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Oito em cada dez ginecologistas e obstetras do Brasil afirmam que seus pacientes já tiveram problemas com planos de saúde

        Especialistas relatam ainda interferência na autonomia médica, como em glosas (57%), restrições a doenças pré-existentes (14%), em atos diagnósticos e terapêuticos (39%) no tempo de internação dos pacientes (12%) e no período de internação pré-operatória (6%). Enfim, queixas de abusos gravíssimos

 

        A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) realizou, entre 5 de março e 23 de abril, pesquisa online com sua base de médicos especialistas associados. O questionário foi estruturado via SurverMonkey, para identificar as principais demandas profissionais, dificuldades e anseios tanto no âmbito do Sistema Único de Saúde quanto na rede suplementar de assistência.

Retornaram para a FEBRASGO, espontaneamente, 607 tocoginecologistas de todo o território nacional. Deste universo, 52% são médicas e 48% do sexo masculino.

         Planos de saúde e seus problemas

         
A maioria dos ginecologistas e obstetras atende pelo sistema suplementar em consultório particular (74%) e também em ambulatório (84%).

        A relação com as empresas é extremamente conflituosa, a ponto de a avaliação geral dos planos e seguros ser de 0% para a conceituação ótima. Outros 52% afirmam ser regular, 23% consideram ruim/péssima e os demais não atuam no segmento.

        Para 58% dos ginecologistas e obstetras os planos desrespeitam a autonomia médica. Em pergunta que possibilitava múltiplas escolhas, foram apontados problemas como interferências em glosas (57%), restrições a doenças pré-existentes (14%), em atos diagnósticos e terapêuticos (39%), no tempo de internação dos pacientes (12%) e no período de internação pré-operatória (6%). Enfim, queixas de abusos gravíssimos.

       O rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é insuficiente para 50%; e 79% (praticamente 8 a cada 10) dizem que algum paciente já teve problemas com planos de saúde.

Sistema Único, Raio-x

        Dos 607 GOs que retornaram à FEBRASGO, 92% pontuam que o SUS não atende às expectativas dos pacientes e 96% têm a mesma opinião quanto ao Sistema Único não responder adequadamente às expectativas dos próprios médicos.

 

Ministério da saúde lança semana nacional de mobilização pela saúde das mulheres

        O Ministério da Saúde instituiu, através da Portaria nº 1.179, de 27 de abril 2018, a Semana Nacional de Mobilização pela Saúde das Mulheres. Esta iniciativa visa mobilizar os gestores, profissionais de saúde, usuárias do Sistema Único de Saúde-SUS e sociedade civil sobre a importância e necessidade de promover, proteger e dar suporte a medidas de acesso e qualidade à atenção integral à saúde das mulheres. De acordo com o projeto, a cada ano, será enfatizado um tema numa abordagem ampliada à saúde da mulher. O tema escolhido para a primeira campanha será MORTALIDADE MATERNA.

        No dia 28 de maio, em Brasília, ocorrerá o Lançamento, pelo Ministério da Saúde, da META DE REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA para os ODS 2015/2030. A FEBRASGO estará representada pelo Presidente da sua Comissão Nacional Especializada de Mortalidade Materna, Dr. Rodolfo de Carvalho Pacagnella.

        Dados do Ministério da Saúde mostram que a mortalidade materna no Brasil caiu 58% entre 1990 e 2015, de 143 para 60 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos. Para efeitos de comparação, por exemplo, no Japão a proporção é de 6 óbitos de mulheres por 100 mil nascidos vivos.

        A FEBRASGO já está envolvida indiretamente, através de alguns de seus associados, pertencentes à diferentes Comissões Nacionais Especializadas, em ações e programas que visam educar e treinar profissionais da saúde no esforço de redução da Mortalidade Materna. Citaríamos como exemplo nossos associados que participam como Instrutores do projeto Zero Mortalidade Materna por Hemorragia pós-Parto, fruto de uma parceria do MS com a OPAS e que está tendo resultados muito positivos em várias partes do território nacional.

