Estilo de vida, fatores modificáveis, obesidade e saúde psíquica
No final de 2015 a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) que dão continuidade, de maneira mais ampla e abrangente, às metas do milênio que vigoraram até 2015.
Os ODS têm como objetivo geral "boa saúde, bem-estar, possibilidade de desenvolvimento sustentável para todos” e inclui dezessete itens, entre os quais: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar (item 3); assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade (item 4); alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas (item 5) e redução das desigualdades (item 10). Tais metas se relacionam, de forma mais ou menos direta, com a saúde da mulher (1).
O conceito de saúde pode ser entendido de uma maneira simplista como a “não-doença” ou então, num sentido mais amplo, englobando cinco itens: nutrição, atividade física, controle do estresse, qualidade de relacionamentos e comportamento preventivo, além da ausência de doenças (2,3). Isso leva os profissionais de saúde a terem que repensar suas funções, principalmente o médico que deverá compreender que seu trabalho consiste não apenas em tratar as doenças, mas também, de maneira preventiva, promover saúde para a população com que trabalha (3).
A gestação é uma janela de oportunidades para as ações de promoção de saúde, pois as mulheres estão muito próximas aos serviços e profissionais de saúde. Além da quantidade de consultas e atendimentos, estão sensibilizadas e dispostas a colocar em prática o que se sabe sobre promoção de saúde, mas não se pratica. Os profissionais de saúde, por sua vez, precisam estar atentos a isso e aproveitar essa oportunidade e trabalhar das mais diversas formas para que esse momento seja um ponto de partida para aquisição de hábitos de vida saudáveis durante a gestação e que idealmente se perpetuem após o parto.(4,5).
Fisiologicamente a gravidez e o aumento do peso estão interligados em um padrão complexo, que inclui vários fatores associados ao de estilo de vida como o comportamento alimentar, atividade física, cessação do tabagismo e controle do estresse (6). Esses fatores podem ser abordados durante a gestação para que melhores resultados maternos, neonatais e em longo prazo para a vida da mulher sejam obtidos.
Isso torna-se relevante ao considerarmos que a obesidade é um dos principais problemas de Saúde Pública da atualidade, e nessa epidemia mundial, o número de mulheres em idade reprodutiva com obesidade também é crescente. Segundo estimativas da OMS, 1,9 bilhões de adultos apresentam sobrepeso e aproximadamente 600 milhões são obesos (7). No Brasil, a prevalência de sobrepeso e obesidade entre adultos era 52,5% e 58,4% no ano de 2013, entre homens e mulheres respectivamente. Além disso, a ocorrência de sobrepeso e obesidade é maior entre indivíduos jovens, crianças e mulheres em idade reprodutiva (8). A gestação está incluída na lista dos fatores clássicos desencadeantes da obesidade (8).
A obesidade materna e o ganho de peso excessivo na gestação estão associados ao aumento de complicações antenatais, intraparto, pós-parto e complicações neonatais (9,10). Uma revisão sistemática recente reforça a importância de mudanças no estilo de vida e de como exercícios e dieta interferem na adequação do ganho de peso gestacional e redução do diabetes gestacional, hipertensão e parto por cesariana (11)
Além disso existe correlação entre o risco de desenvolvimento de doenças na vida adulta e o ambiente ao qual o indivíduo foi exposto no meio intrauterino. Respostas do indivíduo ao ambiente após o nascimento podem ser moduladas por adaptações ainda no útero, de modo que a deficiência ou o excesso de nutrientes maternos programam uma suscetibilidade de desenvolvimento de doenças metabólicas mais tardiamente (12). Estudos experimentais demonstram que o ambiente intrauterino possui papel central no risco de obesidade e na programação genética e metabólica da prole (13).
A crescente tendência do início precoce da puberdade se associa a fatores genéticos e não genéticos (ambientais, estado nutricional, sedentarismo e condições sócio-econômicas). Meninas que apresentam menarca precoce são propensas a desenvolver sobrepeso na vida adulta, e ainda gestação precoce (14,15).
O ganho de peso excessivo na gestação traz o risco da retenção de peso pós-gestacional, que por sua vez aumenta o risco para desenvolvimento de comorbidades tanto em gestações futuras como no decorrer da vida da mulher. (16 -19).
