Revistas

13 de julho: Dia do Estatuto da Criança e do Adolescente

O Brasil registra, em média, quatro casos de violência sexual contra crianças e adolescentes por hora, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos. A maioria das vítimas é do sexo feminino, com idades entre 10 e 14 anos. Diante desse cenário alarmante, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma ferramenta crucial para garantir não apenas a denúncia e responsabilização dos agressores, mas também o cuidado integral à saúde física e emocional das vítimas.

Nossa equipe de jornalismo entrevistou a Dra. Rosana Maria Dos Reis, presidente da CNE de Ginecologia na Infância e Adolescência, para entender como deve ser o acolhimento a estas vítimas sob a ótica do profissional ginecologista.

  1. Quando uma menina ou adolescente vítima de violência sexual chega ao consultório, quais são os primeiros cuidados que o ginecologista deve adotar, do ponto de vista clínico e emocional?

 Dra. Rosana - A abordagem médica necessita de uma boa anamnese para detecção da violência sofrida, que muitas vezes não é a queixa principal.  É preciso estabelecer um vínculo de confiança com a criança ou adolescente para que elas possam verbalizar a sua realidade, assim como para abordar sintomas e sinais que não são muito bem definidos. No caso de adolescente, a privacidade precisa ser considerada, sendo que muitas vezes é preciso estar a sós com a vítima para melhor abordagem do abuso. Nessas situações pode ser necessária uma abordagem multiprofissional, com destaque para a importância do papel do atendimento psicológico na equipe. A assistência às crianças e adolescentes deve levar em consideração todo o processo psicológico que envolve esta fase de vida.

 Os familiares deveriam ser arguidos na consulta somente após o atendimento da criança e da adolescente, sendo fundamental analisar o relacionamento com genitores, levando em consideração que, muitas vezes, a violência pode ser causada por familiares e amigos próximos.
 

  1. O ECA prevê atendimento prioritário e humanizado às vítimas de violência. Na sua prática, como isso se traduz no ambiente ginecológico? Há protocolos específicos que orientam essa conduta?

Dra. Rosana - Isto se traduz com empatia, respeito, acolhimento, conhecimento e preparo dos profissionais de saúde para este tipo de atendimento. São consideradas boas práticas no atendimento médico:

- Não se omitir de atender adolescentes por medo de repercussões legais (principalmente se forem menores de 14 anos), pois deixar de atender adolescentes ou mesmo investigar a história sexual deixará estas meninas desamparadas - e situações de abuso deixarão de ser identificadas. As adolescentes podem ser atraídas para atividade sexual com adultos bem mais velhos em troca de favores e bens.

- Abordar as adolescentes sobre aspectos relacionados à sexualidade – procurar saber idade do/a parceiro/a. Diante de grande diferença de idade entre o casal, investigar se o relacionamento é consentido ou se há algum tipo de coação.

- Afastar situações de vulnerabilidade para apresentar resistência para consentir a relação sexual em situações como estado de embriaguez, efeito de drogas, déficit cognitivo ou mesmo ser coagida ao ato por pressão do namorado ou de amigos, entre outras.

  1. Quais sinais físicos ou comportamentais levantam suspeitas de abuso sexual e merecem atenção especial por parte dos profissionais de saúde?
Dra. Rosana - Os sinais físicos ou comportamentais de abuso sexual em crianças e adolescentes podem ser variados. A violência pode ser crônica e o agressor não deixa marcas. E na adolescência os sinais podem ser confundidos com atividade sexual comum e passarem despercebidos.

Os comportamentos que podem ser considerados suspeitos são: crianças com dor ao urinar ou defecar, ou que apresentam constipação crônica ou enurese (urinar na cama) sem uma causa aparente; crianças que demonstram um conhecimento sexual inadequado para a idade ou comportamentos sexuais explícitos, pois elas podem ter sido expostas a abusos.

Assim como, também é possível suspeitar de abuso sexual diante de alguns sinais físicos listados a seguir. No entanto, é importante frisar que esses sinais não são definitivos de abuso sexual, mas podem indicar que algo está errado e merece investigação cuidadosa e sensível. 

- Presença de lesões genitais ou anorretais: hematomas, lacerações, inchaço ou sangramento na região genital ou anal. Assim como marcas de mordida ou outras lesões em áreas não expostas normalmente a traumas acidentais, como a parte interna das coxas.

- Presença de condilomas, herpes genital ou gonorreia, especialmente em crianças pequenas, pode ser altamente sugestivo de abuso.

