FEBRASGO lança “Manual de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da Dengue durante a Gestação e Puerpério”
FEBRASGO lança “Manual de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da
Dengue durante a Gestação e Puerpério”
Nesta sexta-feira (1), a Federação Brasileira de Ginecologia Obstetrícia (FEBRASGO), em colaboração com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), realizará o lançamento do "Manual de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da Dengue na Gestação e no Puerpério". O evento está programado para ocorrer no Auditório Carlyle Guerra da OPAS, em Brasília, às 10h.
O manual foi elaborado pelo Grupo de Trabalho (GT) dedicado ao manejo da doença em gestantes e puérperas. Este grupo, composto por 16 especialistas em ginecologia obstetrícia, incluindo membros da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Doenças Infectocontagiosas da FEBRASGO, como o Dr. Geraldo Duarte e o Dr. Regis Kreitchmann e outros colegas como o Dr. Antônio Braga e a Dra. Roseli Mieko. Sua missão é abordar de maneira específica a gestão da doença em grávidas e puérperas, com o objetivo de promover a saúde materno-fetal e prevenir complicações relacionadas à dengue.
“A FEBRASGO demonstra sua preocupação com a saúde das gestantes e puérperas. A nossa prioridade é garantir a saúde da gestante e do bebê, por isso atuamos para orientar e capacitar os ginecologistas e obstetras de todo o país. Este guia de orientações é de extrema importância para a saúde pública, especialmente diante do que pode ser a pior pandemia de dengue já registrada no Brasil, com as gestantes e potencialmente as puérperas representando um grupo de alto risco de mortalidade”, destaca a Dra. Maria Celeste Osório Wender, presidente da federação.
O Dr. Antônio Braga comenta que alguns estudos apontam para a possibilidade de que os mosquitos tenham predileção por picar gestantes, possivelmente devido à variação na temperatura corporal mais elevada e maior concentração de gás carbônico exalado. “Uma vez infectadas, as gestantes têm maiores chances de apresentar desfechos desfavoráveis em comparação com não gestantes. Portanto, esse grupo é de especial interesse e cuidado. Este protocolo servirá como diretriz abrangente para a prevenção, tratamento e diagnóstico, contribuindo significativamente para a segurança e bem-estar das gestantes e puérperas durante esse período crítico", enfatiza o especialista.
O manual será lançado em âmbito nacional, e posteriormente será traduzido para o inglês e o espanhol. Estará acessível através dos sites oficiais da FEBRASGO, OPAS e Ministério da Saúde, ampliando assim o alcance e disponibilidade dessa importante ferramenta informativa.
Principais recomendações às gestantes
Gestantes devem priorizar o uso de repelentes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como picaridina, icaridina, N,N-dietil-meta-toluamida (DEET), IR 3535 ou EBAAP. O Dr. Antônio destaca que repelentes naturais, como óleos caseiros de citronela, andiroba e capim-limão, carecem de eficácia comprovada e não possuem aprovação da Anvisa até o momento.
Dado que não há medicamentos específicos para combater o vírus da dengue, em casos de menor gravidade, sem sinais de alarme, a orientação é repouso e aumento da ingestão de líquidos. Gestantes com dengue requerem avaliação diária, incluindo repetição do hemograma até 48 horas após a febre desaparecer. Para casos mais simples, o acompanhamento ambulatorial é recomendado. Entretanto, se o estado for grave, com sinais de alarme, a internação é indicada. Em situações de choque, sangramento ou disfunção grave de órgãos, a paciente deve receber tratamento em uma unidade de terapia intensiva.
Vale ressaltar que a FEBRASGO planeja realizar diversas iniciativas, como “lives” (a primeira agendada para 5 de março), treinamentos e capacitações presenciais, além do Manual de Manejo de Dengue na Gestação.
