Setembro em Flor: FEBRASGO participa do 3º Fórum do grupo EVA no Distrito Federal
No dia 16 de setembro, o Dr. Agnaldo Lopes da Silva Filho, diretor científico da FEBRASGO, participou do 3º Fórum de Conscientização do Câncer Ginecológico, promovido pelo grupo EVA (Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos), na Câmara dos Deputados, no Distrito Federal.
O encontro reuniu representantes do poder público, sociedades médicas, organizações de pacientes e especialistas em saúde para debater estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e acesso ao tratamento do câncer ginecológico (colo do útero, ovários, endométrio, vagina e vulva).
Com o tema “Câncer ginecológico em debate: caminhos para a transformação pública”, o evento marcou a campanha Setembro em Flor, que visa justamente ampliar informações sobre o câncer ginecológico. Para reforçar a importância do tema, a Câmara dos Deputados recebeu, inclusive, uma iluminação especial, com flores coloridas e informações sobre a importância da vacina contra o HPV.
O Fórum contou com o apoio de deputados e senadores envolvidos na pauta do câncer, reforçando a importância da articulação entre ciência, políticas públicas e sociedade civil.
“Com o apoio da FEBRASGO, esse evento do grupo EVA reafirma o compromisso com a educação médica continuada, a produção científica e o advocacy em prol da saúde da mulher”, declara o Dr. Agnaldo. O grupo EVA atua de forma multidisciplinar, envolvendo não apenas médicos e profissionais de saúde, mas também representantes de organizações de pacientes e outras entidades comprometidas com o enfrentamento do câncer ginecológico.
O Fórum, cuja programação incluiu uma aula do Dr. Agnaldo sobre câncer do colo do útero, também contou com a participação de representantes do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). “Reforço meu agradecimento especial e parabéns ao Grupo EVA, em especial às Dras. Andréa Paiva Gadelha Guimarães e Angélica Nogueira Rodrigues, pela brilhante iniciativa”, conclui o Dr. Agnaldo.
É preciso abrir o leque da informação e da escuta para a mulher na menopausa
A campanha da FEBRASGO “Menopausa – Abra o leque da Informação”, que conta com informações científicas de especialistas em Ginecologia e Obstetrícia da entidade e apoio do Feito Para Ela (@feitoparaelaoficial) e da Astellas, busca ampliar cada vez mais o acesso a informações sobre a menopausa. Afinal, os sintomas vão muito além dos calorões (os temidos e sofríveis fogachos): insônia, irritabilidade, cansaço, falta de lubrificação vaginal, esquecimentos – entre outros – impactam a vida da mulher em diversas esferas da vida cotidiana: física, social, mental e emocional.
“Essa campanha da FEBRASGO tem o objetivo de levar conhecimento às mulheres sobre os sintomas, sentimentos e tratamentos para essa fase da vida. O conhecimento empodera a mulher e permite que ela perceba, entenda e atue buscando ajuda médica para aliviar esses sintomas e desconfortos, permitindo que ela passe por essa fase com mais tranquilidade”, comenta Dra. Lucia Helena Simões da Costa Paiva, presidente da Comissão Nacional Especializada em Climatério da FEBRASGO.
Estudos científicos divulgados no passado, que apresentavam erros metodológicos, acabaram contribuindo para aumentar o estigma em torno da terapia de reposição hormonal (TH). “Porém, antes de falar da reposição hormonal, é preciso acolher essas mulheres, entender como os sintomas da menopausa estão impactando suas vidas e oferecer tratamento individualizado, pois, apesar de os sintomas serem muito parecidos entre elas, cada mulher tem uma história clínica única”, explica o ginecologista Dr. Marcelo Luis Steiner, diretor financeiro da FEBRASGO.
Dr. Steiner acrescenta que a TH é a primeira escolha de tratamento para sintomas climatéricos e pode ser indicada para a maioria das mulheres, respeitando as características clínicas e as contraindicações como história pessoal de câncer de mama e doença cardiovascular. Ela consiste na reposição de estrogênio em mulheres com sintomas e impacto na qualidade de saúde decorrentes da diminuição na produção e atuação desse hormônio. Aquelas mulheres que possuem útero precisam fazer uso de progesterona também. “Mulheres que tiveram câncer de mama não podem fazer reposição hormonal, mas existem outros tipos de câncer em que seu uso é possível, como alguns tumores de ovário”, comenta o especialista.
É sempre importante avaliar a janela de oportunidade para a TH: 10 anos após a data da última menstruação (menopausa), por ser um período em que os benefícios serão maiores e o risco para desfechos cardiovasculares menores.
