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Amamentação e saúde mental das mães: benefícios, desafios e o papel da família

  • Substâncias liberadas no aleitamento podem reduzir risco de depressão pós-parto

A amamentação é um momento de profunda transformação física e emocional para a mulher. Mais do que um ato de nutrição, representa uma experiência de conexão, entrega e aprendizado — marcada tanto por benefícios significativos quanto por desafios que podem impactar diretamente a saúde mental materna. Segundo o ginecologista Dr. Corintio Mariani Neto, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Aleitamento Materno da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), compreender as dimensões emocionais que envolvem o aleitamento é essencial para oferecer o suporte adequado às mães e garantir uma vivência mais positiva e saudável para ambos: mãe e bebê.

Benefícios da amamentação para a saúde mental da mãe

Amamentar é uma experiência que ultrapassa os aspectos biológicos. Para muitas mulheres, esse é um período de fortalecimento do vínculo afetivo e da confiança em seu papel materno. “A amamentação fortalece o vínculo entre mãe e filho, o que costuma aumentar a satisfação materna e a sensação de plenitude”, destaca o Dr. Corintio.

Durante o aleitamento, o corpo libera ocitocina e prolactina, hormônios que promovem sensações de prazer, relaxamento e bem-estar. Essas substâncias contribuem para reduzir o estresse e a ansiedade, além de diminuir o risco de depressão pós-parto. Essa resposta hormonal natural ajuda a mãe a se sentir emocionalmente mais estável e conectada com o bebê.

Outro ponto relevante é o aumento da autoconfiança e da autoestima. A percepção de estar cumprindo um papel fundamental na nutrição e no desenvolvimento do filho gera uma autoimagem mais positiva, colaborando para o equilíbrio emocional.

Desafios

Apesar dos inúmeros benefícios, o aleitamento pode trazer dificuldades que afetam a saúde emocional da mãe. Entre os desafios mais comuns estão ingurgitamento mamário, dor durante a mamada, problemas na pega do bebê e aparente baixa produção de leite - situações que frequentemente geram frustração, culpa e insegurança.

“A exaustão física, especialmente na amamentação exclusiva por livre demanda nas 24 horas do dia, pode levar à fadiga intensa e maior risco de depressão”, explica o especialista. A privação do sono, a sobrecarga com os cuidados do bebê e as alterações hormonais típicas do pós-parto contribuem para aumentar a vulnerabilidade emocional.

Sinais de alerta

Identificar precocemente os sinais de sofrimento emocional é fundamental para evitar o agravamento de quadros de ansiedade ou depressão pós-parto. O Dr. Corintio ressalta que sintomas como irritabilidade, tristeza, apatia, cansaço constante e isolamento social devem ser observados com atenção.

Outros indícios importantes incluem preocupações excessivas com a amamentação ou com o bem-estar do bebê; dúvidas persistentes sobre a capacidade de ser uma “boa mãe”; dificuldade de lidar com críticas ou comparações; recusa ou relutância em amamentar; dor contínua ou desconforto físico durante as mamadas. Esses sinais podem refletir não apenas dificuldades práticas com o aleitamento, mas também sobrecarga emocional e falta de suporte — fatores que demandam acolhimento e orientação profissional.

O bem-estar da mãe durante o período de amamentação depende de uma combinação de apoio emocional, orientação técnica e autocuidado. Para o Dr. Corintio Mariani Neto, oferecer acolhimento e acompanhamento especializado é o primeiro passo para reduzir a ansiedade e aumentar a confiança da mãe.

O apoio do parceiro, da família e dos profissionais de saúde é decisivo para o equilíbrio emocional da mãe lactante. “A presença de familiares e amigas que ouvem e compreendem as experiências da mãe reduz a sensação de isolamento e reforça sua segurança emocional”, afirma o médico.

Profissionais capacitados podem orientar sobre posicionamento, pega correta e cuidados com as mamas, além de identificar sinais precoces de sobrecarga emocional. Já o apoio familiar, como ajuda nas tarefas domésticas e nos cuidados com o bebê, proporciona à mãe momentos de descanso e autocuidado — fundamentais para a recuperação e o bem-estar mental.

FEBRASGO vai à Cidade do Cabo para o FIGO 2025

O 25º Congresso Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) acontece até o dia 9 de outubro, na Cidade do Cabo, África do Sul, e os diretores da FEBRASGO estão por lá acompanhando a programação científica.