- Presença de sangue, sêmen ou outras secreções nas roupas íntimas da criança, que pode ser um sinal direto de abuso sexual.

 

  1. É possível dar dicas para que os pais/professores/cuidadores da criança possam perceber esse abuso do ponto de vista ginecológico?

Dra. Rosana - Nas crianças e adolescentes deve-se estar atento a sinais de alerta com mudanças súbitas no apetite, problemas gastrointestinais sem causa médica definida, bem como insônia ou pesadelos frequentes, sintomas depressivos, medo ou pânico, dificuldade de concentração, ansiedade, lembranças intrusivas ou pensamentos recorrentes, comportamento agressivo e isolamento social - os quais podem ser uma resposta física ao trauma. 

 

  1. Em situações em que a violência não é revelada diretamente, qual é o limite entre respeitar o silêncio da paciente e agir conforme o dever legal de notificação?

Dra. Rosana - Deve-se nessas situações contar com a rede de apoio que trabalha junto aos serviços de referência nos estados e municípios e com os conselhos tutelares. Estes serviços, mesmo em caso de suspeitas são de suma importância, principalmente para análise do contexto social em que a adolescente está inserida. A contribuição de assistentes sociais e psicólogos é fundamental, e os serviços de referência precisam ter articulação com a rede de apoio. Além de proporcionar acompanhamento dessas crianças e adolescentes com equipe multiprofissional no próprio serviço. Muitas vezes a consulta médica pode ser a única possibilidade de poder ajudar a criança e a adolescente em uma situação de vulnerabilidade.

 

  1. Que tipo de acolhimento interprofissional é importante nesses casos? Como ginecologistas, psicólogos e assistentes sociais devem atuar em conjunto para garantir o cuidado integral previsto pelo ECA?

Dra. Rosana - O atendimento as vítimas de abuso sexual, seja na infância, adolescência ou mesmo nas outras faixas etárias das mulheres, deve ser realizado por equipes multidisciplinares, pois as especificidades dos profissionais de saúde se complementam.

O apoio se inicia no primeiro atendimento, no acolhimento no serviço, com uma boa escuta, garantindo a privacidade, respeitando o tempo daquela adolescente e inserindo-a na dinâmica de atendimento, com equipe multiprofissional. Importante entender as vulnerabilidades na qual ela está inserida, mas, principalmente, fortalecer vínculo com o profissional e a autonomia dessa paciente, estimular a autoestima e reduzir o estresse pós-traumático, que representa a situação vivenciada. 

 

  1. Como romper o tabu em torno do acompanhamento ginecológico precoce e fazer com que famílias compreendam que esse cuidado não está ligado apenas à sexualidade, mas também à proteção e prevenção de abusos?

Dra. Rosana - É fundamental a educação sexual nas escolas. A educação sexual oferece a oportunidade para as adolescentes adquirirem habilidades essenciais para a vida e desenvolver atitudes e valores positivos em relação ao sexo (ex: saber negociar a sexarca sem coerção). É preciso intensificar campanhas educativas e rodas de conversas com grupos de adolescentes na atenção básica sobre esta temática.

Assim como é importantíssimo o diálogo entre familiares relacionado a temas de educação sexual. O papel do médico visa complementar e fortalecer a educação sexual.

 

  1. Gostaria de acrescentar alguma informação?

 Dra. Rosana - De acordo com o Sinan, do Ministério da Saúde, a maior quantidade de casos de estupro ocorre entre as jovens, e as principais vítimas são as jovens de 13 anos de idade. Familiares, parceiros e ex-parceiros dos pais, amigos e conhecidos são os principais agressores, tanto dos casos de violência física como de violência sexual.

Bula do DIU hormonal muda indicação de 5 para 8 anos para anticoncepção

O DIU (dispositivo intrauterino) hormonal Mirena® recebeu aprovação da ANVISA para uso como método contraceptivo estendido até oito anos. As indicações para tratamento de sangramento uterino anormal (SUA) e proteção endometrial continuam sendo por até cinco anos.

“A extensão do uso deste dispositivo de cinco para oito anos é muito bem-vinda. Os estudos desde o início já mostravam que que esse DIU tinha potencial contraceptivo maior do que cinco anos, mas ficávamos presos a esse prazo que foi determinado pelo laboratório. Então é uma notícia muito bem-vinda, as trocas vão diminuir, as mulheres vão poder usar por mais tempo sem ter comprometimento da eficácia. Essa notícia já era esperada aqui no Brasil, estávamos apenas aguardando as tramitações legais, porque sabíamos que no mundo já estavam começando a usá-lo por oito anos”, comenta Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, presidente da CNE de Anticoncepção.