        Vamos envidar todos os esforços para apoiar o Ministério da Saúde, contribuindo com as ações de implementação das novas estratégias que estão em desenvolvimento, no que refere à redução da mortalidade materna em nosso país.

Diretoria da FEBRASGO

 

 

Endometriose Parametrial

Introdução

 

        A definição anatômica do paramétrio é, de certa forma, controversa na literatura médica. Classicamente seria uma condensação de tecido areolar denso (junto com vasos e nervos) que se estende lateralmente do colo uterino até a parede lateral da pelve, no plano frontal[1]. Em mulheres com endometriose profunda de compartimento posterior, o acometimento parametrial ocorre em até 25% dos casos[2]. O ureter atravessa o paramétrio antes de entrar na bexiga, o que aumenta a chance das portadoras apresentarem hidroureter e hidronefrose, com graves consequências. Além de sua íntima relação com o ureter, o paramétrio possui rica vascularização e inervação, o que torna desafiadora a ressecção das lesões de endometriose desta região.

 

Diagnóstico

 

        A endometriose parametrial, apesar da sua gravidade, ainda apresenta desafios para um diagnóstico precoce. Os principais sintomas apontados pelas pacientes com lesões nesta localização são dismenorreia, dispareunia de profundidade, infertilidade, disquezia, disúria e dor pélvica crônica, o que não difere em nada das pacientes com endometriose que acometem outros sítios da pelve[3]. Apesar da importância na identificação dos sintomas, a concordância entre o grau de dor e os achados pélvicos podem ser discordantes[4].

        O acometimento do paramétrio pode trazer alguns sintomas relacionados às estruturas ali encontradas, principalmente quando acomete os ureteres e os nervos. Quando esses últimos estão envolvidos, pode haver alteração de parâmetros urodinâmicos (resíduo aumentado e obstrução do fluxo urinário) e também queixas urinárias, como dificuldade para urinar, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga e interrupção do jato[5].

       Um dos grandes avanços dos últimos anos no diagnóstico da endometriose foi a melhora dos métodos de imagem[5,6]. O diagnóstico por imagem da endometriose evoluiu muito com a utilização da ultrassonografia transvaginal (USTV-PI) e com a ressonância magnética da pelve (RM-PI), ambas com preparo intestinal. Por ser uma doença retroperitoneal, não é incomum encontrar pouco focos peritoneais clássicos. Nesses casos, o cirurgião fica ainda mais dependente dos achados de imagem para o correto planejamento da abordagem da endometriose.

        Na avaliação da endometriose dos compartimentos anterior e posterior, o desempenho da USTV-PI é muito bom e com sensibilidade e especificidade em torno de 95% para a avaliação dos compartimentos anterior e posterior, porém não há evidências consistentes na literatura da avaliação do compartimento lateral (paramétrio) por este método. O acometimento na topografia do ureter é descrito, mas normalmente é a única informação relevante fornecida pela USTV-PI no que diz respeito ao paramétrio[7]. Já a RMP-PI consegue fornecer informações bem detalhadas do grau de infiltração, tamanho da lesão, estruturas acometidas e limites. Outra vantagem da RM-PI é a possibilidade de avaliação adequada até a parede pélvica. Essa avaliação parametrial já foi bem demonstrada em paciente com câncer de colo do útero[8]. Bazot et al. publicaram em um estudo preliminar, sensibilidade e especificidade de 83,3% e 98,6%, respectivamente na avaliação do paramétrio acometida por endometriose com RM-PI. Encontraram uma prevalência de 14,3% de comprometimento do paramétrio nessa série de casos[9].

 

Tratamento

 

        A base terapêutica se mantém em relação aos casos em outros sítios. Inicialmente, o tratamento clínico pode ser tentado nas lesões menores (usualmente com menos de 2cm) para o controle dos sintomas álgicos. Importante salientar, que o tratamento clínico não é capaz de erradicar os focos, ou mesmo garantir que o mesmo não se desenvolva. Contudo, em alguns casos, pode trazer alívio sintomático e melhora na qualidade de vida[9,10]. O tipo de tratamento clínico mais usado continua sendo o uso de contraceptivos orais combinados ou de progestagênios isolados[11].

