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NOTA OFICIAL – FEBRASGO Sobre o “Protocolo Super Bebê” e a importância da Medicina Baseada em Evidências

A FEBRASGO, através da sua Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal, vem a público alertar sobre a divulgação, nas redes sociais, de um chamado “Protocolo Super Bebê”, que propõe o uso de vitaminas orais e injetáveis em gestantes com promessas de aumento do QI do bebê e fortalecimento imunológico.

Tais práticas não possuem respaldo em evidências científicas robustas, nem estão incluídas em diretrizes clínicas reconhecidas. A adoção indiscriminada de suplementos e substâncias injetáveis na gestação, fora de indicações clínicas comprovadas, pode representar riscos sérios à saúde materna e fetal.

A FEBRASGO reforça seu compromisso com: A assistência pré-natal baseada em evidência; a segurança da materna e fetal; o combate à medicalização excessiva e à desinformação.

Práticas clínicas devem sempre ser orientadas por especialistas e embasadas em ciência de qualidade. Promessas infundadas, mesmo que com aparência de sofisticação, não substituem a boa medicina e podem expor as gestantes a riscos inaceitáveis.

Recomendamos fortemente que condutas terapêuticas voltadas à gestação sejam sempre orientadas por especialistas, com base em protocolos clínicos e diretrizes estabelecidos por sociedades médicas reconhecidas.

 

Dra. Lilian de Paiva Rodrigues Hsu

Presidente da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal FEBRASGO – Ciência, compromisso e ética pela saúde da mulher

Dor pélvica crônica pode estar ligada à endometriose, adenomiose e outras condições: especialista alerta para a importância do diagnóstico

Tema será abordado no 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia – CBGO, que acontece de 14 a 17 de maio, no Riocentro, RJ

Uma das principais queixas femininas , em diferentes fases da vida, a dor pélvica crônica (DPC) pode estar associada a diversos fatores – desde condições ginecológicas como endometriose e miomas, até disfunções no trato urinário e intestinal. O problema afeta cerca de 26% das mulheres em idade reprodutiva, sendo responsável por aproximadamente 10% das consultas ginecológicas, 40 % das laparoscopias e 12% das histerectomias.

Apesar da alta incidência, o sintoma é frequentemente negligenciado ou confundido com desconfortos passageiros, atrasando o diagnóstico de doenças graves como a endometriose. O alerta é da médica ginecologista Dra. Márcia Mendonça Carneiro, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).   “A dor pélvica crônica é uma dor não cíclica, com duração de pelo menos seis meses, localizada na pelve, parte inferior do abdome, região lombar e nádegas. A gravidade costuma ser suficiente para causar incapacidade e levar à busca por atendimento médico. Ela não é uma doença em si, mas um sintoma que pode estar associado a diferentes afecções ginecológicas e não ginecológicas.””, explica a médica.

Principais causas

Entre as causas ginecológicas mais comuns da dor pélvica estão a endometriose, a adenomiose, miomas, aderências pélvicas e a doença inflamatória pélvica. Já as causas não ginecológicas incluem síndrome do intestino irritável, colite, doença celíaca, infecções urinárias recorrentes e até distúrbios musculoesqueléticos. De acordo com a especialista, cerca de 37,7% dos casos têm origem gastrointestinal, 30,8% urinária e apenas 20,2% estão ligados diretamente a fatores ginecológicos.

“Apesar de a endometriose ser mais comum em mulheres jovens e a adenomiose ter sido tradicionalmente associada àquelas acima dos 40 anos, os avanços nos métodos de imagem têm permitido diagnósticos mais precoces, inclusive em mulheres mais jovens”, pontua Dra. Márcia.

Como chegar ao diagnóstico?

O caminho até o diagnóstico definitivo, no entanto, costuma ser longo e desgastante. Estudos indicam que mulheres com endometriose levam entre 5 e 12 anos para obter o diagnóstico correto — no Brasil, esse tempo varia entre 4 e 7 anos. “Cerca de 61% dessas mulheres ouviram de um médico que não havia nada errado, e 47% passaram por cinco ou mais profissionais até serem diagnosticadas. Muitas vezes, essa dor é tratada como algo ‘normal’, o que contribui para o sofrimento prolongado e desnecessário”, alerta a ginecologista.

