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Nota de esclarecimento sobre o uso indevido da marca e chancela FEBRASGO

A FEBRASGO tomou conhecimento de casos relacionados ao uso indevido e não autorizado de sua marca em um evento falso intitulado "I Congresso Brasileiro Integrado de Obstetrícia, Neonatologia e Pediatria".

É importante ressaltar que a FEBRASGO não teve qualquer participação ou conhecimento prévio deste evento, e nenhuma autorização foi solicitada ou concedida para a utilização de nossa marca, através do devido processo de aprovação pela Diretoria Científica desta instituição.

Informamos que o departamento jurídico da FEBRASGO já está tomando as medidas judiciais cabíveis em relação a este fato.

Por não termos conhecimento, nem envolvimento com o evento fraudulento, a FEBRASGO não pode ser responsabilizada por quaisquer danos materiais ou morais causados a terceiros em decorrência do uso não autorizado de nossa marca, como cobrança de inscrições ou outros prejuízos.

Repudiamos veementemente qualquer forma de fraude ou ação falsa com o intuito de obter vantagens indevidas.

Recomendamos às pessoas que se sentiram lesadas pelo referido evento, que providenciem um boletim de ocorrência, a fim de documentar a fraude e fortalecer a denúncia contra os fraudadores.

ATENÇÃO: Todos os eventos e ações realizados ou apoiados pela FEBRASGO são comunicados oficialmente através de nossos canais oficiais de comunicação.

Agradecemos a compreensão e colaboração de todos.

 

Posicionamento FEBRASGO e AMB sobre parto domiciliar planejado

O Parto Seguro deve ser sempre o maior e o principal objetivo de todas as pessoas envolvidas nos nascimentos que ocorrem diariamente em todo o Mundo. Nascer bem é sem dúvida alguma o maior legado que pais e mães podem (e devem) deixar para seus filhos e filhas! E um conceito básico para nós, Médicos Obstetras é que a Maternidade é o único local seguro para que o nascimento ocorra, pois é lá que temos à disposição a infraestrutura de pessoas e também de equipamentos e insumos que podem ser a diferença entre viver e morrer, entre ter ou não uma adequada qualidade de vida!

Sabemos, entretanto, que a procura por um parto domiciliar planejado tem aumentado em vários países do mundo 1. Os objetivos de se procurar um parto domiciliar, gravitam entre a busca de um local mais prazeroso e familiar para uma ocorrência tão íntima e fisiológica como o nascimento, assim como a suposta fuga de intervenções e medicalizações excessivas, que muitas vezes são citadas e associadas ao parto hospitalar. Entretanto, por mais que se procure selecionar aquelas parturientes de risco habitual, nas quais seria seguro um parto domiciliar, as consequências de um nascimento em local que é intrinsicamente desaparelhado para o atendimento de intercorrências não tão raras, como hemorragia e asfixia, por exemplo, tem desaconselhado esta prática. E o mau resultado que pode ocorrer acaba por transformar um local sagrado, que é a casa de todos nós, em um local de lembranças desagradáveis e perturbadoras.

A literatura e o conhecimento científico cada vez mais apresentam resultados que desencorajem e contraindicam partos domiciliares. Em países, todos de primeiro mundo, como os EUA, Canadá, Holanda e Inglaterra, a taxa de transferência do domicílio para o hospital, de partos domiciliares planejados, pode chegar até a 45% dos casos, com 70% das transferências sendo feitas antes do nascimento ocorrer2. É de se considerar, que todos esses países, sem exceção, têm sistemas de transporte e vagas em hospitais bem mais eficientes do que o Brasil.

Mas os problemas da assistência ao parto domiciliar, vão muito além da taxa de transferência e das dificuldades logísticas. Em 2010, Evers e colaboradores3 , publicaram no British Medical Journal, um interessante estudo feito na Holanda sobre este tema. A Holanda é o país com a mais longa tradição em partos feitos em Centro de Partos Normais, fora de hospitais e partos domiciliares planejados. O referido estudo visava comprovar a segurança desta prática. Os autores avaliaram os desfechos de 37.735 recém nascidos a termo e sem malformações congênitas, comparando os partos atendidos fora dos hospitais (partos de baixo risco) atendidos por midwives, com partos de gestantes de alto-risco, atendidos por médicos em hospitais. Por óbvio, frente às diferenças de risco das parturientes, o esperado seria um menor risco de desfecho ruim nos partos fora dos hospitais. Mas o que se viu foi justamente o contrário: a mortalidade perinatal relacionada ao parto foi 2,3 vezes maior (IC 95% de 1,12-4,83) nos partos atendidos fora dos hospitais. A mortalidade perinatal nas gestantes transferidas para os hospitais antes do nascimento neonatal foi 3,7 vezes maior (IC95% de 1,58-8,46) e a admissão em UTI neonatal foi 2,5 vezes maior  (IC95% de1,87-3,37). Após a análise dos dados, os autores concluem que o sistema de atendimento ao parto na Holanda deveria ser revisto.

