Ministério da Saúde recomenda mamografia a partir dos 40 anos
O Ministério da Saúde anunciou, nesta semana, uma atualização importante em sua diretriz de rastreamento do câncer de mama. A partir de agora, mulheres a partir dos 40 anos poderão realizar a mamografia, mesmo sem sinais ou sintomas, desde que haja interesse da paciente e indicação do profissional de saúde.
Até então, o rastreamento pelo MS era recomendado de forma sistemática apenas para mulheres de 50 a 69 anos, a cada dois anos. Com a mudança, amplia-se a possibilidade de rastreamento e diagnóstico precoce em uma faixa etária que já responde por aproximadamente 23% dos casos de câncer de mama no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde (MS).
“Este avanço vem ao encontro da demanda que várias sociedades de especialidades, além da FEBRASGO, a Sociedade Brasileira de Mastologia, Colégio Brasileiro de Radiologia e outras vêm apresentando: o perfil do câncer de mama mudou, e o seu rastreio – chave para um diagnóstico precoce e tratamento otimizado - precisa se adequar”, declara a Dra. Maria Celeste Osório Wender, presidente da FEBRASGO.
O que muda com a nova diretriz
- Mulheres de 40 a 49 anos: a mamografia pode ser indicada de forma individualizada, considerando a decisão compartilhada entre paciente e médico (sob demanda).
- Mulheres de 50 a 74 anos (antes dessa diretriz era até 69 anos): permanece a recomendação do rastreamento bianual, mesmo sem sinais ou sintomas.
- Acima de 74 anos: a indicação deve levar em conta fatores como expectativa de vida e comorbidades.
A mamografia é o método de rastreamento mais eficaz para detecção precoce do câncer de mama. O exame possibilita visualizar alterações no tecido mamário — como nódulos, cistos ou áreas de espessamento — mesmo antes do surgimento de sintomas. Nos casos em que há achados suspeitos, exames complementares, como a biópsia, podem ser solicitados para confirmar o diagnóstico.
“A possibilidade de realizar mamografia entre 40 e 50 anos é um avanço extremamente importante e que, com certeza, irá impactar na redução de mortalidade por câncer de mama no Brasil”, declara Dra. Rosemar Macedo Sousa Rahal, presidente da CNE de Mastologia da FEBRASGO.
Novos medicamentos para tratamento do câncer de mama estarão disponíveis no SUS
A partir de outubro, o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer opções terapêuticas mais modernas no combate ao câncer de mama. Entre elas está o trastuzumabe entansina, indicado para mulheres que, mesmo após a quimioterapia realizada antes da cirurgia, ainda apresentam sinais da doença.
Outra novidade é a incorporação dos inibidores de ciclinas — abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe. Esses medicamentos são destinados ao tratamento de pacientes com câncer de mama avançado ou metastático, especialmente nos casos em que a doença já se disseminou para outros órgãos e apresenta receptores hormonais positivos e negativos.
Segundo ainda o MS, quase 60% dos casos de câncer de mama estão concentrados dos 50 aos 74 anos; e o envelhecimento é um fator de risco para a doença. O câncer de mama é o mais comum e o que mais mata mulheres, com 37 mil casos por ano.
Fonte: Ministério da Saúde
EPISÓDIO 21 - DIU durante o pós parto imediato
Moderador: Lia Cruz Vaz Da Costa Damásio
Participantes: Carolina Sales Vieira e Jaqueline Neves Lubianca
Setembro em Flor: FEBRASGO participa do 3º Fórum do grupo EVA no Distrito Federal
No dia 16 de setembro, o Dr. Agnaldo Lopes da Silva Filho, diretor científico da FEBRASGO, participou do 3º Fórum de Conscientização do Câncer Ginecológico, promovido pelo grupo EVA (Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos), na Câmara dos Deputados, no Distrito Federal.
O encontro reuniu representantes do poder público, sociedades médicas, organizações de pacientes e especialistas em saúde para debater estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e acesso ao tratamento do câncer ginecológico (colo do útero, ovários, endométrio, vagina e vulva).
Com o tema “Câncer ginecológico em debate: caminhos para a transformação pública”, o evento marcou a campanha Setembro em Flor, que visa justamente ampliar informações sobre o câncer ginecológico. Para reforçar a importância do tema, a Câmara dos Deputados recebeu, inclusive, uma iluminação especial, com flores coloridas e informações sobre a importância da vacina contra o HPV.
