Revistas

Março Amarelo: 30 a 50% das mulheres com a Endometriose podem apresentar infertilidade

FEBRASGO alerta que a doença  pode ser assintomática e afetar diversas regiões do organismo

 

O mês de março é dedicado à campanha do Março Amarelo, que visa promover a conscientização sobre a endometriose. A doença pode ser assintomática e impactar várias regiões do organismo. De acordo com informações do Ministério da Saúde, estima-se que 8 milhões de mulheres enfrentam endometriose no Brasil. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) reforça que a  condição é frequentemente uma causa de infertilidade, afetando até 30 a 50% das mulheres com endometriose.

 

A Dra. Helizabet Salomão, membro da Comissão de Endometriose da FEBRASGO, explica que devido à natureza inflamatória da doença, ela cria um ambiente adverso na pelve, podendo dificultar a fertilidade. Além disso, também pode afetar os ovários, prejudicando a ovulação e, em alguns casos, sendo uma possível causa de trabalho de parto prematuro.

 

A especialista esclarece que a endometriose é uma condição inflamatória benigna caracterizada pelo crescimento do endométrio (tecido que reveste o útero) fora deste órgão. Ao longo da vida reprodutiva da mulher, as células do endométrio que revestem o útero descamam a cada menstruação. Os sintomas mais comuns da endometriose incluem cólicas menstruais incapacitantes (aquelas que não melhoram com analgésicos via oral e que interferem nas atividades diárias usuais) e dor durante a relação sexual (dispareunia), dificuldade de engravidar, dores ao urinar ou ao evacuar. “Entre os sinais de risco estão menarca precoce, menopausa tardia, filhas de mulheres que já tiveram endometriose, alguns fatores imunológicos e anti apoptóticos”, alerta.

 

O diagnóstico definitivo da endometriose é obtido por meio da análise de tecido proveniente de uma biópsia de um órgão afetado. Entretanto, nem sempre é viável ou aconselhável realizar esse exame. Frequentemente, o tratamento é iniciado com base na forte suspeita gerada pelos sinais e sintomas, em conjunto com uma história clínica compatível e outros exames menos invasivos. Reconhece-se cada vez mais que a identificação de lesões características durante a laparoscopia pode proporcionar um diagnóstico.

 

“Em primeiro lugar, consulte seu ginecologista em caso da presença dos principais sintomas. O diagnóstico é feito levando em consideração uma combinação de fatores: a queixa clínica de cólica menstrual incapacitante e/ou dor durante a relação, a dor identificada no exame físico, e as descobertas suspeitas reveladas por meio de ressonância pélvica ou ultrassom transvaginal para mapeamento de endometriose. O diagnóstico definitivo é obtido por meio do exame anatomopatológico das peças cirúrgicas analisadas após a cirurgia”, explica a Dra. Helizabet Salomão .

 

Tratamento

 

A especialista da FEBRASGO explica que o tratamento medicamentoso, utilizando hormônios e anti-inflamatórios, pode aliviar a dor da paciente. No entanto, nos casos de endometriose profunda, a opção preferencial é o tratamento cirúrgico minimamente invasivo, que visa a remoção de todos os focos da doença. O tratamento medicamentoso complementar após a cirurgia tem como objetivo reduzir a recorrência da doença. Além disso, destaca-se a importância do tratamento multidisciplinar, que inclui apoio psicológico, atividade física e controle nutricional, ganhando cada vez mais destaque nessa jornada.

 

Inchaço abdominal

 

A Dra. Márcia Mendonça, vice-presidente da Comissão de Endometriose da FEBRASGO, destaca que o inchaço abdominal pode estar relacionado a alterações intestinais e associado a outras condições, como a síndrome do intestino irritável, que é uma causa frequente de dor abdominal associada à endometriose. O tratamento com medicamentos e a adaptação da dieta geralmente apresentam resultados positivos. Existem, inclusive, formulações hormonais que combatem a retenção hídrica e podem ser utilizadas com segurança no tratamento da endometriose.

 

“A utilização de medicamentos hormonais é frequente no tratamento da endometriose, e em alguns casos, pode resultar em retenção de líquidos. Contudo, o inchaço facial não é uma ocorrência comum. Em caso de qualquer sintoma, no entanto, a avaliação médica personalizada é essencial”, enfatiza a médica.

Dengue na gestação aumenta o risco de mortalidade materna

Ginecologistas e obstetras devem ficar atentos aos sintomas e diagnósticos diferenciais. Hidratação e avaliação diária da paciente são cuidados fundamentais.

Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde

 
Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado crescimento significativo do número de casos de dengue, sinalizando a possibilidade de mais um pico epidêmico da doença. Embora esse aumento seja comum no mês de abril, a curva epidemiológica indica que os números foram antecipados para janeiro e fevereiro, notadamente após o período do Carnaval.

Nesse cenário preocupante, as gestantes merecem atenção redobrada, pois o risco de hospitalizações é maior em relação às mulheres sem a infecção, principalmente quando elas adquirem a infecção no último trimestre da gravidez. “Casos de dengue hemorrágica aumentam em mais de 400 vezes o risco de morte materna e em 27 vezes quando a gestante apresenta apenas sinais de gravidade”, afirma o Dr. Antônio Braga Neto, coordenador estadual da Área Técnica da Saúde das Mulheres do Rio de Janeiro e membro do Grupo de Trabalho sobre Dengue na Gestação criado recentemente pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Entre as possíveis razões para a alta taxa de letalidade está a demora no atendimento da gestante com dengue. Demora essa que pode ser causada tanto por parte do profissional em fazer o diagnóstico, quanto da mulher em buscar o atendimento. “Assim, na presença de febre associada a pelo menos outros dois sintomas, como mialgia, exantema, dor retro-orbital, náuseas, vômitos e diarreia, deve ser considerado suspeita de dengue”, avisa Dr. Antônio.

Dr. Regis Kreitchmann, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Doenças Infectocontagiosas da Febrasgo e coordenador do GT sobre Dengue na Gestação da Febrasgo, explica que toda gestante com sintomas suspeitos de dengue já é caracterizada no grupo B da doença. “Ela deve passar por uma avaliação médica e receber hidratação oral imediata, enquanto aguarda o resultado do hemograma e do teste de diagnóstico. Já a hidratação endovenosa deve ser feita em pacientes dos grupos C e D, que apresentam sinais de alarme indicando maior gravidade da doença com necessidade de hospitalização, como aumento progressivo de hematócrito, sangramento de mucosas, dor abdominal intensa, entre outros”, disse Dr. Regis.

 

Ele salienta ainda que as gestantes com suspeita de dengue devem ser avaliadas diariamente até 48 horas após o desaparecimento da febre, mantendo sempre a hidratação oral ou intravenosa, conforme a gravidade. “Não existe tratamento específico para a dengue. As condutas médicas dependerão do grau de gravidade da doença, mas o primeiro procedimento é hidratar”, ressalta. Dr. Regis.

“Outro cuidado fundamental é controlar a febre da gestante, evitando que ela desenvolva trabalho de parto pré-termo. Com a conduta adequada, a grande maioria das pacientes evolui para melhora clínica, mas como não é possível saber quem vai melhorar, é imprescindível fazer o diagnóstico de todas as gestantes com sintomas suspeitos e acompanhar a evolução clínica da doença”, ressalta o Dr. Geraldo Duarte, vice-presidente da CNE de Doenças infectocontagiosas e membro do GT sobre Dengue na Gestação.

Diagnósticos diferenciais

Suspeitar de outras doenças que apresentam sintomas parecidos aos da dengue pode fazer a diferença no diagnóstico precoce: “Todas as doenças exantemáticas, que aparecem na pele com uma coloração avermelhada e às vezes como um rendilhado mais sutil, fazem diagnóstico diferencial com a dengue. As mais comuns nesta época do ano são a chikungunya e a zika, transmitidas pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti”, não esquecendo da leptospirose, esclarece o Dr. Geraldo.

De acordo com o Dr. Geraldo, sarampo, rubéola, parvovírus B19, denominado hoje em dia de eritrovírus B19, mononucleose infecciosa, exantema súbito e leptospirose também fazem diagnóstico diferencial de dengue. “A leptospirose, por exemplo, apresenta um quadro clínico muito parecido ao da dengue grave, com choque e hemorragia, duas complicações com potencial de causarem a morte materna. Da mesma forma, pacientes com septicemia, meningococcemia, infecção de trato urinário, malária, doenças autoimunes, alergias medicamentosas e alergias cutâneas precisam ser investigadas”, disse Dr. Geraldo.

Outra recomendação do Dr. Geraldo para fazer o diagnóstico diferencial é levar em consideração a região onde a gestante mora ou esteve nos últimos 15 dias. No Brasil, os casos de dengue na atualidade atingem principalmente a região sudeste, nordeste e norte.

Em breve, a Febrasgo irá lançar o Manual de Manejo de Dengue na Gestação, com diretrizes atualizadas.