Suores, palpitações, ansiedade e dores articulares também fazem parte do “combo” de sintomas relacionados à menopausa, com imenso impacto na vida das mulheres – especialmente naquelas que estão no auge de suas carreiras. “Muitas pessoas acabam diminuindo a importância dos sintomas da menopausa. Muitas vezes dizem que é passageiro, que ‘sua mãe passou por isso, sua avó também’, e que seria algo natural. Isso contribui para aumentar o estigma e reduzir a busca por tratamento”, destaca a Dra. Thais Emy Ushikusa, ginecologista diretora médica da Astellas.
Com o aumento da expectativa de vida, é fundamental levar em consideração que as mulheres viverão cerca de um terço de suas vidas na pós-menopausa. Dados indicam que:
- Existem cerca de 30 milhões de mulheres na menopausa no Brasil (2024);
- Até 2025, serão 1,1 bilhão de mulheres na pós-menopausa em todo o mundo;
- 75% sofrem com sintomas vasomotores.
Para as mulheres que apresentam algum tipo de contraindicação à terapia de reposição hormonal, existem alternativas não hormonais como os antidepressivos e fitoterápicos para sintomas vasomotores e tratamento hormonal local ou o uso de hidratantes vaginais para sintomas como secura vaginal.
“Foi-se o tempo em que se dizia ‘todos os sintomas da menopausa são normais’, ‘vão passar’ e nenhum alívio era oferecido. Hoje sabemos o quanto eles podem ser desagradáveis e interferir negativamente na vida e na saúde das mulheres. Felizmente sabemos agora que existe tratamento adequado e como é importante a mudança de hábitos de vida - com dieta adequada e atividade física”, conclui Dra. Lucia Helena.
“Hoje dispomos de muitos recursos terapêuticos. O importante é que nós, ginecologistas, tenhamos uma escuta ativa e acolhedora, para que a mulher se sinta confortável em expor suas dores e fragilidades. Dessa forma, conseguimos criar uma estratégia para preservar sua saúde e manter a melhor autonomia física e mental possível durante o envelhecimento. Essa é uma missão de todos nós”, finaliza Dr. Steiner.
EPISÓDIO 20 - Testosterona e Saúde Sexual
Moderador: Fabiene Bernardes Castro Vale
Participantes: Lucia Alves Da Silva Lara e Cristina Laguna Benetti Pinto
Contracepção ainda é desafio no Brasil: até 80% das gestações em adolescentes não são planejadas
26 de setembro – Dia Mundial da Contracepção
Garantir que mulheres tenham autonomia sobre sua vida sexual e reprodutiva continua sendo um grande desafio no Brasil. Apesar dos avanços, os números mostram que o acesso à informação e aos métodos contraceptivos ainda precisa melhorar.
“Para que as mulheres tenham controle sobre sua vida sexual e reprodutiva é fundamental falar sobre contracepção. A sociedade deve se conscientizar sobre os impactos da maternidade na vida pessoal, financeira e profissional de uma mulher. Divulgar os diferentes métodos contraceptivos e o uso adequado deles é essencial para reduzir as gestações não planejadas”, afirma a Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
Números que preocupam:
- Antes da pandemia, 55% das gestações no Brasil não eram planejadas.
- Durante a pandemia, pesquisa da FEBRASGO com 1.000 gestantes encontrou 62% de gestações não planejadas.
- Entre adolescentes, esse índice pode chegar a 80%.
- Estudo da Unicamp identificou 65,7% de gestações não planejadas.
Embora a cobertura contraceptiva no país varie entre 70% e 80%, esse dado esconde desigualdades regionais. Sul e Sudeste apresentam índices melhores, mas ainda distantes do ideal para um país de dimensões continentais.
Segundo a Dra. Ilza, os LARCs (Métodos Contraceptivos Reversíveis de Longa Ação), como o DIU e o implante transdérmico, são os mais efetivos, já que não dependem da lembrança diária da paciente. No entanto, a adesão no Brasil ainda é baixa: apenas 3% a 4% das mulheres usam DIU.
“Os DIUs podem ser usados pela maioria das mulheres, enquanto pílulas combinadas, por exemplo, são contraindicadas em condições comuns como hipertensão arterial e enxaqueca com aura. Mesmo assim, estudo nacional de 2016 mostrou uso de pílulas em 28,2% e injetáveis em 4,5%”, destaca.
A especialista reforça que a expansão do acesso a diferentes métodos depende de políticas públicas. “É preciso que gestores locais invistam em Planejamento Familiar que ofereça todas as opções. Já está comprovado que há uma boa relação custo-benefício: quanto mais acesso a métodos eficazes como os LARCs, menor será o número de gestações não planejadas, que em geral têm um custo muito maior para as famílias e para o sistema de saúde”, finaliza.
