No Dia da Saúde e Nutrição, FEBRASGO destaca a importância da qualidade de vida na menopausa
Ginecologistas recomendam hábitos saudáveis e acompanhamento médico para viver o período de forma mais equilibrada
No dia 31 de março, celebra-se o Dia da Saúde e Nutrição, uma oportunidade para reforçar a importância do bem-estar em todas as fases da vida, incluindo a menopausa. Embora seja um processo natural, essa fase ainda é cercada por tabus e crenças limitantes, que muitas vezes dificultam o acesso à informação e retardam a busca por acompanhamento médico. Priorizar a saúde e a nutrição nesse período é essencial para que as mulheres atravessem a menopausa com mais qualidade de vida, bem-estar e equilíbrio.
O Dr. Jaime Kulak Júnior, membro da Comissão Nacional Especializada em Climatério da FEBRASGO e Professor do Departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Paraná, explica que, durante o climatério, ocorrem mudanças significativas no perfil inflamatório do organismo. “Com a redução dos níveis de estrogênio, hormônio essencial para o controle da ovulação, há um aumento de substâncias inflamatórias no corpo, uma redução da sensibilidade à insulina e diversas alterações metabólicas. Essas transformações não apenas contribuem para o surgimento de sintomas incômodos, mas também elevam o risco de doenças cardiovasculares, tornando essencial o acompanhamento médico adequado nesse período”, afirmou o médico.
Uma alimentação equilibrada desempenha um papel fundamental na minimização dos sintomas da menopausa e na promoção da qualidade de vida durante essa fase. O Dr. Jaime explica que uma dieta rica em nutrientes pode ajudar a controlar as oscilações hormonais, reduzir processos inflamatórios e prevenir doenças associadas ao climatério, como osteoporose e problemas cardiovasculares.
“A inclusão de proteínas magras, como ovos, frango, peixes e leguminosas, auxilia na manutenção da massa muscular, que tende a diminuir com a queda do estrogênio. O equilíbrio no consumo de carboidratos complexos e fibras, presentes em grãos integrais, frutas e vegetais, também é essencial para evitar picos de glicose e melhorar a sensibilidade à insulina, reduzindo o risco de diabetes tipo 2”, enfatizou o médico.
Além da alimentação, manter um estilo de vida saudável é essencial para atravessar a menopausa com mais equilíbrio. A prática regular de exercícios físicos, como caminhadas, musculação e yoga, ajuda no controle do peso, fortalece os ossos e melhora o humor. Da mesma forma, uma boa qualidade do sono e a gestão do estresse são fundamentais para amenizar sintomas como irritabilidade e ondas de calor.
Ao adotar hábitos saudáveis e buscar acompanhamento médico, as mulheres podem vivenciar essa fase de maneira mais leve, garantindo bem-estar, vitalidade e saúde a longo prazo.
Fogacho
Um dos sintomas mais frequentes da menopausa são os fogachos, caracterizados por ondas de calor intensas que levam a uma sensação repentina de aumento da temperatura corporal. Em resposta, o organismo tenta resfriar-se, desencadeando sudorese e desconforto. Esses episódios costumam ocorrer, principalmente, à noite, interferindo na qualidade do sono ao provocar despertares frequentes e dificultar o retorno ao descanso. A privação de sono, por sua vez, pode resultar em irritabilidade, fadiga e dificuldades de concentração, impactando diretamente a qualidade de vida da mulher.
"O primeiro passo para definir o tratamento mais adequado para os sintomas da menopausa, especialmente os fogachos, é procurar um ginecologista. Juntos, médico e paciente podem avaliar as diferentes opções disponíveis, levando em consideração os benefícios e possíveis contra indicações, principalmente no caso da terapia de reposição hormonal, ou com medicamentos não hormonais", explica o Dr. Jaime.
Os tratamentos hormonais mais comuns envolvem o uso de estrógenos e progesteronas, que podem ser administrados isoladamente ou em combinação. As formas de aplicação variam de acordo com a necessidade de cada paciente e incluem comprimidos orais, cremes vaginais, adesivos transdérmicos, géis de aplicação cutânea, implantes hormonais e dispositivos intrauterinos. Cada método possui características específicas, e a escolha deve considerar tanto o histórico de saúde da mulher quanto suas preferências individuais.