O Fórum contou com o apoio de deputados e senadores envolvidos na pauta do câncer, reforçando a importância da articulação entre ciência, políticas públicas e sociedade civil.
“Com o apoio da FEBRASGO, esse evento do grupo EVA reafirma o compromisso com a educação médica continuada, a produção científica e o advocacy em prol da saúde da mulher”, declara o Dr. Agnaldo. O grupo EVA atua de forma multidisciplinar, envolvendo não apenas médicos e profissionais de saúde, mas também representantes de organizações de pacientes e outras entidades comprometidas com o enfrentamento do câncer ginecológico.
O Fórum, cuja programação incluiu uma aula do Dr. Agnaldo sobre câncer do colo do útero, também contou com a participação de representantes do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). “Reforço meu agradecimento especial e parabéns ao Grupo EVA, em especial às Dras. Andréa Paiva Gadelha Guimarães e Angélica Nogueira Rodrigues, pela brilhante iniciativa”, conclui o Dr. Agnaldo.
É preciso abrir o leque da informação e da escuta para a mulher na menopausa
A campanha da FEBRASGO “Menopausa – Abra o leque da Informação”, que conta com informações científicas de especialistas em Ginecologia e Obstetrícia da entidade e apoio do Feito Para Ela (@feitoparaelaoficial) e da Astellas, busca ampliar cada vez mais o acesso a informações sobre a menopausa. Afinal, os sintomas vão muito além dos calorões (os temidos e sofríveis fogachos): insônia, irritabilidade, cansaço, falta de lubrificação vaginal, esquecimentos – entre outros – impactam a vida da mulher em diversas esferas da vida cotidiana: física, social, mental e emocional.
“Essa campanha da FEBRASGO tem o objetivo de levar conhecimento às mulheres sobre os sintomas, sentimentos e tratamentos para essa fase da vida. O conhecimento empodera a mulher e permite que ela perceba, entenda e atue buscando ajuda médica para aliviar esses sintomas e desconfortos, permitindo que ela passe por essa fase com mais tranquilidade”, comenta Dra. Lucia Helena Simões da Costa Paiva, presidente da Comissão Nacional Especializada em Climatério da FEBRASGO.
Estudos científicos divulgados no passado, que apresentavam erros metodológicos, acabaram contribuindo para aumentar o estigma em torno da terapia de reposição hormonal (TH). “Porém, antes de falar da reposição hormonal, é preciso acolher essas mulheres, entender como os sintomas da menopausa estão impactando suas vidas e oferecer tratamento individualizado, pois, apesar de os sintomas serem muito parecidos entre elas, cada mulher tem uma história clínica única”, explica o ginecologista Dr. Marcelo Luis Steiner, diretor financeiro da FEBRASGO.
Dr. Steiner acrescenta que a TH é a primeira escolha de tratamento para sintomas climatéricos e pode ser indicada para a maioria das mulheres, respeitando as características clínicas e as contraindicações como história pessoal de câncer de mama e doença cardiovascular. Ela consiste na reposição de estrogênio em mulheres com sintomas e impacto na qualidade de saúde decorrentes da diminuição na produção e atuação desse hormônio. Aquelas mulheres que possuem útero precisam fazer uso de progesterona também. “Mulheres que tiveram câncer de mama não podem fazer reposição hormonal, mas existem outros tipos de câncer em que seu uso é possível, como alguns tumores de ovário”, comenta o especialista.
É sempre importante avaliar a janela de oportunidade para a TH: 10 anos após a data da última menstruação (menopausa), por ser um período em que os benefícios serão maiores e o risco para desfechos cardiovasculares menores.
Suores, palpitações, ansiedade e dores articulares também fazem parte do “combo” de sintomas relacionados à menopausa, com imenso impacto na vida das mulheres – especialmente naquelas que estão no auge de suas carreiras. “Muitas pessoas acabam diminuindo a importância dos sintomas da menopausa. Muitas vezes dizem que é passageiro, que ‘sua mãe passou por isso, sua avó também’, e que seria algo natural. Isso contribui para aumentar o estigma e reduzir a busca por tratamento”, destaca a Dra. Thais Emy Ushikusa, ginecologista diretora médica da Astellas.
Com o aumento da expectativa de vida, é fundamental levar em consideração que as mulheres viverão cerca de um terço de suas vidas na pós-menopausa. Dados indicam que:
- Existem cerca de 30 milhões de mulheres na menopausa no Brasil (2024);
- Até 2025, serão 1,1 bilhão de mulheres na pós-menopausa em todo o mundo;
- 75% sofrem com sintomas vasomotores.
Para as mulheres que apresentam algum tipo de contraindicação à terapia de reposição hormonal, existem alternativas não hormonais como os antidepressivos e fitoterápicos para sintomas vasomotores e tratamento hormonal local ou o uso de hidratantes vaginais para sintomas como secura vaginal.
“Foi-se o tempo em que se dizia ‘todos os sintomas da menopausa são normais’, ‘vão passar’ e nenhum alívio era oferecido. Hoje sabemos o quanto eles podem ser desagradáveis e interferir negativamente na vida e na saúde das mulheres. Felizmente sabemos agora que existe tratamento adequado e como é importante a mudança de hábitos de vida - com dieta adequada e atividade física”, conclui Dra. Lucia Helena.
“Hoje dispomos de muitos recursos terapêuticos. O importante é que nós, ginecologistas, tenhamos uma escuta ativa e acolhedora, para que a mulher se sinta confortável em expor suas dores e fragilidades. Dessa forma, conseguimos criar uma estratégia para preservar sua saúde e manter a melhor autonomia física e mental possível durante o envelhecimento. Essa é uma missão de todos nós”, finaliza Dr. Steiner.
EPISÓDIO 20 - Testosterona e Saúde Sexual
Moderador: Fabiene Bernardes Castro Vale
Participantes: Lucia Alves Da Silva Lara e Cristina Laguna Benetti Pinto
Contracepção ainda é desafio no Brasil: até 80% das gestações em adolescentes não são planejadas
26 de setembro – Dia Mundial da Contracepção
Garantir que mulheres tenham autonomia sobre sua vida sexual e reprodutiva continua sendo um grande desafio no Brasil. Apesar dos avanços, os números mostram que o acesso à informação e aos métodos contraceptivos ainda precisa melhorar.
“Para que as mulheres tenham controle sobre sua vida sexual e reprodutiva é fundamental falar sobre contracepção. A sociedade deve se conscientizar sobre os impactos da maternidade na vida pessoal, financeira e profissional de uma mulher. Divulgar os diferentes métodos contraceptivos e o uso adequado deles é essencial para reduzir as gestações não planejadas”, afirma a Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
Números que preocupam:
- Antes da pandemia, 55% das gestações no Brasil não eram planejadas.
- Durante a pandemia, pesquisa da FEBRASGO com 1.000 gestantes encontrou 62% de gestações não planejadas.
- Entre adolescentes, esse índice pode chegar a 80%.
- Estudo da Unicamp identificou 65,7% de gestações não planejadas.
Embora a cobertura contraceptiva no país varie entre 70% e 80%, esse dado esconde desigualdades regionais. Sul e Sudeste apresentam índices melhores, mas ainda distantes do ideal para um país de dimensões continentais.
Segundo a Dra. Ilza, os LARCs (Métodos Contraceptivos Reversíveis de Longa Ação), como o DIU e o implante transdérmico, são os mais efetivos, já que não dependem da lembrança diária da paciente. No entanto, a adesão no Brasil ainda é baixa: apenas 3% a 4% das mulheres usam DIU.
“Os DIUs podem ser usados pela maioria das mulheres, enquanto pílulas combinadas, por exemplo, são contraindicadas em condições comuns como hipertensão arterial e enxaqueca com aura. Mesmo assim, estudo nacional de 2016 mostrou uso de pílulas em 28,2% e injetáveis em 4,5%”, destaca.
A especialista reforça que a expansão do acesso a diferentes métodos depende de políticas públicas. “É preciso que gestores locais invistam em Planejamento Familiar que ofereça todas as opções. Já está comprovado que há uma boa relação custo-benefício: quanto mais acesso a métodos eficazes como os LARCs, menor será o número de gestações não planejadas, que em geral têm um custo muito maior para as famílias e para o sistema de saúde”, finaliza.