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Hepatites Virais podem ser transmitidas da mãe para o bebê durante a gestação e no momento do parto

FEBRASGO alerta para a importância do monitoramento em gestantes para evitar a transmissão vertical

 

De acordo com o "Relatório Global sobre Hepatites de 2024", divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 3,5 mil pessoas morrem diariamente, ao redor do mundo, em decorrência de hepatites virais. O Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, 28 de julho, marca a importância da prevenção e controle da doença para a redução desse impacto na saúde da população.

A Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) alerta sobre a importância do monitoramento em gestantes para evitar a transmissão vertical da hepatite B, por exemplo. O Dr. Regis Kreitchmann, presidente da comissão de doenças infectocontagiosas da FEBRASGO, explica que este tipo de hepatite é uma condição infecciosa que pode ser transmitida ao bebê durante a gestação, por meio da placenta, e no momento do nascimento, pelo contato da criança com o sangue materno no canal de parto.

Para evitar a transmissão, o especialista diz que o assunto deve ser abordado já na primeira consulta de pré-natal. Caso a gestante seja diagnosticada com hepatite B, o início do tratamento deve ser imediato, muitas vezes em colaboração com um hepatologista e/ou infectologista. “Isso é essencial para prevenir o risco de transmissão vertical da doença, ou seja, da mãe para o bebê. A hepatite B pode, inclusive, passar despercebida quando se apresenta sem sintomas, especialmente na forma crônica”, afirma.

Em relação aos outros tipos de transmissão, a hepatite B pode ser transmitida por contato sexual sem preservativo ou exposição ao sangue infectado, porém, para este tipo de hepatite já existe vacina. “Hoje, no Brasil, o risco de transmissão vertical da doença é um muito  menor, pois a vacina contra a hepatite B faz parte do Programa Nacional de Imunizações. Como resultado, muitas mulheres em idade fértil já foram vacinadas na infância”, diz.

 

Os vírus das hepatites B e C passam pela placenta durante a gravidez e podem atingir o bebê. O contato do bebê também pode ocorrer pela amamentação quando houver lesões sangrantes na mama. A hepatite B é a que possui maior risco de contágio do bebê, mas ambas podem levar a criança a desenvolver hepatite crônica e câncer hepático no decorrer da sua vida.

A hepatite C, por não ter vacina disponível, exige cuidados como não compartilhar objetos perfurocortantes e usar proteção durante as relações sexuais. Já a hepatite A e E, transmitidas por via fecal-oral, exigem práticas de boa higiene. Lavar as mãos regularmente e consumir água tratada são medidas essenciais para a prevenção.

“A vacinação e a administração de imunoglobulina (uma proteína) são eficazes na prevenção da transmissão da hepatite B, já que essa condição pode causar complicações graves tanto para a mãe quanto para o bebê. Além disso, é extremamente importante identificar através de testes realizados no pré-natal todas as gestantes portadoras da Hepatite B e da Hepatite C”, disse o Dr.  Kreitchmann.

Os principais desafios são garantir a vacinação completa de 100% das crianças e assegurar que todas as gestantes estejam imunes à hepatite B através da vacinação. É necessário identificar e tratar todas as gestantes e seus parceiros que sejam portadores de hepatite B para evitar o contágio do bebê. Outro grande desafio é a identificação, tratamento e cura de todas as mulheres portadoras de hepatite C fora da gestação. As gestantes com hepatites virais devem ser encaminhadas a um serviço que ofereça tratamento e acompanhamento adequados, em colaboração com o obstetra.

 

Prevenção

O especialista da FEBRASGO alerta que os testes rápidos são exames de fácil realização e permitem o diagnóstico em poucos minutos. A aplicação desses testes aos parceiros das gestantes é fundamental para prevenir o contágio durante a gravidez. Além disso, a condição de imunidade à Hepatite B deve ser verificada na carteira de vacinação ou por meio de um exame específico.

 

Protocolos de Rastreamento

“A testagem do Vírus B e C deve ser realizada durante o pré-natal e precisa ser repetido sempre que se identificarem situações de possíveis exposições, como prática de relações sexuais sem proteção e compartilhamento de objetos perfurocortantes entre pessoas diagnosticadas com uma dessas hepatites. As gestantes que ainda não estão imunizadas contra hepatite B devem ser vacinadas durante a gravidez”, pontua o médico.