Outro estudo, publicado em 2013 por Grünebaum e colaboradores no American Journal de Ginecologia e Obstetrícia4, avaliou os desfechos em 13.891.274 gestações únicas de recém nascido a termo nos EUA entre 2007 e 2010, através de dados obtidos no CDC. As comparações foram feitas entre partos planejados em domicilio, partos em centro de partos normais e partos hospitalares atendidos por midwives, com os partos atendidos por médicos nos hospitais: avaliando o grave desfecho de taxa de escores de APGAR de zero no 5º minuto, os partos atendidos por midwives nos hospitais teve um risco relativo significativamente menor (RR 0,55; IC 95% de 0,45-0,89), já os partos atendidos por parteiras nos CPN tiveram um risco relativo significativamente maior (RR de 3,56; IC 95% de 2,36-5,36), enquanto o resultado dos partos domiciliares atendidos em domicílio tiveram um risco de mais de dez vezes (10,55; IC 95% de 8,62-12,93), evidenciando a chance de desfecho ruim depende do local de nascimento e não do tipo de profissional que atende o parto. Em outro estudo, publicado em 20201 os desfechos de convulsões e paralisia cerebral nos recém nascidos mostrou resultados semelhantes, ou seja, nascer no hospital atendido por enfermeira obstétrica ou por médico, protege esses recém nascidos deste grave desfecho. Os piores desfechos são, de longe, os encontrados nos partos domiciliares. Esse estudo, avaliando dados de mais de 2 milhões de partos hospitalares e mais de 170. 000 partos domiciliares, mostrou que os partos atendidos fora dos hospitais tiveram de 3 a 7 mais mortalidade perinatal. Dados estes extremamente robustos que atestam o risco significativo do local de parto na chance de mortalidade.

Sabemos também que muitas melhorias precisam e devem ser feitas nas Maternidades em nosso País! E cada um de nós tem o dever de participar e de cobrar essas melhorias. Não há também nenhuma dúvida que, no acompanhamento de uma parturiente de risco habitual, um profissional bem treinado, como médico obstetra, médico pediatra/neonatologista, enfermeiro ou obstetriz, os resultados obstétricos e perinatais serão os melhores, desde que este atendimento ocorra dentro de um hospital/maternidade, com recursos disponíveis para a correção e tratamento de intercorrências imprevisíveis que podem surgir a qualquer momento, mesmo em gestantes saudáveis com gestações a termo.

Permitir, por deliberada opção, um parto domiciliar é sem dúvida nenhuma, um crime de negligência. Negligência na oferta de meios adequados para evitar que imprevistos se transformem em dados irreparáveis.

A Associação Médica Brasileira e a Febrasgo reafirmam o compromisso de ser sempre aliados de todas as mulheres grávidas no Brasil, defendendo que todos os partos no Brasil sejam feitos em condições de segurança adequada, dentro de Maternidades devidamente estruturadas para oferecer e permitir a melhor experiência de nascimento para a mulher, seu parceiro e a sua família!

 

 

  1. Grünebaum A, McCullough LB , PhD; Orosz B, Chervenak. Neonatal mortality in the United States is related to location of birth (hospital versus home) rather than the type of birth attendant. AJOG, 2020. https://doi.org/10.1016/j.ajog.2020.01.045

 

  1. Declercq E, Stotland NE. Planned home birth. UpToDate. www.uptodate.com. Updated. May 17

 

 

  1. Evers ACC, Brouwers HAA, Hukkelhovem CWPM, et al. Perinatal mortality and severe morbidity in low and high risk term pregnancies in the Netherlands: prospective cohort study BMJ2010; 341 doi: https://doi.org/10.1136/bmj.c5639 (Published 03 November 2010)Cite this as: BMJ 2010;341:c5639

 