Febrasgo participa de reunião da ANS sobre boas práticas no cuidado do câncer de mama
A Febrasgo participou, na tarde desta segunda-feira (25/03), de uma reunião promovida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) com representantes de sociedades e entidades médicas. O encontro teve como objetivo discutir os critérios para a construção do indicador de boas práticas na linha de cuidado do câncer de mama, dentro do escopo do Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção Oncológica – OncoRede.
Durante a reunião, conduzida pelo diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS (DIDES), Maurício Nunes, foram debatidas propostas relacionadas ao rastreamento populacional do câncer de mama. Como resultado, o grupo definiu, em consenso, diretrizes que deverão compor o manual do programa, incluindo:
- Rastreamento individualizado para mulheres entre 40 e 74 anos, conforme indicação médica, decisão compartilhada e consentimento esclarecido;
- Busca ativa bienal pelas operadoras de saúde para mulheres entre 50 e 69 anos, conforme já previsto nas diretrizes anteriores;
- Para mulheres acima de 74 anos, o rastreio também deverá ser individualizado, respeitando a expectativa de vida da paciente.
A ANS reforçou que nenhuma operadora, certificada ou não, poderá negar a cobertura da mamografia desde que haja solicitação médica, e que a participação das operadoras no programa de certificação é voluntária.
A Febrasgo foi representada na reunião pela Profa. Dra. Rosemar Macedo Sousa Rahal, presidente da Comissão Nacional Especializada de Mastologia da entidade.
Além da Febrasgo, participaram da reunião representantes do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina (CFM).
A Febrasgo segue atuando de forma ativa e colaborativa em espaços de discussão técnica e regulatória que visam aprimorar o cuidado integral à saúde da mulher.
EPISÓDIO 10 - ENDOMETRIOSE
MODERADOR: DR. RICARDO ALMEIDA QUINTAIROS, PARTICIPANTES: DR. JORGE ROBERTO LEÃO E DR. MARCELO PEDRASSINI
FEBRASGO participa de reunião com o Ministério da Saúde para formação de Grupo de trabalho para enfrentamento de futuras pandemias
No último dia 11 de março, a Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) participou da articulação para a criação de um Grupo de Trabalho do Ministério da Saúde voltado à elaboração de estratégias para o enfrentamento de surtos, epidemias, endemias e os impactos das mudanças climáticas no setor da saúde. O objetivo dessa iniciativa é estruturar um modelo de resposta que possa ser adotado por cada estado do país, garantindo uma abordagem coordenada e eficiente diante de crises sanitárias e ambientais.
Durante o evento com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foram debatidas as principais demandas e desafios do setor. Além da FEBRASGO, estiveram presentes representantes da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), da Associação Médica Brasileira (AMB), da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Cada entidade científica teve a oportunidade de expressar suas expectativas em relação ao Ministério da Saúde e à sua composição atual.
A FEBRASGO foi representada pela Dra. Roseli Nomura, diretora administrativa, que reafirmou o compromisso da Federação em fortalecer a assistência feminina em todas as fases da vida, desde o pré-natal, gestação e puerpério até a prevenção e tratamento de doenças como o câncer de colo do útero e cuidados no climatério.
“Diante dos desafios enfrentados pelo sistema de saúde, é fundamental investir em estratégias eficazes que ampliem o acesso a serviços de qualidade, fortaleçam a atenção primária e aprimorem as políticas de vigilância e prevenção. Nesse sentido, a participação no debate promovido pelo ministério foi uma oportunidade valiosa para promover o diálogo entre especialistas e gestores, contribuindo para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficientes e inclusivas”, destacou a diretora.
Durante a reunião, a Dra. Roseli Nomura ressaltou a importância da participação do Ministério da Saúde no Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (CBGO), especialmente nos três fóruns que serão realizados dentro do evento, e o valor da parceria contínua entre o Ministério da Saúde e a FEBRASGO na elaboração de diretrizes e manuais técnicos essenciais para a prática da Ginecologia e Obstetrícia.