Ainda que a obesidade seja determinada pelos aspectos biológicos, sua associação a fatores psicológicos é relevante para o manejo clínico de indivíduos obesos (20). Dentro das teorias psicodinâmica, a obesidade pode ser vista como a expressão de uma determinada estrutura psíquica, envolvendo uma complexa trama de dificuldades emocionais e de interação com o meio, vivenciadas em fases precoces do desenvolvimento humano e o apoio psicológico é uma ação importante nos cuidados com mulheres com ganho de peso excessivo ou obesidade, ajudando a prevenir a obesidade materna em longo prazo (21).
Um estudo sobre gravidez e o ganho de peso indicou que a retenção de peso pós-parto foi mais afetada por mudanças de estilo de vida durante e após a gravidez do que por fatores pré-gestacionais (22). Ou seja, a intervenção comportamental durante a gravidez pode reduzir a retenção de peso pós-parto e melhorar a alimentação e autocuidado (23).
Existem lacunas na literatura sobre o assunto e apesar do conhecimento, pouco se modificam os hábitos de vida e consequentemente os resultados relacionados (24). A elaboração de medidas ampliadas no acompanhamento das mulheres durante a gestação e puerpério pode ser uma oportunidade de proporcionar o desenvolvimento de um estilo de vida saudável que pode, em longo prazo, se associar à melhor condição de saúde da população feminina.
- Sustainable Development Goals - http://www.un.org/sustainabledevelopment/sustainable-development-goals/
- Nahas, M. V.; Barros, M. V. G.; Francalacci, V. L. O pentáculo do bem-estar: base conceitual para avaliação do estilo de vida dos indivíduos ou grupos. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Pelotas, v. 5, n. 2, p. 48-59, 2000.
- Livingstone KM, McNaughton A healthbehavior score is associated with hypertension and obesity among Australian adults. Obesity (Silver Spring). 2017 Jul 16. doi: 10.1002/oby.21911
- Smith D, Lavender T. The maternity experience for women with a body mass index > 30 kg/m2: a meta-synthesis. BJOG. UK. 2011; 118(7):779–89.
- Phelan S. Windows of Opportunity for Lifestyle Interventions to Prevent GestationalDiabetes Mellitus.Am J Perinatol. 2016 Nov;33(13):1291-1299. Epub 2016 Aug 3
- Yeo S, Walker JS, Caughey MC, Ferraro AM, Asafu-Adjei JK. What characteristics of nutrition and physical activity interventions are key to effectively reducing weight gainin obese or overweight pregnant women? A systematic review and meta-analysis. Obes Rev. 2017 Apr;18(4):385-399. doi: 10.1111/obr.12511. Epub 2017 Feb 8. Review
- World Health Organization (WHO). Obesity and overweight. Geneva 2014. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/
- NgM1, Fleming T1, Robinson M1et all. Global, regional, and national prevalence of overweight and obesity in children and adults during 1980-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013. 2014 Aug 30;384(9945):766-81. doi: 10.1016/S0140-6736(14)60460-8. Epub 2014 May 29.
- CatalanoP1, deMouzon SH1 Maternal obesity and metabolic risk to the offspring: why lifestyle interventions may have not achieved the desired outcomes. Int J Obes (Lond). 2015 Apr;39(4):642-9. doi: 10.1038/ijo.2015.15. Epub 2015 Jan 5.
- Goldstein RF, Abell SK, Ranasinha S, Misso M, Boyle JA, Black MH, Li N, Hu G, Corrado F, Rode L, Kim YJ, Haugen M, Song WO, Kim MH, Bogaerts A, Devlieger R, Chung JH, Teede HJ. Association of Gestational Weight Gain With Maternaland Infant Outcomes: A Systematic Reviewand Meta-analysis. JAMA. 2017 Jun 6;317(21):2207-2225. doi: 10.1001/jama.2017.3635
- International Weight Management in Pregnancy (i-WIP) Collaborative Group.Effect of diet and physical activity based interventions in pregnancy on gestational weight gain and pregnancy outcomes: meta-analysis of individual participant data from randomised trials. BMJ. 2017 Jul 19;358:j3119. doi: 10.1136/bmj.j3119. Review
- Agosti M, Tandoi F, Morlacchi L, Bossi A.Nutritional and metabolic programming during the first thousand days of life. Pediatr Med Chir. 2017 Jun 28;39(2):157. doi: 10.4081/pmc.2017.157.
- Banik A, Kandilya D, Ramya S, Stünkel W, Chong YS, Dheen ST.
Maternal Factors that Induce Epigenetic Changes Contribute to Neurological Disorders in Offspring. Genes (Basel). 2017 May 24;8(6).
