EPISÓDIO 10 - ENDOMETRIOSE
MODERADOR: DR. RICARDO ALMEIDA QUINTAIROS, PARTICIPANTES: DR. JORGE ROBERTO LEÃO E DR. MARCELO PEDRASSINI
FEBRASGO participa de reunião com o Ministério da Saúde para formação de Grupo de trabalho para enfrentamento de futuras pandemias
No último dia 11 de março, a Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) participou da articulação para a criação de um Grupo de Trabalho do Ministério da Saúde voltado à elaboração de estratégias para o enfrentamento de surtos, epidemias, endemias e os impactos das mudanças climáticas no setor da saúde. O objetivo dessa iniciativa é estruturar um modelo de resposta que possa ser adotado por cada estado do país, garantindo uma abordagem coordenada e eficiente diante de crises sanitárias e ambientais.
Durante o evento com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foram debatidas as principais demandas e desafios do setor. Além da FEBRASGO, estiveram presentes representantes da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), da Associação Médica Brasileira (AMB), da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Cada entidade científica teve a oportunidade de expressar suas expectativas em relação ao Ministério da Saúde e à sua composição atual.
A FEBRASGO foi representada pela Dra. Roseli Nomura, diretora administrativa, que reafirmou o compromisso da Federação em fortalecer a assistência feminina em todas as fases da vida, desde o pré-natal, gestação e puerpério até a prevenção e tratamento de doenças como o câncer de colo do útero e cuidados no climatério.
“Diante dos desafios enfrentados pelo sistema de saúde, é fundamental investir em estratégias eficazes que ampliem o acesso a serviços de qualidade, fortaleçam a atenção primária e aprimorem as políticas de vigilância e prevenção. Nesse sentido, a participação no debate promovido pelo ministério foi uma oportunidade valiosa para promover o diálogo entre especialistas e gestores, contribuindo para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficientes e inclusivas”, destacou a diretora.
Durante a reunião, a Dra. Roseli Nomura ressaltou a importância da participação do Ministério da Saúde no Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (CBGO), especialmente nos três fóruns que serão realizados dentro do evento, e o valor da parceria contínua entre o Ministério da Saúde e a FEBRASGO na elaboração de diretrizes e manuais técnicos essenciais para a prática da Ginecologia e Obstetrícia.
Entre esses materiais, destacam-se os manuais de manejo da pré-eclâmpsia e da Febre Oropouche, que estão em fase de desenvolvimento, e representam um avanço significativo para a qualificação da assistência à saúde da mulher. “A expectativa é de que essa colaboração seja mantida e ampliada, garantindo a produção de conteúdos atualizados e baseados em evidências para auxiliar os profissionais de saúde em todo o país”, ressaltou a Dra. Roseli.
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Síndrome de Down: diagnóstico pode ser realizado durante a gestação
Ultrassonografia permite avaliar o risco da condição com base em parâmetros específicos
A Síndrome de Down representa uma jornada única, que, para muitas famílias, tem início com o diagnóstico. Embora essa descoberta possa gerar questionamentos e desafios, ela também abre caminho para uma trajetória repleta de aprendizado, amor e acolhimento. No Dia Internacional da Síndrome de Down, 21 de março, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) destaca a importância do ultrassom morfológico nesse contexto, pois esse exame possibilita a identificação de marcadores ultrassonográficos que indicam um risco aumentado de alterações cromossômicas, como a Síndrome de Down.
O Dr. Eduardo Becker, membro da Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal da FEBRASGO, explica que o ultrassom morfológico apresenta uma taxa de detecção da Síndrome de Down entre 85% e 90%, com uma taxa de falsos positivos de aproximadamente 5%. “Esse exame é muito importante por sua ampla disponibilidade e acessibilidade, embora não forneça um diagnóstico definitivo, ele pode indicar sinais sugestivos da condição. O ultrassom não confirma a síndrome, mas pode levantar suspeitas iniciais, permitindo um acompanhamento mais detalhado”, esclarece o especialista.