         Nos casos de lesões maiores, a indicação cirúrgica é adequada devido a chance de acometimento funcional de algumas estruturas nobres do paramétrio. A compressão ureteral pelo nódulo de endometriose pode causar hidronefrose, com consequente perda da função renal, se não tratada em tempo hábil.

        Quando indicado o procedimento cirúrgico, a ressecção de todos os focos visíveis da doença apresenta bons resultados na melhora dos sintomas álgicos; assim como podem melhorar as taxas de gravidez espontânea em pacientes inférteis. Devemos salientar, que pela complexidade da cirurgia, idealmente essa deve ser realizada por equipe multidisciplinar e a paciente deve ser informada sobre a possibilidade de complicações específicas[12].

         Uma vez em que o procedimento cirúrgico exige a ressecção dos focos da doença, o cirurgião deve decidir sobre a realização da parametrectomia, que pode ser parcial ou completa. Por não se tratar de cirurgia oncológica, idealmente a ressecção parametrial deve ser limitada apenas à porção afetada. A preservação de nervos não acometidos minimiza as complicações funcionais intestinais e urinárias. É importante realizar sistematização cirúrgica, que permite a preservação das estruturas nobres. Inicialmente deve ser feito o restabelecimento da anatomia, para posteriormente ser realizada a exérese dos focos, de forma segura e com menor risco de lesões iatrogênicas. Desta forma, a dissecção do ureter (ureterolise quando envolvido pela doença) é etapa fundamental nas ressecções parametriais - primeiro pelo fato de que muitas dessas pacientes apresentam a forma extrínseca ou intrínseca da doença ureteral, em segundo lugar para que se evite uma lesão do mesmo durante a manipulação do compartimento lateral[13].

         Além da ureterólise, outro tempo cirúrgico muito importante nessa região é a neurólise (nerve-sparing). Este procedimento consiste na identificação e liberação dos nervos pélvicos (envolvidos ou não no foco da doença), a fim de evitar que haja secção inadvertida dos mesmos durante a ressecção parametrial. Inicia-se com abertura dos espaços pré-sacral e pararretais e, “caminhando” pelos espaços avasculares, as fibras simpáticas do plexo hipogástrico inferior, dos nervos hipogástricos e do tronco lombossacral são preservadas[14].

        A não realização desses cuidados durante o procedimento cirúrgico está relacionada a complicações importantes, dentre elas, as disfunções urinária, retal e sexual. Estudo sobre esse ponto comparou dois grupos de pacientes submetidas à ressecção parametrial para o tratamento de endometriose profunda, com resultados que mostraram diferença drástica na incidência de disfunções neurológicas da pelve. Aproximadamente 85% das pacientes que foram submetidas à cirurgia sem realização de neurólise apresentaram algum tipo de disfunção neurológica, enquanto que no grupo submetido à ressecção parametrial com preservação nervosa, esse tipo de alteração foi evidenciado em apenas 1,6% das pacientes[14].

 

Conclusão

 

        A endometriose infiltrativa de paramétrio parece ser mais frequente do que se imagina e é considerada uma apresentação grave da doença. Na maioria das vezes, lesões nessa localização requerem ressecção cirúrgica. Esse procedimento deve ser realizado por equipe experiente, multidisciplinar e com a sistematização cirúrgica, que envolve restabelecimento da anatomia, dissecção de ureter e preservação neural.

 

Referências Bibliográficas

 

[1]   Touboul C, Fauconnier A, Zareski E, Bouhanna P, Daraï E. The lateral infraureteral parametrium: myth or reality? Am J Obstet Gynecol 2008;199:242.e1–6.