Serviço
Evento: Lançamento do Manual de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da Dengue na
Gestação e no Puerpério
Data e Hora: Sexta-feira, 01 de março, às 10h
Local: Auditório Carlyle Guerra, Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Brasília
Março Lilás: Câncer de Colo de Útero é o terceiro tumor maligno mais comum entre mulheres no Brasil
Vacina contra HPV oferece uma proteção potencial de mais de 70% contra os cânceres de colo do útero
O mês de março é dedicado à sensibilização sobre o câncer de colo de útero, uma doença que pode ser prevenida por meio de medidas simples e a detecção precoce. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de colo de útero figura como o terceiro tumor maligno mais frequente entre as mulheres no Brasil. Este tipo de câncer está frequentemente associado à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), considerado a infecção sexualmente transmissível (IST) mais prevalente no mundo. Estima-se que cerca de 80% da população sexualmente ativa já tenha entrado em contato com o vírus. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) reforça que a vacina contra o HPV, disponibilizada pelo SUS para meninas e meninos entre 9 e 14 anos, apresenta eficácia notável. Administrada em duas doses, oferece uma proteção potencial de mais de 70% contra os cânceres de colo do útero.
O Dr. Eduardo Cândido, membro destacado da Comissão de Ginecologia Oncológica da FEBRASGO, ressalta a importância de abordar a prevenção como o melhor caminho: “Os principais fatores de risco associados a este tipo de câncer estão intimamente ligados ao vírus HPV, cuja transmissão está relacionada a práticas sexuais desprotegidas. Além disso, a vacina contra o HPV está disponível e deve ser administrada, de preferência, antes do início da vida sexual. Por isso a conscientização é tão importante para a prevenção do câncer de colo de útero”.
Sintomas
Em relação aos sintomas, o especialista da FEBRASGO enfatiza que é crucial focar na identificação antecipada. "Nosso objetivo é diagnosticar alterações precursoras desta patologia, evitando seu desenvolvimento e permitindo que os profissionais de saúde intervenham antes que a infecção pelo vírus progrida para o câncer. Possuímos um período de aproximadamente 10 anos para combater a evolução dessa narrativa. É indispensável não confiar exclusivamente na manifestação de sintomas, pois muitas vezes o câncer já está em estágio avançado. Mas é importante ficar atento a sinais como corrimento com odor distintivo ou sangramento pós-relação. Portanto, a vigilância constante, consultas regulares com o ginecologista e a adoção de métodos de barreira e vacinação são fatores de proteção essenciais. Não devemos esperar a ocorrência de sintomas; ao contrário, devemos agir proativamente na prevenção e detecção precoce", destaca.
Papanicolau
A avaliação preventiva ocorre por meio da coleta de secreção tanto da parte externa quanto interna do colo do útero. No Brasil, é preconizado iniciar esse exame a partir dos 25 anos em mulheres sexualmente ativas, quando há exposição à atividade sexual e ao vírus HPV. Após dois resultados negativos consecutivos nos exames anuais, a mulher é autorizada a realizar o exame a cada três anos, até os 65 anos, contanto que tenha apresentado dois resultados negativos nos últimos 5 anos. É vital discutir esses aspectos com o ginecologista. Para pacientes imunossuprimidas portadoras do vírus HIV, situações específicas necessitam de avaliação médica para determinar a abordagem mais adequada.
Março Amarelo: 30 a 50% das mulheres com a Endometriose podem apresentar infertilidade
FEBRASGO alerta que a doença pode ser assintomática e afetar diversas regiões do organismo
O mês de março é dedicado à campanha do Março Amarelo, que visa promover a conscientização sobre a endometriose. A doença pode ser assintomática e impactar várias regiões do organismo. De acordo com informações do Ministério da Saúde, estima-se que 8 milhões de mulheres enfrentam endometriose no Brasil. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) reforça que a condição é frequentemente uma causa de infertilidade, afetando até 30 a 50% das mulheres com endometriose.
A Dra. Helizabet Salomão, membro da Comissão de Endometriose da FEBRASGO, explica que devido à natureza inflamatória da doença, ela cria um ambiente adverso na pelve, podendo dificultar a fertilidade. Além disso, também pode afetar os ovários, prejudicando a ovulação e, em alguns casos, sendo uma possível causa de trabalho de parto prematuro.