Febrasgo cria grupo de trabalho sobre manejo da dengue na gestação

Aumento do número de casos da doença levanta preocupação sobre a saúde das gestantes; médicos devem orientar sobre as formas de prevenção.

Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde

Nas primeiras semanas de 2024, o Brasil registrou mais de 520 mil casos prováveis e confirmados de dengue, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde no dia 14 de fevereiro. Também foram confirmadas 84 mortes pela doença, enquanto outras 346 estão sendo investigadas.
Diante desse cenário alarmante, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) criou o Grupo de Trabalho (GT) sobre Dengue na Gestação para tratar especificamente do manejo da doença em gestantes e puérperas. “Além de sobrecarregar o sistema de saúde, o aumento do número de casos de dengue no país traz riscos à vida dos pacientes. Sabemos que as gestantes são um grupo de mais risco, pois há maior mortalidade entre gestantes com dengue. A prioridade da Febrasgo é garantir a saúde da gestante e do bebê, por isso atuamos para orientar e capacitar os ginecologistas e obstetras do país”, declarou a presidente da Febrasgo, Dra. Maria Celeste Osório Wender.

Constituído por 16 especialistas na área de ginecologia e obstetrícia e membros da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Doenças Infectocontagiosas da Febrasgo, o GT está empenhado na elaboração do Manual de Manejo de Dengue na Gestação, que será lançado nas próximas semanas. “Diversos estudos apontam para uma maior mortalidade entre gestantes com dengue, além do risco de transmissão para o recém-nascido se a doença ocorrer próximo ao parto. Também há risco de hemorragia, especialmente durante a cesariana e após o aborto”, explicou o Dr. Regis Kreitchmann, presidente da CNE de Doenças Infectocontagiosas da Febrasgo. “Para evitar a morte materna, o manual trará orientações sobre como preparar as equipes de saúde e organizar os fluxos de atendimento dentro dos hospitais, além de explicar os sintomas da dengue e os diagnósticos diferenciais”, acrescentou.

O período de chuvas e o fenômeno climático El Niño estão entre os fatores que contribuíram para a proliferação do mosquito Aedes aegypti e a rápida transmissão da doença. Sem dúvida, neste cenário de aumento do vetor, a aglomeração decorrente das festividades de carnaval se potencializa no sentido de que a incidência da dengue seja maior ainda em fevereiro. “Estamos acompanhando o aumento de casos de dengue em vários municípios. A estimativa é que até maio a transmissibilidade da doença será muito alta. Portanto, essa iniciativa da Febrasgo é de extrema importância para estabelecer diretrizes para os especialistas que estão atendendo ou irão atender gestantes afetadas pela dengue”, acrescenta a diretora administrativa da Febrasgo e membro do GT sobre Dengue na Gestação, Dra. Roseli Nomura

Além do Manual de Manejo de Dengue na Gestação, a Febrasgo irá promover uma série de atividades, incluindo lives (a primeira prevista para o dia 5 de março), treinamentos e capacitações presenciais.

Principais recomendações às gestantes

A preocupação da Febrasgo com a saúde das gestantes diante de uma iminente epidemia de dengue encontra mais um motivo: . “Estudos levantaram a hipótese de que mosquitos têm predileção por picar gestantes, embora os motivos ainda não sejam compreendidos. Assim, é importante que os médicos orientem as mulheres sobre as medidas de prevenção”, expõe o ginecologista obstetra Dr. Antônio Braga Neto, coordenador estadual da Área Técnica da Saúde das Mulheres do Rio de Janeiro e membro do Grupo de Trabalho sobre Dengue na Gestação da Febrasgo. O risco aumenta quando a mulher é infectada no terceiro trimestre da gestação, colocando em perigo a sua vida e a saúde do bebê.

Para as gestantes, é fundamental usar repelentes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como a picaridina, icaridina, N,N-dietil-meta-toluamida (DEET), IR 3535 ou EBAAP. “Já os repelentes naturais, como óleos caseiros de citronela, andiroba e capim-limão, não possuem eficácia comprovada nem aprovação da Anvisa até o momento”, ressalta Dr. Antônio.