É sempre importante ressaltar que o uso do DIU hormonal para contracepção - por até 8 anos – deve ser indicado de forma individualizada, respeitando as necessidades e avaliando as condições clínicas de cada mulher.

A eficácia e a segurança do dispositivo em questão foram demonstradas no Mirena® Extension Trial 1, que está detalhado abaixo a partir das informações recebidas pelo laboratório.

Sobre o estudo de eficácia contraceptiva e extensão do Mirena®:

A eficácia contraceptiva de Mirena® foi avaliada em um período de até cinco anos em cinco grandes estudos clínicos, envolvendo um total de 3.330 mulheres. O Índice de Pearl no primeiro ano foi de aproximadamente 0,2, e, cumulativamente, a taxa de falha contraceptiva foi de cerca de 0,7% ao longo de cinco anos.

A eficácia após cinco anos, incluindo os anos seis a oito, foi investigada no 'Mirena® Extension Trial'. Com base em 2 gestações (uma no Ano 6 e outra no Ano 7) e 10.216 ciclos de exposição, a taxa cumulativa de gravidez ao final de três anos de uso prolongado (Anos 6, 7 e 8) foi de 0,68%, com um limite superior de confiança de 95% de 2,71%. O estudo confirmou um perfil de benefício-risco positivo, sem novas descobertas de segurança ou eventos inesperados.

Os dados referentes a oito anos do estudo de extensão foram apresentados em resumo no American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) em 2022, e o artigo completo será publicado em breve. Para mais informações sobre este estudo, consulte https://clinicaltrials.gov/study/NCT02985541 .

 

RECOMENDAÇÕES DA VACINA VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO PARA ADULTAS E IDOSAS

Autoria: Membros da Comissão Nacional Especializada de Vacinas da Febrasgo

 

Esse documento tem como objetivo informar aos ginecologistas e obstetras sobre as recomendações da Comissão Nacional de Vacinas (CNE) da Febrasgo sobre o uso da vacina Vírus Sincicial Respiratório (VSR) na população adulta e idosa.

 A partir de 60 anos, especialmente após os 70 anos, adultos são mais susceptíveis a complicações relacionadas à infecção pelo VSR, devido à imunossenescência e às alterações fisiológicas pulmonares que reduzem a função pulmonar, afetando a integridade da barreira epitelial, depuração mucociliar e a elasticidade tecidual.1

No Brasil, dispomos de duas vacinas aprovadas para uso em idosos: vacina Abrysvo® (Vacina Vírus Sincicial Respiratório) fabricada pela Pfizer Inc.2 e Arexvy® (Vacina Vírus Sincicial Respiratório, Adjuvada) fabricada pela GlaxoSmithKline Biologicals. 3 A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) do Brasil aprovou as vacinas para a prevenção de doença do trato respiratório inferior (DTRI) causada pelo VSR para indivíduos com 60 anos de idade ou mais e, posteriormente. aprovou a vacina Abrysvo® como prevenção ampliada, para indivíduos com 18-59 anos de idade que apresentem condições de alto risco para desenvolverem formas graves da doença. 4

O Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização dos Estados Unidos (ACIP) apontou que a vigilância de segurança pós-licenciamento sugere um risco potencial aumentado para Síndrome de Guillen-Barré (SGB) após a vacinação com ambas as vacinas, subunidade proteica VSR (GSK Arexvy® e Pfizer Abrysvo®). Com base em evidências atualmente disponíveis, o ACIP concluiu que, avaliando os benefícios da vacinação contra VSR e os danos potenciais em adultos de 60 a 74 anos, a vacina deve ser indicada nessa faixa etária para pessoas com fatores de risco para doença grave por VSR. 5,6

A CNE de Vacinas da Febrasgo orienta as recomendações da vacina VSR, já anteriormente incluída no protocolo da nossa comissão,em adultas e idosas, em concordância com as indicações da SBIm:8,9

 

  • Duas vacinas disponíveis: Abrysvo® (Pfizer) e Arexvy® (GSK). Uma dose intramuscular. Aplicar a qualquer momento, independente da sazonalidade.8
  • Abrysvo® (Pfizer) e Arexvy® (GSK): Pessoas de 60 a 69 anos com maior risco de evolução grave ou descompensação de doença de base pela infecção pelo VSR.
  • Abrysvo® (Pfizer) e Arexvy® (GSK): A partir dos 70 anos como rotina, independente de fatores de risco.8
  • Abrysvo® é licenciada pela ANVISA para pessoas dos 18 aos 59 anos com certas condições médicas como, estados de imunossupressão, diabetes, cardiopatias e pneumopatias crônicas, hepatopatia e doença renal crônicas, ficando à critério médico a recomendação para pessoas com as condições listadas .9

