RECOMENDAÇÃO FEBRASGO EM RELAÇÃO À PRÁTICA DENOMINADA “CESARIANA ASSISTIDA PELA MÃE”, DO INGLÊS “MATERNAL ASSISTED CAESAREAN SECTION – MAC”
Matérias na imprensa vem chamando atenção a uma prática denominada “cesariana assistida pela mãe”, com a sigla MAC, do termo em inglês Maternal Assisted Caesarean Section.
Consiste na participação da própria mãe no procedimento cirúrgico, tirando o filho do útero e levando-o até o seu peito. O objetivo seria proporcionar uma experiência mais inclusiva.
Contudo, cabe alertar que esse é um procedimento sem evidências significativas de sua segurança. Não encontra amparo em protocolos, recomendações ou estudos bem desenhados.
Potencialmente, as complicações da cesariana podem aumentar em número e gravidade, tais como:
- Infecções;
- Tempo cirúrgico aumentado;
- Perda de sangue;
- Aumento das incisões;
- Lesões em outros órgãos;
- Atraso na avaliação e assistência neonatal;
- Maior consumo de material e aumento do custo do procedimento.
Existem práticas mais seguras que podem ser adotadas durante a cesariana, visando o nascimento respeitoso e a melhora do vínculo com o recém-nascido.
Chamamos a atenção a alguns itens do código de ética médica, que podem ser infringidos em casos de divulgação ou realização de procedimentos médicos não reconhecidos cientificamente. Em havendo desfechos indesejados o obstetra não estará protegido pelo Código de Ética Médica, conforme os artigos:
É vedado ao médico:
Art. 1º Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência. Parágrafo único. A responsabilidade médica é sempre pessoal e não pode ser presumida.
Art. 2º Delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivas da profissão médica.
Art. 14. Praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação vigente no País.
Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, ...
Art. 112. Divulgar informação sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico.
Art. 113. Divulgar, fora do meio científico, processo de tratamento ou descoberta cujo valor ainda não esteja expressamente reconhecido cientificamente por órgão competente.
A Febrasgo recomenda que a prática denominada “cesariana assistida pela mãe” não seja realizada fora de estudos clínicos aprovados.
Ginecologistas e Obstetras têm papel fundamental na identificação da violência contra a mulher, diz Diretora da FEBRASGO
O Brasil é um dos países com maior número de feminicídios e a atuação dos profissionais da saúde pode auxiliar no combate desse problema
A violência contra a mulher é um grave problema que persiste tanto no Brasil quanto no mundo, e se manifesta de diversas formas, desde assédio moral até homicídio. Diante desta preocupante realidade, os profissionais da saúde têm um papel fundamental na identificação e combate à violência contra a mulher. Em especial, os ginecologistas e obstetras, como médicos da mulher, devem ser capacitados para atuar de forma adequada e efetiva.
De acordo com a médica e Diretora de Valorização e Defesa Profissional da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), Dra. Maria Celeste Osório Wender, conhecer mais profundamente os mecanismos e formas de violência contra a mulher é o primeiro passo para uma atuação responsável. "Nós devemos agir e amparar essas mulheres na identificação dessa violência e na capacitação para as tomadas de decisões", ressalta a especialista da Federação. A capacitação e o conhecimento permitem que o médico atue desde a escuta adequada até o encaminhamento inter setorial das vítimas.
O Brasil teve mais de 31 mil denúncias de violência doméstica ou familiar contra as mulheres até julho de 2022, e estudos apontam que mulheres em situação de violência procuram ajuda de profissionais de saúde 35 vezes mais do que apresentam queixas à Secretaria de Segurança Pública. Por isso, é essencial que os ginecologistas e obstetras estejam preparados para acolher e apoiar essas mulheres, garantindo a devida notificação dos casos e encaminhamento para serviços adequados.
De acordo com um levantamento do Fórum de Segurança Pública, no primeiro semestre de 2022, 699 mulheres foram vítimas de feminicídio no país. O Brasil está entre os países com maior número de feminicídios no mundo, demonstrando a urgência de discutir e desconstruir os discursos que sustentam essa prática violenta.
A Lei Maria da Penha, que enumera os principais tipos de violência contra as mulheres, deve ser amplamente conhecida e aplicada na prática médica, incluindo violência física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.
“A atenção às vítimas de violência não se restringe apenas àquelas com marcas visíveis no corpo, muitas vezes, as queixas podem estar disfarçadas em sintomas variados, como ansiedade, dor crônica sem explicação, infecções sexualmente transmissíveis e outros sinais relacionados à saúde reprodutiva, o ginecologista e obstetra desempenha um papel crucial ao identificar e acolher essas pacientes”, conclui a Diretora da FEBRASGO.
