Episódio 4 - Shape trial e suas repercussões
Dr. Agnaldo Lopes, diretor científico da Febrasgo, recebe os especialistas Dr. Eduardo Cândido Batista e Dr. Ricardo dos Reis para discutir o artigo: "Simple versus Radical Hysterectomy in Women with Low-Risk Cervical Cancer".
Para acessar o paper completo, acesse aqui.
Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero
FEBRASGO participa da atualização das Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero
A atualização das Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero é de extrema importância para garantir a eficácia dos programas de prevenção e detecção precoce. Este processo permite que as diretrizes reflitam os avanços mais recentes em pesquisa e tecnologia, assegurando que as estratégias de rastreamento sejam as mais eficazes e baseadas nas melhores práticas disponíveis. Com diretrizes atualizadas, é possível melhorar significativamente a qualidade do atendimento e reduzir a mortalidade associada ao câncer do colo do útero no Brasil.
O documento integra um conjunto de materiais técnicos alinhados com as ações da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer. Seu objetivo é fornecer suporte aos profissionais de saúde em suas práticas assistenciais e auxiliar os gestores na tomada de decisões sobre a organização e estruturação dos cuidados para mulheres com câncer do colo do útero.
Profissionais da FEBRASGO têm participado ativamente de reuniões e respondido a questionários elaborados para auxiliar na criação da nova diretriz. Um grupo dedicado está trabalhando na redação do documento, oferecendo sugestões e revisões ao longo do processo. A nova diretriz incluirá o teste de DNA como método de triagem para identificar mulheres com HPV positivo. Aquelas com resultado positivo serão encaminhadas para exames adicionais, a fim de detectar possíveis lesões pré-cancerosas ou câncer do colo do útero.
Dia da Gestante: o papel essencial do diálogo entre médico e paciente
FEBRASGO destaca a importância da comunicação na elaboração do plano de parto e no apoio contínuo durante o pós-parto, garantindo cuidado integral e humanizado à saúde da mulher e do bebê.
O Dia da Gestante, celebrado em 15 de agosto, é uma data dedicada a reconhecer e valorizar este momento especial na vida das mulheres. É uma oportunidade para destacar a importância dos cuidados com a saúde e o bem-estar das gestantes, além de promover a conscientização sobre as mudanças significativas que ocorrem durante a gravidez. Essas mudanças abrangem não apenas o aspecto físico e emocional, mas também impactam a vida profissional, social e familiar das mulheres. Neste contexto, a Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), reforça a importância do diálogo entre médico e paciente para garantir todo o apoio necessário durante essa fase.
Um exemplo sobre a importância dessa relação entre o profissional da saúde e a gestante é a elaboração do plano de parto, que nada mais é do que um documento com a descrição das preferências da paciente referentes ao parto. O Dr. Ricardo Porto Tedesco, membro da FEBRASGO, explica que o objetivo do plano de parto é garantir que o atendimento seja respeitoso e alinhado com as preferências da paciente.
“A gestante pode discutir as opções de parto disponíveis com o médico e outros detalhes como se deseja permanecer em jejum ou não, quem gostaria de ter como acompanhante, se prefere se movimentar durante o parto, se gostaria de ouvir uma seleção de músicas específicas e se prefere um ambiente com pouca luz, sempre visando proporcionar uma experiência de parto que atenda às suas necessidades e desejos”, diz.
O especialista comenta que antes do parto, não é necessário que a paciente permaneça em jejum, nem que suspenda os medicamentos que está usando, exceto em situações específicas. Por exemplo, para pacientes que tomam anticoagulantes ou insulina, é essencial seguir as orientações individuais fornecidas pelo médico.
O documento é um guia, sendo importante que a paciente compreenda que o plano de parto é uma ferramenta para comunicação clara e colaboração entre a paciente e a equipe médica, mas que todas as ações previstas serão respeitadas desde que não coloquem em risco a vida da mãe e do bebê.