 

 

Referências bibliográficas:

 

  • Michelin L, Bellei N, Gomes MFC, et al. Respiratory syncytial virus: challenges in diagnosis and impact on the elderly: Recommendations from a multidisciplinary panel, Human Vaccines & Immunotherapeutics. 2024. 20:1, 2388943.
  • Aprovação da vacina VSR Abrysvo® (Vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório) fabricada pela Pfizer Inc. pela ANVISA. Disponível em : https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2024/anvisa-registra-vacina-para-prevencao-de-bronquiolite-em-bebes. Acessado em 30 de maio de 2025.
  • Aprovação da vacina Arexvy® (Vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório, Adjuvada) fabricada pela GlaxoSmithKline Biologicals. pela ANVISA com ampliação do seu uso. Disponível em:https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/novos-medicamentos-e-indicacoes/arexvy-vacina-virus-sincicial-recombinante-adjuvada-novo-registro. Acessado em 30 de maio de 2025.
  • Aprovação da vacina Abrysvo® (Vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório) fabricada pela Pfizer Inc. pela ANVISA com ampliação do seu uso. Disponível em:https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/novos-medicamentos-e-indicacoes/abrysvo-r-vacina-do-virus-sincicial-respiratorio-a-e-b-recombinante-ampliacao-de-uso. Acessado em 30 de maio de 2025.
  • Britton A, Roper LE, Kotton CN, et al. Use of Respiratory Syncytial Virus Vaccines in Adults Aged ≥60 Years: Updated Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices — United States, 2024. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. ePub: 6 August 2024. DOI: http://dx.doi.org/10.15585/mmwr.mm7332e1
  • Lloyd, P. Centers for Disease Control and Prevention Vaccines - Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) Meeting October 23-24, 2024. Evaluation of Guillain-Barré Syndrome (GBS) following Respiratory Syncytial Virus (RSV) Vaccination Among Adults 65 Years and Older. Available at: https://www.cdc.gov/acip/downloads/slides-2024-10-23-24/05-RSV-Adult-Lloyd-508.pdf
  • Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Vacinação da mulher adulta e idosa. 3a ed. São Paulo: FEBRASGO; 2024. (Protocolo FEBRASGO-Ginecologia, n. 26/Comissão Nacional Especializada em Vacinas).
  • Calendário vacinal do idoso da SBIm 2024-2025. Disponível em: chrome extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-idoso.pdf. Acessado em 30 de maio de 2025.
  • Calendário pacientes especiais da SBIm 2025. Disponível em chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://sbim.org.br/images/ex7tipaodu. Acessado em 30 de maio de 2025.

 

 

 

Presidente:

Susana Cristina Aidé Viviani Fialho

Vice-presidente:

Nilma Antas Neves

Secretaria:

Cecilia Maria Roteli Martins

Membros:

André Luis Ferreira Santos

Caroline de Oliveira Alves Martins

Fabiola ZoppasFridman

Giuliane Jesus Lajos

Isabella de Assis Martins Ballalai

Juarez Cunha

Julio Cesar Teixeira

Marcia Marly Winck Yamamoto De Medeiros

Maria Carolina Pessoa Valença Rygaard

Mônica Levi

Newton Carvalho

Renato de Ávila Kfouri

Valentino Antonio Magno

 

 

 

 

 

 

 

 

RECOMENDAÇÕES DA VACINA VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO PARA GESTANTES

Autoria: Membros da Comissão Nacional Especializada (CNE) em Vacinas da Febrasgo

O objetivo dessa nota é orientar ginecologistas e obstetras sobre as estratégias de proteção ao recém-nascido nos seus primeiros meses de vida contra a infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR), suas doenças do trato respiratório e suas consequências.

O VSR é o agente mais comum de infecção do trato respiratório inferior (responsável por aproximadamente 80% dos quadros de bronquiolites e até 60% das pneumonias em menores de dois anos), com a grande maioria das crianças experimentando pelo menos um episódio de infecção pelo VSR antes de completarem dois anos de idade. A elevada prevalência da infecção pelo VSR, assim como as características clínicas da doença em bebês, faz com que aproximadamente uma em cada cinco crianças irá necessitar de atendimento médico ambulatorial devido à infecção pelo VSR e uma em cada 50 crianças será hospitalizada ainda no primeiro ano de vida.1-4 Estima-se que as infecções do trato respiratório inferior (ITRI) pelo VSR causem, globalmente, entre dois e três milhões de hospitalizações e aproximadamente 60.000 a 120.000 mortes em crianças menores de cinco anos anualmente, com um dado ainda mais dramático: mais de 95% dos episódios agudos de ITRI associados ao VSR e mais de 97% das mortes atribuíveis ao VSR em todas as faixas etárias ocorreram em países de baixa e média renda (LMIC), incluindo o Brasil.2,5,6 Estes dados fazem do VSR a principal causa de mortalidade entre bebês.