Bebês que são amamentados pelo leite materno têm 33% menos risco de morrer no primeiro ano de vida
O aleitamento materno é uma fonte de alimento segura, apropriada, barata e eficaz
O leite materno é amplamente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o "alimento de excelência" para os bebês. A analogia com o "padrão ouro" enfatiza sua qualidade superior e importância para o desenvolvimento saudável dos recém-nascidos. Agosto Dourado é o mês dedicado à importância do leite materno como a principal e mais completa forma de nutrição para os bebês.
De acordo com um estudo publicado pela American Journal of Preventive Medicine, bebês que são amamentados têm 33% menos risco de morrer no primeiro ano de vida, segundo levantamento feito com cerca de 10 milhões de crianças nascidas nos Estados Unidos entre 2026 e 2018.
Para a Dra. Silvia Regina Piza, presidente da Comissão Nacional Especializada em Aleitamento Materno da FEBRASGO, a amamentação é um processo importante tanto para o bebê quanto para a mãe. “O aleitamento materno é fundamental para a nutrição do recém-nascido, pois ele previne as principais causas de mortalidade infantil, a desnutrição, infecção, diarreia e ainda outras afecções que podem acometer crianças recém-nascidas ou na primeira infância”, pontua a obstetra.
“Em relação ao benefício materno, o aleitamento impacta de forma positiva a saúde da mulher que amamenta, reduzindo as complicações no pós-parto, favorecendo o retorno à condição pré-gravídica mais rápido, diminuindo o sangramento pós-parto e prevenindo o desenvolvimento de cânceres, como o de mama”, adiciona.
O aleitamento materno também pode ser eficaz na prevenção de doenças da vida adulta, como cânceres, doenças gastrointestinais, hipertensão, diabetes, obesidade, entre outras, segundo a Dra. Silvia. Além disso, afeta a saúde emocional do bebê e da mãe. “O vínculo que se forma e a afetividade durante a fase do aleitamento também produz seres humanos mais estáveis emocionalmente”, conclui a médica.
A orientação é que as crianças sejam amamentadas até 2 anos de vida, sendo que nos 6 primeiros meses devem ingerir exclusivamente o leite materno, não há necessidade de chá, suco, água, e após esse período inicia-se o processo de introdução alimentar.
Em um cenário atual de insegurança alimentar, a amamentação é uma garantia de alimentação segura e adequada para milhares de crianças no Brasil e no mundo. O aleitamento materno é uma fonte de alimento segura, apropriada, barata, eficaz e econômica. Dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a amamentação está vinculada à boa nutrição, à segurança alimentar e à redução de desigualdades.
Amamentação via Fórmulas
A especialista da Febrasgo explica que quando o aleitamento materno é impossibilitado ou a mãe opta pelo aleitamento artificial existem riscos significativos para a criança em todos os aspectos devido à composição das fórmulas. Embora algumas dessas fórmulas sejam consideradas excelentes e se aproximem bastante do leite materno, elas não são exatamente iguais em sua composição.
Mesmo para mães com um nível social adequado, a utilização de fórmulas pode oferecer um alimento seguro e mais adequado em termos de higienização e manuseio, mas ainda assim, há riscos envolvidos. A falta de amamentação materna pode quebrar o vínculo materno com o bebê, o que é essencial para o desenvolvimento emocional e psicológico saudável da criança.
O uso de bicos artificiais também pode levar a alterações no palato e na dicção da criança, especialmente quando utilizados por períodos mais prolongados, predispondo-a a um risco maior de obesidade infantil e outros problemas de saúde ao longo da vida. A amamentação também é importante para a interação com o sistema imunológico e a formação do microbioma, o que pode influenciar no desenvolvimento de doenças tanto na primeira infância quanto na vida adulta.
“As fórmulas frequentemente apresentam problemas como questões de alergia e falta de imunidade, uma vez que não conseguem proporcionar todos os benefícios imunológicos passados pelo leite materno. Isso pode deixar as crianças mais suscetíveis a doenças comuns nessa fase da vida, como diarreia e desidratação, o que pode levar a internações e outros problemas evitáveis”, alerta.
A amamentação é um processo natural e fundamental para o desenvolvimento saudável da criança, e os substitutos do leite materno, apesar de úteis em algumas situações, não conseguem reproduzir integralmente seus benefícios e podem acarretar riscos e complicações desnecessárias.
Alimentação da Lactante
É de extrema importância ressaltar o impacto de uma alimentação saudável para a lactante no contexto do aleitamento materno. A hidratação é um aspecto fundamental, assim como uma dieta equilibrada, incluindo frutas, verduras e legumes frescos e higienizados, bem como proteínas provenientes de fontes animais, como carnes, frangos, ovos e peixes.