A especialista esclarece que a endometriose é uma condição inflamatória benigna caracterizada pelo crescimento do endométrio (tecido que reveste o útero) fora deste órgão. Ao longo da vida reprodutiva da mulher, as células do endométrio que revestem o útero descamam a cada menstruação. Os sintomas mais comuns da endometriose incluem cólicas menstruais incapacitantes (aquelas que não melhoram com analgésicos via oral e que interferem nas atividades diárias usuais) e dor durante a relação sexual (dispareunia), dificuldade de engravidar, dores ao urinar ou ao evacuar. “Entre os sinais de risco estão menarca precoce, menopausa tardia, filhas de mulheres que já tiveram endometriose, alguns fatores imunológicos e anti apoptóticos”, alerta.
O diagnóstico definitivo da endometriose é obtido por meio da análise de tecido proveniente de uma biópsia de um órgão afetado. Entretanto, nem sempre é viável ou aconselhável realizar esse exame. Frequentemente, o tratamento é iniciado com base na forte suspeita gerada pelos sinais e sintomas, em conjunto com uma história clínica compatível e outros exames menos invasivos. Reconhece-se cada vez mais que a identificação de lesões características durante a laparoscopia pode proporcionar um diagnóstico.
“Em primeiro lugar, consulte seu ginecologista em caso da presença dos principais sintomas. O diagnóstico é feito levando em consideração uma combinação de fatores: a queixa clínica de cólica menstrual incapacitante e/ou dor durante a relação, a dor identificada no exame físico, e as descobertas suspeitas reveladas por meio de ressonância pélvica ou ultrassom transvaginal para mapeamento de endometriose. O diagnóstico definitivo é obtido por meio do exame anatomopatológico das peças cirúrgicas analisadas após a cirurgia”, explica a Dra. Helizabet Salomão .
Tratamento
A especialista da FEBRASGO explica que o tratamento medicamentoso, utilizando hormônios e anti-inflamatórios, pode aliviar a dor da paciente. No entanto, nos casos de endometriose profunda, a opção preferencial é o tratamento cirúrgico minimamente invasivo, que visa a remoção de todos os focos da doença. O tratamento medicamentoso complementar após a cirurgia tem como objetivo reduzir a recorrência da doença. Além disso, destaca-se a importância do tratamento multidisciplinar, que inclui apoio psicológico, atividade física e controle nutricional, ganhando cada vez mais destaque nessa jornada.
Inchaço abdominal
A Dra. Márcia Mendonça, vice-presidente da Comissão de Endometriose da FEBRASGO, destaca que o inchaço abdominal pode estar relacionado a alterações intestinais e associado a outras condições, como a síndrome do intestino irritável, que é uma causa frequente de dor abdominal associada à endometriose. O tratamento com medicamentos e a adaptação da dieta geralmente apresentam resultados positivos. Existem, inclusive, formulações hormonais que combatem a retenção hídrica e podem ser utilizadas com segurança no tratamento da endometriose.
“A utilização de medicamentos hormonais é frequente no tratamento da endometriose, e em alguns casos, pode resultar em retenção de líquidos. Contudo, o inchaço facial não é uma ocorrência comum. Em caso de qualquer sintoma, no entanto, a avaliação médica personalizada é essencial”, enfatiza a médica.
Dengue na gestação aumenta o risco de mortalidade materna
Ginecologistas e obstetras devem ficar atentos aos sintomas e diagnósticos diferenciais. Hidratação e avaliação diária da paciente são cuidados fundamentais.
Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde
Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado crescimento significativo do número de casos de dengue, sinalizando a possibilidade de mais um pico epidêmico da doença. Embora esse aumento seja comum no mês de abril, a curva epidemiológica indica que os números foram antecipados para janeiro e fevereiro, notadamente após o período do Carnaval.