Apesar de a idade ser o principal fator de risco identificado, a presença de determinadas condições também contribui para maiores taxas de hospitalização e ocorrência de doença mais grave pelo VSR. Entre estas condições destacamos a prematuridade, a doença pulmonar crônica da prematuridade (DPCP) e a doença cardíaca congênita (DCC).1,7,8

Apesar de todos os esforços realizados nas últimas décadas na tentativa do desenvolvimento de estratégias terapêuticas, ainda não dispomos de drogas antivirais específicas para combater as infecções pelo VSR. As atuais medidas de prevenção disponíveis se concentravam em medidas de higiene para redução do risco de transmissão e no uso do palivizumabe, um anticorpo monoclonal indicado apenas para crianças de alto risco, incluindo bebês prematuros e aqueles portadores de DPCP e DCC .9,10

Para a prevenção das doenças causadas pelo VSR em bebês, estão disponíveis atualmente duas estratégias: a vacina VSR para gestantes, por meio da transferência de anticorpos via transplacentária para o feto e os anticorpos monoclonais, administrados diretamente aos bebês. 11
Foi autorizada no Brasil em outubro de 2023 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o nirsevimabe, um anticorpo monoclonal (imunização passiva) de ação prolongada12 para a prevenção da infecção por VSR em lactentes, com as seguintes indicações: recém-nascidos e lactentes durante sua primeira temporada de circulação do VSR e crianças de até 24 meses, em sua segunda temporada, que permanecem vulneráveis à doença grave pelo VSR, que pode incluir crianças com as seguintes condições clínicas: doença pulmonar crônica da prematuridade; doença cardíaca congênita com repercussão hemodinâmica; fibrose cística; doenças neuromusculares; anomalias congênitas das vias aéreas; crianças imunocomprometidas e portadoras da Síndrome de Down.13

No momento, o nirsevimabe está disponível somente nos serviços privados de vacinação e está em avaliação estratégica pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunizações (CTAI) a definição das suas recomendações no SUS.

Outra ferramenta de prevenção da doença que foi autorizada para uso no Brasil em abril de 2024 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) - a imunização ativa materna com transferência de anticorpos para o feto (imunização passiva ao feto). Trata-se de uma vacina baseada na proteína F do VSR, em sua conformação pré-fusional, com nome de AbrysvoÒ (Pfizer)14. Esta vacina se mostrou eficaz na redução do risco de internação hospitalar decorrente de infecção do trato respiratório inferior pelo VSR nos primeiros 180 dias de vida.15 Licenciada para uso em gestantes de até 49 anos de idade e na faixa de idade gestacional entre 24 e 36 semanas.15

Outras agências regulatórias também aprovaram a Abrysvo, com diferentes recomendações: A Food and Drug Administration (FDA), aprovou a vacina para uso entre 32 e 36 semanas; a agência regulatória europeia, European Medicines Agency (EMA), autorizou a vacina entre 24 e 36 semanas de gestação; no Reino Unido, a recomendação foi estabelecida a partir de 28 semanas e, na Argentina, também a partir de 32 semanas.11

Anteriormente, a CNE vacinas da Febrasgo corroborou com a recomendação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que do ponto de vista da saúde individual, sugeriu a vacinação entre 32 e 36 semanas de gestação, porque a eficácia vacinal foi um pouco maior a partir de 32 semanas quando comparada com 24 semanas e, além disso, no estudo pivotal de licenciamento da vacina, houve um aumento discreto, sem significância estatística, de casos de prematuridade no grupo vacina comparado ao grupo placebo.16 Entretanto, um novo estudo de vida real realizado na Argentina, denominado, Estudo BERNI, trouxe dados de efetividade e segurança.17 Segundo o estudo, a efetividade da vacina em lactentes de 0 a 3 meses para prevenção de hospitalização por doença do trato respiratório inferior (DTRI) causada pelo VSR foi de 72,7% (IC 95% 60,0-81,4), e em lactentes de 0 a 6 meses foi de 68,0% (IC 95% 56,2-76,6) . Para DTRI grave em lactentes de 0 a 6 meses a efetividade foi de 73,9% (IC 95% 53,2-85,4). E nesse estudo de vida real, não se confirmaram os relatos de prematuridade encontrados no estudo pivotal.17 Pelo fato de não haver diferenças significativas de eficácia a aplicação da vacina nas idades gestacionais de 24 semanas a menos de 28 semanas e, de 28 semanas a menos de 32 semanas no estudo pivotal da vacina,16 a CNE vacinas da Febrasgo, que já havia inserido a vacina VSR no protocolo da Vacinação da Gestante18, corrobora com as recomendações da SBIm,19 com as seguintes orientações:

