e dificuldades nas relações afetivas e profissionais. “Essas pacientes estão, muitas vezes, exaustas, frustradas por não encontrarem solução para seu sofrimento. É fundamental que o médico demonstre credibilidade diante da dor relatada e acolha essa mulher com empatia”, afirma a vice-presidente da CNE-Endometriose da Febrasgo.

Educar a população sobre o fato de que sentir dor não é normal, explicando o que é uma dor esperada e o que deve ser investigado, é essencial para prevenir complicações e melhorar o prognóstico das pacientes. Dra. Márcia ressalta ainda que conscientizar mulheres e suas famílias de que dor não é normal é o primeiro passo para mudar essa realidade. “As mulheres precisam ser acolhidas, ouvidas e tratadas de forma humanizada e integral. O acesso a equipes multidisciplinares ainda é um desafio no Brasil, mas é o caminho mais eficaz para lidar com esse problema de saúde pública”, finaliza a Dra. Márcia Mendonça Carneiro. 

62º CBGO

Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

https://cbgo2025.com.br/

#CBGO2025

Data: 14 a 17 de maio de 2025

Local: Riocentro - Av. Salvador Allende, 6555 – Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ

Credenciamento para imprensa: imprensa@gengibrecomunicacao.com.br
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