Nesse cenário preocupante, as gestantes merecem atenção redobrada, pois o risco de hospitalizações é maior em relação às mulheres sem a infecção, principalmente quando elas adquirem a infecção no último trimestre da gravidez. “Casos de dengue hemorrágica aumentam em mais de 400 vezes o risco de morte materna e em 27 vezes quando a gestante apresenta apenas sinais de gravidade”, afirma o Dr. Antônio Braga Neto, coordenador estadual da Área Técnica da Saúde das Mulheres do Rio de Janeiro e membro do Grupo de Trabalho sobre Dengue na Gestação criado recentemente pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Entre as possíveis razões para a alta taxa de letalidade está a demora no atendimento da gestante com dengue. Demora essa que pode ser causada tanto por parte do profissional em fazer o diagnóstico, quanto da mulher em buscar o atendimento. “Assim, na presença de febre associada a pelo menos outros dois sintomas, como mialgia, exantema, dor retro-orbital, náuseas, vômitos e diarreia, deve ser considerado suspeita de dengue”, avisa Dr. Antônio.
Dr. Regis Kreitchmann, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Doenças Infectocontagiosas da Febrasgo e coordenador do GT sobre Dengue na Gestação da Febrasgo, explica que toda gestante com sintomas suspeitos de dengue já é caracterizada no grupo B da doença. “Ela deve passar por uma avaliação médica e receber hidratação oral imediata, enquanto aguarda o resultado do hemograma e do teste de diagnóstico. Já a hidratação endovenosa deve ser feita em pacientes dos grupos C e D, que apresentam sinais de alarme indicando maior gravidade da doença com necessidade de hospitalização, como aumento progressivo de hematócrito, sangramento de mucosas, dor abdominal intensa, entre outros”, disse Dr. Regis.
Ele salienta ainda que as gestantes com suspeita de dengue devem ser avaliadas diariamente até 48 horas após o desaparecimento da febre, mantendo sempre a hidratação oral ou intravenosa, conforme a gravidade. “Não existe tratamento específico para a dengue. As condutas médicas dependerão do grau de gravidade da doença, mas o primeiro procedimento é hidratar”, ressalta. Dr. Regis.
“Outro cuidado fundamental é controlar a febre da gestante, evitando que ela desenvolva trabalho de parto pré-termo. Com a conduta adequada, a grande maioria das pacientes evolui para melhora clínica, mas como não é possível saber quem vai melhorar, é imprescindível fazer o diagnóstico de todas as gestantes com sintomas suspeitos e acompanhar a evolução clínica da doença”, ressalta o Dr. Geraldo Duarte, vice-presidente da CNE de Doenças infectocontagiosas e membro do GT sobre Dengue na Gestação.
Diagnósticos diferenciais
Suspeitar de outras doenças que apresentam sintomas parecidos aos da dengue pode fazer a diferença no diagnóstico precoce: “Todas as doenças exantemáticas, que aparecem na pele com uma coloração avermelhada e às vezes como um rendilhado mais sutil, fazem diagnóstico diferencial com a dengue. As mais comuns nesta época do ano são a chikungunya e a zika, transmitidas pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti”, não esquecendo da leptospirose, esclarece o Dr. Geraldo.
De acordo com o Dr. Geraldo, sarampo, rubéola, parvovírus B19, denominado hoje em dia de eritrovírus B19, mononucleose infecciosa, exantema súbito e leptospirose também fazem diagnóstico diferencial de dengue. “A leptospirose, por exemplo, apresenta um quadro clínico muito parecido ao da dengue grave, com choque e hemorragia, duas complicações com potencial de causarem a morte materna. Da mesma forma, pacientes com septicemia, meningococcemia, infecção de trato urinário, malária, doenças autoimunes, alergias medicamentosas e alergias cutâneas precisam ser investigadas”, disse Dr. Geraldo.
Outra recomendação do Dr. Geraldo para fazer o diagnóstico diferencial é levar em consideração a região onde a gestante mora ou esteve nos últimos 15 dias. No Brasil, os casos de dengue na atualidade atingem principalmente a região sudeste, nordeste e norte.
Em breve, a Febrasgo irá lançar o Manual de Manejo de Dengue na Gestação, com diretrizes atualizadas.