- Salgin B, Norris SA, Prentice P, Pettifor JM, Richter LM, Ong KK, Dunger DB. Even transient rapid infancy weight gain is associated with higher BMI in young adults and earlier menarche. Int J Obes (Lond). 2015 Jun;39(6):939-44.
- Min J, Li Z, Liu X, Wang Y. The association between earlymenarche and offspring's obesity risk in early childhood was modified by gestational weight gain. Obesity (Silver Spring). 2014 Jan;22(1):19-23.
- Ronnberg A, Hanson U, Ostlund I, Nilsson K Effects on postpartum weightretention after antenatal lifestyle intervention - a secondary analysis of a randomized controlled trial. Acta Obstet Gynecol Scand. 2016 Sep;95(9):999-1007.
- Godoy AC, Nascimento SL, Surita FG A systematic review and meta-analysis of gestational weight gain recommendations and related outcomes in Brazil. Clinics (Sao Paulo). 2015 Nov;70(11):758-64.
- Nascimento SL, Surita FG, Godoy AC, Kasawara KT, Morais SS.Physical Activity Patterns and Factors Related to Exercise during Pregnancy: A Cross Sectional Study. PLoS One. 2015 Jun 17;10(6):e0128953
- Bogaerts A, De Baetselier E, Ameye L, Dilles T, Van Rompaey B, Devlieger R. Postpartumweight trajectories in overweight and lean women. Midwifery. 2017 Jun;49:134-141
- Brasil Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção de Saúde. Vigitel Brasil 2012. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília, 2013.
- Christenson A, Johansson E, Reynisdottir S, Torgerson J, Hemmingsson E Women's Perceived Reasons for Their Excessive PostpartumWeight Retention: A Qualitative Interview Study. PLoS One. 2016 Dec 9;11(12):e0167731.
- Phelan S,Phipps MG, Abrams B, Darroch F, Grantham K, Schaffner A, Wing RR. Does behavioral intervention in pregnancy reduce postpartum weight retention? Twelve-month outcomes of the Fit for Delivery randomized trial. Am J Clin Nutr. 2014 Feb;99(2):302-11.
- Vinter CA,Jensen DM, Ovesen P, Beck-Nielsen H, Tanvig M, Lamont RF, Jørgensen JS. Postpartum weight retention and breastfeeding among obese women from the randomized controlled Lifestyle in Pregnancy (LiP) trial. Acta Obstet Gynecol Scand. 2014 Aug;93(8):794-801.
- Rogozińska E, Marlin N, Yang F, Dodd JM, Guelfi K, Teede H, Surita F, Jensen DM, Geiker NRW, Astrup A, Yeo S, Kinnunen TI, Stafne SN, Cecatti JG, Bogaerts A, Hauner H, Mol BW, Scudeller TT, Vinter CA, Renault KM, Devlieger R, Thangaratinam S, Khan KS; i-WIP (International Weight Management in Pregnancy) Collaborative Group.Variations in reporting of outcomes in randomized trials on diet and physical activity in pregnancy: A systematic review. J Obstet Gynaecol Res. 2017 Jul;43(7):1101-1110.
Fernanda Garanhani de Castro Surita, Professora Livre-docente do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP
A ultrassonografia das mamas de rotina em mulheres com menos de 40 anos como rotina
Vou te pedir uma ultrassonografia das mamas para fazer prevenção porque você ainda não tem 40 anos para fazer mamografia.
Reconhece a frase acima? É um bom emprego da tecnologia?
Vamos examinar mais a fundo.
O que significa um exame de prevenção? Significa rastrear, fazer um exame em uma pessoa assintomática na tentativa de diagnosticar precocemente uma determinada doença presumindo que essa precocidade do diagnóstico torne o tratamento mais eficaz.
Também está implícito na frase que a paciente precisa de um exame, e como ela não está na idade de fazer mamografia, ela fará uma ultrassonografia.
Talvez o leitor concorde comigo que nas entrelinhas estão ainda duas informações subliminares: “mal não faz” e “não custa nada”.
Reflitamos.
O rastreamento de uma doença só está indicado se ficar comprovado o seu benefício. E não há nenhum dado na literatura que mostre benefícios em rastrear com ultrassonografia mamária uma população de mulheres de menos de 40 anos de risco normal (as pacientes com verdadeiro alto risco são um caso totalmente distinto). Portanto “prevenção do câncer” (seria melhor dizer rastreamento ou detecção precoce) em uma mulher de 30 anos assintomática e de risco normal com ultrassonografia mamária não pode ser uma indicação aceita.