  1. Grünebaun A & cols. Apgar scores of 0 at 5 minutes and neonatal seizures or serious neurologic dysfunction in relation to birth seting. AJOG 2013;209

Dia Nacional da Mamografia: FEBRASGO recomenda o exame anual para as mulheres a partir dos 40 anos

De acordo com dados do INCA, o câncer de mama figura como a principal causa de mortalidade entre mulheres no Brasil, exame favorece o diagnóstico da doença em fase inicial

 

No dia 5 de fevereiro, Dia Nacional da Mamografia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) faz um alerta sobre a importância do exame como forma de rastreio para mulheres a partir dos 40 anos de idade, destacando a importância do diagnóstico na fase inicial do câncer de mama para aumentar as chances de sucesso do tratamento.

 

O câncer de mama figura como a principal causa de mortalidade entre mulheres, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Uma pesquisa conduzida pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), encomendada pela Pfizer, envolvendo 14 mil mulheres, revela que existe um considerável desconhecimento sobre o tema. Segundo o estudo, 60% das mulheres entrevistadas acreditam que o autoexame é a principal medida para a detecção precoce do câncer de mama.

 

A mamografia é uma radiografia do tecido mamário realizada por um mamógrafo, um equipamento de raios X que possibilita a identificação precoce de lesões. “Mulheres com mamas densas necessitam de uma atenção especial, pois apresentam um leve aumento no risco de câncer de mama. Em exames de imagem, a mamografia deve ser complementada pela ultrassonografia mamária, e em situações específicas, a ressonância magnética mamária pode ser considerada se houver dúvidas”, explica o médico Felipe Zerwes, presidente da Comissão de Mastologia da FEBRASGO.

 

O especialista também afirma que devido ao baixo risco de câncer de mama em mulheres abaixo dos 40 anos, não há uma recomendação para rastreamento com exames de imagem (mamografia ou ultrassonografia mamária), a menos que não apresentem sintomas. “Uma exceção a essa orientação ocorre em casos de pacientes com risco aumentado, como aquelas com histórico familiar, que podem iniciar o rastreamento mais cedo. As práticas recomendadas incluem a adoção de hábitos de vida saudáveis, autoexame mensal e exames físicos periódicos com profissionais de saúde”, ressalta Zerwes.

Mulheres serão maioria entre os médicos em 2024

De acordo com dados da Demografia Médica no Brasil, a projeção é de que elas representem 50,2% do total de especialistas no país este ano

 

A primeira semana de fevereiro é dedicada ao Dia da Mulher Médica, celebrado em 3 de fevereiro. Essa data especial foi estabelecida em homenagem a Elizabeth Blackwell, a primeira mulher a conquistar o título de médica nos Estados Unidos e em todo o mundo. A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) destaca a importância das mulheres na medicina, reconhecendo suas contribuições significativas para o avanço e enriquecimento do campo médico.

 

O perfil da Demografia Médica no Brasil para o ano de 2023, resultado da colaboração entre a Associação Médica Brasileira e a Faculdade de Medicina da USP, aponta para uma projeção de mais de 1 milhão de médicos até 2035. Em 2022, a distribuição era de 51,4% de médicos para 48,6% de médicas. Para 2024, o cenário será outro e estima-se que as mulheres representarão 50,2% do total de médicos no país.

 

Neste contexto, a Dra. Maria Celeste Osório Wender, primeira presidente mulher eleita da FEBRASGO, desempenha um papel ativo em ações como o Fórum Defesa e Valorização Profissional, abordando temas como 'Remuneração médica' e planejando ações relacionadas a projetos de lei que afetam a atividade profissional do obstetra.

 

“Assumir o cargo de primeira presidente mulher da FEBRASGO é uma honra e um compromisso essencial para fortalecer a voz e representatividade feminina na medicina. Nesta nova gestão, reitero meu compromisso em lutar pela igualdade de oportunidades e pelo reconhecimento do papel vital das mulheres no setor de saúde do país”, destaca a Dra. Maria Celeste.

 

A presença e contribuição das mulheres na medicina desempenham um papel fundamental na promoção da diversidade e na ampliação das perspectivas dentro dessa área fundamental. Ao longo dos anos, as mulheres médicas têm demonstrado competência, empatia e dedicação excepcionais, enriquecendo o campo com suas habilidades únicas e perspectivas inovadoras. Além de oferecer cuidados médicos de alta qualidade, as mulheres na medicina servem como modelos inspiradores para as futuras gerações, incentivando mais jovens a buscar carreiras no setor.

