FEBRASGO destaca a importância da alimentação adequada para o equilíbrio hormonal e da promoção da longevidade no Dia da Saúde e Nutrição
No próximo dia 31 de março, celebraremos o Dia da Saúde e Nutrição, uma oportunidade ímpar para aprofundarmos a discussão e a avaliação das práticas alimentares. Neste contexto, destacam-se iniciativas como a redução do consumo de sal e açúcar no ambiente doméstico, bem como mudanças na rotulagem de alimentos. A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) reconhece a centralidade da nutrição na promoção da saúde e do bem-estar, incluindo seu papel vital na manutenção do equilíbrio hormonal e na promoção da longevidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Estratégia Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, recomenda que os governos elaborem e atualizem regularmente diretrizes nacionais sobre alimentação e nutrição, levando em consideração mudanças nos padrões alimentares, nas condições de saúde da população e nos avanços científicos.
O Dr. José Maria, presidente da Comissão de Ginecologia Endócrina da FEBRASGO, explica que os hormônios desempenham um papel fundamental na regulação de várias funções do corpo, incluindo o metabolismo, crescimento, reprodução e resposta ao estresse. “Uma alimentação balanceada e nutritiva pode ter um papel fundamental na regulação hormonal e na promoção de uma vida mais longa e saudável. Há necessidade de equilíbrio nos macronutrientes como proteínas, carboidratos e gorduras. Entre os micronutrientes, salientamos o iodo, que é importante na síntese de hormônios tireoidianos. O excesso de carboidratos e gorduras, tem impacto no peso e no metabolismo, levando ao excesso de insulina, o que afeta a saúde reprodutiva e aumenta o risco de desenvolvimento de diabetes mellitus”, destaca o médico.
A saúde nutricional desempenha um papel crucial na saúde reprodutiva feminina, influenciando o equilíbrio hormonal. Um sincronismo adequado entre diversos hormônios é essencial para a atividade ovariana e um ciclo menstrual regular, além de ser vital para a fertilidade e a saúde reprodutiva das mulheres. Quando há excessos na alimentação, com aumento das calorias, pode ocorrer ganho de peso e o surgimento de fatores que interferem nos hormônios, especialmente na função ovariana, dificultando a ovulação e a produção de progesterona. Isso pode impactar negativamente na saúde reprodutiva.
Síndrome dos Ovários Policísticos
Mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) frequentemente consomem grandes quantidades de alimentos, o que pode ter um impacto significativo no peso corporal e na saúde reprodutiva. “A SOP é uma condição endócrina comum que afeta mulheres em idade reprodutiva e é caracterizada por desequilíbrios hormonais, como altos níveis de androgênios (hormônios masculinos), ciclos menstruais irregulares e múltiplos cistos nos ovários. Portanto, é fundamental que o tratamento da SOP comece com a adoção de uma dieta balanceada, que inclua uma redução calórica adequada, variando de 750 a 1500 calorias por dia, combinada com a prática regular de atividade física. A escolha da dieta mais adequada depende do padrão alimentar que a paciente seguia antes de iniciar essa mudança de estilo de vida”, pontuou o médico.
Diretora de Defesa e Valorização Profissional da FEBRASGO recebe título de membro titular da Academia de Medicina do Piauí
Em solenidade realizada dia 23 de março de 2024, a Diretora de Defesa e Valorização Profissional da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dra. Lia Cruz Vaz da Costa Damasio, recebeu o título de membro titular de número 08 da Academia de Medicina do Piauí, que tem como patrono Dr. Pedro Francisco da Costa Alvarenga e como primeiro ocupante o Dr. David Delphino Cortellazzi.
A FEBRASGO parabeniza a Dra. Lia Cruz Vaz da Costa Damasio e seu merecimento pelos anos em alto grau de projeção no exercício da profissão.
