Outubro Rosa: Cobertura da mamografia no Brasil continua abaixo da meta da OMS
- Até 30% dos casos de câncer de mama chegam em estágios avançados
- Campanha Juntos Somos mais Fortes via ampliar informação para prevenção
#cancerdemamatemcura
O Ministério da Saúde anunciou uma atualização importante em sua diretriz de rastreamento do câncer de mama. A partir de agora, mulheres a partir dos 40 anos poderão realizar a mamografia, mesmo sem sinais ou sintomas, desde que haja interesse da paciente e indicação do profissional de saúde.
A mamografia, exame essencial para o rastreamento do câncer de mama, ainda apresenta cobertura insuficiente no Brasil. Dados do DATASUS revelam que, em 2022, foram realizadas cerca de 2,5 milhões de mamografias, alcançando menos de 40% das mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos – índice bem distante da meta de 70% estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ampliar a informação para prevenção, acompanhamento médico e atenção para os casos é um dos objetivos da Campanha “Juntos Somos mais Fortes”, que envolve sociedade médicas científicas, entre elas, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
“Muitos cânceres de mama, especialmente em fases iniciais, não são palpáveis e só são detectados por exames de imagem, como a mamografia. O rastreamento é fundamental para identificar lesões pequenas e não palpáveis, como microcalcificações. No entanto, no Brasil, a baixa adesão a programas organizados faz com que 50% a 60% dos casos já sejam diagnosticados em estágios avançados”, alerta o Dr. Eduardo Carvalho Pessoa, ginecologista e presidente da Comissão Nacional Especializada em Imaginologia Mamária da FEBRASGO.
Segundo o especialista, a mamografia de rastreamento pode reduzir a mortalidade por câncer de mama em até 40%, conforme demonstrado em grandes estudos internacionais, como os Swedish Mammography Trials. “A mamografia é insubstituível no rastreamento. A ultrassonografia tem papel complementar, especialmente em mulheres com mamas densas, mas não substitui a eficácia e a padronização da mamografia”, reforça.
Riscos e sinais de alerta
O Dr. Eduardo explica que nódulos malignos tendem a ser mais endurecidos, com bordas irregulares, fixos à pele ou a planos profundos, podendo estar associados à retração cutânea, secreção sanguinolenta pelo mamilo ou alterações no formato da mama. Já os cistos, comuns em mulheres em idade reprodutiva, são lesões benignas preenchidas por líquido e geralmente relacionadas a alterações hormonais.
Ele lembra que o fibroadenoma clássico também é benigno e não sofre transformação maligna. Contudo, lesões com crescimento rápido ou aspecto complexo podem justificar a indicação de biópsia.
Fatores que exigem maior atenção
Mulheres com histórico familiar de câncer de mama, mutações genéticas como BRCA1/BRCA2, mamas densas ou uso prolongado de terapia hormonal na pós-menopausa devem ter acompanhamento diferenciado e, em alguns casos, rastreamento anual com ressonância magnética, cuja sensibilidade chega a 95%.
Desafios no Brasil
Apesar dos avanços, o cenário brasileiro ainda apresenta gargalos:
- Cobertura baixa: menos de 40% da população-alvo realiza mamografia no SUS;
- Desigualdade regional: mulheres em áreas remotas têm menos acesso ao exame;
- Diagnóstico tardio: até 30% dos casos chegam em estágios avançados (III/IV), segundo o INCA.
“Precisamos de programas organizados de rastreamento, com convite ativo às mulheres, para que mais vidas sejam salvas”, conclui o Dr. Eduardo.
O movimento para o Outubro Rosa “Juntos Somos mais Fortes” é organizado pelas seguintes sociedades médicas, além da FEBRASGO: Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).
FEBRASGO reforça a campanha #EuVejoVocê e alerta: violência contra a mulher é uma realidade em todas as fases da vida
- Violência contra mulheres idosas: números que preocupam
- 1º de outubro é o Dia Internacional das Pessoas Idosas
A violência contra a mulher não tem idade, classe social ou ambiente específico. Ela pode se manifestar na juventude, na vida adulta e na velhice — em casa, no trabalho ou em espaços públicos. É com esse alerta que a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) reforça a Campanha #EuVejoVocê – Pelo fim da violência contra a mulher, que busca desconstruir discursos que sustentam a violência e promover uma reflexão permanente sobre o tema.
“A Ginecologia e a Obstetrícia são especialidades médicas presentes no dia a dia da mulher, na vida real, e talvez sejamos a especialidade com o maior vínculo com a história de vida das mulheres”, destaca a Dra. Maria Auxiliadora Budib, ginecologista do Núcleo Feminino da FEBRASGO.
Violência contra mulheres idosas: números que preocupam
A violência contra pessoas idosas é uma preocupação mundial e, no Brasil, os dados mostram a gravidade do problema. Entre 2020 e 2023, foram mais 408.395 denúncias de violência contra pessoas idosas em todo o país, e 70% das vítimas eram mulheres. Pesquisas apontam ainda que aproximadamente 15% das mulheres idosas no Brasil sofrem abuso físico ou psicológico.
De 2018 a 2022, o Ministério da Saúde registrou 120 mil notificações de situações de violência contra idosos. Em 58,6% dos casos as vítimas eram mulheres, e 29,5% dos agressores eram filhos ou filhas da própria vítima.
No cenário internacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1 em cada 6 pessoas com 60 anos ou mais sofreu algum tipo de abuso em ambientes comunitários no último ano. A subnotificação, no entanto, é considerada um dos maiores desafios: medo, vergonha e dependência em relação ao agressor silenciam milhares de vítimas.