Na sessão “Gerenciando a menopausa: novas perspectivas no tratamento dos sintomas vasomotores”, a Dra. Maria Celeste Osório Wender, presidente da FEBRASGO, ministrou a aula intitulada “Estigma da menopausa: explorando conhecimentos, atitudes e experiências”. “Acreditamos que menopausa é um assunto muito falado, mas uma pesquisa sobre esse tema foi feita com 12.000 pessoas em seis países diferentes: Estados Unidos, Canadá, México, Brasil, Austrália e Alemanha. O que se viu: mais de 50% das mulheres se percebem como não conhecedoras do assunto. Isso é muito relevante. Portanto, o nosso papel como ginecologistas é educar, explicar sobre a menopausa e oferecer a melhor forma de tratamento possível”, declara.

O Dr. Marcelo Steiner, diretor científico da FEBRASGO, e a Dra. Lia Cruz Vaz da Costa Damásio, diretora de defesa e valorização profissional da entidade, acompanharam uma mesa sobre o tratamento da menopausa. Eles contam que, para quem não quer ou não pode usar terapia hormonal, as novidades são os medicamentos que atuarão especificamente no cérebro, no centro termorregulador, o que vai ajudar na diminuição dos sintomas vasomotores – os fogachos ou ondas de calor – trazendo melhor qualidade de vida para a mulher na fase do climatério e menopausa.

Durante o FIGO 2025, a Dra. Roseli Nomura, diretora administrativa da FEBRASGO, participou do workshop da Organização Mundial da Saúde sobre o manejo da hemorragia pós-parto. “Esse workshop foi essencial para que a FEBRASGO possa realizar esse treinamento no Brasil e capacitar vários profissionais, tanto médicos quanto enfermeiros, no manejo da hemorragia pós-parto”,

Quem também marca presença por lá é o Dr. Agnaldo Lopes da Silva Filho, diretor científico da FEBRASGO, que ministrou uma aula com o tema “Novas fronteiras na prevenção do HPV: vacinas e profilaxia pré-exposição”, na mesa “Impacto das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) na saúde ginecológica”. Na ocasião, discutiram-se novos testes diagnósticos para o câncer do colo do útero, tema em evidência no Brasil graças ao teste diagnóstico do HPV por DNA. “A FEBRASGO está muito bem situada no cenário nacional e internacional. A possibilidade de colaboração com outros países de língua portuguesa, com a Índia e outros países da Europa segue firme para a construção de políticas futuras”, comenta o Dr. Agnaldo.

Ele finaliza dizendo que o FIGO vem mostrando seu propósito em questões muito importantes, como a saúde reprodutiva e sexual das mulheres, a violência contra a mulher e outros temas aos quais a FEBRASGO está muito dedicada, como a hemorragia pós-parto e o controle do câncer do colo do útero no Brasil.

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FEBRASGO alerta: mulheres vítimas de violência sexual ainda enfrentam barreiras para acessar atendimento integral previsto em lei

  • 10/10 - Dia Nacional de Luta contra violência à Mulher

Apesar de o Brasil contar com normas técnicas e legislação que garantem atendimento integral às mulheres vítimas de violência sexual, incluindo o direito à interrupção gestacional nos casos previstos em lei (consulte aqui a Lei nº 12.845/2013), na prática, o acesso a esse cuidado ainda é marcado por obstáculos graves e recorrentes. A avaliação é da Dra. Aline Veras Morais Brilhante, ginecologista da Comissão Nacional Especializada em Violência Sexual e Interrupção Gestacional Prevista em Lei da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), que reforça a urgência de ampliar e qualificar a rede de assistência.

Segundo ela, a primeira barreira enfrentada pelas mulheres é a falta de informação sobre onde buscar atendimento. “Essa paciente já está em sofrimento extremo, muitas vezes em estado de choque, com medo e vergonha, e não sabe a quais serviços recorrer. Em boa parte do país não há divulgação clara sobre os locais preparados para prestar assistência”, explica.

Além disso, a desinformação entre profissionais de saúde é outro entrave. Embora a legislação determine que hospitais e maternidades estejam aptos a acolher vítimas de violência sexual, nem sempre as equipes estão capacitadas para oferecer atendimento imediato e adequado. Isso leva à revitimização das mulheres, obrigadas a peregrinar por diferentes serviços em busca de ajuda.