 

A diversidade de experiências e conhecimentos que as profissionais femininas trazem à medicina não apenas aprimora o atendimento aos pacientes, mas também contribui para uma abordagem mais holística e inclusiva na compreensão e resolução dos desafios médicos contemporâneos. Reconhecer e valorizar a importância das mulheres na medicina é essencial para o avanço contínuo do setor e para a construção de um ambiente mais justo e representativo.

 

 

Especialidades Médicas e representatividade feminina

 

A Demografia revelou ainda que, a Dermatologia destaca-se como a especialidade com o maior contingente de mulheres, totalizando 8.236 médicas, o que equivale a 77,9% dos profissionais dessa área. Outras especialidades que apresentam uma expressiva presença feminina incluem Pediatria (75,6%), Alergia e Imunologia, assim como Endocrinologia e Metabologia, ambas com 72,1%. Ginecologia e Obstetrícia, Geriatria, Hematologia e Hemoterapia, e Genética Médica registram representação feminina de pelo menos 60%. Por outro lado, especialidades como Nutrologia, Medicina Física e Reabilitação, e Gastroenterologia mantêm uma proporção equilibrada entre homens e mulheres. Este cenário evidencia a diversidade de talentos femininos em diversas áreas da medicina, contribuindo para um ambiente mais inclusivo e representativo.

Dia Mundial do Câncer: atividade física contribui significativamente para a redução do risco da doença

FEBRASGO faz um alerta importante sobre a adoção de hábitos saudáveis como forma de prevenção

 

O Dia Mundial do Câncer, 4 de fevereiro, representa uma ação global coordenada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com foco na atenção primária para o controle da doença, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) faz um alerta importante sobre a adoção de hábitos saudáveis como forma de prevenção.  Fatores como tabagismo, consumo excessivo de álcool e a ingestão elevada de alimentos, caracterizada por dietas altamente calóricas com um índice elevado de carboidratos e gorduras,  estão diretamente associados a um aumento significativo no risco geral de desenvolvimento de câncer.

 

Segundo o INCA, de 2023 a 2025, serão diagnosticados 704 mil novos casos de câncer por ano no Brasil. Dentre os principais tipos de câncer que exigem atenção e monitoramento regular por parte das mulheres, destacam-se o câncer de mama, câncer de cólon e reto, câncer de endométrio, câncer de esôfago, câncer de vesícula biliar, câncer de rins, câncer de fígado e câncer de ovário. Esses são apenas alguns dos cerca de 22 tipos de câncer associados à obesidade e ao sobrepeso.

 

A Dra. Mirian Hoeschl, membro da Comissão Especializada em  Ginecologia Oncológica da FEBRASGO, explica que cada tipo de câncer possui uma abordagem específica de rastreamento, permitindo a detecção de lesões iniciais que ainda não manifestam sinais e sintomas. “Em outras palavras, o rastreamento é eficaz quando não há evidências visíveis que suscitam a suspeita de alguma doença. É fundamental destacar que não há um único exame com 100% de eficácia capaz de detectar todos os tipos de câncer simultaneamente. Existem exames específicos e seguros dedicados à investigação de cada tipo de câncer. Por exemplo, o exame preventivo é indicado para o câncer de colo de útero, devendo ser realizado em determinadas condições, como idade, atividade sexual, histórico de parceiros, tabagismo, uso de preservativos e a decisão de receber ou não a vacina contra o HPV”, explica a especialista.

 

Rastreamento

 

O câncer de endométrio e o câncer de ovário não têm exames de rastreamento específicos e eficazes. Por outro lado, estão mais associados a síndromes hereditárias, ou seja, ao "câncer herdado". A detecção precoce, ou seja, no início da doença quando ela se encontra dentro de certos limites, possibilita tratamentos menos agressivos e com grandes chances de cura.

 

Câncer e Genética

 

É fundamental compreender a diferença entre câncer hereditário e genética do câncer. A maioria dos cânceres resulta de alterações genéticas, sendo uma pequena parte deles hereditária. O câncer hereditário ocorre quando as células germinativas do DNA carregam alterações herdadas dos genitores, podendo ser transmitido à próxima geração. Por outro lado, essas alterações podem ocorrer em células somáticas, ficando restritas apenas ao indivíduo (câncer esporádico), relacionado ao envelhecimento e fatores ambientais. As células germinativas, responsáveis pela produção dos gametas (cromossomos X e Y), contêm metade dos cromossomos de ambos os genitores, fundindo-se durante a fecundação para formar o zigoto.