Sobre o local do parto, a FEBRASGO defende que ele aconteça no hospital. Junto com a equipe médica responsável, a gestante será assistida de forma acolhedora e a segurança é significativamente maior em um ambiente hospitalar. Os profissionais estão preparados para agir prontamente diante de situações adversas que possam surgir, como sofrimento fetal agudo durante as contrações uterinas, picos hipertensivos ou sangramentos não normais. “Como imprevistos podem acontecer, a capacidade da equipe para intervir de maneira eficaz é essencial para a segurança da mãe e do bebê em ambiente hospitalar”, reforça.
Outro aspecto importante sobre o diálogo entre médico e paciente está na informação. O médico explica que é importante para a gestante conhecer o seu corpo e saber identificar os sinais que indicam o início do trabalho de parto. “O sinal clínico de que o trabalho de parto começou é a presença de contrações ritmadas, com uma contração a cada três a quatro minutos, acompanhadas de cólicas”, diz.
Quando a paciente entende o que está acontecendo, ela sabe que o trabalho de parto pode durar várias horas e que não há necessidade de urgência, correria ou estresse. Identificar os sinais corretos é crucial, pois a internação precoce pode prejudicar o sucesso do parto vaginal. “Muitas vezes, ao internar-se muito cedo, a paciente pode enfrentar horas ou até dias de angústia, o que pode levar à desistência da tentativa de parto vaginal e, consequentemente, à realização de uma cesárea que poderia ter sido evitada. A principal recomendação é que ela se mantenha tranquila e confiante durante esse período”, explica.
O relacionamento entre médico e paciente continua no pós-parto
Atualmente, fala-se no "quarto trimestre" da gestação, referindo-se ao período logo após o nascimento do bebê. Enquanto os nove meses de gravidez são divididos em três trimestres, o quarto trimestre abrange o período pós-parto, quando o suporte que a mulher recebia durante a gravidez se torna menos frequente, mas a relação ente médico e paciente continua neste período.
Esta fase pode ser extremamente desafiadora, pois a mulher enfrenta diversas dificuldades, como a insegurança no cuidado com o recém-nascido, a privação do sono e os desafios da amamentação. A adaptação da pega do bebê ao mamilo e o ajuste à nova rotina podem ser especialmente difíceis, exigindo paciência e apoio para encontrar um equilíbrio.
O médico destaca que a mulher deve receber o mesmo apoio e suporte no pós-parto que teve durante a gestação. Ele explica que é comum a partir do terceiro ou quarto dia após o parto, que a mulher experimente uma sensação de melancolia, geralmente no final do dia. “Ela pode sentir vontade de chorar sem entender muito bem a razão, mesmo que as coisas estejam indo bem. É importante esclarecer que esse sentimento é normal e não deve ser confundido com depressão pós-parto. Normalmente, essa sensação de melancolia se resolve espontaneamente dentro de duas a três semanas após o parto. Por isso, o diálogo com a paciente é muito importante, do início ao fim”, finaliza Tedesco.
FEBRASGO destaca a importância do atendimento médico dentro do período de 72 horas após violência sexual
Acolhimento e informação são essenciais para garantir o tratamento adequado às vítimas
O Agosto Lilás é uma campanha lançada pelo governo brasileiro em 2022 que tem como objetivo promover a conscientização sobre o combate à violência contra a mulher. Durante este mês, a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) destaca a importância do acolhimento das mulheres vítimas de violência, principalmente sexual, reforçando o suporte e o atendimento adequado logo após o episódio.
O Dr. Rosires Pereira, presidente da Comissão de Violência Sexual e Interrupção Gestacional Prevista em Lei da FEBRASGO, ressalta que vítimas de violência sexual devem ser atendidas o mais rapidamente possível após o ocorrido, antes mesmo de trocar de roupa ou se banhar. Essa recomendação se deve ao fato de que exames importantes precisam ser realizados imediatamente para garantir a coleta de evidências e a adequada assistência médica. Caso não haja um serviço especializado disponível, é fundamental procurar uma Unidade de Pronto Atendimento, um serviço de emergência ou o médico mais próximo.