Primeira menstruação e saúde ginecológica: o que toda adolescente precisa saber
- Ginecologista da FEBRASGO alerta sobre cuidados na adolescência
- 22 de setembro é o Dia Nacional da Saúde de Adolescentes e Jovens
Primeira menstruação, irregularidade menstrual, cólicas e outras situações inerentes à fase que precede a vida adulta podem causar muitas dúvidas. A Dra. Marta Rehme, ginecologista, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada de Ginecologia da Infância e Adolescência da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia da (FEBRASGO), responde às dúvidas mais frequentes sobre o assunto.
1. Em que idade deve ocorrer a primeira consulta ginecológica?
O ideal é que seja no início da puberdade, quando surgem os primeiros sinais como botão mamário e pelos pubianos, geralmente entre 9 e 10 anos. Nessa fase, o objetivo é um primeiro contato com ginecologista que vai orientar sobre as mudanças do corpo e estabelecer a relação médico paciente adolescente.
- O que é avaliado nessa primeira consulta?
São abordados temas de acordo com a idade e grau de discernimento da menina como menstruação, higiene íntima, alimentação, sexualidade e contracepção. O exame clínico geral inclui peso, estatura e avaliação do desenvolvimento puberal. O exame ginecológico é apenas externo (vulva, entrada da vagina, abertura do hímen), sem uso de instrumentos.
3. Quais sinais justificam avaliação ainda na infância?
O aparecimento de mamas ou pelos pubianos antes dos 8 anos, sinais sugestivos de puberdade precoce; corrimento persistente acompanhado de prurido ou odor forte, irritação vulvovaginal ou sangramento genital também são sinais que justificam uma avaliação ginecológica na infância. Casos de suspeita de abuso, malformações genitais ou traumatismo genital devem ser avaliados.
4. O que a menina que menstrua pela primeira vez (menarca) deve saber?
Nós devemos reforçar para esta menina que a menstruação é um evento positivo, que reflete a normalidade do aparelho reprodutor feminino. Incentivamos que a menina anote os dias dos ciclos menstruais subsequentes para avaliação do intervalo, duração e intensidade da menstruação. Ela deve ser orientada que, nos primeiros 2 anos pós menarca, os ciclos podem ser irregulares quanto ao intervalo ou duração, e isso acontece por causa da imaturidade do eixo hormonal; ou seja, não necessita de intervenção médica na maioria das vezes. A regularidade do ciclo se resolve espontaneamente para a maioria das meninas a partir de 2 anos pós menarca.
5. Quando a irregularidade menstrual deixa de ser normal e requer investigação?
O ciclo menstrual normal apresenta intervalo que varia entre 24 a 38 dias; duração de até 8 dias e fluxo percebido pela paciente pelo número de absorventes necessários sendo referido como normal ou intenso.
Qualquer alteração da frequência, duração ou quantidade de fluxo na adolescente que já tem mais de 2 anos da menarca merece atenção. Situações que requerem uma investigação:
- Ausência de menarca e de caracteres sexuais secundários (mamas, pilificação pubiana) aos 14 anos;
- Ausência de menarca aos 15 anos, mas com desenvolvimento puberal normal há mais de 2 anos.
- Menina que não menstrua por mais de 3 meses (sem estar grávida).
- Intervalos menstruais maiores de 45 dias ou menores 21 dias após 2 a 3 anos da menarca.
- Ciclos menstruais irregulares acompanhados de aumento de pilificação (hirsutismo).
6. Cólicas intensas são “normais”?
A cólica menstrual (dismenorreia) é uma situação frequente na adolescência decorrente da liberação de substâncias inflamatórias. É chamada de dismenorreia primária e pode ser leve, moderada e intensa. Em situações nas quais a cólica não melhora com os medicamentos disponíveis (anti-inflamatório e/ou contraceptivos), é preciso afastar causas secundárias como malformações genitais obstrutivas e endometriose.
7. Quais problemas ginecológicos podem surgir antes da vida adulta?
Síndromes que podem impedir ou atrasar o desenvolvimento da puberdade como síndrome de Turner, síndrome de Kallmann. Hímen imperfurado e malformações vaginais obstrutivas (como septo vaginal transverso) são situações que cursam com ausência de menarca e dor pélvica em meninas na faixa de 11 a 13 anos. Outras malformações uterinas como agenesia uterovaginal também são identificadas antes da vida adulta. A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é suspeitada naquela menina que apresenta ciclo irregulares há mais de 2 anos da menarca.