A presunção de que deve ser pedido um exame de mama obrigatoriamente para que o atendimento ginecológico de uma paciente assintomática seja bem feito. O exame só deve ser pedido se houver um benefício. Sabemos da pressão que as pacientes fazem para que solicitemos exames. Quantas vezes não ouvimos a frase “mudei de médico porque ele não me pediu nenhum exame”. Mas não devemos ceder a essa pressão sem ao menos tentar explicar para a paciente a ausência do benefício. Há outras formas de demonstrarmos que nos preocupamos com a saúde das mamas da paciente: conversar sobre auto palpação, sobre o que ela deve fazer se tiver um nódulo palpável ou uma descarga papilar, realizar um exame físico cuidadoso e atento. Não podemos esquecer que a solicitação de um exame mal indicado cria nas pacientes coletivamente uma sensação de que esse exame deva ser pedido sempre, gerando uma falsa demanda para o exame. Desfazer um costume é mais difícil que impedir a sua criação.
Por último, examinemos as afirmativas “mal não faz” e “não custa nada”. Não há exame ou intervenção médica que não tenha potencialmente uma iatrogenia associada. Assim como a prescrição de um medicamento de baixo risco pode resultar, mesmo que raramente, em uma reação alérgica grave e a colheita de um simples hemograma pode levar a complicações como a flebite, a ultrassonografia mamária também tem riscos. O maior deles é o falso positivo. Biópsias desnecessárias, exames adicionais, angústias, e até tratamentos e cirurgias diagnósticas dispensáveis. O que intuitivamente é percebido como um “direito da paciente” (fazer o exame) pode na verdade se tornar uma iatrogenia (prejudicar a paciente). E o custo não é só médico-humano. Há, sim, um custo financeiro. Os sistemas de saúde já estão sob uma grande pressão pelo crescimento da chamada inflação médica. Há muitas causas para esse aumento dos custos, a maior delas sendo a incorporação de novas técnicas e tratamentos, mas seria de boa norma não adicionarmos a realização de exames mal indicados em larga escala. E de uma forma perversa o aumento de gastos com exames desnecessários em uma prestadora de serviços médicos irá levar à diminuição dos honorários pagos aos outros médicos, pois o montante a ser dividido nunca tem a elasticidade necessária.
Uma última reflexão. O aumento exponencial na demanda por ultrassonografia mamária exige a disponibilização de um grande contingente de ultrassonografistas. Não havendo condições que provê-los, esses exames passarão a ser feitos por profissionais menos bem preparados, diminuindo a chance de uma paciente que realmente precisa ser atendida por um ultrassonografista bem formado. A ultrassonografia mamária, em função da discreta diferença entre o tecido normal e o patológico, é um exame que tem uma curva de aprendizado particularmente longa.
Uma ressalva, estamos falando de moças assintomáticas. A paciente portadora de nódulo palpável deve receber uma abordagem totalmente diferente.
Sei que essas reflexões irão de encontro a costumes difícil de combater, pressões sociais, rotinas regionais. Mas, ainda que não seja possível reverter de imediato uma situação estabelecida, é mister conhecer esses argumentos para embasar uma mudança no dia em que ela se tornar possível.
Autor: Hélio Sebastião Amâncio de Camargo Júnior
AME SEUS OSSOS – PROTEJA SEU FUTURO
A osteoporose é uma doença esquelética sistêmica caracterizada por uma diminuição da resistência óssea e um risco aumentado de fraturas. As complicações clínicas da osteoporose incluem não só fraturas, mas também dor crônica, depressão, deformidade, perda da independência e aumento da mortalidade. Esta condição se tornou um importante problema de saúde pública em função da elevada morbidade e mortalidade decorrentes das fraturas osteoporóticas e porque sua prevalência e incidência aumentam dramaticamente à medida que experimentamos um aumento da expectativa de vida em todo o mundo.
O Dia Mundial da Osteoporose, comemorado em 20 de outubro de cada ano, é uma campanha anual dedicada à conscientização global para prevenção, diagnóstico e tratamento da osteoporose. Seu objetivo é colocar a prevenção da osteoporose e das fraturas associadas, na agenda global da saúde, pretendendo alcançar profissionais de saúde, os meios de comunicação, políticas públicas e o público em geral.
Medidas preventivas e hábitos de vida saudáveis podem fazer a diferença, como alimentação equilibrada e rica em nutrientes benéficos a massa óssea e atividade física regular, principalmente durante a infância e adolescência, quando ocorre o desenvolvimento dos ossos. Também é importante incentivar o reconhecimento de fatores de risco e a procura de serviços de saúde para realização de exames diagnósticos e instituição de tratamento, se houver necessidade.
