Debate sobre o parto humanizado no 62º CBGO leva a muitas reflexões
“Foi um privilégio poder coordenar uma mesa tão cheia de reflexões e aprendizado”. Essa foi a sensação da Dra. Roseli Mieko Yamamoto Nomura, diretora administrativa da FEBRASGO, ao finalizar a sessão que abordou o parto humanizado. Fizeram parte da mesa: Dra. Mary Nakamura, Dra. Adriana Lippi Waissman, Dr. Jorge Kuhn dos Santos, Dr. Alberto Trapani Júnior e Dr. Caio de Campos Prado.
Os debates envolveram a assistência ao parto, analgesia, proteção perineal, episiotomia, as equipes de trabalho e as práticas de como o momento deve ser cuidado.
Uma reflexão em comum é o fato de milhões de partos acontecerem diariamente, mas os questionamentos continuarem a ser feitos. Segundo a Dra. Roseli, são necessárias mais evidências científicas para validar todas as práticas. “Não podemos aceitar uma Fake News ou somente uma indicação de uma proposta terapêutica sem embasamento. Temos tantos partos, mas falta uma pesquisa consistente para trazer fortes evidências”.
A médica explicou que as pesquisas existem, mas não são suficientes para um redirecionamento ideal e que estímulos para novos estudos nas universidades têm sido incentivados. “Precisamos oferecer às mulheres as melhores práticas”.
Momentos de reflexão sobre o “desaprender” estiveram no centro das discussões. A Dra. Roseli lembrou que decisões da antiga obstetrícia eram feitas sem evidências fortes e é o momento de refletir sobre as mudanças que vêm acontecendo, não só no Brasil, mas em todo mundo. “A mulher se apropriou deste momento e passou a ter o controle da sua vida na gestação. É importante entender e assimilar essas mudanças”.
O Dr. Jorge Kuhn, da Escola Paulista de Medicina, também mencionou a necessidade de um trabalho multiprofissional no momento do parto e as mudanças nas condutas ao longo do tempo. Entre elas, o fato de o médico, antigamente, só ser chamado quando era necessário ao surgir uma intercorrência. Tudo isso mudou, mas é preciso, atualmente, um trabalho ‘transprofissional’”.
Em época de tantas reflexões, o Dr. Jorge reforça a importância de ter uma mente aberta para analisar que algumas práticas feitas antigamente não eram adequadas. “Lembro de um professor que dizia nas aulas que metade do que os alunos aprenderam iria mudar. Só não sabíamos qual metade era.”
Segundo o Dr. Jorge, que essa mensagem de reaprendizado possa ser estimulada para os jovens, porque é a formação deles que pode mudar o cenário, baseado em trabalhos robustos e feitos sem conflitos de interesses.