FEBRASGO #EuVejoVocê: campanha alerta sobre violência em cada fase da vida da mulher
No aniversário de 19 anos da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) reforça a necessidade de ação coletiva e imediata no combate à violência contra a mulher em todas as fases da vida. A instituição destaca o papel essencial da escuta médica como ferramenta de proteção, acolhimento e rompimento do ciclo de violência.
“Nós devemos agir e amparar as mulheres na identificação da violência e na capacitação para as tomadas de decisões. O conhecimento permite que o médico atue, desde a escuta adequada, o acolhimento, notificação, registro, acompanhamento e encaminhamento articulado e intersetorial”, afirma a Dra. Maria Celeste Osório Wender, presidente da FEBRASGO.
A campanha da FEBRASGO #EuVejoVocê compartilha duas cartilhas para ampliar a conscientização e oferecer orientação prática:
- Para a população geral: informações claras sobre os tipos de violência mais comuns em cada fase da vida da mulher e orientações sobre como buscar ajuda. Acesse: Cartilha "Eu Vejo Você"
- Para ginecologistas e obstetras: um checklist com diretrizes práticas para identificar e encaminhar casos de violência contra a mulher.
Acesse: Cartilha Médica Orientativa
As múltiplas faces da violência em cada fase da vida da mulher
Na Infância e Adolescência: (a) Mais de 50% das vítimas de abuso sexual são meninas com menos de 13 anos. (b) Uma em cada 3 meninas sofreu algum tipo de violência antes dos 18 anos.
Na Idade Adulta: (a) O Brasil registra cerca de 2.500 novos processos judiciais por dia ligados à violência contra a mulher. (b) Entre mulheres de 18 a 24 anos, 1 em cada 5 já sofreu abuso sexual. (c) De janeiro a maio de 2024, foram contabilizadas 380.735 ações judiciais por violência doméstica. (d) 30% das brasileiras afirmam já ter sofrido violência dentro de casa.
Mulheres com 60+: (a) Entre 2020 e 2023, o país teve 408.395 denúncias de violência contra idosos. (b) 15% das mulheres idosas sofrem abusos físicos ou psicológicos. (c) A violência contra idosas inclui apropriação de bens, controle financeiro, abandono, isolamento e agressões emocionais e físicas dentro do lar.
Violência invisível: a maioria não denuncia - Segundo levantamento da FEBRASGO, 47,4% das mulheres não procuram ajuda. Isso faz da consulta ginecológica um momento crucial: a escuta do médico pode ser a única chance de a vítima ser acolhida e encaminhada de forma segura. “Cada consulta ginecológica é uma oportunidade de salvar uma vida. Ao enxergar para além do exame físico, oferecemos cuidado integral e esperança às mulheres em situação de vulnerabilidade”, reforça Dra. Maria Celeste.
Dados regionais expõem a gravidade da crise
Números alarmantes divulgados pelas Associações Regionais de Ginecologia e Obstetrícia:
Estado |
Dados (2023/2024) |
Paraná |
31.879 casos de violência contra mulheres; 46% por violência física, 76,8% em casa. |
Santa Catarina |
7.328 denúncias de violência sexual entre janeiro e junho de 2024. |
Mato Grosso do Sul |
23.243 vítimas de estupro, feminicídio e violência doméstica em 2024. |
São Paulo |
10.484 vítimas de estupro de vulnerável em 2024. |
Minas Gerais |
155.895 casos registrados em 2024. |
Bahia |
5.024 abusos sexuais contra crianças e adolescentes em 2023; 68% ocorreram em casa. |
Pernambuco |
1.716 casos registrados no 1º trimestre de 2024; 87,6% das vítimas entre 5 e 14 anos. |
Cinco principais tipos de violência contra a mulher:
- Física – Agressões que causam dor ou ferimentos.
- Psicológica – Controle emocional, intimidação e manipulação.
- Sexual – Qualquer ato sem consentimento.
- Patrimonial – Apropriação ou destruição de bens e recursos.
- Moral – Calúnias, difamações e insultos à honra.
Neste marco de 19 anos da Lei Maria da Penha, a FEBRASGO faz um apelo a todos – cidadãos, profissionais de saúde, autoridades e instituições – para unirem forças pelo fim da violência contra a mulher.