O conhecimento e a conscientização sobre a osteoporose, assim como adoção de medidas de prevenção, diagnóstico precoce e instituição de tratamentos adequados poderão mudar o panorama desta grave doença no mundo.
CNE Osteoporose
FEBRASGO
PRESTAÇÃO DE CONTAS
Confira a seguir como a atual diretoria encaminha questões relevantes para a FEBRASGO e para seus associados
A FEBRASGO tem em seu DNA o objetivo de promover, apoiar e zelar pelo aperfeiçoamento técnico, científico e pelos aspectos éticos do exercício profissional de ginecologistas e obstetras, pautados pelo total respeito à saúde e bem-estar da mulher. Toda nossa atuação é pautada pelos princípios da Ética, Excelência, Credibilidade, Inovação, Transparência, Representatividade, Conhecimento e Respeito. A importância histórica da FEBRASGO é gigante, conforme destaquei nas questões anteriores. Em resumo, podemos dizer que atuamos com dedicação e convicção para garantir condições adequadas à boa medicina para nossos associados, além de remuneração justa, que priorizamos a capacitação de alto nível desde a graduação até extensão e a formação continuada, que trabalhamos em todas as esferas por qualidade na assistência à mulher e que somos uma força social viva, sempre pronta a perfilar em causas justas da saúde e da democracia.
DEFESA PROFISSIONAL
Por meio de sua Diretoria de Defesa Profissional, a FEBRASGO atua firmemente para defender os interesses dos ginecologistas e obstetras por remuneração adequada, condições dignas para o exercício da especialidade, além de prestar orientação sobre aspectos éticos-profissionais, entre outros pontos.
A Defesa Profissional visa também a criar condições de aplicabilidade do conhecimento científico produzido e divulgado ao associado e promover condições de remuneração adequada para o exercício da especialidade.
Desta forma, a FEBRASGO se relaciona com instituições em âmbito nacional, como a Associação Médica Brasileira (AMB), o Ministério da Saúde-Conitec, a Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Conselho Federal de Medicina (CFM-Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia), o Ministério Público Federal, a Justiça Federal, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEM), e o Poder Legislativo Federal, entre outras.
DEFESA II
A FEBRASGO tem participado das audiências públicas para incorporação de procedimentos no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar, lidera a luta por revisão da valoração dos auxiliares de cirurgia, por qualidade no ensino médico, graduação, residência médica, pós-graduação e contra a abertura indiscriminada de novos cursos.
Entre muitas outras frentes, atualmente prepara uma série de recomendações sobre temas controversos para orientar e oferecer mais segurança ao tocoginecologista.
A divulgação dessas recomendações ocorrerá em outubro, compreendendo uma pauta de cinco assuntos recorrentes, em especial na mídia, como violência obstétrica, episiotomia, parto domiciliar, disponibilidade obstétrica e cuidados na assistência ao parto.
O objetivo é informar os ginecologistas e obstetras sobre como proceder em certas situações, inclusive com medidas práticas para se resguardar no exercício da profissão e para garantir assistência adequada/segurança às pacientes.
Esse material também merecerá ampla divulgação no XXII FIGO (Congresso Mundial de Ginecologia e Obstetrícia), que ocorrerá no Rio de Janeiro, de 14 a 19 de outubro.
PLANEJAMENTO
Trabalhamos com indicadores de gestão e, nos últimos anos, investimos bastante na qualificação de nossos processos administrativos. A atual diretoria trabalha com base em pontos como austeridade, investimento seguro e resultados. Recentemente, em assembleia geral realizada em São Paulo, em 16 e 17 de junho, foi decidida e aprovada a concentração do gerenciamento, e consequentemente da gestão executiva da Febrasgo, na cidade de São Paulo, onde atualmente funciona o escritório ocupado pela presidência.
Motivaram a mudança uma série vantagens nos quesitos gestão, qualificação da administração e de recursos humanos, a agilidade em decisões, a redução de custos de processos e a melhor relação investimentos/benefícios.
Assim, os projetos especiais, relação com os parceiros, suporte à Diretoria, entre outros, ocorrerão em São Paulo. Já temos um staff de alto nível atuando no escritório de São Paulo, com resultados importantes e facilidade de acesso a nossos principais, fornecedores, parceiros e à Academia em geral. Desta forma, vamos ganhando a cada dia em captação, maior rapidez em processos, além de economia nas contas gerais.