  • Vacina VSR (Abrysvo®) Pfizer
  • Gestantes a partir de 18 anos de idade (ou a critério médico abaixo dessa idade)
  • Uma dose, intramuscular, a partir de 28 semanas de gestação e sem limite de idade gestacional.
  • Aplicada a qualquer momento, independente de sazonalidade.
  • Repetir em cada gestação.
  • Pode ser coadministrada com as outras vacinas de rotina da gestante.
  • Como a Vacina VSR (Abrysvo®) é licenciada pela ANVISA de 24 a 36 semanas de gestação, fica a critério médico a recomendação em idades gestacionais entre 24 e 27 semanas.

A vacina Abrysvo® (Pfizer) encontra-se disponível nas clínicas privadas de vacinação e está sendo avaliada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunizações (CTAI) para definição das suas recomendações pelo Programa Nacional de Imunizações.
Levando em conta os benefícios demonstrados de forma consistente nos estudos e antecipando o grande impacto que esta intervenção tem de promover a saúde dos lactentes, a CNE Vacinas da Febrasgo, recomenda a vacina para todas as gestantes, idealmente no terceiro trimestre da gestação (a partir de 28 semanas de IG), independente do período sazonal.


Referências bibliográficas:

  1. Hall CB, Weinberg GA, Iwane MK, Blumkin AK, Edwards KM, Staat MA, et al. The burden of respiratory syncytial virus infection in Young children. N Engl J Med. 2009; 360:588-98
  2. Li Y, Wang X, Blau DM, Caballero MT, Feikin DR, Gill CJ, et al. Global, regional, and national disease burden estimates of acute lower respiratory infections due to respiratory syncytial virus in children younger than 5 years in 2019: a systematic analysis. Lancet. 2022;399(10340):2047–2064.
  3. Lively JY, Curns AT, Weinberg GA, Edwards KM, Staat MA, Prill MM, et al. Respiratory Syncytial Virus-Associated Outpatient Visits Among Children Younger Than 24 Months. J Pediatric Infect Dis Soc. 2019;8(3):284-286.
  4. McLaughlin JM, Khan F, Schmitt HJ, Agosti Y, Jodar L, Simões EAF, et al. Respiratory Syncytial Virus-Associated Hospitalization Rates among US Infants: A Systematic Review and Meta- Analysis. J Infect Dis. 2020;225(6):1100-1111.
  5. Srikantiah P, Vora P, Klugman KP. Assessing the full burden of respiratory syncytial virus in Young infants in low- and middle-income countries: the importance of community mortality studies. Clin Infect Dis. 2021;73:S177–79.
  6. Freitas AR, Donalisio MR. Respiratory syncytial virus seasonality in Brazil: implications for the immunisation policy for at-risk populations. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2016;111(5): 294-301.
  7. Meissner C H. Viral Bronchiolitis in Children. N Engl J Med. 2016;374:62-72.
  8. Meissner HC, Hall CB. Respiratory syncytial virus. In: Cherry JD, Harrison GJ, Kaplan SL, Steinbach WJ, Hotez PJ (Ed) Feigin and Cherry’s textbook of pediatric infectious diseases. 7th ed. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2014: 2407-34.
  9. Sáfadi MAP e Kfouri RA. Posicionamento conjunto – Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade Brasileira de Imunizações Imunização passiva com Nirsevimabe para prevenção da doença pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em crianças. 18 de Janeiro de 2024.
  10. Mazur NI, Terstappen J, Baral R, Bardají A, Beutels P, Buchholz UJ, et al. Respiratory syncytial virus prevention within reach: the vaccine and monoclonal antibody landscape. Lancet Infect Dis. 2022 Aug 8:S1473- 3099(22)00291-2.
  11. Roteli-Martins CM, Ballalai IA, Kfouri RA, Fialho SC. FEBRASGO POSITION STATEMENT. Respiratory syncytial virus: impact of the disease and preventive strategies in pregnant women and older adults. Femina. 2024; 6:1-7.
  12. Mazur NI, Terstappen J, Baral R, Bardají A, Beutels P, Buchholz UJ, et al. Respiratory syncytial virus prevention within reach: the vaccine and monoclonal antibody landscape. Lancet Infect Dis. 2022 Aug 8:S1473- 3099(22)00291-2.
  13. Gov.br. Anvisa aprova medicamento para prevenção do vírus sincicial respiratório (VSR). Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/ptbr/assuntos/noticias-anvisa/2023/anvisa- aprova-medicamento-para-prevencaodo-virus- sincicial-respiratorio-vsr Acesso em 15/12/2023.
  14. Anvisa registra vacina para prevenção de bronquiolite em bebês. Disponível em https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2024/anvisa-registravacina-para-prevencao-de-bronquiolite-em-bebes. Acessado em 30 de maio de 2025.
  15. Impact-RSV study group. Palivizumab, a humanized RSV monoclonal antibody, reduces hospitalization from RSV infection in high-risk infants. Pediatrics. 1998;102(3):531-537.
  16. Kampmann B, Madhi SA, Munjal I, Simões EA, Pahud BA, Llapur C, et al. Bivalent prefusion Fvaccine in pregnancy to prevent RSV illness in infants. N Engl J Med. 2023;388(16):1451-64.doi:10.1056/NEJMoa2216480
  17. Gonzalo Pérez Marc GP, Vizzotti C, Fell DB, et al. Real-world effectiveness of RSVpreF vaccination during pregnancy against RSV-associated lower respiratory tract disease leading to hospitalisation in infants during the 2024 RSV season in Argentina (BERNI study): a multicentre, retrospective, test-negative, case–control study. Lancet Infect Dis. 2025. https://doi.org/10.1016/S1473-3099(25)00156-2.
  18. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Calendário de vacinação da gestante. 3a ed. São Paulo: FEBRASGO; 2024. (Protocolo FEBRASGO-Ginecologia, n. 24/Comissão Nacional Especializada em Vacinas).
  19. Calendário vacinal da gestante 2025. SBIm. Disponível em: chromeextension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-gestante.pdf 2. Acessado em 30 de maio de 2025.