 

“Ao suspeitar de câncer hereditário, é crucial identificar o tipo que afetou o primeiro membro da família doente, antecipando que familiares possam ser afetados em outros membros. Para avaliação específica, testes moleculares são fundamentais, identificando genes com anomalias responsáveis pelo câncer e determinando se essas alterações podem ser transmitidas à prole”, explica a Dra. Mirian Hoeschl .

 

Algumas famílias têm predisposição a tipos específicos de câncer, como endométrio, intestino, mama e ovários. Nesses casos, medidas preventivas podem ser adotadas para evitar ou detectar precocemente a doença.

 

Prevenção

 

A médica da FEBRASGO ressalta que o câncer de colo de útero é um tipo de câncer que pode ser prevenido por meio de medidas simples, como a realização de exames preventivos, o uso de preservativos e a vacinação. Essas medidas têm o potencial de evitar o surgimento de lesões precursoras e avançadas, salvando muitas mulheres da mortalidade associada a esse tipo de câncer.

 

É crucial compreender que, embora seja bastante comum, o câncer de colo de útero não é transmitido geneticamente, mesmo entre mulheres da mesma família. Na maioria dos casos, a origem desse câncer está relacionada ao contato com certos tipos de HPV, ao tabagismo, à presença de parceiros múltiplos ou à falta de uso de preservativos (que minimizam o risco). Portanto, a vacinação de jovens adolescentes, tanto do sexo feminino quanto masculino, antes do início da vida sexual, é muito importante.

 

 

Qualidade de vida e atividade física

 

“Qualquer atividade física, quando realizada com bom senso e orientação adequada, contribui significativamente para a redução do risco de câncer, assim como uma alimentação balanceada. Cada biotipo possui um peso adequado e uma atividade física recomendada específica para cada mulher. Não existe uma abordagem única para todas; cada pessoa deve compreender seus próprios limites e, em colaboração com profissionais de nutrição e educação física, estabelecer o que é mais adequado para si. Além disso, é aconselhável realizar uma avaliação médica para prevenir problemas cardíacos, por exemplo”, finaliza a Dra. Mirian.

 

Hábitos de vida saudáveis, sem exageros, como a prática regular de atividade física bem orientada, sono adequado e uma alimentação equilibrada em proteínas, carboidratos, gorduras e vitaminas, aliados à abstenção do tabagismo e moderação no consumo de bebidas alcoólicas, não apenas reduzem o risco de câncer, mas também de outras condições como hipertensão, diabetes, insônia, depressão, entre outras.

 

Para cada faixa etária, profissionais qualificados e experientes podem orientar atividades físicas e hábitos saudáveis, minimizando riscos. Exercícios aeróbicos e isométricos têm indicações específicas que devem ser cuidadosamente planejadas.

Falta de conhecimento sobre métodos anticoncepcionais: estudo aponta que 20% das adolescentes não sabem como evitar filhos

Especialista da FEBRASGO destaca a necessidade de políticas governamentais de saúde, acesso gratuito a métodos contraceptivos e informação para combater a gravidez na adolescência

 

 

O Projeto Adolescentes Mães, liderado pelo Hospital Moinhos de Vento, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde, coletou dados de 1.177 mulheres provenientes de cinco regiões do país e concluiu que 20% dessas mulheres adolescentes afirmaram não ter conhecimento sobre métodos para evitar a gravidez. A Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, regulamentada pela Lei 13.798/2019, acontece a partir de 1° de fevereiro e tem como propósito fortalecer iniciativas que  visam contribuir para a diminuição da incidência de gravidez entre os adolescentes.

 

Para o Dr. Carlos Alberto Politano, membro da Comissão de Anticoncepção da Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a educação sexual deve abranger vários setores, como campanhas, escolas, famílias e os sistemas de saúde público e privado. “ Estudos escolares indicam um déficit de conhecimento entre adolescentes sobre temas, especialmente a anatomia e fisiologia dos órgãos reprodutores. Durante práticas educativas, os métodos mais abordados foram a camisinha masculina e a pílula anticoncepcional. Jogos educativos, como memória, dominó e quiz, devem integrar programas de educação sexual regulares nas escolas”, enfatiza.

