Revistas

FEBRASGO lança Campanha #EuVejoVocê: Pelo fim da violência contra a mulher em todas as fases da vida

No Mês da Mulher, a Federação e as Sociedades Estaduais de Ginecologia e Obstetrícia se unem para promover debates e encontros entre especialistas, visando discutir ações concretas no combate à violência contra a mulher

 

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), comprometida com o pleno respeito à saúde e bem-estar das mulheres, inicia a Campanha Nacional #EuVejoVocê – Pelo fim da violência contra a mulher em todas as fases da vida junto com as Sociedades Estaduais. A iniciativa também tem como objetivo discutir ações que possam impactar na redução da violência contra a mulher em todas as fases da vida, incluindo a mulher médica em exercício.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 apontou um crescimento em todas as modalidades de violência contra mulheres no último ano. O documento, elaborado com base em informações oficiais dos órgãos de Segurança Pública, revelou um aumento de 48,7% nos casos de importunação sexual (41.371 registros), 33,8% nos casos de violência psicológica (38.507 registros) e 9,8% nas agressões decorrentes de violência doméstica (258.941 registros). Outro dado importante, aponta que, no Brasil, ocorre um estupro a cada 6 minutos, sendo 88,2% das vítimas do sexo feminino e 61,6% delas têm até 13 anos de idade.

Neste contexto, o objetivo da campanha é desconstruir os discursos que sustentam a violência, promovendo uma reflexão constante sobre o tema. A FEBRASGO junto com as Sociedades Estaduais de Ginecologia e Obstetrícia estarão unidas na organização de debates e encontros entre os profissionais das especialidades para a discussão de ações efetivas em prol a redução da violência contra a mulher, além da produção de conteúdo para sensibilizar e informar a sociedade, celebrando e empoderando a profissão de ginecologista, destacando sua relevância no cuidado à mulher.

“Nós devemos agir e amparar as mulheres na identificação da violência e na capacitação para as tomadas de decisões. O conhecimento permite que o médico atue, desde a escuta adequada, o acolhimento, notificação, registro, acompanhamento e encaminhamento articulado e intersetorial”, destaca a Dra. Maria Celeste Osório Wender, presidente. 

A Dra. Maria Auxiliadora Budib, uma das idealizadoras da campanha e membro da Comissão de Defesa e Valorização da FEBRASGO, destaca que a violência contra a mulher continua a ser uma das questões mais devastadoras em nosso país. “Ao longo da vida, uma em cada três mulheres pode ser submetida à violência em suas diversas formas, desde a psicológica até a física, passando pela patrimonial e moral. Essa violência impacta diretamente a saúde da mulher. Precisamos, urgentemente, enfrentar essa temática e promover a igualdade de gênero, incentivando relacionamentos respeitosos e saudáveis”, reforça.

 

Violência Contra a mulher médica

Outro aspecto que será tratado será a “Violência contra a mulher médica”. Dados apontam que seis em cada dez mulheres médicas já relataram algum tipo de assédio, seja moral ou sexual, no ambiente de trabalho. A pesquisa, conduzida pela Associação Médica Brasileira e pela Associação Paulista de Medicina, revelou que 51,14% das médicas já sofreram agressões verbais ou físicas. Esses números evidenciam a necessidade urgente de políticas de prevenção e de apoio, não apenas para combater a violência, mas também para promover a equidade e o respeito nas instituições de saúde.

A FEBRASGO, por meio de seu Núcleo Feminino, dedica-se a apoiar iniciativas que implementem políticas eficazes no combate a todas as formas de violência. O grupo tem como objetivo principal promover a conscientização sobre as questões de saúde das mulheres e apoiar políticas e iniciativas que garantam a saúde feminina, assegurando o direito das mulheres de tomar decisões informadas sobre sua saúde reprodutiva.

Para alcançar esse propósito, o Núcleo Feminino incentiva a colaboração entre ginecologistas-obstetras, pesquisadoras e defensoras dos direitos das mulheres, criando um ambiente de troca de conhecimento e recursos, além de fomentar a pesquisa e a inovação na saúde da mulher e incentivar o debate sobre temas relevantes, como os desafios na carreira, no mercado de trabalho, no empreendedorismo, na saúde física e mental, e na qualidade de vida, incluindo essas discussões nas programações dos congressos da FEBRASGO.