“É crucial que as mulheres procurem atendimento imediato após a violência sexual, pois esses tratamentos são eficazes apenas se iniciados dentro das primeiras 72 horas após o incidente”, reforça.
As vítimas precisam ser atendidas por profissionais de saúde. No atendimento, a prioridade é garantir que toda vítima de violência sexual seja atendida imediatamente ao chegar a um serviço médico. O acolhimento é crucial. Recomenda-se que a vítima seja colocada em uma sala isolada, acompanhada por um ou mais profissionais de saúde, preferencialmente incluindo uma mulher.
O especialista destaca que a vítima precisa se sentir segura e acolhida com respeito e humanidade. Caso haja algum trauma físico, este deve ser avaliado e tratadas as medidas médicas necessárias, de acordo com a gravidade. Se a vítima for menor de idade, o Conselho Tutelar de referência deve ser acionado obrigatoriamente, independentemente da vontade do acompanhante ou familiar. Após a escuta qualitativa e eventuais questionamentos médicos, é essencial explicar a importância do exame médico, incluindo o ginecológico, para identificar e tratar adequadamente possíveis traumas.
“Não deve haver pré-julgamentos ou críticas por parte dos profissionais de saúde em relação ao local onde a vítima estava, se estava sozinha ou acompanhada, ou às suas vestimentas. É fundamental evitar qualquer forma de preconceito e realizar uma escuta qualitativa. É importante lembrar que muitos casos de violência sexual ocorrem dentro de casa, e, portanto, atender essas vítimas sem a presença de familiares após o atendimento inicial é essencial. A vítima deve ter a oportunidade de relatar o que aconteceu. O profissional presente deve preencher a Ficha de Notificação Compulsória de Violência Sexual com base no relato da vítima”, pontua.
Durante o exame físico, são coletadas amostras de sangue e secreções vaginais, e, se necessário, de outros locais do corpo, para investigar possíveis infecções sexualmente transmissíveis e identificar o(s) agressor(es). Após o exame físico e a coleta de material para análise laboratorial, deve-se orientar o uso de medicação preventiva contra infecções sexualmente transmissíveis e anticoncepção de emergência para evitar uma gravidez resultante do estupro. Esses medicamentos devem ser oferecidos às vítimas no próprio local de atendimento. O SUS disponibiliza esses medicamentos gratuitamente nos serviços de saúde.
O presidente da comissão reitera que não é necessário que a vítima registre um Boletim de Ocorrência para receber atendimento médico. No entanto, é importante orientá-la a realizar o registro após o atendimento, não de imediato, mas dentro de dias ou semanas. Isso garantirá a documentação da violência e permitirá que a polícia tome conhecimento do caso, facilitando a identificação, busca e possível prisão do(s) agressor(es).
Exames
Os exames médicos recomendados após um episódio de violência sexual visam verificar se a vítima tem alguma infecção sexualmente transmissível ou gravidez. Além disso, é fundamental pesquisar infecções como as causadas pelo gonococo, tricomonas, sífilis e AIDS, com a realização de exames iniciais e, se necessário, exames repetidos para garantir que essas doenças não foram adquiridas em decorrência da violência.
Acompanhamento
Se houver lesões físicas resultantes da violência sexual, os médicos avaliarão, com base no tipo e na gravidade dessas lesões, a necessidade de internação hospitalar e de consultas de acompanhamento após o atendimento inicial. Todas as vítimas enfrentam estresse pós-traumático devido à violência, e por isso é recomendável o acompanhamento psicológico para prevenir danos emocionais significativos e evitar o desenvolvimento mais grave e crônico do transtorno de estresse pós-traumático.