 

Ao perceber a entrada dos filhos na puberdade, é essencial que os pais busquem entendê-los, facilitando o vínculo afetivo. Criar um ambiente de confiança nesta fase favorece a proximidade entre pais e filhos ao iniciar a adolescência. Muitas vezes, os pais têm dificuldade em lidar com a sexualidade dos filhos, exigindo a revisão de preconceitos e estereótipos, bem como a compreensão das diferenças de ideias. O crescimento dos filhos pode gerar conflitos e tensões familiares, e os médicos no setor público e privado devem estar qualificados para compreender a jovem e a família.

 

É  importante salientar que a Constituição brasileira, no artigo 226, assegura o direito ao planejamento familiar. Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069, de 13-07-90) aborda questões relevantes relacionadas ao atendimento de adolescentes que buscam métodos contraceptivos, com base nos direitos à privacidade e à confidencialidade.

 

"Omitir-se a conversar com o adolescente sobre anticoncepção ou oferecê-la nas situações necessárias pode ser considerado uma violação do direito da adolescente, pois ela deve sempre ser informada sobre os cuidados disponíveis para sua segurança. A adolescente tem direito à privacidade, ou seja, de ser atendida sozinha, em um espaço privado de consulta. Dessa forma, o médico poderá discutir qual método é ideal para aquela adolescente, sempre informando que todos os métodos, quando não utilizados corretamente, têm uma eficácia reduzida”, alerta o médico.

 

A Sociedade de Pediatria Brasileira (SBP), em parceria com a Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), elaborou um documento que destaca que a prescrição de métodos anticoncepcionais deve levar em conta a solicitação dos adolescentes, respeitando os critérios médicos de elegibilidade, independentemente da idade. A orientação contraceptiva envolvendo métodos de curta duração, como contraceptivos orais, geralmente é realizada sem problemas seguindo esses preceitos.

 

Quando o método escolhido são os métodos de longa ação (dispositivos intrauterinos e implantes), que requerem procedimento médico para a inserção, sugere-se considerar o termo de consentimento esclarecido da adolescente e do responsável.

 

“A recomendação para prevenção requer políticas de saúde governamentais, acesso a métodos contraceptivos, com fornecimento gratuito e capacitar médicos para o atendimento a adolescentes. Não podemos pensar apenas na semana e sim dedicar todos os dias no  atendimento qualificado a adolescentes, com ferramentas efetivas que contribuam para redução da taxa de gravidez”, destaca o médico.

 

 

Idade para iniciar a conversa sobre métodos contraceptivos com os adolescentes

 

 

Definida como o período etário compreendido entre 10 e 19 anos completos, a adolescência representa uma fase do desenvolvimento que assinala a transição da infância para a vida adulta. Caracterizada por transformações biopsicossociais influenciadas por fatores genéticos e ambientais, essa etapa é também marcada por especificidades emocionais e comportamentais que refletem na saúde sexual e reprodutiva, tornando os adolescentes mais vulneráveis aos mesmos riscos aos quais muitos adultos estão expostos.

 

No contexto dessas mudanças de vida, a transição do pediatra para o ginecologista é uma análise individual. A conscientização da família sobre essa realidade é fundamental, pois ainda persiste a associação entre o início das visitas periódicas ao ginecologista e o início da atividade sexual, entendimento que vai contra a prevenção da gravidez na adolescência. É sempre importante informar sobre a maior ocorrência de complicações, como abortamento, diabetes gestacional, parto prematuro e depressão pós-parto, que podem impactar na formação educacional, com um alto índice de abandono ou interrupção dos estudos.

 

Esses riscos estão relacionados à idade da adolescente (maior risco em adolescentes com menos de 15 anos), ao nível socioeconômico da adolescente (maior risco em contextos mais desfavorecidos e com menor rede de suporte), ao acesso aos serviços de saúde e à condição de saúde da adolescente (podendo haver doenças que impossibilitem o uso de alguns métodos).

 

 

 Benefícios e efeitos colaterais do uso de contraceptivos

 

 

A contracepção hormonal tem ações tanto contraceptivas quanto não contraceptivas, sendo este último representado pelo método anticoncepcional mais utilizado em todo o mundo. Estima-se que 100 milhões de mulheres utilizem esse método, caracterizado por sua elevada eficácia. Desde sua introdução no mercado em 1960, os contraceptivos hormonais passaram por uma rápida evolução farmacológica, abordando especialmente a redução da dose, novas formulações com estrogênios naturais e a síntese de novos progestagênios, resultando em aumento dos benefícios e diminuição dos efeitos colaterais.