Também faz parte do Grupo, o desenvolvimento de programas educacionais e a oferta de oportunidades de treinamento para mulheres profissionais da obstetrícia e ginecologia são fundamentais para aprimorar seus conhecimentos e habilidades, assegurando um atendimento de excelência à saúde feminina.

“Nosso objetivo é incentivar a criação de redes de apoio entre especialistas, promovendo a troca de experiências, fortalecendo a solidariedade entre as profissionais e implementando programas de mentoria que conectem médicas experientes com as recém-formadas, contribuindo para o desenvolvimento e o empoderamento no ambiente de trabalho”, diz a Dra. Lia Cruz, Diretora de Defesa e Valorização Profissional da FEBRASGO.  “Somente por meio de um esforço conjunto será possível alcançar uma medicina mais inclusiva, equitativa e livre de violência”, finaliza.

Dia Internacional da Mulher: a importância do ginecologista na atenção integral à saúde feminina, da infância ao pós menopausa

Em 8 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher, uma data marcada pela reflexão sobre a importância do bem-estar feminino em diversas esferas, incluindo a saúde. Neste contexto, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) destaca o importante papel do ginecologista em todas as fases da vida da mulher.

Desde a adolescência até a pós-menopausa, a mulher exige cuidados médicos contínuos e integrados para prevenir doenças ginecológicas e garantir uma vida mais saudável. Dentre os fatores críticos que demandam atenção médica estão as alterações no ciclo menstrual, sangramentos anormais, dor pélvica, nódulos mamários, infertilidade, além de sintomas relacionados à sexualidade e bem-estar emocional.

Infância e Adolescência: Começando o autocuidado cedo

A adolescência, período entre os 10 e 19 anos, é a fase inicial em que a saúde ginecológica da mulher deve ser acompanhada de perto. A primeira consulta ao ginecologista deveria ocorrer por volta dos 10 anos, conforme orientações da Organização Mundial da Saúde.

A Dra. Rosana Maria dos Reis, presidente da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto-Puberal da FEBRASGO, explica que a adolescência é um momento muito interessante para que os médicos iniciem o acompanhamento, pois a paciente tende a se sentir mais à vontade e descontraída. “Essa confiança facilita a abordagem sobre temas delicados como sexualidade e prevenção de doenças”, diz a médica.

É importante que as jovens não esperem por problemas como menstruação irregular ou início das relações sexuais para buscar atendimento. O ginecologista é o profissional que pode orientá-las sobre os cuidados com a saúde menstrual, sexualidade, nutrição e atividade física.

Além disso, a especialista destaca ser essencial que as adolescentes aprendam sobre autocuidado, com foco em hábitos saudáveis como alimentação balanceada, prática regular de atividades físicas, e cuidados com saúde mental e emocional. A prevenção de doenças, como as sexualmente transmissíveis (ISTs) e gravidez não planejada, também faz parte da orientação dessa faixa etária.

Vida adulta: O olhar atento da ginecologia

A mulher entre 20 e 40 anos passa por várias mudanças, como o início da vida sexual, possíveis gravidezes e outras questões de saúde específicas. A ginecologista Andrea Prestes Nácul, membro da Comissão de Ginecologia Endócrina da FEBRASGO, destaca: "É fundamental que a mulher consulte o ginecologista pelo menos uma vez ao ano. Queixas como cólica menstrual intensa, sangramentos anormais e dor nas relações sexuais, por exemplo, não devem ser ignoradas".

Esse período é um momento crucial para exames preventivos, como o Papanicolau, que ajuda a detectar precocemente o câncer de colo do útero. O acompanhamento médico também é importante para o planejamento familiar, orientação sobre contracepção, preservação da fertilidade no caso em que há uma necessidade de postergar a maternidade e a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.

Menopausa: Saúde no climatério e pós-menopausa


A menopausa, que ocorre em média entre os 48 e 51 anos, marca o fim do período reprodutivo. O Dr. Jaime Kulak, membro da Comissão de Climatério da FEBRASGO, explica que já na transição menopausal, as mulheres apresentam alterações menstruais e sintomas como ondas de calor e insônia. "O climatério abrange toda a transição do período reprodutivo para o não-reprodutivo. É um momento em que as mulheres necessitam de acompanhamento especializado para lidar com os sintomas e os riscos à saúde", ressalta o médico.