QUADRO SOCIETÁRIO
Temos 15 mil associados e uma política permanente para captação de novos associados-retorno de ex-sócios. A FEBRASGO é uma das maiores sociedades de especialidades do Brasil, sendo que a adesão é espontânea. Mesmo já sendo uma instituição gigante, queremos crescer mais, sempre.
PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA
Na atual gestão, mantivemos o Congresso Brasileiro bianual itinerante até 2019. Após 2021 haverá congressos fixos no Rio de Janeiro, alternado com jornadas regionais em anos pares. Este ano teremos o Congresso Mundial da FIGO (Federação internacional de Ginecologia e Obstetrícia) entre nós. Ele se realizará na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 14 e 19 de outubro próximo. Tem periodicidade trienal. Será a XXII edição do congresso no mundo. Volta ao Brasil depois de 30 anos. Sua última edição em nosso país foi em 1988 presidido pelo saudoso professor Aristodemo Pinotti. Este é o maior congresso mundial na área de nossa especialidade. Devemos ter aproximadamente 10.000 congressistas entre brasileiros e estrangeiros. A programação do congresso contará com alguns dos maiores nomes da especialidade no mundo e, por esta razão será um marco para o nosso país e para a Febrasgo que exerce um protagonismo em sua organização e se sente muito orgulhosa de receber evento de tamanha magnitude em nosso país. É uma oportunidade impar de assistirmos em nossa terra este congresso mundial de Ginecologia e Obstetrícia realizado pela FIGO
PUBLICAÇÕES
Temos programas atualização científica, além de muitos outros de fortalecimento da Ginecologia e Obstetrícia. Só para ficar em tempos recentes, destaco que, de 2016 até agora, colocamos em pé os seguintes projetos: 1º Planejamento Estratégico da FEBRASGO; implantação de novas ferramentas digitais; prova de área de atuação em Reprodução Assistida; mudança do projeto gráfico da Revista Femina; reposicionamento da revista RBGO toda em inglês; mudança na prova prática do TEGO; criação da matriz de competências; protocolo sobre rastreamento de câncer de colo do útero em parceria com o Ministério da Saúde; lançamento de mais de 20 livros das Séries Orientações e Recomendações FEBRASGO ; produção de 120 Protocolos Assistenciais e do Tratado de Ginecologia e Obstetrícia 2018; criação do Teste de Progresso Individual, para mapear a qualidade da formação de nossos residentes.
GESTÃO
O futuro da FEBRASGO é traçado conforme nosso estatuto estabelece: as principais decisões são fruto de amplo debate e deliberação em assembleia ordinária. No dia a dia, a Diretoria e nosso quadro de gestores executivos analisam e encaminham as demais demandas levando em consideração a política geral de austeridade, segurança ao investir e resultados. Zelamos demais pelo patrimônio dos sócios e pela imagem da Ginecologia e Obstetrícia do Brasil.
REGISTROS
A Febrasgo é cuidadosa com seu passado, presente e futuro. Daí investir tanto em iniciativas para garantir a excelência da nossa Ginecologia e Obstetrícia, como o TEGO, o título de especialista em GO. Toda a trajetória científico-política faz parte dos nossos anais, hoje em bases eletrônicas, pois uma história de tamanha importância social e política tem de ser preservada para o sempre, é um patrimônio de nossos associados e de todos os especialistas do Brasil.
FEBRASGO - 59 ANOS
Um pouco da história da maior associação de Ginecologia e Obstetrícia da América Latina, que, em 2019 comemorará seis décadas em defesa da especialidade, de seus especialistas e da saúde da mulher
A FEBRASGO foi criada em 1959, mas exatamente em 30 de outubro. A fundação ocorreu na sede da Associação Médica de Minas Gerais, em Belo Horizonte, durante a XI Jornada Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. O nascimento de nossa Federação foi fruto do trabalho e da união, de colegas visionários, como Alberto Henrique Rocha (MG), Lucas Machado (MG), Hermínio Ferreira Pinto (MG), José Gallucci (SP), Cosme Guarnieri Netto (SP), Hugo Maia (BA), Adeodato Filho (BA), Adelmo Botto (BA), Antonio de Sá Leitão (PE), Alberico Câmara (PE), Mario Kamnitzer (RJ), João Paulo Rieper (RJ), Campos da Paz Filho (RJ), Fernando Machado Moreira (RS), Domício Pereira da Costa (PR), Etelvino Cunha (RN) e João Emílio de Macedo (PA), entre outros. Na oportunidade foi eleito presidente da Diretoria Provisória Alberto Frância Martins (SP). Aliás, no 30 de outubro, dia da fundação da FEBRASGO, comemoramos o Dia Nacional do Ginecologista e Obstetra.