Presidente:
Susana Cristina Aidé Viviani Fialho
Vice-presidente:
Nilma Antas Neves
Secretaria:
Cecilia Maria Roteli Martins

Membros:
André Luis Ferreira Santos
Caroline de Oliveira Alves Martins
Fabiola ZoppasFridman
Giuliane Jesus Lajos
Isabella de Assis Martins Ballalai
Juarez Cunha
Julio Cesar Teixeira
Marcia Marly Winck Yamamoto De Medeiros
Maria Carolina Pessoa Valença Rygaard
Mônica Levi
Newton Carvalho
Renato de Ávila Kfouri
Valentino Antonio Magno

Recomendações da FEBRASGO sobre medicamentos emagrecedores e anticoncepcionais orais

Medicamentos agonistas dos receptores de GLP-1(glucose-like peptídeo 1) desenvolvidos originalmente para o tratamento do diabetes tipo 2, como a semaglutida (Ozempic®, Wegovy®) e a tirzepatida (Mounjaro®), agonista também do GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide), vêm ganhando espaço como opção terapêutica para perda de peso. No entanto, o uso dessas medicações requer atenção especial quando associado a anticoncepcionais hormonais orais.

Segundo a Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia FEBRASGO, a principal preocupação é que esses medicamentos desaceleram o esvaziamento gástrico, o que pode interferir na absorção de fármacos administrados por via oral.

Estudos realizados com a semaglutida não demonstraram impacto relevante na eficácia dos contraceptivos hormonais orais. Em uma revisão com seis estudos em usuárias de contraceptivos hormonais orais e vários tipos de agonistas do GLP-1, entretanto, a tirzepatida mostrou uma redução clinicamente relevante nas concentrações séricas dos hormônios contraceptivos. Esse efeito parece ser mais importante nas primeiras quatro semanas de uso e durante o período de ajuste de dose.