A orientação médica inicial deve incluir anamnese detalhada, exame físico completo, exames laboratoriais e de imagem como ultrassonografia transvaginal. Em casos mais complexos, podem ser necessários exames como ressonância magnética e videolaparoscopia.

Tratamentos

O tratamento da dor pélvica crônica deve ser individualizado, considerando todas as possíveis causas e particularidades de cada paciente. “Não existe um único tratamento que resolva o problema por completo. Em geral, é necessário o envolvimento de uma equipe multidisciplinar formada por ginecologistas, especialistas em dor, fisioterapeutas e psicólogos”, ressalta a médica.

Entre as abordagens disponíveis estão terapias medicamentosas, bloqueios anestésicos, neuromodulação, fisioterapia do assoalho pélvico, acupuntura e psicoterapia. Mudanças no estilo de vida, alimentação e práticas integrativas também fazem parte do arsenal terapêutico.

Prevenção e conscientização

A dor pélvica crônica afeta não apenas o corpo, mas também a mente. Mulheres com DPC frequentemente enfrentam ansiedade, depressão, baixa autoestima e dificuldades nas relações afetivas e profissionais. “Essas pacientes estão, muitas vezes, exaustas, frustradas por não encontrarem solução para seu sofrimento. É fundamental que o médico demonstre credibilidade diante da dor relatada e acolha essa mulher com empatia”, afirma a vice-presidente da CNE-Endometriose da Febrasgo.

Educar a população sobre o fato de que sentir dor não é normal, explicando o que é uma dor esperada e o que deve ser investigado, é essencial para prevenir complicações e melhorar o prognóstico das pacientes. Dra. Márcia ressalta ainda que conscientizar mulheres e suas famílias de que dor não é normal é o primeiro passo para mudar essa realidade. “As mulheres precisam ser acolhidas, ouvidas e tratadas de forma humanizada e integral. O acesso a equipes multidisciplinares ainda é um desafio no Brasil, mas é o caminho mais eficaz para lidar com esse problema de saúde pública”, finaliza a Dra. Márcia Mendonça Carneiro. 

62º CBGO

Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

https://cbgo2025.com.br/

#CBGO2025

Data: 14 a 17 de maio de 2025

Local: Riocentro - Av. Salvador Allende, 6555 – Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ

Credenciamento para imprensa: imprensa@gengibrecomunicacao.com.br

Câncer de ovário: o desafio silencioso que exige atenção redobrada das mulheres, especialmente após a menopausa

Maio - Mês da Conscientização do Câncer de Ovário.

Apesar de menos prevalente que outros tipos de câncer ginecológico, como o de colo do útero, o câncer de ovário continua sendo um dos mais letais. Conhecido por sua evolução silenciosa, o tumor frequentemente é diagnosticado em estágios avançados, -o que reduz drasticamente as chances de cura. Segundo o ginecologista Eduardo Batista Cândido, Presidente da Comissão Nacional de Ginecologia Oncológica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), cerca de 65% das pacientes recebem o diagnóstico quando a doença já está em estágio avançado. “Por isso, nos anos 2000, o câncer de ovário era conhecido como o ‘matador silencioso’, já que apresenta sintomas pouco específicos”, alerta o especialista.

De acordo com estimativas globais, mais de 670 mil novos casos de câncer de ovário são diagnosticados por ano no mundo, com metade dessas pacientes vindo a óbito. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, a estimativa é de cerca de 6 a 7 mil casos anuais, o que reforça a urgência de ações de conscientização e cuidado.

Principais sintomas da doença

Os sinais mais comuns do câncer de ovário costumam ser confundidos com alterações gastrointestinais corriqueiras. Sensação de empachamento, aumento do volume abdominal, flatulência, alterações no apetite e mudança no hábito intestinal (constipação alternada com diarreia) podem surgir até seis meses antes do diagnóstico. “Esses sintomas precisam ser levados a sério, sobretudo em mulheres pós-menopausa”, orienta o Dr. Eduardo Cândido.