[2]   Ballester M, Santulli P, Bazot M, Coutant C, Rouzier R, Daraï E. Preoperative evaluation of posterior deep-infiltrating endometriosis demonstrates a relationship with urinary dysfunction and parametrial involvement. J Minim Invasive Gynecol 2011;18:36–42.

[3]   Vercellini P, Trespidi L, De Giorgi O, Cortesi I, Parazzini F, Crosignani PG. Endometriosis and pelvic pain: relation to disease stage and localization. Fertil Steril 1996;65:299–304.

[4]   Fauconnier A, Fritel X, Chapron C. [Endometriosis and pelvic pain: epidemiological evidence of the relationship and implications]. Gynecol Obstet Fertil 2009;37:57–69.

[5]   de Resende Júnior JAD, Crispi CP, Cardeman L, Buere RT, Fonseca M de F. Urodynamic observations and lower urinary tract symptoms associated with endometriosis: a prospective cross-sectional observational study assessing women with deep infiltrating disease. Int Urogynecol J 2018.

[6]   Reid S, Condous G. Update on the ultrasound diagnosis of deep pelvic endometriosis. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2017;209:50–4.

[7]   Exacoustos C, Malzoni M, Di Giovanni A, Lazzeri L, Tosti C, Petraglia F, et al. Ultrasound mapping system for the surgical management of deep infiltrating endometriosis. Fertil Steril 2014;102:143–50.e2.

[8]   Hricak H, Gatsonis C, Chi DS, Amendola MA, Brandt K, Schwartz LH, et al. Role of imaging in pretreatment evaluation of early invasive cervical cancer: results of the intergroup study American College of Radiology Imaging Network 6651-Gynecologic Oncology Group 183. J Clin Oncol 2005;23:9329–37.

[9]   Bazot M, Jarboui L, Ballester M, Touboul C, Thomassin-Naggara I, Daraï E. The value of MRI in assessing parametrial involvement in endometriosis. Hum Reprod 2012;27:2352–8.

[10] Vercellini P, Viganò P, Somigliana E, Fedele L. Endometriosis: pathogenesis and treatment. Nat Rev Endocrinol 2014;10:261–75.

[11] Dunselman GAJ, Vermeulen N, Becker C, Calhaz-Jorge C, D’Hooghe T, De Bie B, et al. ESHRE guideline: management of women with endometriosis. Hum Reprod 2014;29:400–12.

[12] Kho RM, Andres MP, Borrelli GM, Neto JS, Zanluchi A, Abrão MS. Surgical treatment of different types of endometriosis: Comparison of major society guidelines and preferred clinical algorithms. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol 2018.  

[13] Cavaco-Gomes J, Martinho M, Gilabert-Aguilar J, Gilabert-Estélles J. Laparoscopic management of ureteral endometriosis: A systematic review. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2017;210:94–101.

[14] Ceccaroni M, Clarizia R, Bruni F, D’Urso E, Gagliardi ML, Roviglione G, et al. Nerve-sparing laparoscopic eradication of deep endometriosis with segmental rectal and parametrial resection: the Negrar method. A single-center, prospective, clinical trial. Surg Endosc 2012;26:2029–45.

 

Pediatras, ginecologistas e obstetras de todo o Brasil vão receber novas orientações sobre bebidas alcoólicas e maternidade.

Livro sobre Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-Nascido, lançado em 5 de abril, chegará a todos em edição online

Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, SOGESP e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

        Todas estas instituições são parceiras na segunda edição do livro Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-Nascido. O objetivo da publicação é atualizar para os médicos de todo o Brasil as informações mais recentes sobre a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), causada pelo consumo de álcool durante a gravidez.

        A obra será distribuída gratuitamente a todos os ginecologistas e obstetras do Brasil, online.

        Totalmente revisada por especialistas do grupo de trabalho Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-Nascido, esta segunda edição traz atualizações baseadas em evidências e traz a inserção de dois novos. Os textos são assinados pelos especialistas Hermann Grinfeld, Corintio Mariani Neto, Lygia Mendes dos Santos Border, Mirlene Cecilia Soares Pinho Cernach, Helenilce de Paula Fiod Costa, Maria dos Anjos Mesquita, Marcia de Freitas e Conceição Aparecida de Mattos Segre.