Outro problema central é a baixa disponibilidade e má distribuição geográfica dos serviços de referência, concentrados nos grandes centros urbanos. Mulheres que vivem em áreas rurais ou regiões mais remotas ficam ainda mais vulneráveis. “É uma questão estrutural e de saúde pública. Precisamos ampliar a rede e garantir, pelo menos, um serviço capacitado em cada cidade de médio porte e assegurar um fluxo regionalizado e organizado, que não deixe mulheres residentes em cidades de pequeno porte desassistidas”, destaca a especialista.

O atendimento, conforme preconizado pela norma técnica, deve incluir profilaxias contra infecções sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada, que só podem ser realizadas dentro de até 72 horas após a violência. Já em casos em que a gestação ocorre, a mulher deve ter assegurado o direito de escolha sobre seguir ou interromper a gravidez, com suporte psicológico e social durante todo o processo.

A médica da FEBRASGO reforça que a capacitação contínua e abrangente das equipes multiprofissionais é essencial. “Os treinamentos ainda são pontuais, desiguais e excessivamente técnicos, deixando de lado aspectos fundamentais como escuta empática, acolhimento humanizado, perspectiva de gênero e fluxos de atendimento claros dentro dos serviços. Sem isso, perpetua-se o despreparo e a fragmentação da assistência”, avalia.

Para a FEBRASGO, superar essas barreiras exige investimento em políticas públicas, formação permanente de profissionais e expansão da rede de atendimento. Neste sentido, a entidade busca reforçar a campanha #EuVejoVocê – Pelo fim da violência contra a mulher com notícias, informativos, vídeos, lives e infográficos para ampliar as discussão e fornecer informações sobre o assunto.

“Estamos falando de mulheres em situação de extremo sofrimento. É nosso dever, como sociedade, oferecer acolhimento, segurança e respeito a quem mais precisa”, conclui Dra. Aline.

Câncer de mama: sete mitos ou verdades com especialista da FEBRASGO

Mamas densas são sinal de que é necessário realizar ultrassonografia, além da mamografia

#OutubroRosa

 

O Outubro Rosa foi criado para salvar vidas por meio da informação, incentivando que mulheres façam o rastreamento adequado, já que o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura. Porém diante de tanta desinformação ainda existente – principalmente na internet e nas redes sociais -, o Dr. Felipe Pereira Zerwes, ginecologista vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Mastologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO, vem esclarecer o que é mito e o que é verdade sobre esse assunto.

  1. A alimentação pode influenciar no risco para câncer de mama.

Verdade. Existem sugestões e recomendações de estudos que uma dieta mediterrânea baseada em legumes, vegetais, frutas e fibras, tudo isso pode ajudar na diminuição do risco futuro de câncer, enquanto uma dieta, por exemplo, com gordura trans e/ou saturadas, carnes processadas, embutidos, bebidas alcoólicas pode aumentar o risco para câncer, inclusive o câncer de mama.

  1. O exercício físico ajuda durante e após o tratamento do câncer de mama.

Verdade. O exercício diminui o risco de câncer de mama e ajuda a diminuir recidiva nas pacientes que tiveram a doença. Durante o tratamento, seja medicamentoso, como quimioterapia ou hormonioterapia, também previne os efeitos das medicações. Então, o exercício físico é muito importante.

  1. Terapia de reposição hormonal (TH) pode causar câncer de mama.

Aqui é preciso analisar caso a caso. A literatura científica diz que a terapia de reposição hormonal somente com estrogênio, e por um período de tratamento menor que cinco anos, não está associada ao risco de câncer de mama. Vale dizer que a TH deve ser realizada de forma individualizada e quando os benefícios superam os riscos.

  1. Mulheres que fizeram quimioterapia ficam inférteis.

Depende. Mulheres que fizeram quimioterapia podem ficar inférteis, o que não significa que, de fato, ficarão. Veja, a quimioterapia atua nos folículos ovarianos, diminuindo o número de folículos. Então, a paciente que está perto da menopausa, provavelmente, vai entrar na menopausa; a paciente mais jovem, provavelmente, vai voltar a ciclar e menstruar; já a paciente que está por volta de 40 anos pode ou não entrar na menopausa. Existe o risco de, mesmo numa paciente jovem, a quimioterapia agir diminuindo drasticamente o número de folículos e ela, sim, se tornar infértil.