Clique aqui e confira os registros do evento. (Academia de Medicina do Piauí )
Gravidez decorrente de violência sexual: o que todo ginecologista e obstetra deve orientar às mulheres
Muitas pessoas não sabem que o aborto é legalizado no Brasil em caso de estupro. Oferecer informação e apoio é fundamental para que as vítimas possam procurar ajuda médica o mais breve possível.
Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde
A violência sexual é uma realidade devastadora que afeta a vida de milhões de pessoas no mundo. No Brasil, cerca de 822 mil casos de estupro ocorrem por ano, o equivalente a dois casos por minuto, segundo relatório do Instituto de Pesquisa Aplicada e Econômica (IPEA). Desse total, mais de 80% das vítimas são mulheres e seus agressores são principalmente parceiros, ex-parceiros, amigos e conhecidos.
Quando essa violência resulta em uma gestação indesejada, o trauma se intensifica, podendo comprometer a vida da mulher sob diversos aspectos. A lei brasileira permite a realização do aborto em três situações específicas: se a gravidez for decorrente de estupro, se ela representar risco de vida à mulher ou em caso de anencefalia fetal.
Porém, muitas mulheres desconhecem seus direitos e não sabem que a interrupção legal da gravidez é uma opção disponível. Essa falta de informação as impede de tomar decisões conscientes sobre sua saúde e bem-estar e muitas acabam colocando a própria vida em risco, realizando abortos em lugares onde não há profissionais capacitados para fazer o procedimento com segurança, por exemplo, ou mesmo em casa com métodos inapropriados.
O médico ginecologista obstetra Dr. Rosires Andrade, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) em Violência Sexual e Interrupção Gestacional Prevista em Lei da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), contextualiza dizendo que diversas tentativas para praticar um abortamento foram realizadas ao longo da história, desde o uso de chás e decocções por via oral até inserções de instrumentação por via vaginal. “Pressionar a barriga com pesos, vara ou galho de árvore ou carregar bastante peso também foram procedimentos relatados. Eu mesmo já atendi uma mulher desesperada que bateu várias vezes com um martelo no abdômen, ocasionando diversas fraturas no feto e abortando. Com certeza, após tentativas como essas, muitas mulheres morreram e inúmeras ficaram com sequelas”, declarou o Dr. Rosires.
Em caso de situações previstas em lei, o aborto pode ser feito independentemente da idade gestacional, mas o especialista ressalta: “O ideal é que o aborto seja realizado até a 12ª ou 14ª semana de gestação quando os riscos são bem pequenos. Após esse período, os riscos são mais importantes, e os ginecologistas e obstetras precisam estar preparados para esse atendimento”, destaca.
Dr. Rosires acrescenta: “A decisão pelo abortamento fica restrita à mulher e ao médico, ou seja, não há necessidade de realizar boletim de ocorrência nem de comunicar qualquer informação à autoridade policial, exceto no caso de estupro de menores de 18 anos de idade. Mas deve-se recomendar à mulher fazer o boletim de ocorrência, no sentido de conhecimento pelas autoridades policiais e eventual identificação do(s) agressor(es)”, frisou Dr. Rosires, acrescentando a importância do consentimento por escrito da mulher para a realização do aborto em caso de violência sexual, e a determinação da idade gestacional por meio de uma ultrassonografia obstétrica. Se a vítima de estupro for menor de idade, também é necessária a assinatura da pessoa responsável por ela.
Além do treinamento profissional, é importante informar e a orientar as mulheres sobre os direitos previstos em lei. “Por isso, a Febrasgo iniciou uma campanha no dia da mulher para mobilizar a sociedade em geral pelo fim da violência contra a mulher e alertar sobre os direitos das vítimas em caso de gestação decorrente de estupro. Portanto, indique para suas pacientes o conteúdo do site www.feitoparaela.com.br e das redes sociais do Feito Para Ela, plataforma da Febrasgo sobre saúde integral da mulher”, recomenda a Dra. Marta Finotti, coordenadora do Feito Para Ela e do Núcleo Feminino da Febrasgo