Dia dos Pais: especialista da FEBRASGO orienta sobre o papel do pai no puerpério e prevenção da depressão pós-parto
Presença e apoio emocional do parceiro podem contribuir muito para a saúde integral da mulher após o parto
Em homenagem ao Dia dos Pais, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) reforça a importância do envolvimento paterno no puerpério, período que exige cuidados intensos com o recém-nascido e atenção à saúde mental da mãe. A ginecologista Dra. Mirela Foresti Jiménez, integrante da Comissão Nacional Especializada em Abortamento, Parto e Puerpério da entidade, destaca o papel fundamental do parceiro nesse momento.
“O puerpério é um momento de atividades muito intensas com o recém-nascido, que demandam dedicação e privação de sono, especialmente nos primeiros meses. É necessário organizar o repouso e manter uma alimentação calórica, saudável e com boa hidratação para atender às exigências da amamentação. O pai pode colaborar ativamente ao ajudar nas tarefas domésticas, apoiar a amamentação e garantir que a mulher tenha momentos de descanso. Mais do que isso, ele deve ser um suporte emocional constante”, afirma a médica.
Segundo dados da Fiocruz (2016), cerca de 25% das mães de recém-nascidos são diagnosticadas com depressão pós-parto. Globalmente, a taxa varia entre 10% e 20%, podendo chegar a 25%. Fatores como baixa condição socioeconômica, ausência de rede de apoio, histórico de doenças mentais, gravidez não planejada e maternidade na adolescência elevam o risco.
“Essas mulheres necessitam de acolhimento, psicoterapia e, em alguns casos, tratamento medicamentoso. Essa estatística ressalta a importância de monitorar a saúde mental neste período e orientar para os sinais de alerta”, reforça Dra. Mirela.
A presença do pai é considerada um fator protetor. “Estudos mostram que casais com comunicação aberta e divisão de responsabilidades enfrentam menos problemas emocionais. O envolvimento do parceiro pode reduzir significativamente a incidência de depressão pós-parto”, complementa.
Entre as ações práticas que o pai pode assumir estão: trocar fraldas, dar banho, ajudar na alimentação do bebê, organizar a casa para favorecer o descanso da mãe, preparar refeições saudáveis e incentivar momentos de autocuidado. Além disso, o pai deve estar atento a sintomas como tristeza persistente, irritabilidade, desinteresse por atividades habituais, dificuldades de sono e rejeição ao bebê.
No período pós-parto, a privação de sono pode agravar o quadro emocional. É importante que o obstetra oriente o parceiro sobre o chamado blues puerperal — alterações leves e autolimitadas de humor que afetam até 80% das mulheres entre duas e três semanas após o parto.
“Apresentar blues puerperal não significa que a mulher tenha depressão pós-parto. Mas, caso os sintomas persistam além de três ou quatro semanas ou se tornem mais intensos, é necessário buscar avaliação médica”, orienta a especialista.
A médica finaliza destacando que o apoio deve ser contínuo e empático. “O parceiro pode encorajar a busca por ajuda de forma gentil, reforçando que cuidar da saúde mental é um sinal de força. O ideal é buscar orientação com ginecologista e, se necessário, um tratamento multidisciplinar com psiquiatra. Grupos de apoio e envolvimento da família também são importantes”, conclui.