“Idealmente, todas as mulheres que sofreram violência sexual devem ser acompanhadas por um período mínimo de seis meses, tanto por um médico quanto por um psicólogo. Durante esse período, os exames laboratoriais devem ser repetidos conforme necessário, e o tratamento adequado deve ser realizado caso haja necessidade”, afirma o médico.
Tratamento
Recentemente, o Ministério da Saúde incluiu a vacina quadrivalente contra o HPV nas medicações para vítimas de violência sexual, oferecendo acesso a essa vacina nas Unidades de Saúde. Outro aspecto crucial é a prevenção da gravidez. A anticoncepção de emergência deve ser administrada o mais cedo possível, sendo mais eficaz se realizada nas primeiras 72 horas após a violência. Quanto mais cedo for feita, melhor será a eficácia. A ingestão de um único comprimido de levonorgestrel, com 1,5 mg, é um excelente método para prevenir a gravidez.
Outra opção, embora menos utilizada, é a inserção de um DIU (Dispositivo Intrauterino T de Cobre 380 A), que é ainda mais eficaz e oferece a vantagem de uma contracepção duradoura por vários anos. Além disso, os cuidados médicos adicionais devem incluir consultas de acompanhamento e oferecer todo o apoio médico e assistência psicossocial necessários para essas mulheres.
Confidencialidade Médica
Como em todo atendimento médico, a confidencialidade e a privacidade são fundamentais, especialmente em situações que envolvem a intimidade das mulheres. É essencial redobrar os cuidados para garantir a confidencialidade e a privacidade das vítimas. O compromisso com a confidencialidade é fundamental para conquistar a confiança da paciente, o que é necessário não apenas para a revelação de detalhes da violência sofrida, mas também para a continuidade do atendimento. Deve-se garantir um ambiente acolhedor que ofereça privacidade durante a anamnese, preferencialmente sem a presença de outras pessoas, incluindo acompanhantes, que possam inibir o relato da paciente.
Isso também facilita a avaliação de riscos e a identificação de situações de maior vulnerabilidade, permitindo a criação de estratégias preventivas e protetivas para as vítimas. “É importante lembrar que a intimidade e o sigilo são direitos constitucionais, legais e éticos, e só podem ser compartilhados com o Conselho Tutelar em casos de vítimas menores de 18 anos, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Em situações de comunicação externa para autoridades policiais, as informações devem ser apresentadas de forma sintética e consolidada, sem dados que identifiquem a vítima ou o profissional notificador, através do sistema de vigilância municipal, a menos que haja autorização expressa da vítima”, apontou o Dr.Cristão Fernando membro da CNE.
A FEBRASGO conta com cerca de quinze mil associados em todo o país. Todos os ginecologistas e obstetras têm as condições técnicas necessárias para realizar o atendimento e participar de serviços de apoio e organizações afins, garantindo um atendimento adequado. Além disso, em todos os estados há uma Associação de Ginecologia e Obstetrícia vinculada à FEBRASGO, que pode e deve desempenhar um papel importante nessas situações.
Documento produzido com base nas informações da CNE de Violência Sexual e Interrupção Gestacional Prevista em Lei da FEBRASGO Prof. Dr. Rosires Pereira de Andrade - Presidente
A Febrasgo participa de negociações contra o fechamento de Serviços de Obstetrícia no Brasil
A Febrasgo, representada pela Dra. Mirela Foresti Jiménez, membro da Comissão Especializada em Defesa e Valorização Profissional da Febrasgo, participou, no dia 01/08/2024, às 16 horas, de uma reunião na sede do CREMERS (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul), organizada por este Conselho, com o objetivo de discutir o fechamento da maternidade e da neonatologia do Hospital Mãe de Deus. A reunião contou com a presença do presidente e membros da diretoria do CREMERS, do Diretor Técnico e CEO do Hospital Mãe de Deus, da Secretária de Saúde do Estado, do Secretário da Saúde do Município de Porto Alegre, do presidente da SOGIRGS (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul), do presidente da Sociedade de Pediatria, de um representante da Unimed, entre outros participantes.