 

Fatores de risco e prevenção

A idade é um fator determinante. O câncer de ovário acomete majoritariamente mulheres após a menopausa, com pico de incidência por volta dos 60 anos. O histórico familiar também deve ser observado com atenção. Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, por exemplo, aumentam significativamente o risco da doença e do câncer de mama. “Pacientes com essas mutações genéticas se beneficiam de uma abordagem preventiva, como a salpingooforectomia bilateral, que consiste na retirada dos ovários e trompas. Isso pode reduzir drasticamente a mortalidade por câncer de ovário”, explica o médico.

Diagnóstico ainda é um desafio

Diferente do câncer de colo do útero, o de ovário não possui um método eficaz de rastreamento. Exames como o ultrassom transvaginal e o marcador tumoral CA-125 demonstraram baixa sensibilidade e especificidade em grandes estudos clínicos. “Esses métodos só detectam alterações quando o tumor já está avançado, o que compromete a efetividade do diagnóstico precoce”, pontua Cândido. Ensaios clínicos com mais de 100 mil mulheres evidenciaram que o rastreamento rotineiro não reduz a mortalidade.


Possíveis tratamentos

O tratamento convencional se baseia em cirurgia radical para retirada de toda a doença visível e em quimioterapia com drogas como platinas e taxanos. No entanto, mesmo com a abordagem correta, até 75% das pacientes apresentam o reaparecimento da doença - fato que  obriga a repetir ciclos de cirurgia e quimioterapia, até o momento em que os tratamentos se tornam ineficazes.

Nos últimos anos, porém, surgiram terapias inovadoras. Os inibidores de PARP, por exemplo, mostraram resultados promissores em pacientes com mutações genéticas específicas, ajudando a interromper o ciclo de recidivas e prolongando a sobrevida com qualidade de vida. Além disso, a imunoterapia tem se consolidado como um recurso importante no combate ao câncer de ovário.


Prevenção

A adoção de hábitos saudáveis pode contribuir para a redução de riscos. “Manutenção do peso, alimentação rica em fibras, prática regular de atividade física e visitas regulares ao ginecologista são pilares fundamentais do autocuidado”, explica o Dr. Eduardo Cândido. Ele ainda reforça que mulheres com histórico familiar relevante devem procurar aconselhamento genético.

O câncer de ovário, embora silencioso, exige um olhar atento, especialmente em mulheres com fatores de risco. O diagnóstico precoce ainda é um desafio, mas avanços terapêuticos vêm abrindo novos caminhos para um enfrentamento mais eficaz e humanizado da doença.

  

#EuVejoVocê – Pelo fim da violência contra a mulher

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), comprometida com o pleno respeito à saúde e bem-estar das mulheres, lançou a Campanha #EuVejoVocê – Pelo fim da violência contra a mulher, em todas as fases da vida junto com as Sociedades Estaduais.

A iniciativa também tem como objetivo discutir ações que possam impactar na redução da violência contra a mulher em todas as fases da vida, incluindo a mulher médica em exercício.

O objetivo da campanha é desconstruir os discursos que sustentam a violência, promovendo uma reflexão constante sobre o tema.

A FEBRASGO junto com as Sociedades Estaduais de Ginecologia e Obstetrícia estarão unidas na organização de debates e encontros entre os profissionais das especialidades para a discussão de ações efetivas em prol a redução da violência contra a mulher, além da produção de conteúdo para sensibilizar e informar a sociedade, celebrando e empoderando a profissão de ginecologista, destacando sua relevância no cuidado à mulher.


Confira a cartilha



 

Uso de testosterona em mulheres: Entidades médicas alertam para os riscos e a prescrição Indevida

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e o Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DCM – SBC), divulgou uma nota de alerta sobre os riscos e limitações do uso de testosterona em mulheres. Segundo as entidades, a prescrição de testosterona só é sustentada por evidências médicas em situações muito específicas, como no tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo em mulheres na pós-menopausa e, mesmo nesses casos, apenas após uma avaliação criteriosa para descartar outras causas para a condição.