A ultrassonografia obstétrica realizada entre a 11ª e a 14ª semana de gestação, conhecida como exame morfológico do primeiro trimestre, desempenha um papel fundamental no rastreamento de anormalidades cromossômicas, também chamadas de cromossomopatias ou aneuploidias. Esse exame é especialmente relevante para a identificação de condições genéticas que permitem a continuidade da gestação até o término. Entre as principais trissomias detectáveis nesse período, destacam-se a do cromossomo 21 (Síndrome de Down), do cromossomo 18 (Síndrome de Edwards) e do cromossomo 13 (Síndrome de Patau).
Melhor período para o rastreamento
O exame de rastreamento para a Síndrome de Down é mais eficaz quando realizado nos dois estudos morfológicos da gestação: um no primeiro trimestre, por volta das 12 semanas, e outro no segundo trimestre. O primeiro exame apresenta maior sensibilidade na detecção da síndrome, aumentando a probabilidade de identificação precoce.
O Dr. Eduardo enfatiza que o ultrassom apenas sugere a possibilidade da condição, sem fornecer um diagnóstico conclusivo. A confirmação da Síndrome de Down só pode ser feita por meio de testes genéticos. No entanto, a ultrassonografia permite avaliar o risco da condição com base em parâmetros específicos. Entre os principais indicadores, destacam-se a medida da translucência nucal, que corresponde à espessura da pele na região da nuca - quanto maior a medida, maior o risco - e a presença do osso nasal, cuja ausência pode ser um sinal de alerta. Além disso, alterações cardiovasculares em pontos específicos, como o ducto venoso, também são consideradas na avaliação.
Outros métodos de diagnóstico pré-natal
Além da ultrassonografia, outros exames podem ser utilizados para o rastreamento e confirmação da Síndrome de Down. Um dos mais modernos é o teste de DNA fetal no sangue materno, conhecido como NIPT (Teste Pré-Natal Não Invasivo). Esse exame apresenta uma taxa de detecção superior a 99%, com uma taxa de falsos positivos de apenas 0,03%. “Apesar da alta precisão, o NIPT tem um custo elevado, o que pode limitar seu acesso para algumas gestantes. Assim como o ultrassom, ele é considerado um teste de rastreamento, e não um exame confirmatório”, explica o médico.
“Para a confirmação definitiva da síndrome durante o pré-natal, é necessário realizar exames invasivos, que envolvem a coleta de células fetais para análise genética. Entre os métodos disponíveis, estão a biópsia de vilosidades coriônicas, que consiste na coleta de amostras da placenta, e a amniocentese, um procedimento que analisa o líquido amniótico. Ambos permitem a obtenção de material genético do bebê para a realização de testes específicos, garantindo um diagnóstico conclusivo”, finaliza o Dr. Eduardo Becker.
Mulheres negras são as mais afetadas por eclâmpsia e mortalidade materna
Ginecologistas alertam que a falta de acesso adequado aos tratamentos é uma das principais causas dessa desigualdade
No Dia Internacional da Luta Contra a Discriminação Racial, 21 de março, a Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) reforça a importância de olhar com atenção para a saúde das mulheres negras, que ainda enfrentam desafios significativos no acesso a um atendimento de qualidade e apresentam taxas mais altas de mortalidade materna.
Uma pesquisa do IEPS (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde) e do Instituto Çarê revela que mulheres pretas e pardas são as mais afetadas por pré-eclâmpsia grave e eclâmpsia, além de liderarem as estatísticas de mortalidade materna no Brasil. Entre 2014 e 2021, a cada 1.000 mulheres em trabalho de parto, 28,4 tiveram essas complicações. Desse total, 24,9 eram mulheres brancas, 27,5 pardas e 32,8 pretas, evidenciando a desigualdade relacionada à cor da pele na saúde materna.