A primeira reunião da Diretoria aconteceu em 15 de abril de 1960, na residência do presidente, à Rua Honduras, 280, São Paulo, onde foram eleitos os demais membros da Diretoria, por aclamação. Ficou assim constituída: Onofre de Araújo (SP) – vice-presidente, Waldemar de Souza Rudge (SP) – secretário geral, José Gallucci (SP) – tesoureiro e Cosme Guarnieri Netto (SP) – secretário adjunto.
AVANÇOS
Hoje a FEBRASGO é uma das sociedades científicas mais respeitadas e de maior credibilidade do mundo, tanto no campo científico quanto na defesa profissional. É admirada por sua postura ética e científica na educação continuada permanente.
O presidente César Eduardo Fernandes, comenta que a trajetória da Federação sempre foi focada em busca de avanços para os ginecologistas-obstetras e para a assistência em saúde à mulher. Mas também lembra que houve uma série de percalços, em especial no campo político, que exigiu uma postura firme e resiliente.
“Passamos por uma Ditadura no Brasil, época que mostramos resistência e segurança de propósitos. Depois, com o movimento das Diretas, a eleição de Tancredo e instauração da Assembleia Nacional Constituinte, participamos dos principais debates relacionados à saúde que redundaram em nossa Carta Magna e na criação do SUS, o Sistema Único de Saúde, garantindo a possibilidade de o brasileiro ter acesso a atendimento universal, integral e de qualidade”.
Já no universo científico, a atuação de excelência da FEBRASGO chama a atenção de organismos internacionais dos quais é parceira preferenciais: FIGO, FLASOG, OPS/OMS, UNICEF; de organismos governamentais: Ministério da Saúde e Ministério da Educação, e por aí segue.
Muito foi conquistado nestes 59 anos e muito ainda por fazer, pois a estrada é longa. Com o trabalho, a seriedade, a competência e a dedicação dos dirigentes e com o apoio dos associados, cada vez mais a FEBRASGO se fortalece e é preponderante para a saúde da mulher.
Prêmio Nobel da Paz vai para ativista yazidi e médico congolês
O Prêmio Nobel da Paz de 2018 foi concedido hoje (5) a uma dupla considerada exemplo de esforços para para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerras e conflitos armados. O congolês Denis Mukwege e a ativista do povo yazidi Nadia Murad são os agraciados este ano.
“Cada um deles à sua maneira ajudou a dar maior visibilidade à violência sexual em tempo de guerra, de modo que os perpetradores possam ser responsabilizados por suas ações”, diz o texto oficial da Academia do Prêmio Nobel, na Suécia. O prêmio reconhece a maior contribuição para a paz mundial.

Médico ginecologista, Denis Mukwege atua nos cuidados e na defesa das vítimas de violência e abuso sexual. Já Nadia Murad, da minoria yazidi perseguida em vários países, é considerada testemunha dos abusos. Ela foi escrava sexual no Iraque.
Indicados
A lista de indicados é mantida em sigilo, daí a dificuldade em saber exatamente quem são. Porém, foi informado que, neste ano, houve 311 concorrentes: 216 pessoas e 115 organizações.
Os nomes dos líderes coreanos Kim Jong-Um, da Coreia do Norte, e Moon Jaen-in, da Coreia do Sul, integraram a lista, assim como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
Outra organização cotada foi a União Americana pelas Liberdades Civis (em inglês ACLU) pela defesa das liberdades individuais e, principalmente, dos imigrantes e refugiados nos Estados Unidos.
Histórico
O primeiro Nobel da Paz foi entregue em 1901. Já receberam a premiação líderes internacionais envolvidos na resolução de conflitos internacionais, como Shimon Peres, Yasser Arafat e Yitzhak Rabin, em 1994.
Temas ambientais, de direitos humanos e combate à pobreza também estiveram entre os assuntos de destaque do Nobel da Paz. No ano passado, a Campanha Internacional pela Abolição de Armas Nucleares recebeu o prêmio.
Fonte: Renata Giraldi - Repórter da Agência Brasil (Brasília) / http://www.ebc.com.br/
Posição da FEBRASGO sobre o Tratamento de "Modulação Hormonal" para o Antienvelhecimento
A FEBRASGO, através da sua Comissão Nacional Especializada (CNE) de Climatério, vem à presença dos seus associados e da comunidade em geral para informar acerca de sua posição referente ao julgamento da segunda turma do tribunal regional federal da 5ª região sobre o tratamento de “modulação hormonal” para o antienvelhecimento.