A medida mais lógica no controle da dengue seria acabar com os criadouros dos mosquitos. No entanto, falhando esta iniciativa tenta-se impedir que o Aedes aegypti entre nas residências. Colocar telas nas portas e janelas funcionam como barreiras para o mosquito da dengue, mas esse recurso pode não for acessível financeiramente para parte da população. Assim, Dr. Geraldo explica que o uso do mosquiteiro colocado sobre a cama também é um bom método de barreira, mas ressalta que sua efetividade pode ser limitada, pois os hábitos do Aedes aegyiti são diurnos e a cama é mais utilizada à noite. “No entanto, para gestantes que costumam descansar durante o dia, o uso do mosquiteiro é bastante efetivo. Das estratégias disponíveis e possíveis para reduzir o número de picadas do mosquito a que tem se mostrado mais eficiente é o uso de repelentes”, recomenda Dr. Geraldo Duarte, vice-presidente da CNE de Doenças Infectocontagiosas e membro do GT sobre Dengue na Gestação da Febrasgo.

Tão necessário quanto orientar as pacientes sobre o que fazer é utilizar uma linguagem clara e simples para que elas compreendam. “As pacientes acreditam muito no médico. Por isso, precisamos passar a informação de forma pedagógica. Sugere que se enfatize que não existe tratamento específico para a dengue e que essa doença pode matar. Explique que a única forma de evitar a dengue é não deixar o mosquito picar. Uma vez que a picada aconteça, existem medidas para atenuar os sintomas e evitar a evolução do quadro, mas o ideal é não deixar o mosquito chegar perto da gestante”, ressalta o Dr. Geraldo.

Sintomas da dengue e conduta

A dengue pode se manifestar de forma assintomática, leve ou grave e levar à morte se não for diagnosticada precocemente e manejada de forma adequada. “Embora seja rara, a mortalidade materna por dengue é inadmissível, pois é possível preveni-la. Falhando a prevenção, ainda resta o diagnóstico precoce e o manejo adequado, evitando assim a evolução da dengue para as formas mais graves”, afirma Dr. Geraldo.

No entanto, muitas vezes a gestante demora para procurar os serviços médicos e isso acontece por diversos motivos, dentre eles a falta de informação sobre a gravidade da doença, fatores socioeconômicos, dificuldade de acesso ao serviço de saúde, vergonha da situação e falta de iniciativa para procurar o serviço médico, entre outros. Por isso, é fundamental orientar a gestante que ela não pode postergar a procura do serviço de saúde às primeiras manifestações clínicas da doença.

O principal sintoma para levar à suspeita de dengue é a febre acompanhada de pelo menos dois outros sintomas como dor muscular, exantema, dor retro-orbital, artralgia, diarreia, náuseas e vômitos, e essa suspeita é indicação para iniciar a hidratação de imediato, enquanto se aguarda laboratoriais hemograma. “Para fazer o diagnóstico correto, é importante que o médico ouça a história da paciente. Assim, saberá quando os sintomas começaram e quais exames devem ser realizados. Nos primeiros quatro a cinco dias de sintomas, o certo é fazer o teste de antígeno (NS1 ou o PCR) para avaliar a presença do vírus da dengue. Após esse período, deve-se pedir o exame sérico (IgM e IgG)”, explica Dr. Geraldo.

Como não existem medicamentos específicos para combater o vírus da dengue, nos casos de menor gravidade, quando não há sinais de alarme, a recomendação é fazer repouso e ingerir bastante líquido. Toda gestante com dengue precisa ser avaliada diariamente e sempre com repetição do hemograma até 48 horas até o desaparecimento da febre. Nos casos mais simples, o acompanhamento ambulatorial é indicado. Mas se o estado dela for grave, com a presença de sinais de alarme, ela deve ser encaminhada para internação. Se houver sinais de choque, sangramento ou disfunção grave de órgãos, a paciente deve ser tratada em unidade de terapia intensiva.

Embora a vacina contra a dengue não seja indicada para gestantes e lactentes, pois seu princípio imunizante baseia-se na presença de vírus vivos atenuados, seu uso é recomendado para mulheres que planejam engravidar, assim que houver maior disponibilidade do imunizante.

FEBRASGO manifesta seu pesar pelo falecimento do Dr. Guilherme de Castro Rezende.

A FEBRASGO manifesta seu pesar pelo falecimento do Dr. Guilherme de Castro Rezende, presidente da Comissão Nacional Especializada em Ultrassonografia em GO da Febrasgo. 
Neste momento de luto, a FEBRASGO, representada pela sua diretoria, transmite seus sentimentos aos familiares, amigos e colegas de trabalho, e reconhece a sua importância para a FEBRASGO e para a Ginecologia e Obstetrícia no Brasil.