        “A meta é transmitir para as equipes de saúde o conhecimento acerca dos efeitos do álcool para a saúde da gestante e do feto, principalmente no que diz respeito à síndrome alcoólica fetal, doença grave e sem cura. Queremos fazer com que esses profissionais, baseados no livro, alertem a população sobre os riscos do álcool na gravidez”, ressalta Conceição Aparecida de Mattos Segre, coordenadora do grupo de trabalho da SPSP e das duas edições do livro.

Sobre a SAF

        A exposição pré-natal a qualquer tipo e quantidade de bebida alcoólica pode acarretar problemas graves e irreversíveis ao bebê. Eles podem revelar-se logo ao nascimento ou mais tardiamente e perpetuam-se pelo resto da vida. A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) apresenta diversas manifestações, desde malformações congênitas faciais, neurológicas, cardíacas e renais, mas as alterações comportamentais estão sempre presentes. Contabiliza, mundialmente, de 1 a 3 casos por 1000 nascidos vivos. No Brasil não há dados oficiais do que ocorre de norte a sul sobre a afecção; entretanto, existem números de universos específicos.

        Para ter uma ideia, no Hospital Municipal Maternidade-Escola de Vila Nova Cachoeirinha, um estudo com praticamente 2 mil puérperas apontou que 33% bebiam mesmo esperando um bebê. O mais grave: 22% consumiram álcool até o dia de dar à luz.

Características

        O conjunto de efeitos decorrentes do consumo de álcool, em qualquer dosagem ou período da gravidez, é chamado de “espectro de distúrbios fetais relacionados ao álcool”, que inclui a SAF. A frequência dessas implicações varia conforme etnia, genética e até mesmo a quantidade ingerida. Isso não significa que todos os bebês expostos serão afetados, mas a probabilidade é alta.

        No decorrer do desenvolvimento infantil, o dismorfismo facial atenua-se, o que dificulta o diagnóstico tardio. Permanece o retardo mental (QI médio varia de 60 a 70), problemas motores, de aprendizagem (principalmente matemática), memória, fala, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, entre outros. Adolescentes e adultos demonstram problemas de saúde mental em 95% dos casos, como pendências com a lei (60%); comportamento sexual inadequado (52%) e dificuldades com o emprego (70%).

Diagnóstico e Tratamento

        Em São Paulo, o Grupo da SPSP cria ações para conscientizar os pediatras, com distribuição de material em eventos científicos, publicações disponíveis na internet aos associados da SPSP e cursos voltados para equipes multidisciplinares de capacitação para reconhecimento e condutas nesses casos.

        Nos Estados Unidos e Canadá, existe um teste que identifica produtos do álcool no mecônio ou cabelo do recém-nascido. É uma técnica de alto custo, que ainda não está disponível no Brasil.

        “Vale lembrar que os efeitos do álcool ocasionados pela ingestão materna de bebidas alcoólicas durante a gestação não têm cura, por isso vale a máxima: o quanto antes parar, melhor para o bebê, sua família e a sociedade. O diagnóstico precoce da doença e a instituição de tratamento multidisciplinar ainda na primeira infância podem abrandar suas manifestações”, completa o Dr. Corintio Mariani Neto.

 

 

Fórum sobre obstetrícia no CFM.

Evento teve o tema “Alinhando valores e práticas”. Debateu tópicos essenciais para pacientes e médicos como humanização do parto

        A Diretoria da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) foi uma das protagonistas do Fórum Assistência Obstétrica no Brasil, realizado no CFM (Conselho Federal de Medicina), em 24 de abril, sob o tema “Alinhando valores e práticas”.

 

        O Diretor Científico da Federação, Marcos Felipe de Sá, participou da abertura representando o presidente, César Eduardo Fernandes.