Embora ainda sejam necessários mais estudos para conhecer melhor a interação entre a tirzepatida e os contraceptivos hormonais orais, a FEBRASGO recomenda:

  1. Contraceptivos orais podem ser mantidos durante o uso de semaglutida, com acompanhamento médico.
  2. Mulheres que utilizam tirzepatida devem ser orientadas a não usar contraceptivos hormonais orais, a trocar de método ou a associar métodos de barreira por, pelo menos, quatro semanas após o início do uso ou ajuste da dose.
  3. O uso de outros métodos contraceptivos altamente eficazes deve ser oferecido a todas as usuárias de agonistas do GLP-1, com destaque para os Dispositivos Intrauterinos (DIUs – hormonal ou de cobre) ou implante contraceptivo hormonal de longa duração, visto que não é conhecido o potencial teratogênico destes medicamentos.
  4. Não há evidência de segurança para o uso destes medicamentos para perda de peso durante a gestação e amamentação. A recomendação é suspender a semaglutida por no mínimo dois meses e a tirzepatida por pelo menos um mês antes de uma eventual gravidez.

A FEBRASGO reforça que, por serem medicamentos relativamente novos, ainda são necessários estudos mais aprofundados sobre os efeitos das medicações agonistas do GLP-1 na saúde reprodutiva. “A orientação médica individualizada é essencial para garantir a segurança das pacientes”, finaliza Dra. Ilza.

28 de junho – Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+: Saúde óssea da população transgênero exige atenção multidisciplinar e acompanhamento individualizado, alerta especialista

A saúde óssea da população transgênero ainda é um tema pouco debatido, mas de extrema importância quando se trata dos impactos da terapia hormonal de afirmação de gênero. De acordo com a ginecologista Dra. Celia Regina da Silva, membro da Comissão Nacional de Especialização em Osteoporose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), o equilíbrio hormonal — sobretudo envolvendo estrogênio e testosterona — exerce papel fundamental na preservação e desenvolvimento da massa óssea.

"A ação do estrogênio e androgênio é fundamental para esta fase. A terapia hormonal tem o potencial de preservar ou melhorar a densidade mineral óssea, mas quando feita de forma intermitente ou sem acompanhamento adequado, pode levar à perda óssea significativa", afirma a médica.

Segundo a especialista, uma nova resolução no Brasil prevê que a hormonização para pessoas transgêneros seja iniciada a partir dos 18 anos e a cirurgia de redesignação de gênero a partir dos 21. Esse intervalo, quando mal assistido, pode comprometer o desenvolvimento ósseo adequado, sobretudo em adolescentes submetidos precocemente ao uso de bloqueadores da puberdade, sem a introdução, em tempo hábil, da terapia de reposição hormonal.

Ainda segundo a Dra. Celia, há fatores importantes que devem ser considerados em relação à saúde óssea da população transgênero: “Pacientes que apresentam baixa ingestão de cálcio e vitamina D, sedentarismo, histórico de cirurgia bariátrica, por exemplo, exigem ainda mais atenção no tratamento. Não vejo um acompanhamento de consultório só, mas sim uma abordagem multidisciplinar, com psicólogo, nutricionista, ortopedista, entre outros profissionais."

Diagnóstico e monitoramento da saúde óssea

A densitometria óssea segue como o principal exame utilizado para diagnóstico e acompanhamento da saúde óssea nessa população. A Dra. Celia destaca que os fatores de risco devem nortear a periodicidade do rastreio. "Tabagismo, consumo elevado de álcool, uso de corticoides, cirurgia de afirmação de gênero, baixa massa corporal e idade acima de 50 anos são pontos críticos que indicam necessidade de avaliação com maior frequência", diz.

Metanálises recentes apontam ganhos na densidade óssea de mulheres trans após 12 a 24 meses de terapia hormonal, especialmente na coluna lombar. Já entre homens trans, estudos indicam aumento de até 7,8% da densidade mineral óssea no colo do fêmur após dois anos de tratamento. No entanto, a especialista alerta: "Os dados sobre taxas de fratura em transgêneros ainda são escassos, e isso limita a precisão das diretrizes clínicas."

Acompanhamento

A Dra. Celia ressalta a importância do tratamento individualizado. "Cada caso deve ser cuidadosamente analisado. Podemos ter um paciente trans que é atleta, outro com histórico de cirurgia bariátrica, outro com alimentação restritiva. Não podemos adotar protocolo único."

Por fim, a médica destaca a necessidade de um cuidado abrangente e multidisciplinar voltado à saúde óssea da população transgênero.: "Mais do que iniciar a terapia hormonal, é preciso garantir adesão contínua, monitoramento por densitometria e implementação de estratégias de estilo de vida saudáveis. Só assim conseguiremos prevenir perdas ósseas e garantir qualidade de vida a longo prazo”, finaliza.

Página 4 de 134
-->

© Copyright 2025 - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Todos os direitos são reservados.

Políticas de Privacidade e Termos De Uso.

Aceitar e continuar no site