Vírus Sincicial Respiratório: vacinação na gestante protege bebê em mais de 60% contra a infecção
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) está entre os vírus mais prevalentes na sociedade e sua circulação é mais presente durante o outono e o inverno. “A bronquiolite é uma das principais complicações, especialmente nos três primeiros meses de vida. Ela pode levar a internações e até óbito. A doença pode trazer consequências como o desenvolvimento da asma ou alguma outra condição pulmonar. Já na idosa, que tem uma fragilidade da imunidade, podem ocorrer a diminuição de força da caixa torácica e da parte pulmonar”, explica Dra. Giuliane Lajos, ginecologista e membro da Comissão Nacional Especializada em Vacinas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
O Position Statement da FEBRASGO destaca que existem algumas estratégias de vacinação, como o de um anticorpo monoclonal, que é uma imunização passiva. A Dra. Giuliane esclarece que as estratégias da primeira infância são a vacinação materna, uma vez que a proteção passa através da placenta e protege o bebê intraútero. “Ao nascer, há uma proteção de mais de 60% da infecção e de mais de 80% na gravidade e hospitalização. Ou seja, já tem um efeito com a imunização materna. Mas é preciso ter atenção com os bebês prematuros, que não conseguem a vacinação materna em tempo”, explica a médica.
A vacinação materna deve ocorrer entre 24 e 36 semanas e, atualmente, os protocolos nacionais estão entre 32 e 36 semanas. A médica informa que essa recomendação será atualizada para 28 a 36 semanas, mas se uma gestante tiver risco de parto prematuro, é possível antecipar o início da imunização a partir de 24 semanas.
Já com relação ao anticorpo monoclonal, a imunização é do bebê e não mais da mãe. Se a gestante não conseguir ser vacinada durante a gestação ou a vacina tiver sido aplicada a menos de 14 dias, essa é a estratégia recomendada. “Hoje a estratégia é: Não deu tempo de vacinar. Não chegou aos 15 dias. Nasceu um bebê prematuro inesperadamente. É o momento de usar o anticorpo monoclonal, que está sendo substituído por uma dose só e possui um efeito mais duradouro.”
Outro ponto destacado é a oferta de vacinação aos adultos acima de 60 anos. Segundo a Dra. Giuliane, é essencial que essa faixa etária seja estimulada a se vacinar contra o VSR.
“Muitas vezes se valoriza a imunização da influenza e da Covid-19, que são importantes, mas que não são as únicas preocupações relacionadas aos idosos. O Vírus Sincicial Respiratório também pode potencializar algumas doenças no idoso, principalmente se ele tiver alguma comorbidade. É uma dose com bastante efeito nas infecções de vias aéreas inferiores e nas complicações dessas infecções”, explica ela.
O papel do ginecologista - O ginecologista é o médico da mulher e, muitas vezes, o único médico dessa mulher. Ele está presente em diversas fases da vida e tem o papel de cuidar, ouvir, perguntar, orientar e esclarecer as dúvidas.
São várias as questões que devem fazer parte de uma consulta ginecológica e as estratégias de vacinação em diversas fases da vida é uma delas, destaca a Dra. Giuliane. “Quando a mulher deseja engravidar, é preciso checar todas as vacinas, que devem ser administradas antes de uma gravidez. Lembrando que existem vacinas indicadas para esse momento.”
A médica reforça que a preocupação e o estímulo à vacinação devem ser ampliados, principalmente, às mulheres com mais de 50, 60 anos. “Em mulheres idosas não se deve pensar apenas nos aspectos e queixas da menopausa. É preciso olhar a saúde global dessas mulheres e a vacinação faz parte disso. A imunização contra o VSR e a prevenção das complicações relacionadas ao vírus também devem fazer parte dos cuidados com essas mulheres”, finaliza a ginecologista.