O fechamento dessa relevante maternidade reflete uma situação alarmante sobre o fechamento de maternidades em todo o país. Embora essenciais para a assistência à população, as maternidades frequentemente enfrentam déficit financeiro. A maternidade do Hospital Mãe de Deus atende a saúde suplementar e representa uma parcela significativa da assistência suplementar na cidade. Seu fechamento resulta em sobrecarga para as maternidades públicas e os serviços de neonatologia dos outros hospitais, tanto públicos quanto privados.
Nos últimos anos, a complexidade da assistência obstétrica e neonatal aumentou, elevando os custos envolvidos, sem que houvesse um correspondente crescimento na remuneração de médicos e hospitais, o que tem contribuído para a deficiência financeira desses serviços. A crise financeira do hospital foi acentuada pelas enchentes que atingiram o estado em maio deste ano, resultando na evacuação do Hospital Mãe de Deus, que sofreu consideráveis perdas financeiras e danos materiais e equipamentos.
Foi acordado que todos os envolvidos empenharão esforços para buscar financiamentos e campanhas de arrecadação, incluindo doações tipo "troco amigo", contribuições de empresas de fora e do estado, e campanhas de doação por meio de PIX. Além disso, será trabalhada a renegociação dos valores pagos pelas operadoras de saúde, com a Febrasgo assinando essas iniciativas. O hospital, por sua vez, comprometeu-se a reativar o serviço no ano de 2025.
A Febrasgo reafirma seu compromisso com a valorização profissional, enfatizando que a especialidade de obstetrícia não deve ser sacrificada em favor de outras áreas. A associação continuará a lutar pela remuneração justa para a complexidade e a alta responsabilidade da assistência obstétrica. A Febrasgo não aceitará com naturalidade da remuneração deficiente na obstetrícia, que frequentemente resulta no corte de serviços essenciais.
A Febrasgo permanece vigilante e comprometida com a defesa da prática profissional de qualidade, da boa obstetrícia e da segurança do binômio materno-fetal.
Mirela Foresti Jiménez - Membro da comissão de Defesa e Valorização Profissional da Febrasgo; Conselheira do Cremers; Professora Associada da UFCSPA; Ex-Presidente da Sogirgs
Documento desenvolvido e aprovado pelos Comissão de Defesa e Valorização Profissional da Febrasgo
Técnicas adequadas e o acompanhamento profissional garantem o sucesso da amamentação
A orientação durante este período é fundamental para uma prática bem-sucedida e para a evitar problemas que podem levar ao desmame precoce
A campanha Agosto Dourado tem como objetivo incentivar e conscientizar a população, especialmente as mães, sobre a importância do aleitamento materno. A escolha da cor dourada reflete o padrão ouro de qualidade do leite materno e simboliza o valor inestimável do vínculo entre mãe e o bebe. Quando o assunto é amamentação, a Dra. Adriani Oliveira Galão, secretária da Comissão de Aleitamento Materno da Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), reforça a importância da informação.
“Um dos principais fatores para o insucesso da amamentação é a falta de orientação que deve ser dada a partir do pré-natal e reforçada durante o parto e puerpério. O obstetra, assim como demais partícipes, têm importante participação na orientação, incentivo e suporte na amamentação”, disse.
Questões como ingurgitamento excessivo, traumas mamilares, bloqueio de ductos lactíferos, infecções mamárias e baixa produção de leite geralmente decorrem de fatores como início tardio da amamentação, má pega e posicionamento inadequado, além de esvaziamento mamário insuficiente. “Técnicas inadequadas de amamentação, mamadas infrequentes e em horários fixos, o uso de chupetas e bicos artificiais, bem como a introdução precoce de complementos alimentares, também podem predispor ao surgimento dessas complicações. O manejo adequado desses problemas é essencial”, explica.