Entre esses materiais, destacam-se os manuais de manejo da pré-eclâmpsia e da Febre Oropouche, que estão em fase de desenvolvimento, e representam um avanço significativo para a qualificação da assistência à saúde da mulher. “A expectativa é de que essa colaboração seja mantida e ampliada, garantindo a produção de conteúdos atualizados e baseados em evidências para auxiliar os profissionais de saúde em todo o país”, ressaltou a Dra. Roseli.
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Síndrome de Down: diagnóstico pode ser realizado durante a gestação
Ultrassonografia permite avaliar o risco da condição com base em parâmetros específicos
A Síndrome de Down representa uma jornada única, que, para muitas famílias, tem início com o diagnóstico. Embora essa descoberta possa gerar questionamentos e desafios, ela também abre caminho para uma trajetória repleta de aprendizado, amor e acolhimento. No Dia Internacional da Síndrome de Down, 21 de março, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) destaca a importância do ultrassom morfológico nesse contexto, pois esse exame possibilita a identificação de marcadores ultrassonográficos que indicam um risco aumentado de alterações cromossômicas, como a Síndrome de Down.
O Dr. Eduardo Becker, membro da Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal da FEBRASGO, explica que o ultrassom morfológico apresenta uma taxa de detecção da Síndrome de Down entre 85% e 90%, com uma taxa de falsos positivos de aproximadamente 5%. “Esse exame é muito importante por sua ampla disponibilidade e acessibilidade, embora não forneça um diagnóstico definitivo, ele pode indicar sinais sugestivos da condição. O ultrassom não confirma a síndrome, mas pode levantar suspeitas iniciais, permitindo um acompanhamento mais detalhado”, esclarece o especialista.
A ultrassonografia obstétrica realizada entre a 11ª e a 14ª semana de gestação, conhecida como exame morfológico do primeiro trimestre, desempenha um papel fundamental no rastreamento de anormalidades cromossômicas, também chamadas de cromossomopatias ou aneuploidias. Esse exame é especialmente relevante para a identificação de condições genéticas que permitem a continuidade da gestação até o término. Entre as principais trissomias detectáveis nesse período, destacam-se a do cromossomo 21 (Síndrome de Down), do cromossomo 18 (Síndrome de Edwards) e do cromossomo 13 (Síndrome de Patau).
Melhor período para o rastreamento
O exame de rastreamento para a Síndrome de Down é mais eficaz quando realizado nos dois estudos morfológicos da gestação: um no primeiro trimestre, por volta das 12 semanas, e outro no segundo trimestre. O primeiro exame apresenta maior sensibilidade na detecção da síndrome, aumentando a probabilidade de identificação precoce.
O Dr. Eduardo enfatiza que o ultrassom apenas sugere a possibilidade da condição, sem fornecer um diagnóstico conclusivo. A confirmação da Síndrome de Down só pode ser feita por meio de testes genéticos. No entanto, a ultrassonografia permite avaliar o risco da condição com base em parâmetros específicos. Entre os principais indicadores, destacam-se a medida da translucência nucal, que corresponde à espessura da pele na região da nuca - quanto maior a medida, maior o risco - e a presença do osso nasal, cuja ausência pode ser um sinal de alerta. Além disso, alterações cardiovasculares em pontos específicos, como o ducto venoso, também são consideradas na avaliação.
Outros métodos de diagnóstico pré-natal
Além da ultrassonografia, outros exames podem ser utilizados para o rastreamento e confirmação da Síndrome de Down. Um dos mais modernos é o teste de DNA fetal no sangue materno, conhecido como NIPT (Teste Pré-Natal Não Invasivo). Esse exame apresenta uma taxa de detecção superior a 99%, com uma taxa de falsos positivos de apenas 0,03%. “Apesar da alta precisão, o NIPT tem um custo elevado, o que pode limitar seu acesso para algumas gestantes. Assim como o ultrassom, ele é considerado um teste de rastreamento, e não um exame confirmatório”, explica o médico.
“Para a confirmação definitiva da síndrome durante o pré-natal, é necessário realizar exames invasivos, que envolvem a coleta de células fetais para análise genética. Entre os métodos disponíveis, estão a biópsia de vilosidades coriônicas, que consiste na coleta de amostras da placenta, e a amniocentese, um procedimento que analisa o líquido amniótico. Ambos permitem a obtenção de material genético do bebê para a realização de testes específicos, garantindo um diagnóstico conclusivo”, finaliza o Dr. Eduardo Becker.
