Alerta: o câncer do colo do útero é o que mais mata mulheres até os 36 anos de idade no Brasil
- A morte por câncer do colo do útero não pode ser minimizada
- Confira 5 dicas para prevenir o câncer do colo do útero
“O cenário atual é alarmante: a cada minuto, em todo o mundo, uma pessoa é diagnosticada com um câncer causado pelo HPV. No Brasil, os números também assustam: cerca de 19 mulheres morrem, por dia, por causa do câncer do colo do útero. É o 1º câncer que mais mata mulheres até os 36 anos de idade no país. É o 2º tipo de câncer que mais mata mulheres até os 60 anos de idade. A morte por câncer de colo do útero não pode ser minimizada”, explica Dr. Agnaldo Lopes, ginecologista e Diretor Científico da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Segundo ele, apesar das diferenças regionais, o problema é observado por todo o país.
Meta Global - Em 2018, a Organização Mundial de Saúde propôs uma meta mundial até 2030 que engloba:
- Vacinação: 90% das meninas totalmente vacinadas contra o HPV até os 15 anos de idade;
- Rastreamento: 70% das mulheres rastreadas com um teste de alto desempenho até os 35 anos, e novamente aos 45 anos;
- Tratamento: 90% das mulheres com lesões pré-cancerosas tratadas e 90% das mulheres com câncer invasivo recebendo manejo adequado.
“Para atingir esta meta, a FEBRASGO defende uma abordagem integrada baseada em três pilares fundamentais: prevenção por meio da vacinação abrangente, detecção precoce por meio de rastreamento eficaz e acesso ao tratamento de forma oportuna e equitativa”, conta Dr. Agnaldo.
Entre algumas das estratégias da FEBRASGO estão:
VACINAÇÃO - Aumentar a cobertura vacinal para mulheres e homens; ampliar os programas de vacinação nas escolas; considerar a administração de dose única em meninos e meninas; desenvolver estratégias de capacitação e orientação sobre vacinação voltadas para médicos; incentivar a ampliação do conhecimento sobre vacinação entre professores e profissionais da educação.
RASTREAMENTO - Incentivar a ampliação da cobertura e a organização do programa de rastreamento do câncer do colo do útero e de toda a cadeia de cuidados: ter um sistema único de registro populacional, baseado em dados, integrado ao e-SUS e acessível em todas as etapas do programa oficial de rastreamento; capacitar os profissionais de saúde para o encaminhamento adequado após resultados alterados; ampliar o acesso e padronizar os protocolos de atendimento; realizar busca ativa de mulheres que não foram rastreadas; reforçar a faixa etária prioritária para o rastreamento populacional, de 25 a 64 anos.
TRATAMENTO - Capacitação em diagnóstico e tratamento; apoio a grupos de pacientes; acesso em áreas remotas; criação de meios para acolher e acompanhar as mulheres com câncer do colo do útero ao longo de toda a sua jornada; considerar sempre a diversidade, a equidade e a inclusão em todos os pilares de controle do câncer do colo do útero; aprimorar os registros e indicadores relacionados ao câncer do colo do útero no Brasil.
O artigo completo com todas as estratégias da FEBRASGO pode ser acessado aqui - http://dx.doi.org/10.61622/rbgo/2024EDT02
Estima-se que, até 2030, haverá 411 mil mortes por causa do câncer do colo do útero - contra 349 mil em 2022. O fator de risco mais importante para o desenvolvimento deste câncer é a presença do vírus HPV (human papillomavirus) com seus subtipos, além de outros fatores. O tumor de colo uterino em fase inicial costuma não apresentar sintomas, por isso, muitas pacientes não procuram ajuda no início da doença.
Entre as principais medidas de prevenção estão:
- Vacinar meninas entre 9 e 14 anos contra o HPV.
- Realizar regularmente (pelo menos uma vez ao ano) o exame Papanicolau, fundamental para detectar lesões precoces e permitir o tratamento adequado.
- Usar preservativos durante as relações sexuais.
- Manter hábitos saudáveis de vida: evitar hábitos tabagistas e excesso de álcool.
- Mesmo que esteja vacinada, a mulher deve consultar um ginecologista anualmente.
No Brasil, as vacinas para prevenção do HPV já fazem parte do calendário vacinal desde 2013, totalmente gratuito, para meninas de 9 a 13 anos. O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer um teste molecular para detecção do HPV e rastreamento do câncer do colo do útero. De acordo com o Ministério da Saúde, trata-se de uma tecnologia considerada inovadora, capaz de identificar alterações até 10 anos antes do que o exame convencional. A nova testagem está sendo implantada de forma gradual e deverá substituir o tradicional exame de Papanicolau.
IMPORTANTE: O HPV também pode causar câncer anal e verrugas genitais em homens, portanto, também é preciso vacinar meninos entre 9 e 14 anos contra o HPV.