De acordo com a especialista é fundamental explicar às gestantes e puérperas as vantagens do aleitamento materno e informá-las sobre possíveis dificuldades e estratégias para superá-las, como variações anatômicas dos mamilos e histórico de cirurgias. Além disso, é importante desfazer mitos e desencorajar práticas desnecessárias ou prejudiciais, como a fricção dos mamilos, o uso de cremes ou pomadas, e o uso de conchas protetoras.
Para aliviar o desconforto durante a amamentação, a médica destaca que a principal atenção deve ser dada ao posicionamento e à pega inadequada do seio materno. “Para uma sucção eficaz, a criança deve abocanhar não apenas o mamilo, mas também toda ou a maior parte da aréola. Se a pega se restringir apenas ao mamilo, pode ocorrer erosão e fissura mamilar devido à fricção contínua”, explica.
Os cinco pontos que devem ser observados durante a amamentação:
- A boca do bebê deve estar bem aberta para abocanhar toda ou quase toda a aréola.
- O lábio inferior deve estar voltado para fora e cobrir quase toda a porção inferior da aréola, enquanto a parte superior da aréola pode ser visível.
- A língua deve estar posicionada adequadamente em torno do peito.
- As bochechas devem ter uma aparência arredondada.
- A criança deve parecer tranquila, com uma sucção lenta, profunda e ritmada, intercalada com períodos de atividade e pausa.
Ajustes precoces na pega e o apoio dos profissionais podem prevenir dificuldades na amamentação, aumentar a confiança materna e elevar as taxas de amamentação exclusiva.
Alimentação na amamentação
A alimentação materna durante a amamentação deve conter preferencialmente alimentos in natura ou minimamente processados. O cuidado com a hidratação deve ser redobrado, pois a parte líquida do leite é produzida a partir da hidratação da mãe. Alimentos como óleos, gorduras, sal e açúcar devem ser utilizados em quantidades adequadas e bebidas estimulantes como café, chá e chimarrão podem ser consumidas com moderação.
Hepatites Virais podem ser transmitidas da mãe para o bebê durante a gestação e no momento do parto
FEBRASGO alerta para a importância do monitoramento em gestantes para evitar a transmissão vertical
De acordo com o "Relatório Global sobre Hepatites de 2024", divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 3,5 mil pessoas morrem diariamente, ao redor do mundo, em decorrência de hepatites virais. O Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, 28 de julho, marca a importância da prevenção e controle da doença para a redução desse impacto na saúde da população.
A Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) alerta sobre a importância do monitoramento em gestantes para evitar a transmissão vertical da hepatite B, por exemplo. O Dr. Regis Kreitchmann, presidente da comissão de doenças infectocontagiosas da FEBRASGO, explica que este tipo de hepatite é uma condição infecciosa que pode ser transmitida ao bebê durante a gestação, por meio da placenta, e no momento do nascimento, pelo contato da criança com o sangue materno no canal de parto.
Para evitar a transmissão, o especialista diz que o assunto deve ser abordado já na primeira consulta de pré-natal. Caso a gestante seja diagnosticada com hepatite B, o início do tratamento deve ser imediato, muitas vezes em colaboração com um hepatologista e/ou infectologista. “Isso é essencial para prevenir o risco de transmissão vertical da doença, ou seja, da mãe para o bebê. A hepatite B pode, inclusive, passar despercebida quando se apresenta sem sintomas, especialmente na forma crônica”, afirma.
Em relação aos outros tipos de transmissão, a hepatite B pode ser transmitida por contato sexual sem preservativo ou exposição ao sangue infectado, porém, para este tipo de hepatite já existe vacina. “Hoje, no Brasil, o risco de transmissão vertical da doença é um muito menor, pois a vacina contra a hepatite B faz parte do Programa Nacional de Imunizações. Como resultado, muitas mulheres em idade fértil já foram vacinadas na infância”, diz.