Mulheres negras são as mais afetadas por eclâmpsia e mortalidade materna
Ginecologistas alertam que a falta de acesso adequado aos tratamentos é uma das principais causas dessa desigualdade
No Dia Internacional da Luta Contra a Discriminação Racial, 21 de março, a Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) reforça a importância de olhar com atenção para a saúde das mulheres negras, que ainda enfrentam desafios significativos no acesso a um atendimento de qualidade e apresentam taxas mais altas de mortalidade materna.
Uma pesquisa do IEPS (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde) e do Instituto Çarê revela que mulheres pretas e pardas são as mais afetadas por pré-eclâmpsia grave e eclâmpsia, além de liderarem as estatísticas de mortalidade materna no Brasil. Entre 2014 e 2021, a cada 1.000 mulheres em trabalho de parto, 28,4 tiveram essas complicações. Desse total, 24,9 eram mulheres brancas, 27,5 pardas e 32,8 pretas, evidenciando a desigualdade relacionada à cor da pele na saúde materna.
A Dra. Fernanda Surita, vice presidente da Comissão Especializada em Violência Sexual e Interrupção Gestacional Prevista em Lei da FEBRASGO, explica que diversos fatores contribuem para a maior incidência da doença entre mulheres negras. “As mulheres negras apresentam maior risco de desenvolver distúrbios hipertensivos durante a gestação e de manifestar quadros mais graves, incluindo a pré-eclâmpsia. A causa dessa disparidade nos distúrbios hipertensivos na gravidez é multifatorial. Não há razões biológicas que justifiquem esse maior risco, mas sim uma associação de diversos determinantes sociais e econômicos, como dificuldade de acesso aos serviços de saúde, menor qualidade na atenção recebida, menor nível de educação e menor renda”, afirmou.
A Dra. Amanda Dantas destaca que estudos demonstram que mulheres negras apresentam não apenas maior incidência de pré-eclâmpsia, mas também maior morbidade, mortalidade e piores desfechos decorrentes da doença. “No entanto, ainda há uma carência de pesquisas que comparem especificamente a resposta ao tratamento entre mulheres negras e não negras. Alguns estudos buscaram identificar possíveis fatores biológicos ou genéticos que justificassem esses piores resultados, mas há uma crescente evidência de que a principal causa está relacionada a um conjunto de fatores sociais complexos, incluindo a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, o que pode resultar em atrasos no início do tratamento adequado”, diz a médica.
As mesmas medidas de prevenção são indicadas para essa população, sem diferenças em relação à etnia. A prevenção com AAS e carbonato de cálcio segue as mesmas recomendações, baseadas nos fatores de risco, tanto para mulheres negras quanto para não negras. A cor da pele, isoladamente, não é um critério para iniciar a profilaxia. Por outro lado, é fundamental destacar que a redução das iniquidades em saúde e a garantia de acesso universal a serviços de qualidade para todas as mulheres representam a melhor forma de prevenção.
Acesso ao Pré-natal
A Dra. Fernanda ressalta que o acesso ao planejamento reprodutivo e à assistência pré-natal adequados é a melhor forma de prevenir a maioria das complicações obstétricas em qualquer população. Isso vale não apenas para distúrbios hipertensivos, como a pré-eclâmpsia, mas também para diabetes, infecções congênitas, anemia, entre outras condições. O objetivo do pré-natal é a prevenção e promoção da saúde, além da detecção precoce e do tratamento adequado de comorbidades para evitar complicações graves.
“As mulheres negras apresentam maior dificuldade de acesso ao pré-natal, têm mais chances de não realizá-lo ou de iniciá-lo tardiamente, fazem menos consultas e, quando as fazem, essas consultas costumam durar menos tempo. Tudo isso contribui para um maior risco de diversos problemas, inclusive a pré-eclâmpsia. O menor acesso aos serviços de saúde por esse grupo de mulheres ocorre devido a uma combinação de diversos fatores, que se interseccionam e que têm um efeito multiplicativo, como piores condições socioeconômicas e discriminação de gênero, cor de pele e classe social”, finaliza a médica.