Nota de esclarecimento sobre o uso indevido da marca e chancela FEBRASGO

A FEBRASGO tomou conhecimento de casos relacionados ao uso indevido e não autorizado de sua marca em um evento falso intitulado "I Congresso Brasileiro Integrado de Obstetrícia, Neonatologia e Pediatria".

É importante ressaltar que a FEBRASGO não teve qualquer participação ou conhecimento prévio deste evento, e nenhuma autorização foi solicitada ou concedida para a utilização de nossa marca, através do devido processo de aprovação pela Diretoria Científica desta instituição.

Informamos que o departamento jurídico da FEBRASGO já está tomando as medidas judiciais cabíveis em relação a este fato.

Por não termos conhecimento, nem envolvimento com o evento fraudulento, a FEBRASGO não pode ser responsabilizada por quaisquer danos materiais ou morais causados a terceiros em decorrência do uso não autorizado de nossa marca, como cobrança de inscrições ou outros prejuízos.

Repudiamos veementemente qualquer forma de fraude ou ação falsa com o intuito de obter vantagens indevidas.

Recomendamos às pessoas que se sentiram lesadas pelo referido evento, que providenciem um boletim de ocorrência, a fim de documentar a fraude e fortalecer a denúncia contra os fraudadores.

ATENÇÃO: Todos os eventos e ações realizados ou apoiados pela FEBRASGO são comunicados oficialmente através de nossos canais oficiais de comunicação.

Agradecemos a compreensão e colaboração de todos.

 

Posicionamento FEBRASGO e AMB sobre parto domiciliar planejado

O Parto Seguro deve ser sempre o maior e o principal objetivo de todas as pessoas envolvidas nos nascimentos que ocorrem diariamente em todo o Mundo. Nascer bem é sem dúvida alguma o maior legado que pais e mães podem (e devem) deixar para seus filhos e filhas! E um conceito básico para nós, Médicos Obstetras é que a Maternidade é o único local seguro para que o nascimento ocorra, pois é lá que temos à disposição a infraestrutura de pessoas e também de equipamentos e insumos que podem ser a diferença entre viver e morrer, entre ter ou não uma adequada qualidade de vida!

Sabemos, entretanto, que a procura por um parto domiciliar planejado tem aumentado em vários países do mundo 1. Os objetivos de se procurar um parto domiciliar, gravitam entre a busca de um local mais prazeroso e familiar para uma ocorrência tão íntima e fisiológica como o nascimento, assim como a suposta fuga de intervenções e medicalizações excessivas, que muitas vezes são citadas e associadas ao parto hospitalar. Entretanto, por mais que se procure selecionar aquelas parturientes de risco habitual, nas quais seria seguro um parto domiciliar, as consequências de um nascimento em local que é intrinsicamente desaparelhado para o atendimento de intercorrências não tão raras, como hemorragia e asfixia, por exemplo, tem desaconselhado esta prática. E o mau resultado que pode ocorrer acaba por transformar um local sagrado, que é a casa de todos nós, em um local de lembranças desagradáveis e perturbadoras.

A literatura e o conhecimento científico cada vez mais apresentam resultados que desencorajem e contraindicam partos domiciliares. Em países, todos de primeiro mundo, como os EUA, Canadá, Holanda e Inglaterra, a taxa de transferência do domicílio para o hospital, de partos domiciliares planejados, pode chegar até a 45% dos casos, com 70% das transferências sendo feitas antes do nascimento ocorrer2. É de se considerar, que todos esses países, sem exceção, têm sistemas de transporte e vagas em hospitais bem mais eficientes do que o Brasil.

Mas os problemas da assistência ao parto domiciliar, vão muito além da taxa de transferência e das dificuldades logísticas. Em 2010, Evers e colaboradores3 , publicaram no British Medical Journal, um interessante estudo feito na Holanda sobre este tema. A Holanda é o país com a mais longa tradição em partos feitos em Centro de Partos Normais, fora de hospitais e partos domiciliares planejados. O referido estudo visava comprovar a segurança desta prática. Os autores avaliaram os desfechos de 37.735 recém nascidos a termo e sem malformações congênitas, comparando os partos atendidos fora dos hospitais (partos de baixo risco) atendidos por midwives, com partos de gestantes de alto-risco, atendidos por médicos em hospitais. Por óbvio, frente às diferenças de risco das parturientes, o esperado seria um menor risco de desfecho ruim nos partos fora dos hospitais. Mas o que se viu foi justamente o contrário: a mortalidade perinatal relacionada ao parto foi 2,3 vezes maior (IC 95% de 1,12-4,83) nos partos atendidos fora dos hospitais. A mortalidade perinatal nas gestantes transferidas para os hospitais antes do nascimento neonatal foi 3,7 vezes maior (IC95% de 1,58-8,46) e a admissão em UTI neonatal foi 2,5 vezes maior  (IC95% de1,87-3,37). Após a análise dos dados, os autores concluem que o sistema de atendimento ao parto na Holanda deveria ser revisto.