Os vírus das hepatites B e C passam pela placenta durante a gravidez e podem atingir o bebê. O contato do bebê também pode ocorrer pela amamentação quando houver lesões sangrantes na mama. A hepatite B é a que possui maior risco de contágio do bebê, mas ambas podem levar a criança a desenvolver hepatite crônica e câncer hepático no decorrer da sua vida.
A hepatite C, por não ter vacina disponível, exige cuidados como não compartilhar objetos perfurocortantes e usar proteção durante as relações sexuais. Já a hepatite A e E, transmitidas por via fecal-oral, exigem práticas de boa higiene. Lavar as mãos regularmente e consumir água tratada são medidas essenciais para a prevenção.
“A vacinação e a administração de imunoglobulina (uma proteína) são eficazes na prevenção da transmissão da hepatite B, já que essa condição pode causar complicações graves tanto para a mãe quanto para o bebê. Além disso, é extremamente importante identificar através de testes realizados no pré-natal todas as gestantes portadoras da Hepatite B e da Hepatite C”, disse o Dr. Kreitchmann.
Os principais desafios são garantir a vacinação completa de 100% das crianças e assegurar que todas as gestantes estejam imunes à hepatite B através da vacinação. É necessário identificar e tratar todas as gestantes e seus parceiros que sejam portadores de hepatite B para evitar o contágio do bebê. Outro grande desafio é a identificação, tratamento e cura de todas as mulheres portadoras de hepatite C fora da gestação. As gestantes com hepatites virais devem ser encaminhadas a um serviço que ofereça tratamento e acompanhamento adequados, em colaboração com o obstetra.
Prevenção
O especialista da FEBRASGO alerta que os testes rápidos são exames de fácil realização e permitem o diagnóstico em poucos minutos. A aplicação desses testes aos parceiros das gestantes é fundamental para prevenir o contágio durante a gravidez. Além disso, a condição de imunidade à Hepatite B deve ser verificada na carteira de vacinação ou por meio de um exame específico.
Protocolos de Rastreamento
“A testagem do Vírus B e C deve ser realizada durante o pré-natal e precisa ser repetido sempre que se identificarem situações de possíveis exposições, como prática de relações sexuais sem proteção e compartilhamento de objetos perfurocortantes entre pessoas diagnosticadas com uma dessas hepatites. As gestantes que ainda não estão imunizadas contra hepatite B devem ser vacinadas durante a gravidez”, pontua o médico.
Tratamento
O especialista explica que na gestante com Hepatite B o uso de antivirais como o Tenofovir por via oral está indicado, seguindo critérios médicos bem definidos, e pode reduzir muito o risco de contágio do bebê. Além disso, o uso da vacina e da imunoglobulina para Hepatite B ao nascimento adiciona enorme proteção ao bebê. O parto pode ser por via vaginal e a amamentação é liberada. O bebê deverá receber as demais doses da vacina para Hepatite B da vacina aos 2,4 e 6 meses. A vacinação de crianças é a estratégia mais importante para a erradicação da Hepatite B.
"As gestantes com hepatite B crônica podem ser tratadas durante a gravidez, o que ajuda a evitar a progressão da doença e o contágio do bebê. O tenofovir, uma medicação utilizada nesse tratamento, não apresenta riscos para o bebê. Além disso, a hepatite C tem altíssimos índices de cura com o uso de medicamentos chamados antivirais de ação direta (DAA), mas ainda não há dados suficientes sobre a segurança desses medicamentos durante a gestação. Portanto, o tratamento deve ser realizado antes ou após a gravidez. Esse tratamento é feito com o uso de comprimidos por poucos meses e alcança a cura em mais de 95% das pacientes”, afirma.Episódio 3 - Mortalidade Materna entre Mulheres Indígenas no Brasil - Maternal deaths among Brazilian indigenous women
Dra. Hilka Espírito Santo, presidente da Região Norte da Febrasgo, recebe as especialistas Dra. Daniela Nakarato e Dra. Roxana Knobel para discutir o artigo: "Maternal Deaths Among Brazilian Indigenous Women—Analysis from 2015 to 2021".
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