 

        “Foi uma interessante iniciativa do CFM realizar o fórum, pois houve aproximação do Conselho com as outras entidades médicas e sociedades de especialidades. Nas apresentações a maioria dos palestrantes destacou que é preciso, na assistência pré-natal e ao parto,   trabalhar de forma integrada com outros profissionais da saúde como  enfermagem, psicologia e terapeuta, por exemplo, para atender melhor a paciente, desde que não haja interferência nas competências privativas de cada área profissional. O parto precisa de uma equipe multiprofissional, certamente”, declara Marcos Felipe.

 

        Ainda segundo ele, é preciso reconhecer que “seguem em pauta diversos problemas referentes à chamada  violência obstétrica”.  É fundamental registrar que não aceitamos a “pecha” de que o obstetra pratica violência contra a mulher grávida.  O  médico sim sofre violência quando é obrigado a trabalhar  em  locais onde não existem  condições adequadas para atender à paciente, quando não existe leito para interná-la, quando não há medicamentos nas prateleiras. Todo este processo é uma truculência não só contra a paciente, mas também  contra os profissionais da saúde que a assistem.  

        Por outro lado, nós precisamos olhar para o que é nossa responsabilidade. Não há dúvidas de que temos que investir na formação profissional dos médicos que assistem o parto.

        Algumas práticas obstétricas que eram plenamente aceitáveis e indicadas décadas atrás não são mais recomendadas nos dias de hoje. Há uma tendência a ser menos intervencionista na assistência ao parto. É compreensível que alguns obstetras que tiveram a formação naquele modelo resistam às mudanças propostas pela medicina moderna e exigidas pela sociedade nos dias de hoje. Contudo, é preciso oferecer oportunidades por meio de programas de educação continuada para que os obstetras se atualizem. A Febrasgo edita duas revistas, RBGO e FEMINA, totalmente dedicadas à divulgação do conhecimento científico em GO e que são disponibilizadas a todos os profissionais brasileiros, com acesso livre e gratuito.

 

        Marcos Felipe também ressalta que a FEBRASGO está em franca campanha para melhorar a formação dos médicos residentes em GO: “Muitas escolas não têm infraestrutura adequada para a formação. Algumas sequer têm hospitais-escola para o treinamento de seus alunos e residentes. Muitos cursos médicos não oferecem residência médica ou então não oferecem  vagas para todos os seus formandos. .  “O projeto  da FEBRASGO não é só atuar junto aos novos  profissionais, mas também  colaborar com a Comissão Nacional de Residência Médica, oferecendo a “expertise” de seus associados no sentido de oferecer programas de educação continuada,  à distância ou presencial,  especialmente para os preceptores de residência médica de todo o Brasil. O investimento nos preceptores certamente trará reflexos positivos para os programas de Residência Médica em GO já implementados no país”.

 

        O Diretor Financeiro da FEBRASGO, Corintio Mariani Neto, diretor técnico e coordenador científico do Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, foi o conferencista em “Situação atual das maternidades públicas”, e Etelvino de Souza Trindade, integrante da Comissão de Defesa Profissional da FEBRASGO, presidiu a mesa.

 

        Para Corintio, “o financiamento insuficiente da saúde pública repercute no atendimento ao paciente e no trabalho do profissional, que muitas vezes é responsabilizado pela precariedade. Temos o binômio falta de recurso e má gestão em todos os níveis. O risco de morte neonatal é quase três vezes maior na rede pública do que na privada e são nos hospitais públicos onde se realiza o maior volume de partos, principalmente de alto risco. Isso é extremamente preocupante.”

 

        Mas, conforme completa o próprio Corintio, é possível manter a qualidade da assistência à saúde na rede pública com envolvimento da gestão local, equipe motivada, treinamento dos recursos humanos disponíveis, além da mudança cultural sobre a qualidade do serviço público e persistência diante dos reveses.