“Não existe benefício comprovado isento de riscos do uso de testosterona para fins estéticos, aumento de massa muscular, emagrecimento ou rejuvenescimento. Toda mulher deve procurar um médico qualificado antes de iniciar qualquer terapia hormonal”, reforça a presidente da FEBRASGO, Dra. Maria Celeste Osorio Wender.

De acordo com as diretrizes internacionais e nacionais, a testosterona só deve ser utilizada em mulheres após a menopausa para tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo, e apenas após uma avaliação completa para descartar outros fatores como alterações hormonais (como o hipoestrogenismo da menopausa, que deve ser tratado antes), depressão, efeitos colaterais de medicamentos, problemas de relacionamento e questões emocionais.

As entidades esclarecem que não há recomendação para o uso de testosterona para ganho de massa muscular, emagrecimento, rejuvenescimento, melhora de disposição ou energia, prevenção de doenças cardiovasculares ou para a chamada "regulação hormonal" na menopausa. O uso de implantes subcutâneos manipulados de testosterona também é desaconselhado, pois não possuem aprovação da Anvisa, apresentam doses imprevisíveis e são associados a riscos aumentados de efeitos colaterais.

Além disso, a dosagem de testosterona no sangue não é necessária na investigação de mulheres com queixa de baixa libido, exceto quando houver suspeita de excesso do hormônio, como nos casos de síndrome dos ovários policísticos ou tumores hormonais. A nota destaca ainda os principais riscos do uso inadequado de testosterona, como excesso de pelos no rosto e corpo, acne, queda de cabelo, alterações nos níveis de colesterol, problemas hepáticos, risco cardiovascular aumentado, engrossamento da voz, desenvolvimento de características masculinas e dependência psicológica.

“Em tempos de pseudociência e divulgação de tantas notícias falsas, errôneas e com informações pela metade, a FEBRASGO reafirma o seu papel na divulgação e na consolidação da informação científica de qualidade”, comenta Dra. Lia Cruz Vaz da Costa Damásio, Diretora de Defesa e Valorização Profissional da FEBRASGO.

O compromisso das entidades é com a saúde da mulher: (1) ressaltar a importância de combater os mitos que circulam nas redes sociais e (2) alertar sobre os reais riscos do uso indiscriminado de testosterona. Mais do que prometer resultados rápidos, o objetivo é garantir qualidade de vida, sempre com segurança e rigor científico.

7 de maio é o Dia Internacional da Luta Contra a Endometriose

Brasil tem 7 milhões de mulheres com endometriose

 

A endometriose faz parte do 62º CBGO, de 14 a 17 de maio no Riocentro

 

“O Brasil tem cerca de 7 milhões de mulheres com endometriose, número que chega a 186 milhões em todo mundo, de acordo com o último censo. A endometriose surge devido a combinação de fatores genéticos e imunológicos. Um mecanismo importante no desenvolvimento da doença é a menstruação retrógrada, quando o fluxo menstrual retorna à cavidade abdominal, permitindo que as células se implantem fora do útero. A dificuldade do sistema imunológico em destruir essas células contribui para a progressão da doença”, explica Dr. Ricardo de Almeida Quintairos, ginecologista e Presidente da Comissão de Endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

 

Identificada pelos médicos como a "doença dos seis D's", os sintomas incluem:

 

  • Dismenorreia: dor intensa durante a menstruação;
  • Dispareunia: dor durante a relação sexual;
  • Disquesia: dor ou dificuldade para defecar;
  • Disúria: dor ou dificuldade ao urinar;
  • Dificuldade para engravidar: um dos principais fatores de infertilidade;
  • Dor pélvica crônica: dor constante na região pélvica.