Tratamento

O especialista explica que na gestante com Hepatite B o uso de antivirais como o Tenofovir por via oral está indicado, seguindo critérios médicos bem definidos, e pode reduzir muito o risco de contágio do bebê. Além disso, o uso da vacina e da imunoglobulina para Hepatite B ao nascimento adiciona enorme proteção ao bebê. O parto pode ser por via vaginal e a amamentação é liberada. O bebê deverá receber as demais doses da vacina para Hepatite B da vacina aos 2,4 e 6 meses. A vacinação de crianças é a estratégia mais importante para a erradicação da Hepatite B.

"As gestantes com hepatite B crônica podem ser tratadas durante a gravidez, o que ajuda a evitar a progressão da doença e o contágio do bebê. O tenofovir, uma medicação utilizada nesse tratamento, não apresenta riscos para o bebê. Além disso, a hepatite C tem altíssimos índices de cura com o uso de medicamentos chamados antivirais de ação direta (DAA), mas ainda não há dados suficientes sobre a segurança desses medicamentos durante a gestação. Portanto, o tratamento deve ser realizado antes ou após a gravidez. Esse tratamento é feito com o uso de comprimidos por poucos meses e alcança a cura em mais de 95% das pacientes”, afirma.

FEBRASGO se manifesta sobre a prescrição de contraceptivos hormonais por farmacêuticos no Brasil.

A FEBRASGO se manifesta contrária à Resolução aprovada pelo plenário do Conselho Federal de Farmácia ーCFFー em 28/06/2024 (ainda não publicada no portal da transparência) que dispõe sobre a prescrição de contraceptivos hormonais por farmacêuticos no Brasil.

 

Os anticoncepcionais não constam da lista atualizada da ANVISA dos medicamentos isentos de prescrição e só podem ser prescritos por farmacêuticos dentro de protocolos específicos de acordo com as normas vigentes .

 

O proposto protocolo de prescrição limita as opções de contracepção e restringe diagnósticos aos informados pela paciente. O diagnóstico de condições que possam ser contraindicações, de situações que indiquem métodos específicos e o exame físico são atos médicos.

Limitar a escolha e a orientação das pacientes a poucos métodos em protocolo resumido e só com opções hormonais vai contra todas as recomendações do planejamento familiar seguro, responsável e realmente livre e esclarecido.


São ainda, atos médicos reconhecer complicações que podem ser muito graves e que necessitem de intervenção rápida. O seguimento médico no uso de contraceptivos é vital para sua aceitabilidade e segurança.

 

Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha: Desafios no acesso ao pré-natal para mulheres pretas e pardas

Desigualdade enfrentada por este público pode resultar em maior risco da morbidade gestacional e perinatal

 

O Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, é um momento crucial para reforçar a luta histórica das mulheres negras pela sobrevivência em uma sociedade permeada por estruturas racistas, misoginia e machismo. Este dia nos convida à profunda reflexão sobre as experiências dessas mulheres e sublinha a importância fundamental da assistência pré-natal para todas de maneira igualitária.

Os índices de cuidados pré-natais adequados são significativamente mais baixos entre as mulheres negras, como revelado na Pesquisa Nascer no Brasil II: Inquérito Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento, realizada pelo Ministério da Saúde em colaboração com a Fiocruz. Segundo o levantamento, 13,4% das mulheres pretas e pardas iniciaram o pré-natal no segundo trimestre da gravidez, considerado tardio. Em contraste, o percentual entre as mulheres brancas foi de 9,1%.

A Dra. Lilian de Paiva, presidente da Comissão de Assistência Pré-natal da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), destaca que existem disparidades raciais no acesso ao pré-natal em muitos países: "Diversos estudos têm identificado que mulheres de minorias étnicas ou raciais enfrentam maiores dificuldades para obter cuidados pré-natais de qualidade em comparação com mulheres brancas. Essa desigualdade pode resultar em maior risco gestacional, com aumento da morbidade gestacional e perinatal".