8. Corrimentos vaginais em meninas sempre são sinais de doença?
Meninas que nunca tiveram relação sexual podem apresentar uma secreção vaginal de aspecto leitoso, sem sintomas de prurido ou ardência, que se constitui na leucorreia fisiológica. Em outras situações, como durante uso de antibióticos, elas também podem desenvolver a candidíase vulvovaginal. Quando a adolescente é sexualmente ativa e não faz uso de preservativos na relação, ela corre o risco de apresentar corrimentos decorrente de infecção de transmissão sexual (tricomoníase, clamídia, gonorreia) e vaginose bacteriana.
9. Além da vacina contra HPV na adolescência, existem outras vacinas relevantes para a saúde ginecológica?
Sim, existe a vacina contra hepatite B, que é uma infecção de transmissão sexual. Além disso é importante que durante a consulta ginecológica seja abordado sobre o calendário de vacinação da adolescente, uma vez que adolescentes muitas vezes não são levados a serviços de saúde para receber vacinas como é feito em crianças.
10. Como a pressão estética e a ansiedade podem afetar a saúde ginecológica das adolescentes?
Conceitos equivocados sobre padrão corporal podem levar adolescentes a desenvolverem distúrbios alimentares como anorexia - que leva a amenorreia - ou solicitarem cirurgias estéticas como lipoaspiração, mastoplastias sem estarem totalmente desenvolvidas. Outra situação: relacionamentos sexuais em idade precoce podem trazer como consequências a gravidez não planejada, infecções de transmissão sexual como infecção por clamídia, cuja complicação é a salpingite, que pode causar infertilidade.
11. Alguma mensagem final para pais e adolescentes sobre a importância da ginecologia nessa fase da vida?
Os pais devem incentivar suas filhas adolescentes a terem uma consulta com ginecologista mesmo que não haja queixa, pois é importante que sejam orientadas sob vários aspectos da vida da mulher: menstruação, cuidados de higiene, sexualidade e contracepção. Para que haja uma boa relação médico-paciente é importante que a privacidade e autonomia destas adolescentes seja respeitada. Os pais devem saber que o sigilo na consulta será mantido conforme o código de ética médica. Nas situações que justificar a quebra do sigilo, a adolescente será comunicada previamente sobre essa necessidade.
Segurança do paciente na Ginecologia e Obstetrícia depende de diagnóstico rápido, comunicação efetiva e avanços tecnológicos
- 17/9 é o Dia Mundial da Segurança do Paciente
A segurança do paciente é um dos pilares fundamentais da prática médica, especialmente em áreas como a Ginecologia e a Obstetrícia, em que diagnósticos ágeis e precisos podem definir o rumo de um tratamento e até salvar vidas. Segundo a ginecologista e obstetra Dra. Maria Auxiliadora Budib, membro da Comissão Nacional Especializada em Defesa e Valorização Profissional da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), “Um diagnóstico rápido e preciso é fundamental para a segurança da paciente, porque muitas condições ginecológicas — como endometriose, câncer de colo do útero, sangramentos anormais ou complicações na gestação — exigem intervenção precoce. Estudos mostram que atrasos no atendimento aumentam o risco de complicações, piora da qualidade de vida e até mortalidade em alguns casos”, explica a especialista.
Riscos do atraso ou erro diagnóstico
Quando há demora ou falhas no processo diagnóstico, as consequências podem ser graves:
- Câncer ginecológico: um atraso de poucos meses pode modificar completamente o prognóstico.
- Endometriose: o tempo médio de diagnóstico ainda varia entre 7 e 10 anos em alguns países, afetando diretamente a fertilidade e a qualidade de vida.
- Gravidez de risco: diagnósticos incorretos podem comprometer a saúde materna e fetal.
“O atraso não é apenas uma questão de tempo, mas de impacto real sobre os desfechos clínicos”, reforça Dra. Maria Auxiliadora.
Nos últimos anos, o campo da Ginecologia e Obstetrícia tem avançado com a incorporação de tecnologias que aumentam a segurança diagnóstica. Entre elas estão:
- Exames de imagem de alta resolução, como ultrassonografia 3D e ressonância magnética pélvica.
- Testes moleculares e genômicos, incluindo o rastreamento de HPV DNA, que já substitui o Papanicolau isolado em diversos protocolos.
- Painéis genéticos, como BRCA1, BRCA2 e síndrome de Lynch, que identificam mulheres com risco aumentado para câncer de mama e ovário.
- Inteligência artificial aplicada à análise de imagens, reduzindo erros humanos.