A Dra. Fernanda Surita, vice presidente da Comissão Especializada em Violência Sexual e Interrupção Gestacional Prevista em Lei da FEBRASGO, explica que diversos fatores contribuem para a maior incidência da doença entre mulheres negras. “As mulheres negras apresentam maior risco de desenvolver distúrbios hipertensivos durante a gestação e de manifestar quadros mais graves, incluindo a pré-eclâmpsia. A causa dessa disparidade nos distúrbios hipertensivos na gravidez é multifatorial. Não há razões biológicas que justifiquem esse maior risco, mas sim uma associação de diversos determinantes sociais e econômicos, como dificuldade de acesso aos serviços de saúde, menor qualidade na atenção recebida, menor nível de educação e menor renda”, afirmou.
A Dra. Amanda Dantas destaca que estudos demonstram que mulheres negras apresentam não apenas maior incidência de pré-eclâmpsia, mas também maior morbidade, mortalidade e piores desfechos decorrentes da doença. “No entanto, ainda há uma carência de pesquisas que comparem especificamente a resposta ao tratamento entre mulheres negras e não negras. Alguns estudos buscaram identificar possíveis fatores biológicos ou genéticos que justificassem esses piores resultados, mas há uma crescente evidência de que a principal causa está relacionada a um conjunto de fatores sociais complexos, incluindo a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, o que pode resultar em atrasos no início do tratamento adequado”, diz a médica.
As mesmas medidas de prevenção são indicadas para essa população, sem diferenças em relação à etnia. A prevenção com AAS e carbonato de cálcio segue as mesmas recomendações, baseadas nos fatores de risco, tanto para mulheres negras quanto para não negras. A cor da pele, isoladamente, não é um critério para iniciar a profilaxia. Por outro lado, é fundamental destacar que a redução das iniquidades em saúde e a garantia de acesso universal a serviços de qualidade para todas as mulheres representam a melhor forma de prevenção.
Acesso ao Pré-natal
A Dra. Fernanda ressalta que o acesso ao planejamento reprodutivo e à assistência pré-natal adequados é a melhor forma de prevenir a maioria das complicações obstétricas em qualquer população. Isso vale não apenas para distúrbios hipertensivos, como a pré-eclâmpsia, mas também para diabetes, infecções congênitas, anemia, entre outras condições. O objetivo do pré-natal é a prevenção e promoção da saúde, além da detecção precoce e do tratamento adequado de comorbidades para evitar complicações graves.
“As mulheres negras apresentam maior dificuldade de acesso ao pré-natal, têm mais chances de não realizá-lo ou de iniciá-lo tardiamente, fazem menos consultas e, quando as fazem, essas consultas costumam durar menos tempo. Tudo isso contribui para um maior risco de diversos problemas, inclusive a pré-eclâmpsia. O menor acesso aos serviços de saúde por esse grupo de mulheres ocorre devido a uma combinação de diversos fatores, que se interseccionam e que têm um efeito multiplicativo, como piores condições socioeconômicas e discriminação de gênero, cor de pele e classe social”, finaliza a médica.
FEBRASGO lança Campanha #EuVejoVocê: Pelo fim da violência contra a mulher em todas as fases da vida
No Mês da Mulher, a Federação e as Sociedades Estaduais de Ginecologia e Obstetrícia se unem para promover debates e encontros entre especialistas, visando discutir ações concretas no combate à violência contra a mulher
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), comprometida com o pleno respeito à saúde e bem-estar das mulheres, inicia a Campanha Nacional #EuVejoVocê – Pelo fim da violência contra a mulher em todas as fases da vida junto com as Sociedades Estaduais. A iniciativa também tem como objetivo discutir ações que possam impactar na redução da violência contra a mulher em todas as fases da vida, incluindo a mulher médica em exercício.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 apontou um crescimento em todas as modalidades de violência contra mulheres no último ano. O documento, elaborado com base em informações oficiais dos órgãos de Segurança Pública, revelou um aumento de 48,7% nos casos de importunação sexual (41.371 registros), 33,8% nos casos de violência psicológica (38.507 registros) e 9,8% nas agressões decorrentes de violência doméstica (258.941 registros). Outro dado importante, aponta que, no Brasil, ocorre um estupro a cada 6 minutos, sendo 88,2% das vítimas do sexo feminino e 61,6% delas têm até 13 anos de idade.