  1. Minha mãe teve câncer de mama, então terei também.

Mito. A filha de uma paciente com câncer de mama tem aumento de risco de desenvolver a doença, mas não quer dizer que vai desenvolver a doença. O câncer é uma doença multifatorial. A história familiar e algumas mutações genéticas podem ser fatores de risco, mas o estilo de vida deve ser considerado.

  1. Aborto induzido causa aumento real do risco de câncer de mama.

Mito, aborto induzido não causa aumento de risco para câncer de mama.

  1. Mamas densas “mascaram” lesões na mamografia, reduzindo sua sensibilidade.

Verdade. Mamas densas podem mascarar lesões na mamografia, por isso que uma paciente com essa característica deve fazer também exame de rastreamento com ultrassonografia mamária, ou em casos especiais, a ressonância magnética.

Mensagem para as mulheres que estão em tratamento para câncer de mama

“Felizmente, hoje em dia temos muitas possibilidades para os tratamentos, que são cada vez mais efetivos, com possibilidade de cura extremamente elevada garantindo a qualidade de vida. Essa busca por qualidade de vida tem sido cada vez mais importante, já que algumas medicações trazem uma série de efeitos, e muitas pacientes param o tratamento por causa disso. Quando isso acontece, é importante o diálogo aberto e franco entre paciente e médico, que deverá avaliar alternativas terapêuticas. O melhor tratamento é aquele que a paciente consegue seguir”, finaliza Dr. Felipe.

Urgência obstétrica: Ministério da Saúde reitera parceria com FEBRASGO

A FEBRASGO recebeu, por meio de doação do Ministério da Saúde, trajes específicos para o manejo da hemorragia obstétrica. Trata-se de um recurso fundamental em cenários de urgência, especialmente quando há necessidade de remoção da paciente para hospitais de referência.

O uso do traje requer treinamento adequado dos profissionais de saúde, garantindo que sua aplicação seja eficaz e segura. Os trajes recebidos serão utilizados no Centro de Treinamento e Simulação da FEBRASGO, além de congressos, cursos hands-on e atividades organizadas pelas federadas. As sociedades estaduais também poderão solicitar o empréstimo do material para capacitação local.

“Essa doação do Ministério da Saúde é muito importante, caracteriza uma parceria muito profícua para podermos combater a hemorragia obstétrica e oferecer o melhor cuidado para as mulheres e reduzir o risco de morte materna”, reforça Dra. Roseli Nomura, diretora administrativa da FEBRASGO.

O Dr. Gabriel Costa Osanan, vice-presidente da CNE de Urgências Obstétricas, explica que o traje anti choque não-pneumático (TAN) consiste em uma veste de neoprene (com fixadores em velcro), que recobre a paciente do tornozelo ao abdome, de forma segmentada e não pneumática. É reutilizável e se ajusta a pacientes de diferentes alturas e pesos. Trata-se de uma tecnologia leve de controle transitório do sangramento, de baixo custo e fácil manuseio, capaz de permitir transferências extra ou intra-hospitalares, ou mesmo apoiar na estabilização de uma hemorragia dentro do hospital.

  

Como funciona e quais suas vantagens?

Ao ser aplicado na paciente, o TAN comprime os membros inferiores, pelve e abdome, redirecionando o sangue para órgãos vitais e aumentando o retorno venoso. Ele também reduz sangramentos uterinos por realizar compressão na pelve e no abdome.

 

Quando usar?

O TAN está indicado nos casos de sangramento obstétrico, especialmente na hemorragia pós-parto, quando há instabilidade hemodinâmica ou sangramento intenso com risco iminente de choque hipovolêmico.

 

Quais as vantagens?

O TAN não substitui os tratamentos definitivos da hemorragia, mas é um recurso de estabilização temporária extremamente valioso. Assim, são potenciais benefícios do TAN:

  • Reduzir a velocidade do sangramento, dando tempo para a equipe agir;
  • Ganhar tempo para transferências seguras, quando necessário;
  • Facilitar a obtenção do acesso venoso durante a hemorragia;
  • Reduzir a necessidade de transfusões ou intervenções cirúrgicas de urgência;
  • Reduzir até mesmo mortes maternas, quando associado a um protocolo de hemorragia adequado.

 

Como utilizar?

O TAN deve ser aplicado iniciando pelos segmentos dos tornozelos em direção ao abdome, seguindo a sequência correta. Pode permanecer posicionado por até 72 horas, com monitoramento clínico contínuo. A retirada deve ser feita de forma lenta e gradual, a fim de evitar descompensações hemodinâmicas e o risco de retorno abrupto do sangramento.