 

A redução da gravidez não programada e não desejada, que no Brasil apresenta taxas superiores a 60%, está entre os principais benefícios dos contraceptivos hormonais. Eventos adversos podem ser observados, representando o principal motivo para o abandono do método e podendo ser até duas vezes mais frequentes do que em não usuárias. Os principais efeitos, em ordem de importância, incluem náuseas, sangramento inesperado, mastalgia, cefaléia, ganho de peso e acne. Quanto aos efeitos benéficos não contraceptivos, dependendo do tipo de contracepção hormonal, destacam-se o controle de sintomas nos casos de Síndrome dos Ovários Policísticos, redução dos sintomas de TPM, controle clínico da dismenorreia, tratamento de endometriose, redução do fluxo menstrual e regularização do ciclo menstrual.

 

Importância do uso de preservativos na prevenção Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)

 

O especialista da FEBRASGO, enfatiza que  para abordar esse tema, devemos lembrar que a construção da sexualidade se inicia desde o nascimento e é condicionada pelos caracteres biológicos e psíquicos da pessoa. A relação da criança no ambiente familiar desempenha um papel fundamental nesse processo, pois a vivência em diferentes contextos culturais e econômicos influencia a construção da sexualidade.

 

No passado, quando se tratava de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), a discussão era centrada em sexo vaginal e oral. Posteriormente, passamos a lidar mais frequentemente com a realidade do sexo anal e, mais recentemente, não podemos deixar de abordar o tema dos "brinquedos sexuais", que, quando usados inadequadamente, representam um meio de adquirir ISTs. Este assunto é de extrema importância na cadeia de transmissão, porém é frequentemente negligenciado por adolescentes que não acreditam nessa forma de contaminação.

Dia da Não Violência: FEBRASGO enfatiza a importância do treinamento de ginecologistas e obstetras na identificação de casos de violência sexual

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, o Brasil registrou mais de 74 mil casos de estupro no último ano, o maior número da história, sendo  61% das vítimas crianças e adolescentes de até 13 anos de idade. Esses dados refletem casos notificados às autoridades policiais, abrangendo apenas uma parcela da violência sexual vivenciada por mulheres, homens, meninas e meninos de todas as faixas etárias.

 

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), comprometida com o pleno respeito à saúde e bem-estar das mulheres, destaca a importância da preparação dos médicos ginecologistas e obstetras para a identificação de casos de violência durante o atendimento. A Dra. Maria Celeste Osório Wender, presidente da FEBRASGO, enfatiza que a compreensão mais aprofundada dos mecanismos e formas de violência contra a mulher representa o primeiro e indispensável passo para uma atuação adequada do ginecologista e obstetra.

“Nós devemos agir e amparar essas mulheres na identificação dessa violência e na capacitação para as tomadas de decisões. A capacitação e o conhecimento é que podem permitir que o médico atue, desde a escuta adequada, o acolhimento, notificação, registro, acompanhamento e encaminhamento articulado e intersetorial”, enfatiza a Dra. Maria Celeste.

O artigo elaborado para a revista Femina, uma publicação disponível no site da FEBRASGO, pela Dra. Maria Celeste em colaboração com a Dra. Lia Cruz Vaz da Costa Damásio, enfatiza a necessidade contínua de debater a questão da violência contra a mulher. O objetivo é desconstruir os discursos que sustentam essa prática, promovendo uma reflexão constante sobre o tema.

“Todos os profissionais de saúde devem entender seu papel nos casos de violência intrafamiliar e atuar no seu enfrentamento. O silêncio é conivente com o agressor”, aponta Maria Celeste.

Neste cenário, o médico ginecologista e obstetra desempenha um papel crucial. Ao compreender que são a porta de entrada e frequentemente a oportunidade para a manifestação e descoberta de diversas formas de violência contra a mulher, é imperativo que deve unir-se em prol dessa causa. Essa união implica na disseminação de informações de alta qualidade, no encorajamento de mulheres e meninas a não tolerarem tais comportamentos, na educação de nossos alunos, residentes e internos sobre o assunto e, acima de tudo, no acolhimento seguro e responsável das pacientes. “A FEBRASGO, por meio da Diretoria de Defesa, fortalecerá essa missão, contribuindo com a divulgação de informações relevantes e participando ativamente em eventos e normativas relacionados a essa temática”, completa a presidente.

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