A abordagem no climatério inclui orientações sobre alimentação, prática regular de exercícios e, quando indicado, terapia hormonal para controle dos sintomas. O tratamento deve ser individualizado, considerando as necessidades e riscos de cada mulher. O acompanhamento médico contínuo durante essa fase da vida é essencial para o controle da saúde óssea, cardiovascular e emocional.

“O cuidado médico da mulher deve ser integral e contínuo, considerando cada fase de sua vida. Da adolescência à menopausa, a atenção à saúde ginecológica não só previne doenças, mas também promove qualidade de vida. A conscientização sobre a importância do acompanhamento médico ao longo da vida é um passo fundamental para garantir o bem-estar das mulheres em todas as idades”, finaliza o Dr. Jaime.

Ministério da Saúde lança campanha para vacinar 3 milhões de adolescentes contra o HPV

No Brasil, existem pelo menos 7 milhões de adolescentes entre 15 e 19 anos que não foram vacinados contra o HPV, mesmo após terem ultrapassado a faixa etária recomendada para a imunização, que vai dos 9 aos 14 anos. Em resposta a isso, o Ministério da Saúde lançou uma campanha de resgate para identificar e vacinar esses jovens.

O HPV é o vírus responsável por quase 100% dos casos de câncer do colo do útero, o terceiro tipo mais comum entre as mulheres brasileiras. A ação acontece próximo ao mês de março que é dedicado à campanha "Março Lilás" que visa aumentar conscientização e prevenção sobre a doença. A campanha inicial será realizada em 121 municípios com as menores coberturas vacinais, onde vivem quase 3 milhões de adolescentes não imunizados, de ambos os sexos. O objetivo é vacinar pelo menos 90% desse público. Aqueles que não tiverem certeza sobre a vacinação também serão imunizados como precaução.

Para garantir o sucesso da campanha de resgate, os estados participantes deverão solicitar doses extras da vacina ao Ministério da Saúde, que será responsável pela compra e distribuição. Além disso, uma cartilha divulgada nesta semana orienta que a vacinação seja realizada também fora das unidades de saúde, em locais como escolas e shoppings.

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) apoia a campanha de vacinação contra o HPV, reconhecendo sua importância na proteção da saúde da mulher e na prevenção do câncer de colo de útero. “Como entidade comprometida com a saúde ginecológica, reforçamos a necessidade de aumentar a cobertura vacinal e conscientizar a população sobre os benefícios da vacinação e do rastreamento regular. Com esse apoio, buscamos garantir um futuro mais saudável para as próximas gerações”, destaca a Dra. Cecília Maria Roteli, secretária da Comissão Especializada em Vacinas da FEBRASGO.

Até 2044, quase metade da população adulta brasileira será obesa

Excesso de peso pode reduzir a fertilidade, aumentar a predisposição para a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e causar irregularidades ou até mesmo a ausência de ovulação

 

De acordo com estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), até 2044, 48% da população adulta brasileira será obesa e 27% terão sobrepeso. Desde 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu o dia 4 de março como o Dia Mundial da Obesidade, com o objetivo de disseminar informações, aumentar a conscientização sobre os riscos associados à doença e combater o estigma social que ainda a envolve.

Para o Dr. José Maria Soares, presidente da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), os principais fatores de risco para o desenvolvimento da obesidade nas mulheres incluem genética, estilo de vida sedentário, alimentação inadequada, distúrbios hormonais e alterações metabólicas, como resistência à insulina. Além disso, fatores como gravidez, menopausa e questões emocionais também desempenham um papel importante no aumento do peso, o que torna a prevenção e o tratamento da obesidade ainda mais desafiadores.

“A obesidade nas mulheres não apenas afeta a saúde geral, mas também tem impactos diretos no ciclo reprodutivo. O excesso de peso pode reduzir a fertilidade, aumentar a predisposição para a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e causar irregularidades ou até mesmo a ausência de ovulação. Além disso, a obesidade está associada a distúrbios menstruais e ovarianos, elevando o risco de cânceres ginecológicos, como os de ovário, mama e endométrio”, ressalta o médico.

