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28 de junho – Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+: Saúde óssea da população transgênero exige atenção multidisciplinar e acompanhamento individualizado, alerta especialista

A saúde óssea da população transgênero ainda é um tema pouco debatido, mas de extrema importância quando se trata dos impactos da terapia hormonal de afirmação de gênero. De acordo com a ginecologista Dra. Celia Regina da Silva, membro da Comissão Nacional de Especialização em Osteoporose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), o equilíbrio hormonal — sobretudo envolvendo estrogênio e testosterona — exerce papel fundamental na preservação e desenvolvimento da massa óssea.

"A ação do estrogênio e androgênio é fundamental para esta fase. A terapia hormonal tem o potencial de preservar ou melhorar a densidade mineral óssea, mas quando feita de forma intermitente ou sem acompanhamento adequado, pode levar à perda óssea significativa", afirma a médica.

Segundo a especialista, uma nova resolução no Brasil prevê que a hormonização para pessoas transgêneros seja iniciada a partir dos 18 anos e a cirurgia de redesignação de gênero a partir dos 21. Esse intervalo, quando mal assistido, pode comprometer o desenvolvimento ósseo adequado, sobretudo em adolescentes submetidos precocemente ao uso de bloqueadores da puberdade, sem a introdução, em tempo hábil, da terapia de reposição hormonal.

Ainda segundo a Dra. Celia, há fatores importantes que devem ser considerados em relação à saúde óssea da população transgênero: “Pacientes que apresentam baixa ingestão de cálcio e vitamina D, sedentarismo, histórico de cirurgia bariátrica, por exemplo, exigem ainda mais atenção no tratamento. Não vejo um acompanhamento de consultório só, mas sim uma abordagem multidisciplinar, com psicólogo, nutricionista, ortopedista, entre outros profissionais."

Diagnóstico e monitoramento da saúde óssea

A densitometria óssea segue como o principal exame utilizado para diagnóstico e acompanhamento da saúde óssea nessa população. A Dra. Celia destaca que os fatores de risco devem nortear a periodicidade do rastreio. "Tabagismo, consumo elevado de álcool, uso de corticoides, cirurgia de afirmação de gênero, baixa massa corporal e idade acima de 50 anos são pontos críticos que indicam necessidade de avaliação com maior frequência", diz.

Metanálises recentes apontam ganhos na densidade óssea de mulheres trans após 12 a 24 meses de terapia hormonal, especialmente na coluna lombar. Já entre homens trans, estudos indicam aumento de até 7,8% da densidade mineral óssea no colo do fêmur após dois anos de tratamento. No entanto, a especialista alerta: "Os dados sobre taxas de fratura em transgêneros ainda são escassos, e isso limita a precisão das diretrizes clínicas."

Acompanhamento

A Dra. Celia ressalta a importância do tratamento individualizado. "Cada caso deve ser cuidadosamente analisado. Podemos ter um paciente trans que é atleta, outro com histórico de cirurgia bariátrica, outro com alimentação restritiva. Não podemos adotar protocolo único."

Por fim, a médica destaca a necessidade de um cuidado abrangente e multidisciplinar voltado à saúde óssea da população transgênero.: "Mais do que iniciar a terapia hormonal, é preciso garantir adesão contínua, monitoramento por densitometria e implementação de estratégias de estilo de vida saudáveis. Só assim conseguiremos prevenir perdas ósseas e garantir qualidade de vida a longo prazo”, finaliza.

Luto materno: como oferecer apoio adequado após a perda de um bebê

Especialista da FEBRASGO explica como identificar sinais de sofrimento psíquico e orienta sobre o acolhimento à mulher enlutada

O puerpério é, por si só, um período de grande vulnerabilidade emocional. Quando, além das mudanças hormonais e da exaustão física, a mulher enfrenta a perda do recém-nascido, o risco de desenvolver transtornos psíquicos se intensifica. A psiquiatra Dra. Carmita Helena Najjar Abdo, membro da Comissão Nacional Especializada em Sexologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), explica que o luto materno pode desencadear quadros depressivos graves — e que o acolhimento adequado é essencial para a saúde da mulher.

“Se essa depressão for leve e passageira, é chamada de blues. Mas podem ocorrer situações mais graves, inclusive com características psicóticas. Imagine uma mulher que dá à luz e, em seguida, perde o bebê. Se ela já tiver tendência depressiva, pode desenvolver um quadro severo, dependendo de fatores como genética, recursos internos, rede de apoio e seu histórico de vida”, explica a especialista.

Para Dra. Carmita, o primeiro passo é avaliar o quanto esse luto afetou a saúde física e emocional da mulher. “Em razão da depressão, ela pode deixar de se alimentar adequadamente, ter distúrbios do sono e isso compromete o corpo também. Um acompanhamento cuidadoso, feito por psicólogo e/ou psiquiatra, é fundamental.”

Uma vez identificado um quadro depressivo, ansioso ou de estresse pós-traumático, não há espaço para negligência. “A mulher está num momento de extrema fragilidade, em que o funcionamento hormonal não está equilibrado. Isso pode agravar ainda mais os sintomas psíquicos”, alerta a psiquiatra.

Despedida simbólica e rede de apoio - Do ponto de vista psíquico, é importante que os pais tenham a oportunidade de se despedir do bebê e de contar com apoio mútuo e familiar. “A dor precisa ser compartilhada. Foram meses de espera, sonhos alimentados — e de repente, tudo isso desaparece. A expectativa era de receber alguém, não de perdê-lo. É uma dor imensa, que exige cuidado e escuta. E o papel da família é fundamental nesse processo.”

A caixa do bebê - Algumas maternidades oferecem a chamada “caixa do bebê” — um conjunto de objetos simbólicos que pertenceriam à criança que não sobreviveu. Para a especialista, esse recurso pode ajudar no processo de elaboração do luto. “Se os pais concordarem, a caixa pode representar uma forma de dar limite à dor. É um espaço simbólico que guarda a lembrança, não permitindo que o sofrimento ocupe toda a existência. Não se trata de negar a perda, mas de aprender a conviver com ela, aos poucos retomando a vida.”

 

26/06 – Dia Nacional do Diabetes: Os riscos do diabetes durante a gestação

589 milhões de adultos vivem com a doença, segundo Atlas de Diabetes 2025

O diabetes gestacional, condição em que os níveis de açúcar no sangue (glicose) aumentam durante a gravidez, pode trazer sérios riscos tanto para a mãe quanto para o bebê e alguns fatores aumentam significativamente as chances de a doença surgir durante a gestação: gravidez em idade avançada, sobrepeso ou obesidade, história familiar de diabetes, síndrome dos ovários policísticos, hipertensão ou pré-eclâmpsia e fetos com crescimento excessivo durante gestações anteriores.

No caso de diabetes prévio à gestação, “Se a gestante engravida com níveis elevados de glicemia no momento da organogênese (conjunto de processos que ocorrem durante o desenvolvimento embrionário), há um risco muito maior de abortamento”, alerta a Dra. Rosiane Mattar - Presidente da Comissão Nacional Especializada em Gestação De Alto Risco da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

A especialista explica que o diabetes descompensado pode trazer consequências graves. Para o feto, pode causar hiperglicemia, hiperinsulinemia, aumento da hemoglobina glicada e até ambiente hipóxico fetal (situação em que o feto não recebe oxigénio suficiente), e - para se defender - aumenta o número de glóbulos vermelhos, o que pode levar à morte do bebê. “Para a mãe, aumentam as chances de cetoacidose diabética, nefropatia, pré-eclâmpsia grave e infecções de difícil controle, especialmente em mulheres que já têm diabetes tipo 1 ou 2 antes da gravidez”, alerta a médica.

Para a gestante com diabetes tipo 1, o cuidado deve ser ainda mais criterioso. “É fundamental que a mulher planeje a gravidez para garantir que entre nesse momento com hemoglobina glicada abaixo de 6,5 e com as comorbidades controladas. O acompanhamento multidisciplinar e a profilaxia de complicações, como a pré-eclâmpsia, fazem toda a diferença para um desfecho positivo”, ressalta Dra. Rosiane Mattar.

A FEBRASGO reforça que a conscientização sobre os riscos do diabetes na gestação e o acompanhamento especializado são essenciais para proteger a saúde de mães e bebês. “Com acompanhamento adequado e controle rigoroso, é possível minimizar drasticamente os riscos”, comenta a Dra. Rosiane Mattar.

Estatísticas – O Atlas de Diabetes 2025, divulgado pela International Diabetes Federation, mostra que 589 milhões de adultos (20-79 anos) vivem com diabetes e as estimativas é que esse número aumente para 853 milhões até 2050. O diabetes foi responsável por 3,4 milhões de mortes em 2024 – 1 a cada 9 segundos.

 

Menopausa - Abra o Leque da Informação

Médico Ginecologista e Obstetra, você é peça-chave nesta fase da vida da mulher.

A campanha “Abra o Leque da Informação”, desenvolvida pela Febrasgo com apoio do Feito Para Ela e Astellas, convida você a ampliar o olhar sobre a menopausa. Muito além dos fogachos, os sintomas vasomotores impactam o sono, a saúde mental, o trabalho e a vida íntima da mulher.

Informar é cuidar. Acolher é tratar.

Vamos juntos abrir esse leque de possibilidades?

PERIMENOPAUSA

Os primeiros sinais da transição hormonal podem surgir ainda com ciclos menstruais ativos. A partir dos 40-45 anos, fase chamada de perimenopausa ou climatério, a mulher pode enfrentar sintomas que afetam profundamente sua rotina e bem-estar. Sua escuta é essencial nesta fase.


O DESAFIO EM NÚMEROS

A expectativa de vida aumentou e, com ela, o número de mulheres que passam pela menopausa. Estima-se que elas viverão cerca de 1/3 da vida na pós-menopausa.

● 30 milhões de mulheres na menopausa no Brasil (2024)
● 1,1 bilhão de mulheres na pós-menopausa até 2025
● 75% sofrem com sintomas vasomotores
Médico, você está preparado para orientar suas pacientes?


OS SINTOMAS – muito além dos fogachos

Os sintomas da perimenopausa e menopausa afetam o corpo, a mente e as emoções da mulher. Identificar esse conjunto de sinais é essencial para um cuidado mais humano, amplo e eficaz.

Mais comuns:
● Ondas de calor
● Sudorese noturna
● Insônia
● Irritabilidade
● Ansiedade
● Falta de energia
● Lapsos de memória

Nem sempre relacionados com a menopausa:
● Palpitações
● Dores articulares
● Queda de cabelo
● Pele ressecada


TRATAMENTO

Médico, a escolha do tratamento deve ser personalizada. A Terapia Hormonal (TH) continua sendo a abordagem mais eficaz para os sintomas vasomotores, mas há alternativas para cada perfil de paciente.

● TH sistêmica ou local
● Terapias não hormonais, como antidepressivos
● Hidratantes vaginais
● Suporte psicológico
● Estilo de vida saudável


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Paciente: como se preparar para falar com seu médico? Paciente - Campanha Menopausa


Elaboração dos Conteúdos:
Comissão Nacional Especializada em Climatério da Febrasgo – Presidente: Dra. Lucia Costa Paiva

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