Para melhorar esse cenário, a especialista da FEBRASGO cita algumas medidas essenciais que podem ser adotadas:

 

Acesso equitativo aos serviços de saúde: É crucial garantir que todas as mulheres, independentemente de raça ou etnia, tenham acesso igualitário a serviços de saúde adequados.

 

Educação e conscientização: Promover campanhas educativas e de conscientização que enfatizem a importância da assistência pré-natal, bem como os cuidados necessários durante a gravidez. Essas iniciativas devem ser especialmente direcionadas para a inclusão das comunidades minoritárias.

 

Expansão da rede de serviços de saúde: Ampliar a disponibilidade de serviços de saúde para tornar a assistência pré-natal mais acessível em áreas com maior concentração de minorias raciais.

 

Monitoramento de indicadores de saúde materna: Implementar sistemas eficazes de monitoramento dos indicadores de saúde materna nessas comunidades, o que é essencial para orientar políticas e intervenções direcionadas.

 

“Essas medidas são fundamentais para promover uma assistência pré-natal mais equitativa e eficaz, contribuindo para reduzir as disparidades de saúde entre diferentes grupos raciais e étnicos”, explica.

 

Como funciona a consulta de pré-natal?

 O acompanhamento médico durante a gestação é fundamental para garantir a saúde da mãe e do bebê. Segundo a especialista da FEBRASGO, esse acompanhamento deve iniciar logo após o diagnóstico da gravidez, preferencialmente no início do primeiro trimestre. Durante a primeira consulta, é realizada uma avaliação detalhada do histórico de saúde da gestante, incluindo a solicitação de exames laboratoriais e ultrassonográficos. Além disso, é recomendado o uso de suplementos que contenham ácido fólico, possivelmente combinado com outras vitaminas, para garantir o adequado desenvolvimento fetal. Essas medidas são essenciais para prevenir complicações gestacionais e assegurar um curso saudável da gravidez.

 

As demais consultas têm periodicidade mensal, tornando-se quinzenais no final da gestação. Durante essas consultas, são realizadas aferições da pressão arterial, peso da gestante e altura uterina. Os batimentos cardíacos fetais também são monitorados regularmente. É essencial prestar atenção às queixas e dúvidas trazidas pela gestante ao longo das consultas. Além disso, durante esse acompanhamento são discutidos temas como o plano de parto, opções de parto, cuidados pós-parto, amamentação e os primeiros cuidados com o recém-nascido.


Exames Principais

 Exames laboratoriais: Durante a gravidez, são realizados diversos exames para monitorar a saúde tanto da gestante quanto do bebê, incluindo exames de sangue, urina, teste de glicemia, entre outros.

 

Ultrassonografias: Essenciais para acompanhar a morfologia, o desenvolvimento e a vitalidade fetal, as ultrassonografias são indicadas para determinar o tempo de gestação e identificar possíveis complicações. Fornece informações como a localização da placenta, a quantidade de líquido amniótico, fatores importantes para o bem-estar fetal.

 

Sinais de alerta para as gestantes

 A Dra. Lilian alerta que certos sinais durante a gestação requerem atenção imediata. Estes incluem qualquer tipo de sangramento vaginal, mesmo que pequeno, que deve ser comunicado ao médico. Dores abdominais intensas e persistentes também são sintomas preocupantes que necessitam de avaliação médica. Além disso, a diminuição significativa dos movimentos fetais deve ser relatada ao médico. Outros sintomas alarmantes incluem tonturas, alterações visuais como visão turva, manchas ou flashes de luz, dor de cabeça intensa, e inchaço repentino nas mãos, rosto ou pés. “A perda involuntária de líquido claro e inodoro pela vagina também requer atenção médica imediata. É fundamental que a gestante com qualquer um desses sintomas entre em contato com seu médico ou procure atendimento médico sem demora”, disse a médica.