 

Quais as contraindicações?

São contraindicações ao seu uso a presença de feto vivo viável, doenças cardíacas graves, hipertensão pulmonar, edema agudo de pulmão e lesões supra diafragmática.

 

Traje antichoque no Brasil e no mundo?

Atualmente o TAN está sendo utilizado na HPP em mais de 40 países do mundo, e tem sido recomendado por diversos protocolos nacionais e internacionais. No Brasil, o TAN já é utilizado em alguns estados, como parte integrante da Estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia (0MMxH), uma parceria do Ministério da Saúde com a Organização Panamericana de Saúde – Brasil, desde 2015

 

A doação dos trajes antichoque pelo Ministério da Saúde à FEBRASGO representa um avanço significativo no fortalecimento da assistência obstétrica no Brasil. Essa iniciativa permitirá ampliar a capacitação de profissionais de saúde em todo o país para o uso correto da tecnologia, fortalecendo sua aplicação nos serviços que já o utilizam e contribuindo para uma resposta mais rápida e eficaz nas emergências hemorrágicas obstétricas; com potencial de impactar diretamente na redução das mortes maternas evitáveis no país”, finaliza Dr. Gabriel.

Câmara aprova inclusão da ultrassonografia morfológica no pré-natal do SUS

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados deu aval a um Projeto de Lei que prevê a realização obrigatória de ultrassonografias morfológicas durante o pré-natal no Sistema Único de Saúde (SUS).

Pelo texto, a rede pública deverá oferecer pelo menos dois exames desse tipo às gestantes, medida que tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento do feto, identificar malformações e avaliar possíveis riscos à saúde da mãe e do bebê. O não cumprimento da norma, salvo em casos devidamente justificados, poderá ser enquadrado como negligência médica.

“Ainda há um caminho para o Projeto de Lei percorrer e ser aprovado. A FEBRASGO entende a importância dessa análise para assegurar uma melhor avaliação da gestação”, pontua a Dra. Maria Celeste Osório Wender, presidente da FEBRASGO.

A relatora do projeto, deputada Ana Paula Leão (PP-MG), apresentou substitutivo ao Projeto de Lei 4674/24, do deputado Beto Preto (PSD-PR). Em seu parecer, ela propôs que a nova regra seja incorporada à legislação já existente — a Lei 14.598/23, que assegura a realização do ecocardiograma fetal e da ultrassonografia transvaginal no SUS.

“Recebo com grande entusiasmo a tramitação do Projeto de Lei que propõe a inclusão da ultrassonografia morfológica no pré-natal do SUS. Essa medida está em plena consonância com os princípios que norteiam a Comissão Nacional de Ultrassonografia da FEBRASGO, que sempre pauta sua atuação pelo primor científico, pela busca de uma assistência equitativa e pela promoção de cuidados inclusivos em todo o território nacional”, declara a Dra. Lara Rodrigues Felix, obstetra desta CNE.

Intervenções precoces

A Dra. Lara explica que a realização das ultrassonografias morfológicas no pré-natal representa um marco na qualidade da assistência em saúde materno-fetal, pois amplia as informações sobre a morfologia e o desenvolvimento fetal, permitindo melhor direcionamento de recursos, o encaminhamento oportuno a centros terciários quando necessário e a otimização do planejamento assistencial. “Diagnósticos precoces oferecem às famílias envolvidas a possibilidade de receber orientações adequadas, preparar-se para o acolhimento de crianças com necessidades especiais, contar com atuação multiprofissional e, em casos selecionados, até mesmo acessar terapias de alta complexidade, como as cirurgias intrauterinas”, conta.

A especialista da FEBRASGO destaca ainda a tranquilização que o exame proporciona nos casos normais, que são a grande maioria, além de reforçar ainda mais o vínculo afetivo entre as famílias e o bebê que está para chegar. Quando realizados nos períodos adequados, esses exames contribuem para a prevenção de condições de grande impacto em saúde pública.

“O exame morfológico do primeiro trimestre, por exemplo, ao incorporar o Doppler de artérias uterinas, possibilita identificar gestantes em maior risco para pré-eclâmpsia, permitindo a introdução precoce de medidas preventivas de alta eficácia. Já no exame morfológico do segundo trimestre, a avaliação do colo uterino por via transvaginal possibilita selecionar as gestantes com risco aumentado de parto prematuro, garantindo a prescrição de medicações e intervenções capazes de reduzir esse desfecho”, explica a Dra. Lara.