Neste contexto, o objetivo da campanha é desconstruir os discursos que sustentam a violência, promovendo uma reflexão constante sobre o tema. A FEBRASGO junto com as Sociedades Estaduais de Ginecologia e Obstetrícia estarão unidas na organização de debates e encontros entre os profissionais das especialidades para a discussão de ações efetivas em prol a redução da violência contra a mulher, além da produção de conteúdo para sensibilizar e informar a sociedade, celebrando e empoderando a profissão de ginecologista, destacando sua relevância no cuidado à mulher.
“Nós devemos agir e amparar as mulheres na identificação da violência e na capacitação para as tomadas de decisões. O conhecimento permite que o médico atue, desde a escuta adequada, o acolhimento, notificação, registro, acompanhamento e encaminhamento articulado e intersetorial”, destaca a Dra. Maria Celeste Osório Wender, presidente.
A Dra. Maria Auxiliadora Budib, uma das idealizadoras da campanha e membro da Comissão de Defesa e Valorização da FEBRASGO, destaca que a violência contra a mulher continua a ser uma das questões mais devastadoras em nosso país. “Ao longo da vida, uma em cada três mulheres pode ser submetida à violência em suas diversas formas, desde a psicológica até a física, passando pela patrimonial e moral. Essa violência impacta diretamente a saúde da mulher. Precisamos, urgentemente, enfrentar essa temática e promover a igualdade de gênero, incentivando relacionamentos respeitosos e saudáveis”, reforça.
Violência Contra a mulher médica
Outro aspecto que será tratado será a “Violência contra a mulher médica”. Dados apontam que seis em cada dez mulheres médicas já relataram algum tipo de assédio, seja moral ou sexual, no ambiente de trabalho. A pesquisa, conduzida pela Associação Médica Brasileira e pela Associação Paulista de Medicina, revelou que 51,14% das médicas já sofreram agressões verbais ou físicas. Esses números evidenciam a necessidade urgente de políticas de prevenção e de apoio, não apenas para combater a violência, mas também para promover a equidade e o respeito nas instituições de saúde.
A FEBRASGO, por meio de seu Núcleo Feminino, dedica-se a apoiar iniciativas que implementem políticas eficazes no combate a todas as formas de violência. O grupo tem como objetivo principal promover a conscientização sobre as questões de saúde das mulheres e apoiar políticas e iniciativas que garantam a saúde feminina, assegurando o direito das mulheres de tomar decisões informadas sobre sua saúde reprodutiva.
Para alcançar esse propósito, o Núcleo Feminino incentiva a colaboração entre ginecologistas-obstetras, pesquisadoras e defensoras dos direitos das mulheres, criando um ambiente de troca de conhecimento e recursos, além de fomentar a pesquisa e a inovação na saúde da mulher e incentivar o debate sobre temas relevantes, como os desafios na carreira, no mercado de trabalho, no empreendedorismo, na saúde física e mental, e na qualidade de vida, incluindo essas discussões nas programações dos congressos da FEBRASGO.
Também faz parte do Grupo, o desenvolvimento de programas educacionais e a oferta de oportunidades de treinamento para mulheres profissionais da obstetrícia e ginecologia são fundamentais para aprimorar seus conhecimentos e habilidades, assegurando um atendimento de excelência à saúde feminina.
“Nosso objetivo é incentivar a criação de redes de apoio entre especialistas, promovendo a troca de experiências, fortalecendo a solidariedade entre as profissionais e implementando programas de mentoria que conectem médicas experientes com as recém-formadas, contribuindo para o desenvolvimento e o empoderamento no ambiente de trabalho”, diz a Dra. Lia Cruz, Diretora de Defesa e Valorização Profissional da FEBRASGO. “Somente por meio de um esforço conjunto será possível alcançar uma medicina mais inclusiva, equitativa e livre de violência”, finaliza.Episódio 8 - Positive Trial
Dra. Rosemar Rahal, Presidente da Comissão Nacional Especializada em Mastologia da FEBRASGO, recebe os especialistas Dra. Iris Rabinovich e Dr. Felipe Andrade para discutir o tema: "Positive Trial".
Para acessar o paper completo, utilize o link abaixo: