62º CBGO: Situações Especiais na Gestação: Asma, Cardiopatias, Lúpus e Infecção Urinária
O que o obstetra precisa saber para lidar com situações especiais durante a gestação? Esse questionamento envolve quatro situações delicadas que merecem um cuidado especial dos médicos.
A mesa, coordenada pela Dra. Rosiane Mattar, presidente da CNE de Gestação de Alto Risco, também foi especial por ser composta apenas por mulheres. A Dra. Rosiane destacou a satisfação de ter um grupo feminino discutindo pontos tão sensíveis.
A Dra. Sara Toassa Gomes Solha, membro da mesma CNE, abordou a asma no contexto das mudanças fisiológicas na gestação, os principais fatores de risco, os resultados adversos e o tratamento tanto para a mãe quanto para o bebê. A especialista reforçou que o corticoide inalatório é o carro-chefe do tratamento e que, ao contrário do que se imagina, o parto normal traz benefícios para a prole.
Se a cardiopatia já é preocupante no dia a dia, na gestação a condição requer um acompanhamento muito cuidadoso, sendo uma das principais causas indiretas de morte materna. A Dra. Vera Therezinha Medeiros, também membro da CNE de Gestação de Alto Risco, listou pontos-chave para o acompanhamento dessas gestantes: avaliar as medicações em uso, controlar o peso, manter a suplementação de ferro, prevenir e controlar possíveis infecções devem ser rotina no acompanhamento dessas pacientes. A especialista recomenda que não há necessidade de antecipação do parto e a alta não deve ocorrer antes de cinco dias após o nascimento do bebê.
São mais de 4 milhões de infecções a cada ano na Europa. Esses foram alguns dos dados apresentados pela Dra. Helaine Maria Milanez, secretária da CNE de Doenças Infectocontagiosas, durante a apresentação em que abordou a ITU (Infecção do Trato Urinário). Ela orienta que, nas rotinas de pré-natal, entre outros pontos, é preciso rastrear ITU com urocultura na primeira consulta e novamente com 28 semanas, considerando o perfil de sensibilidade/resistência do agente infeccioso.
O lúpus é uma doença autoimune crônica que acomete mulheres em idade fértil, com pico entre 20 e 35 anos. A Dra. Janete Vettorazi, membro da CNE de Gestação de Alto Risco, reforçou a importância de iniciar a consulta com mulheres que têm lúpus de forma simples e objetiva: "Você está planejando engravidar no próximo ano?" Dependendo da resposta da paciente, a doença precisa estar controlada há pelo menos seis meses. Ela sugere a revisão das medicações e a solicitação de exames específicos (anti-RO/SSA, anti-La/SSB, antifosfolípides e anticoagulante lúpico).
Alguns dos materiais mencionados nas apresentações estão em documentos e guidelines disponíveis no site da FEBRASGO.