Outro estudo, publicado em 2013 por Grünebaum e colaboradores no American Journal de Ginecologia e Obstetrícia4, avaliou os desfechos em 13.891.274 gestações únicas de recém nascido a termo nos EUA entre 2007 e 2010, através de dados obtidos no CDC. As comparações foram feitas entre partos planejados em domicilio, partos em centro de partos normais e partos hospitalares atendidos por midwives, com os partos atendidos por médicos nos hospitais: avaliando o grave desfecho de taxa de escores de APGAR de zero no 5º minuto, os partos atendidos por midwives nos hospitais teve um risco relativo significativamente menor (RR 0,55; IC 95% de 0,45-0,89), já os partos atendidos por parteiras nos CPN tiveram um risco relativo significativamente maior (RR de 3,56; IC 95% de 2,36-5,36), enquanto o resultado dos partos domiciliares atendidos em domicílio tiveram um risco de mais de dez vezes (10,55; IC 95% de 8,62-12,93), evidenciando a chance de desfecho ruim depende do local de nascimento e não do tipo de profissional que atende o parto. Em outro estudo, publicado em 20201 os desfechos de convulsões e paralisia cerebral nos recém nascidos mostrou resultados semelhantes, ou seja, nascer no hospital atendido por enfermeira obstétrica ou por médico, protege esses recém nascidos deste grave desfecho. Os piores desfechos são, de longe, os encontrados nos partos domiciliares. Esse estudo, avaliando dados de mais de 2 milhões de partos hospitalares e mais de 170. 000 partos domiciliares, mostrou que os partos atendidos fora dos hospitais tiveram de 3 a 7 mais mortalidade perinatal. Dados estes extremamente robustos que atestam o risco significativo do local de parto na chance de mortalidade.

Sabemos também que muitas melhorias precisam e devem ser feitas nas Maternidades em nosso País! E cada um de nós tem o dever de participar e de cobrar essas melhorias. Não há também nenhuma dúvida que, no acompanhamento de uma parturiente de risco habitual, um profissional bem treinado, como médico obstetra, médico pediatra/neonatologista, enfermeiro ou obstetriz, os resultados obstétricos e perinatais serão os melhores, desde que este atendimento ocorra dentro de um hospital/maternidade, com recursos disponíveis para a correção e tratamento de intercorrências imprevisíveis que podem surgir a qualquer momento, mesmo em gestantes saudáveis com gestações a termo.

Permitir, por deliberada opção, um parto domiciliar é sem dúvida nenhuma, um crime de negligência. Negligência na oferta de meios adequados para evitar que imprevistos se transformem em dados irreparáveis.

A Associação Médica Brasileira e a Febrasgo reafirmam o compromisso de ser sempre aliados de todas as mulheres grávidas no Brasil, defendendo que todos os partos no Brasil sejam feitos em condições de segurança adequada, dentro de Maternidades devidamente estruturadas para oferecer e permitir a melhor experiência de nascimento para a mulher, seu parceiro e a sua família!

 

 

  1. Grünebaum A, McCullough LB , PhD; Orosz B, Chervenak. Neonatal mortality in the United States is related to location of birth (hospital versus home) rather than the type of birth attendant. AJOG, 2020. https://doi.org/10.1016/j.ajog.2020.01.045

 

  1. Declercq E, Stotland NE. Planned home birth. UpToDate. www.uptodate.com. Updated. May 17

 

 

  1. Evers ACC, Brouwers HAA, Hukkelhovem CWPM, et al. Perinatal mortality and severe morbidity in low and high risk term pregnancies in the Netherlands: prospective cohort study BMJ2010; 341 doi: https://doi.org/10.1136/bmj.c5639 (Published 03 November 2010)Cite this as: BMJ 2010;341:c5639

 

  1. Grünebaun A & cols. Apgar scores of 0 at 5 minutes and neonatal seizures or serious neurologic dysfunction in relation to birth seting. AJOG 2013;209
Página 25 de 133
-->

© Copyright 2025 - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Todos os direitos são reservados.

Políticas de Privacidade e Termos De Uso.

Aceitar e continuar no site