Além disso, tem sido recomendada a suplementação de micronutrientes nessa fase, como ferro, vitamina D, vitaminas do complexo B e ômega, pois esses nutrientes desempenham um papel crucial no desenvolvimento da criança e no fortalecimento do sistema imunológico. Micronutrientes como selênio e zinco também desempenham um papel importante na resposta imunológica, e a suplementação adequada tem sido recomendada para garantir que esses nutrientes sejam fornecidos em quantidade suficiente.
Por outro lado, é essencial evitar o consumo de álcool e alimentos altamente alergênicos. Alimentos multiprocessados, contendo corantes e aditivos artificiais, assim como salsicha, mortadela e alimentos muito condimentados, devem ser evitados para garantir a saúde da lactante e do bebê.
Consulta jurídica realizada pela FEBRASGO recebe parecer técnico favorável do CFM
O parecer conclui que o implante do contraceptivo Implanon® deve ser realizado exclusivamente por médicos
Um parecer técnico emitido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) concluiu que a inserção e retirada do implante contraceptivo Implanon® devem ser atos privativos de médicos, não podendo ser realizados por outros profissionais da área da saúde.
O parecer foi solicitado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e destaca a importância de profissionais médicos capacitados para executar esse procedimento invasivo, que apresenta riscos tanto na inserção quanto no decorrer da ação de retirada.
O Implanon® é um contraceptivo subdérmico de etonogestrel, um anticoncepcional em forma de bastão que é colocado logo abaixo da pele do braço, liberando o hormônio progesterona. Comercializado no Brasil há mais de vinte anos, é um método reversível que perde sua eficácia assim que é retirado, e não prejudica gestações futuras. Sua principal ação é inibir a ovulação, garantindo uma eficácia elevada.
O Conselho Federal de Medicina e a FEBRASGO reforçam a importância da orientação médica para a escolha do melhor método contraceptivo, sempre levando em conta as características e necessidades individuais de cada paciente.
Acesse aqui o parecer do CFM completo: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/pareceres/BR/2023/2
Hepatite viral: FEBRASGO reforça a importância da prevenção no combate à doença
No Brasil, mais de 700 mil casos foram notificados entre os anos 2000 e 2022
De acordo com dados do Ministério da Saúde foram notificados 750.651 casos de hepatites virais no Brasil entre os anos 2000 e 2022 no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) reporta que mais de 1,4 milhões de mortes por ano acontecem devido a complicações dessa doença.
Segundo o médico ginecologista e presidente da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), Geraldo Duarte, as hepatites virais mais comuns no Brasil são causadas pelos vírus A, B e C. “A hepatite do tipo A, classicamente de transmissão fecal-oral, acomete preferentemente crianças em comunidades com deficientes recursos sanitários. A hepatite do tipo B, de transmissão sanguínea, sexual e vertical, possui taxa média de transmissão vertical de 80% em sua fase aguda e de 8% em sua fase crônica”
Já a hepatite C é transmitida principalmente por contato direto com sangue contaminado, como compartilhamento de agulhas e objetos perfurocortantes, transfusões de sangue que ocorreram antes de 1992 e transmissão vertical (de mãe para filho). “A hepatite do tipo C tem uma característica curiosa, quando associada ao vírus do HIV a taxa de transmissão vertical passa a ser, em média, de 18%”, informa o médico.
Sintomas
Os sintomas das hepatites virais podem variar de leve a grave e incluem fadiga, dores abdominais, náuseas, vômitos, perda de apetite, icterícia (coloração amarelada da pele e olhos), urina escura e fezes claras. Algumas pessoas podem ser assintomáticas, o que dificulta o diagnóstico sem exames médicos específicos.
Prevenção
A prevenção das hepatites virais envolve medidas simples, mas eficazes, como: vacinação contra a hepatite A e hepatite B que estão disponíveis e são altamente recomendadas. “Elas são seguras, eficazes e ajudam a prevenir a disseminação dos vírus”, diz Dr. Geraldo.
O uso de preservativos também é recomendado pois a hepatite B é transmitida por contato sexual. O uso correto e consistente de preservativos é fundamental para prevenir a infecção. Higiene pessoal também é importante, lavar as mãos regularmente, especialmente antes das refeições e após usar o banheiro, é uma medida essencial para prevenir a hepatite A e a disseminação de outros vírus.
Em caso do uso de agulhas, seringas, lâminas de barbear, e objetos perfurocortantes, deve-se sempre optar por versões descartáveis para evitar o compartilhamento de fluídos corporais, prevenindo assim a transmissão das hepatites B e C.