Menopausa normal e induzida: há diferenças? Se sim, quais são elas?
Ginecologista da FEBRASGO responde às principais dúvidas
A menopausa é uma fase natural da vida da mulher e marca o fim da capacidade reprodutiva, ocorrendo, em média, por volta dos 50 anos. Ela é confirmada após 12 meses consecutivos sem menstruar e resulta da redução gradual da função dos ovários, com queda na produção dos hormônios estrogênio e progesterona. Esse processo costuma ser progressivo, permitindo que o corpo se adapte lentamente às mudanças hormonais. Ainda assim, pode trazer sintomas como ondas de calor, alterações de humor, dificuldades para dormir e ressecamento vaginal, que variam em intensidade e duração de acordo com cada mulher.
Já a menopausa induzida acontece de forma repentina, geralmente após cirurgias, radioterapia e eventualmente quimioterapia, especialmente no tratamento do câncer ginecológico. Nesses casos, além das mudanças físicas, há impactos emocionais e riscos à saúde que precisam de atenção. A seguir, a Dra. Sophie Françoise Mauricette Derchain, ginecologista da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Oncológica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO, responde às principais dúvidas sobre o tema.
Quais são os sintomas mais comuns da menopausa induzida?
Os sintomas decorrem da queda repentina na produção de estrogênio. Cerca de 80% das mulheres apresentam sintomas vasomotores, como ondas de calor, vermelhidão, suor, calafrios, ansiedade, distúrbios do sono e alterações de humor. Há também queixas de ressecamento e atrofia vaginal, que podem causar dor nas relações sexuais, coceira e infecções urinárias recorrentes. Esses sintomas são semelhantes aos da menopausa natural, mas como acontecem de forma abrupta e precoce, tendem a ser mais intensos.
Essa transição é mais brusca do que na menopausa natural?
Sim, na menopausa induzida a transição ocorre de maneira abrupta, pois a produção de estrógeno e progesterona cessa no momento em que o ovário é retirado ou perde sua função. Além disso, na menopausa natural, mesmo após a queda de estrogênio, os ovários continuam produzindo certa quantidade de andrógenos (hormônios masculinos), em níveis menores, por muitos anos. Já na menopausa induzida, essa produção também cessa de forma imediata. Além disso, quando ocorre no contexto do tratamento de câncer, soma-se a sobrecarga emocional do diagnóstico e dos efeitos colaterais, o que impacta ainda mais a qualidade de vida.
Quais são os riscos à saúde relacionados à menopausa precoce?
Quando a menopausa acontece antes dos 45 anos, a deficiência hormonal prolongada aumenta o risco de osteoporose, doenças do coração, acidente vascular cerebral e até mortalidade por essas causas. Sobreviventes de câncer ginecológico também podem apresentar comprometimento cognitivo, resultado tanto da deficiência hormonal quanto do próprio tratamento oncológico.
O que significa comprometimento cognitivo nesse contexto?
São dificuldades de memória, atenção, velocidade de raciocínio e organização. Esses sintomas podem prejudicar tarefas do dia a dia, reduzir o desempenho no trabalho e afetar o bem-estar geral.
O que é a síndrome geniturinária da menopausa e por que ela é mais grave nesse caso?
A síndrome, também conhecida como atrofia vulvovaginal, está presente em mais da metade das mulheres com menopausa induzida e inclui ressecamento, coceira, corrimento, dor, afinamento do tecido vaginal, sangramento, encurtamento e estreitamento da vagina, além de maior risco de infecções urinárias. Quando à menopausa precoce se associam os efeitos da radioterapia, o controle desses sintomas se torna ainda mais complexo.