As múltiplas faces da violência contra a mulher idosa:
- Negligência: ausência de cuidados essenciais, como higiene, alimentação e medicação.
- Psicológica: ofensas, humilhações e ameaças.
- Financeira: uso indevido de bens ou recursos.
- Física: agressões que causam dor ou lesões.
- Sexual: atos sem consentimento, de qualquer natureza sexual.
Informação como ferramenta de combate
Para a FEBRASGO, a informação é peça-chave para sensibilizar a sociedade e empoderar profissionais de saúde. A campanha #EuVejoVocê reforça a necessidade de vigilância e ação em todas as fases da vida da mulher, com foco no acolhimento e na construção de uma rede de apoio eficiente.
“Violência contra a mulher é um problema social, de saúde pública e de direitos humanos. Não podemos fechar os olhos. Precisamos ver, acolher e agir”, reforça Dra. Budib.
Se você é mulher e vítima de violência, procure a Delegacia da Mulher em seu município ou ligue 180, linha gratuita e sigilosa da Central de Atendimento à Mulher no Brasil.
Saúde mental durante a maternidade: especialista alerta para cuidados emocionais antes, durante e após a gestação
- Silvia Regina Piza reforça a importância de uma abordagem integral da saúde da mulher, com atenção especial ao bem-estar emocional
- De 12 a quase 39% de mulheres que engravidam têm agravos ou alterações à saúde mental, revela especialista
A decisão de gerar uma nova vida vai muito além dos exames laboratoriais e do acompanhamento médico. “A saúde mental da mulher que pretende engravidar, está grávida ou já está no puerpério deve ser acompanhada de forma rigorosa e acolhedora”. É o que defende a médica Dra. Silvia Regina Piza, ginecologista, obstetra e assessora da diretoria científica para região Sudeste da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
A médica comenta sobre as alterações que ocorrem no corpo da mulher durante este período: “A gravidez traz uma série de adaptações no organismo materno, físicas e emocionais. Muitas vezes, a condição de saúde mental é negligenciada nesse período, durante o parto e na amamentação”. “A mulher que pretende engravidar também deve ser acompanhada emocionalmente e receber apoio e assistência caso haja qualquer sinal de alteração que possa impactar no resultado da gravidez.”
Dra. Silvia destaca a ansiedade como o sentimento mais comum durante a gestação. “É o medo do desconhecido, a insegurança diante de uma experiência que não tem volta. A ansiedade cresce ao longo da gestação e atinge o ápice no parto, quando o desejo de saber o que vai acontecer se intensifica, muitas vezes com manifestações diversas – desde pequenos rituais ou manias até sintomas mais graves.”
De acordo com dados mencionados pela especialista, entre 12 e 39% das mulheres grávidas apresentam algum tipo de agravo na saúde mental. A depressão, em especial, é recorrente e muitas vezes subnotificada, já que há um estigma em torno da expectativa de felicidade associada à gravidez. “A mulher se sente cobrada a estar feliz o tempo todo, e quando isso não acontece, pode sentir vergonha de reconhecer sua tristeza ou buscar ajuda. É preciso escutar essa mulher com sensibilidade e sem julgamentos.”
No pós-parto, os desafios emocionais se intensificam. O puerpério é um período crítico, marcado por sobrecarga emocional, adaptação à nova rotina, amamentação e exigência de novos papéis sociais. “É uma fase de grande vulnerabilidade. A rede de apoio familiar e profissional é essencial para oferecer acolhimento e detectar sinais de depressão pós-parto. A ausência de diagnóstico e tratamento pode evoluir para quadros graves, como ideação suicida”, pontua.
A médica também ressalta a importância de instrumentos clínicos para rastreamento precoce de transtornos mentais. “Um olhar atento no pré-natal e o uso de escalas de depressão ajudam a mensurar o grau de sofrimento psíquico da gestante e embasam uma orientação terapêutica adequada.”
O tratamento, conforme explica, pode iniciar com terapias comportamentais e se estender, quando necessário, para o uso criterioso de antidepressivos. “Há muita resistência, tanto por parte das pacientes quanto dos profissionais, no uso de medicamentos, por receio de efeitos colaterais. Mas, quando bem indicados, eles são fundamentais para preservar a saúde da mãe e do bebê. O mais importante é garantir segurança e informação, sem banalização, mas também sem omissão.”
Para Dra. Silvia, quando bem assimilada, a transformação emocional trazida pela gravidez pode fortalecer o vínculo entre mãe e bebê, contribuindo para a construção de um núcleo familiar saudável. “Mas quando essa transformação não é bem conduzida, os riscos aumentam. Por isso, cuidar da saúde mental da mulher em todas as fases da maternidade é uma medida de proteção à vida”, conclui.
Videos Informativos.
Vídeo Informativo 02 – Sintomas vasomotores da menopausa? - Drª. Maria Celeste Wender
Vídeo Informativo 03 – Sintomas vasomotores do climatério - Drª. Lucia Helena Simões
Vídeo Informativo 04 – Outros sintomas da transição menopausal - Drª. Rita de Cássia de Maio Dardes
Vídeo Informativo 05 – Terapia hormonal na menopausa: quando e por que indicar
Vídeo Informativo 06 – 15 sintomas da menopausa
Vídeo Informativo 07 – Menopausa e Pele – O que muda com a queda de estrogênio
Vídeo Informativo 08 – Tratamentos não hormonais