O impacto da adoção desses exames em larga escala é expressivo: redução de internações, melhor alocação de recursos, economia de gastos em saúde pública e, sobretudo, a diminuição da morbimortalidade materna e perinatal.

Status do Projeto de Lei

A proposta tramita em caráter conclusivo e ainda passará pelas comissões de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família; Saúde; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania. Para entrar em vigor, precisará ser aprovada pelo plenário da Câmara e, em seguida, pelo Senado.

 

Fonte: Agência Câmara de Notícias

 

Outubro Rosa: Cobertura da mamografia no Brasil continua abaixo da meta da OMS

  • Até 30% dos casos de câncer de mama chegam em estágios avançados
  • Campanha Juntos Somos mais Fortes via ampliar informação para prevenção

#cancerdemamatemcura

 

O Ministério da Saúde anunciou uma atualização importante em sua diretriz de rastreamento do câncer de mama. A partir de agora, mulheres a partir dos 40 anos poderão realizar a mamografia, mesmo sem sinais ou sintomas, desde que haja interesse da paciente e indicação do profissional de saúde.

A mamografia, exame essencial para o rastreamento do câncer de mama, ainda apresenta cobertura insuficiente no Brasil. Dados do DATASUS revelam que, em 2022, foram realizadas cerca de 2,5 milhões de mamografias, alcançando menos de 40% das mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos – índice bem distante da meta de 70% estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ampliar a informação para prevenção, acompanhamento médico e atenção para os casos é um dos objetivos da Campanha “Juntos Somos mais Fortes”, que envolve sociedade médicas científicas, entre elas, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

“Muitos cânceres de mama, especialmente em fases iniciais, não são palpáveis e só são detectados por exames de imagem, como a mamografia. O rastreamento é fundamental para identificar lesões pequenas e não palpáveis, como microcalcificações. No entanto, no Brasil, a baixa adesão a programas organizados faz com que 50% a 60% dos casos já sejam diagnosticados em estágios avançados”, alerta o Dr. Eduardo Carvalho Pessoa, ginecologista e presidente da Comissão Nacional Especializada em Imaginologia Mamária da FEBRASGO.

Segundo o especialista, a mamografia de rastreamento pode reduzir a mortalidade por câncer de mama em até 40%, conforme demonstrado em grandes estudos internacionais, como os Swedish Mammography Trials. “A mamografia é insubstituível no rastreamento. A ultrassonografia tem papel complementar, especialmente em mulheres com mamas densas, mas não substitui a eficácia e a padronização da mamografia”, reforça.

Riscos e sinais de alerta

O Dr. Eduardo explica que nódulos malignos tendem a ser mais endurecidos, com bordas irregulares, fixos à pele ou a planos profundos, podendo estar associados à retração cutânea, secreção sanguinolenta pelo mamilo ou alterações no formato da mama. Já os cistos, comuns em mulheres em idade reprodutiva, são lesões benignas preenchidas por líquido e geralmente relacionadas a alterações hormonais.

Ele lembra que o fibroadenoma clássico também é benigno e não sofre transformação maligna. Contudo, lesões com crescimento rápido ou aspecto complexo podem justificar a indicação de biópsia.

Fatores que exigem maior atenção

Mulheres com histórico familiar de câncer de mama, mutações genéticas como BRCA1/BRCA2, mamas densas ou uso prolongado de terapia hormonal na pós-menopausa devem ter acompanhamento diferenciado e, em alguns casos, rastreamento anual com ressonância magnética, cuja sensibilidade chega a 95%.

Desafios no Brasil

Apesar dos avanços, o cenário brasileiro ainda apresenta gargalos:

  • Cobertura baixa: menos de 40% da população-alvo realiza mamografia no SUS;
  • Desigualdade regional: mulheres em áreas remotas têm menos acesso ao exame;
  • Diagnóstico tardio: até 30% dos casos chegam em estágios avançados (III/IV), segundo o INCA.

“Precisamos de programas organizados de rastreamento, com convite ativo às mulheres, para que mais vidas sejam salvas”, conclui o Dr. Eduardo.

O movimento para o Outubro Rosa “Juntos Somos mais Fortes” é organizado pelas seguintes sociedades médicas, além da FEBRASGO: Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).

 

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