 

A gravidade da endometriose pode ser dividida em dois grandes binômios: a dor e a infertilidade. A dor pélvica é um dos sintomas mais intensos, frequentemente causada por infiltrações nos órgãos próximos ao útero, como o reto, a bexiga, os ovários ou as trompas de Falópio. Essa dor pode ser debilitante e afetar significativamente a qualidade de vida das mulheres. “Por outro lado, a infertilidade também é um sintoma grave da endometriose. Embora algumas mulheres não sintam dor intensa, elas enfrentam dificuldades para engravidar e o diagnóstico da doença vem, muitas vezes, quando a mulher apresenta a dificuldade em conceber”, explica Dr. Quintairos, que vai palestrar sobre o tema durante o 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia – CBGO, que acontece de 14 a 17 de maio, no Riocentro, RJ.

A endometriose é uma doença inflamatória e, como tal, adotar um estilo de vida saudável pode melhorar significativamente a qualidade de vida das mulheres afetadas. Manter-se ativa, praticando exercícios físicos regularmente, evitar o ganho de peso, beber bastante água e reduzir o consumo de substâncias oxidantes, como carnes em excesso e alimentos ricos em açúcar, são estratégias que podem ajudar a controlar o processo inflamatório no corpo. Além disso, seguir uma dieta equilibrada e evitar alimentos que promovem a inflamação contribui para o bem-estar geral.

 

“O tratamento da endometriose deve sempre começar com uma abordagem clínica, o que pode incluir melhorar a dieta ou usar hormônios que inibem a ovulação. Caso o controle da dor e a melhora na qualidade de vida não sejam alcançados, e a paciente continue sofrendo com os sintomas, o tratamento cirúrgico pode ser considerado. A decisão de partir para a cirurgia depende da localização da endometriose, seja no intestino, no peritônio, nos nervos ou nos ovários”, conta Dr. Quintairos.

 

É fundamental destacar que a endometriose, muitas vezes, se apresenta em quadros graves devido à falta de diagnóstico precoce. “Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, mais eficaz será o tratamento, evitando que a paciente desenvolva sequelas irreversíveis, como dores crônicas e dificuldades digestivas. O diagnóstico precoce é crucial não apenas para identificar a doença, mas também para impedir que ela se torne grave, minimizando os danos secundários”, comenta o ginecologista.

 

Ele reforça ainda a necessidade de preparação de médicos para o diagnóstico precoce e o esclarecimento para as mulheres portadoras da doença, por meio de palestras e ações de conscientização para que elas possam se familiarizar com os sintomas e compreender a doença. “O objetivo é que as mulheres possam procurar ajuda de forma espontânea e, com isso, reduzir o impacto da endometriose em suas vidas”, finaliza o médico.

 

62º CBGO

Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

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#CBGO2025

Data: 14 a 17 de maio de 2025

Local: Riocentro - Av. Salvador Allende, 6555 – Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ

DIU hormonal ou não hormonal?

Entenda a diferença, os benefícios e as contraindicações

Ao buscar um método contraceptivo eficaz, seguro e de longa duração, muitas mulheres se deparam com uma dúvida comum: qual a diferença entre o DIU hormonal e o DIU não hormonal – e qual deles é o mais indicado para cada perfil? A Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, Presidente da Comissão Nacional de Anticoncepcionais da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), esclarece os principais pontos que devem ser considerados pelas pacientes e pelos profissionais de saúde na hora da decisão.

“De uma forma simplista, o DIU (Dispositivo Intrauterino) hormonal contém um hormônio chamado levonorgestrel, semelhante à progesterona, que produzimos na segunda fase do ciclo menstrual. Esse hormônio age localmente no útero, reduzindo o fluxo menstrual e, em alguns casos, fazendo com que a mulher pare de menstruar. Já o DIU não hormonal, composto por cobre, não contém hormônios. A diferença principal entre os dois é na alteração que provocam na menstruação, no fluxo menstrual”, explica a especialista.

O mecanismo de ação de cada tipo de DIU também é distinto. No caso do DIU hormonal, uma das características é provocar um espessamento no muco que o colo produz, criando uma barreira à passagem dos espermatozoides e dificultando sua progressão até as trompas. “Esse efeito combinado com a ação hormonal no útero torna o DIU hormonal extremamente eficaz”, afirma a médica.