 

        Em outra mesa, Olímpio Barbosa de Moraes Filho, da Comissão Nacional de Pré-Natal da FEBRASGO, foi o palestrante em “No SUS: equipe multiprofissional”. Já o diretor de Defesa e Valorização Profissional da entidade, Juvenal Barreto Borrielo de Andrade, falou sobre “O papel das Associações de Especialidades”, enquanto Alberto Trapani Júnior, da Comissão de Assistência ao Parto, Puerpério e Abortamento da FEBRASGO, ministrou palestra sobre Pré-Natal.

 

        O Fórum contou com a participação de especialistas que trataram de questões primordiais para o bem-estar das pacientes, dos recém-nascidos e dos obstetras, como situações de violência, sistematização de protocolos, mortalidade materna, financiamento da saúde e precariedade do sistema.

 

        O presidente do CFM, Carlos Vital, fez a abertura oficial. Observou que a assistência obstétrica precisa de gestão e planejamento.

 

        “É uma questão de saúde pública, mas é preciso reconhecer as devidas competências e responsabilidades na assistência à parturiente. Sendo primordial destacar que a obstetrícia é absolutamente necessária, pois se destina aos cuidados com as gerações futuras deste país.”

 

        Entre os temas abordados, a humanização da assistência ao parto foi um dos destaques. Os especialistas apontaram que é preciso adequação hospitalar e atendimento personalizado para a gestante e que o ciclo de violência precisa ser solucionado e, mesmo com limitações financeiras, é possível reverter o quadro com integração da equipe e acolhimento.

 

 

FEBRASGO e ABENFO juntas no Projeto Parto Adequado.

 

        Em carta assinada pelos presidentes da FEBRASGO, Cesar Eduardo Fernandes, da ABENFO (Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras), Kleyde Ventura de Souza, foi formalizada a participação conjunta no Projeto Parto Adequado (PPA), desenvolvido pela ANS (Agência Nacional de Saúde Complementar), Hospital Israelita Albert Einstein e Institute for Healthcare Improvment (IHI).

        FEBRASGO e ABENFO destacam a relevância do apoio e engajamento de sociedades de profissionais de Obstetrícia no Parto Adequado. Como têm a missão de atuar em sintonia com seus associados, forma-se uma base de colaboração concreta para que as metas do Projeto sejam atingidas.

        O acordo estabelece a integração da FEBRASGO e da ABENFO no Comitê Técnico do Parto Humanizado, participação na elaboração ou revisão de materiais técnicos, sugestões e conteúdo para a produção de protocolos de assistência ao parto por enfermeiros e médicos, visitas às maternidades vinculadas ao programa para oferecer suporte científico à implantação, além da divulgação de dados do Projeto nos sites de ambas as entidades.

      Basicamente, o PPA propõe mudanças na forma de atendimento às gestantes e parturientes com três focos principais: aumentar os partos vaginais e, consequentemente, reduzir a taxa de cesáreas; diminuir as internações em UTI Neonatal e reduzir a ocorrência de eventos adversos.

        estratégia engloba mudanças na forma de atendimento por ocasião do parto, alicerçadas em um tripé de modelos de assistência: parto realizado pelo plantonista do hospital e/ou pela enfermeira obstétrica; médico pré-natalista do corpo clínico aberto realiza a intervenção, com suporte de equipe multidisciplinar de plantão (enfermeiros, médicos); a equipe médica composta por três ou mais médicos e enfermeira obstétrica do grupo.

        Para aplicação desses modelos, é necessário treinamento das equipes multiprofissionais de plantão que prestarão assistência direta ou servirão de suporte indireto. Deste modo, atende-se interesses tanto de instituições públicas quanto privadas.

        A primeira fase do Parto Adequado contou com a adesão de 35 hospitais e, em agosto de 2016, os hospitais que aderiram ao Projeto aumentaram em 17,7% a quantidade de partos vaginais em comparação com a dados anteriores. A fase II, em andamento, incorpora 136 maternidades e 68 operadoras de planos de saúde.

 

 

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