- Telemedicina e prontuário eletrônico, que ampliam o acesso, facilitam a integração de dados e asseguram segundas opiniões médicas.
“A literatura mostra que a combinação de recursos tecnológicos com protocolos clínicos melhora significativamente a segurança diagnóstica”, ressalta a médica.
A importância da comunicação entre médico e paciente
A especialista destaca ainda que a comunicação clara e empática é essencial para a precisão diagnóstica. “Uma anamnese detalhada só é possível quando a paciente se sente à vontade para relatar sintomas, que muitas vezes são silenciados por vergonha ou tabus. A escuta ativa reduz o risco de subdiagnóstico, enquanto orientações claras garantem adesão a exames e retornos”, afirma.
Apesar dos avanços, ainda existem barreiras significativas para a segurança da paciente. Entre os maiores desafios apontados pela Dra. Maria Auxiliadora estão: acesso desigual a exames complementares e especialistas, sobretudo fora dos grandes centros urbanos; necessidade de capacitação contínua dos profissionais de saúde; sobrecarga dos serviços, que reduz o tempo de consulta e compromete a qualidade da anamnese; quebra de tabus que retardam a busca por ajuda médica.
Superar essas barreiras, segundo a especialista, exige investimentos em tecnologia, formação médica contínua e políticas públicas que garantam acesso equitativo ao cuidado. “Garantir diagnósticos ágeis e corretos não é apenas um desafio clínico, mas um compromisso social com a vida e a saúde das mulheres”, conclui.
FEBRASGO vai a Belo Horizonte para o CMGO 2025
Presidido pela Dra. Inessa Beraldo de Andrade Bonomi, o 27º Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia – CMGO 2025 segue até o dia 13 de setembro, em Belo Horizonte (MG). Cursos hands-on, conferências e até cursos específicos para secretárias fazem parte da programação científica.
“Só o rastreio é suficiente para prevenir o câncer de colo de útero?” e “Conferência - Segunda vítima: o impacto emocional dos eventos adversos na prática ginecológica” são os temas das aulas do Dr. Agnaldo Lopes da Silva Filho, diretor científico da FEBRASGO.
“A ‘segunda vítima’ é o profissional de saúde que, ao se envolver em um evento adverso — seja por erro médico, falha de sistema ou complicação inesperada — sofre impactos psicológicos e emocionais significativos. Em Ginecologia e Obstetrícia, onde as decisões são, muitas vezes, críticas e os desfechos podem ser graves, é fundamental reconhecer esse sofrimento. Mais do que apontar falhas, precisamos cultivar empatia, compreender como tais experiências afetam a vida dos ginecologistas e obstetras e promover apoio para que possam seguir exercendo sua prática com segurança e humanidade”, comenta o Dr. Agnaldo sobre sua conferência.
A Dra. Roseli Nomura, diretora administrativa da FEBRASGO, participa do encontro discorrendo sobre os temas “Quem estamos formando? O futuro da GO começa na formação” e “Sulfato de magnésio: da pré-eclâmpsia à neuroproteção – um clássico atual”.
As aulas sobre “Os novos estrogênios na contracepção” e “Terapia Hormonal na Menopausa: revisitando as recomendações para início e manutenção da terapia” ficaram a cargo do Dr. Marcelo Steiner, diretor financeiro da FEBRASGO.
Outros assuntos palpitantes da GO contaram com a participação de presidentes e membros das diversas CNEs da entidade. Entre eles:
- Insulina, Metformina ou Dieta? Terapias personalizadas para gestantes com diabetes – com a Dra. Rossana Pulcineli Vieira Francisco, presidente da CNE de Mortalidade Materna, que também deu aula sobre “O peso das mortes maternas indiretas na RMM”.
- Desejo sexual: existe indicação de hormonioterapia antes da menopausa? – com a Dra. Fabiene Bernardes Castro Vale, presidente da CNE de Sexologia.
- Tumores de ovário: desafios no diagnóstico e na abordagem individualizada – com o Dr. Eduardo Batista Candido, presidente da CNE de Ginecologia Oncológica.
- Distúrbios do sono no climatério: como tratar? – com a Dra. Rita de Cássia de Maio Dardes, membro da CNE de Climatério.
- O obstetra do futuro: como a IA vai redesenhar a nossa atuação – com o Dr. Eduardo Cordioli, membro da CNE de Urgências Obstétricas.
O FEBRAQUIZ - Edição SOGIMIG - também tem seu espaço no #CMGO2025. A competição interativa de perguntas e respostas, voltada para médicos residentes e especializandos em Ginecologia e Obstetrícia, visa promover aprendizado, integração e atualização científica de forma lúdica, dinâmica e colaborativa.