Já o DIU não hormonal (cobre) atua por meio de uma resposta inflamatória gerada pela presença do metal no útero, que libera substâncias tóxicas aos espermatozoides. “O cobre interfere diretamente na mobilidade espermática, fazendo com que eles não consigam se movimentar de forma eficaz ou até mesmo fiquem imóveis ou morram antes de alcançar o óvulo”, complementa.

Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2022 e 2023, o número de inserções de DIU realizadas nas unidades de atenção primária — como as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) — dobrou, passando de 30 mil para 60 mil procedimentos. Em toda a rede do Sistema Único de Saúde (SUS), que abrange também ambulatórios, policlínicas e hospitais, foram registradas 164,4 mil inserções, o que representa um aumento de 43,6% em comparação com o ano de 2022.

 

Como orientar a escolha

A idade nunca será um fator limitante para nenhum tipo de método contraceptivo isoladamente, só se a pessoa tiver algum problema. A escolha entre os dois métodos deve considerar, sobretudo, o padrão de sangramento e o histórico clínico da paciente. “Mulheres com fluxo menstrual intenso, cólicas, endometriose, ovários policísticos ou que estão no climatério (normalmente a partir dos 45 anos) tendem a se beneficiar mais do DIU hormonal, que reduz o sangramento e protege o endométrio. Já o DIU de cobre pode ser uma opção viável para mulheres que menstruam pouco e não desejam utilizar hormônios, desde que não tenham contraindicações específicas”, explica Dra. Ilza.

 

Contraindicação

Mulheres que apresentam malformações uterinas não estão aptas a utilizar o dispositivo intrauterino (DIU). Da mesma forma aquelas que possuem miomas localizados na cavidade interna do útero – denominados submucosos – somente podem recorrer ao uso do DIU após a remoção dessas formações. “Esses miomas costumam provocar sangramentos intensos. Por esta razão, é comum realizarmos a sua retirada por meio de histeroscopia para procedermos com a inserção do DIU”, esclarece Dra. Ilza.

Além disso, mulheres diagnosticadas com câncer de mama não devem utilizar o DIU hormonal, sendo indicado, nesses casos, exclusivamente o DIU não hormonal.

 

Mitos e eficácia

Um dos principais mitos que ainda afasta algumas mulheres do uso do DIU é a ideia de que esse dispositivo falha com frequência. “Quando uma mulher engravida usando pílula, muitas vezes isso é atribuído ao esquecimento. Já com o DIU, como ele é um método inserido e contínuo, qualquer falha é atribuída diretamente a ele, o que gera uma falsa percepção de baixa eficácia. Mas os dados mostram o contrário: enquanto a taxa de falha da pílula é de cerca de 80 mulheres a cada mil por ano, o DIU apresenta falha em apenas 2 a 3 mulheres a cada mil”, explica a ginecologista.

 

Indicações específicas

De acordo com a médica, mulheres que passaram por cirurgia bariátrica, por exemplo, têm absorção reduzida de ferro e não devem ter perdas menstruais significativas – tornando o DIU hormonal a melhor escolha. Já mulheres jovens, com queixas frequentes de cólicas, também podem ter melhora significativa da qualidade de vida com o uso deste dispositivo.


“O importante é compreender o contexto clínico de cada paciente. Mulheres climatéricas, por exemplo, podem se beneficiar bastante do DIU hormonal, especialmente para controle de sangramentos irregulares. Ademais, o dispositivo também pode ser utilizado como proteção endometrial durante a reposição hormonal na pós-menopausa.

A Dra. Ilza reforça que, apesar das diferenças, ambos os tipos de DIU são métodos altamente seguros, eficazes e duradouros. “A escolha deve ser baseada no perfil da paciente, nos sintomas apresentados, no padrão menstrual e nas contraindicações específicas. Com a orientação correta, é possível encontrar o método que trará mais conforto, segurança e qualidade de vida à mulher”, finaliza.

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