 

Dicas para que as gestantes possam ter um estilo de vida saudável 

Algumas recomendações importantes incluem adotar uma dieta equilibrada, que inclua alimentos ricos em nutrientes como frutas, verduras, legumes, grãos integrais, proteínas magras e laticínios. É crucial garantir o consumo adequado de ácido fólico, ferro, cálcio, ômega-3 e outras vitaminas e minerais essenciais durante a gestação. Além disso, é recomendável beber bastante água para manter-se hidratada e evitar bebidas com alto teor de açúcar e cafeína. “Praticar exercícios físicos é benéfico, com orientação médica e liberação adequada, com atividades como caminhadas, ioga, natação, hidroginástica e pilates, que podem melhorar a circulação, aliviar desconfortos e manter a forma física ao longo da gravidez”, explica.

 

Também é importante evitar hábitos prejudiciais como consumo de álcool, cigarro e drogas ilícitas, pois podem causar danos graves ao desenvolvimento do feto. Garantir sono e descanso adequados, comparecer a todas as consultas do pré-natal e seguir as orientações médicas são fundamentais. Não se automedicar também é essencial para garantir a saúde da gestante e do bebê.

Estatuto da Criança e do Adolescente e o acesso à saúde

FEBRASGO reforça a importância do ECA para a garantia de direitos e proteção integral desse grupo

No dia 13 de julho, celebra-se em todo o Brasil o Dia do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instituído pela primeira vez em 1990. Este documento, que completa 34 anos em 2024, representa o principal marco regulatório dedicado à proteção dos jovens no país. Neste dia, a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) destaca como o ECA influencia a prática médica ginecológica.

No artigo 3º o ECA estabelece que a criança e a adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, possuindo oportunidades e facilidades para o adequado desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

O ECA reconhece o direito de todas as crianças e adolescentes à vida e à saúde, visando proteger e promover seu desenvolvimento saudável. O acesso aos programas e às políticas de saúde inclui desde o planejamento reprodutivo das mulheres até as gestantes, garantindo nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. Esta legislação enfatiza a importância de priorizar o atendimento de saúde para crianças desde o período pré-natal até a adolescência visando proteger e promover seu desenvolvimento saudável, conforme explicado pela especialista.

“A FEBRASGO trabalha ativamente para ampliar o acesso aos serviços de saúde destinados a crianças e adolescentes, integrando essa preocupação à Ginecologia e Obstetrícia por meio da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal”, destacou a Dra. Rosana Reis, presidente da comissão .

A Dra. Marta Rehme, vice-presidente da comissão, ressalta que essas diretrizes são fundamentais para preencher lacunas no atendimento atual a esse público, focando a capacitação e a educação contínua dos médicos para prepará-los para um atendimento direcionado a crianças e adolescentes. "Um dos principais avanços proporcionados pelo ECA é o acesso universal aos serviços de saúde, e a FEBRASGO trabalha incansavelmente por essa causa", destaca a médica. “De acordo com a legislação, todos os jovens têm direito a serviços de saúde de qualidade, independentemente de sua situação econômica, raça, gênero ou local de residência, garantindo assim o acesso aos cuidados médicos necessários, inclusive atendimento de urgência e emergência”, pontuou.

Além disso, o ECA estabelece que os serviços de saúde devem oferecer orientação e aconselhamento aos pais ou responsáveis sobre a importância dos cuidados com a saúde e o acompanhamento regular do desenvolvimento dos jovens. Também prevê a aplicação de medidas protetivas em casos de risco à saúde física ou psicológica de crianças e adolescentes, garantindo tratamento médico adequado, incluindo encaminhamento para serviços especializados ou internação hospitalar, quando necessário. Essas medidas são essenciais para assegurar a proteção e o bem-estar dos jovens em situações de vulnerabilidade.

A Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, incluída no ECA pela Lei no 13.798 de 2019, reforça a importância desta temática com ações em âmbito nacional de medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência. Nesta semana comemorativa há intensa participação da Comissão Nacional de Ginecologia Infanto-puberal com a colaboração de outras comissões especializadas da FEBRASGO, comenta Dra Rosana presidente da comissão.

O ECA chama atenção para que profissionais de ensino detectem situações de maus-tratos, faltas escolares injustificadas, evasão e elevado níveis de repetência envolvendo seus alunos de ensino fundamental, para identificar situações de vulnerabilidade. Segundo a Dra Marta, esta recomendação também é enfatizada na capacitação de profissionais da saúde que atendem crianças e adolescentes, reforçando a importância de identificar durante a consulta estas situações.

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