Constam nesta publicação, para melhor compreensão, a posição do Conselho Federal de Medicina, o julgamento da segunda turma do tribunal regional federal da 5ª região e, finalmente, a posição da Febrasgo.
I. Posição do Conselho Federal de Medicina CFM:
Segundo o publicado na página do CFM,“verifica-se que, segundo o Conselho Federal de Medicina a falta de evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não permitem o uso de terapias hormonais, com o objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento”. Ainda no site, o magistrado explica que o CFM entendeu que a chamada “terapia antienvelhecimento” oferece risco à saúde da população, motivo pelo qual editou o ato normativo impugnado.
A Resolução:
No site do CFM está detalhada a Resolução 1999/2012. Seguem alguns pontos de destaque (para ver na íntegra, clique aqui).
Médicos que prescreverem métodos para deter o envelhecimento podem ser punidos com até com a perda do registro profissional.
Médicos brasileiros que prescreverem terapias com objetivo específico de conter o envelhecimento, práticas conhecidas como “anti-aging”, estarão sujeitos às penalidades precisas em processos éticos.
Ficam vedados o uso e divulgação dos seguintes procedimentos e respectivas indicações da chamada medicina antienvelhecimento:
I. Utilização do ácido etilenodiaminatetraacetico (EDTA), procaína, vitaminas e antioxidantes referidos como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para o tratamento de doenças crônico- degenerativas;
II. Quaisquer terapias antienvelhecimento, anticâncer, anti-arteriosclerose ou voltadas para doenças crônico-degenerativas, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados;
III. Utilização de hormônios, em qualquer formulação, inclusive o hormônio de crescimento, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra vidências de benefícios cientificamente comprovados;
De acordo com a Resolução CFM 1999/2012, a reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada e que tenham benefícios cientificamente comprovados:
IV. Tratamentos baseados na reposição, suplementação ou modulação hormonal com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou reverter o processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
V. A prescrição de hormônios conhecidos como “bioidênticos” para o tratamento antienvelhecimento, com vistas a prevenir, retardar e/ou modular processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
VI. Os testes de saliva para dehidroepiandrosterona (DHEA), estrogênio, melatonina, progesterona, testosterona ou cortisol utilizados com a finalidade de triagem, diagnóstico ou acompanhamento da menopausa ou a doenças relacionadas ao envelhecimento, por não apresentar evidências científicas para a utilização na prática clínica diária.
II. Publicação da segunda turma do tribunal regional federal da 5ª região:
A Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região - TRF5 negou, por unanimidade, a apelação contra a Resolução Nº1999/2012) , do Conselho Federal de Medicina (CFM). Essa resolução do CFM (Nº1999/2012), combate a prática da reposição hormonal “anti-aging” sem comprovação científica e com objetivo de retardar, modular ou prevenir o processo de envelhecimento. Ela fora questionada judicialmente por uma Associação, que impetrou ação civil coletiva (no Juízo da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará - SJCE), com o intuito de que o CFM fosse determinado a se abster de aplicar a Resolução aos médicos filiados à associação. Desta maneira permanece reconhecido o direito que tem o CFM de regular e impedir a prática, que vinha sendo intitulada por alguns de “modulação hormonal”.
III. Posição da Febrasgo:
A FEBRASGO, através da CNE de Climatério informa que estas práticas denominadas de “anti-aging” ou “modulação hormonal”, carecem de evidências científicas. Esclarece ainda que estas práticas proscritas de antienvelhecimento, não devem ser confundidas com a terapia hormonal do Climatério (TH), que continua sendo, respeitadas assuas contraindicações, o tratamento de escolha para os sintomas da menopausa com suas eficácia e segurança conhecidas e aceitas pela comunidade científica e sociedades de especialidade em todo mundo. ( , , )
Referências Bibliográficas:
[1] Resolução 1999/2012 CFM- acessível - http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&id=23324 . acessado em 24/10/2018.
[1] The 2017 hormone therapy position statement of The North American Menopause Society. Menopause. 2017;24(7):728-53.
[1] ACOG Practice Bulletin No. 141: management of menopausal symptoms. Obstet Gynecol. 2014;123(1):202-16.
[1] Baber RJ, Panay N, Fenton A, Writing IMS. 2016 IMS Recommendations on women ’ s midlife health and menopause hormone therapy. Climacteric. 2016 Apr;19(2):109-50.