Do ponto de vista da saúde feminina, a obesidade possui uma forte conexão com a síndrome dos ovários policísticos, desempenhando um papel significativo no seu desencadeamento. “Compreender a fisiopatologia da obesidade e as opções de tratamento disponíveis é fundamental para que os ginecologistas possam oferecer um cuidado mais eficaz às mulheres que enfrentam essa importante questão de saúde”, explica

A obesidade também tem um impacto negativo na fertilidade feminina. Mulheres com sobrepeso apresentam mais irregularidades menstruais e uma chance reduzida de concepção natural em um ano, em comparação com aquelas com peso saudável.

“Este é um problema de saúde pública global que afeta mulheres em diferentes fases de suas vidas. Os ginecologistas obstetras desempenham um papel essencial na identificação de fatores de risco, diagnóstico e tratamento da obesidade, um desafio significativo para a saúde das mulheres”, enfatiza o Dr. José Maria.

Prevenção

O médico da FEBRASGO destaca que a prevenção da obesidade começa com a adoção de hábitos saudáveis que promovam o equilíbrio entre alimentação e atividade física. Manter uma dieta balanceada, rica em frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras, é essencial para evitar o acúmulo de peso excessivo. Além disso, é importante controlar as porções e evitar alimentos ultraprocessados e ricos em açúcares, que contribuem para o aumento do peso.

“A prática regular de exercícios físicos, como caminhadas, corridas, musculação ou atividades que promovam o bem-estar, deve ser incorporada à rotina diária, ajudando não só na queima de calorias, mas também no fortalecimento do corpo e na melhora do metabolismo. Evitar o sedentarismo, estabelecer uma boa qualidade de sono e gerenciar o estresse também são fundamentais para manter o peso saudável. Essas pequenas mudanças no estilo de vida podem fazer toda a diferença na prevenção da obesidade e na promoção de uma vida mais saudável e equilibrada”, diz.

Tratamento

O tratamento da obesidade geralmente começa com a mudança do estilo de vida, independentemente do IMC da pessoa. No entanto, o médico explica que para muitas pessoas, essa abordagem não traz os resultados esperados e nem sempre ela é suficiente para não apenas perder peso.

Quando a mudança de hábitos não é suficiente, o próximo passo é considerar o uso de medicamentos. Porém, para iniciar esse tratamento, não basta apenas o desejo do paciente; é necessário que ele atenda a critérios específicos. "O uso de medicamentos é indicado para pessoas com IMC superior a 30 que não apresentaram resultados com a mudança de estilo de vida, ou para aquelas com IMC de 27 ou mais, mas que também apresentam comorbidades associadas à obesidade", afirma o médico. Entre as comorbidades incluem-se hipertensão arterial, diabetes, doenças cardíacas, câncer, entre outras. O tratamento medicamentoso é sempre individualizado, levando em conta as necessidades e condições de cada paciente.

Em casos em que a mudança de estilo de vida e o tratamento medicamentoso não surtiram efeito, a cirurgia bariátrica — ou redução de estômago — pode ser uma opção. Ela é indicada para pessoas com IMC superior a 40 ou para aquelas com IMC superior a 35, desde que apresentem comorbidades associadas à obesidade e não tenham respondido adequadamente a outras abordagens terapêuticas.

Escolha do tratamento para câncer do colo do útero deve levar em consideração a maternidade, alerta especialista

Desejo de ter filhos ou o fato de já ter completado a família são fatores importantes na escolha das opções terapêuticas

Março é o mês de conscientização sobre o câncer do colo do útero, considerada a terceira neoplasia que mais atinge mulheres. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 17 mil mulheres serão diagnosticadas com a doença em 2025 no Brasil. Para aquelas que enfrentam o tratamento, o acompanhamento médico contínuo é essencial, não apenas para monitorar a recuperação, mas também para prevenir possíveis recidivas.

O Dr. Caetano Cardial, especialista em ginecologia oncológica da Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), explica que, após o diagnóstico do câncer do colo do útero, a mulher precisa passar por uma etapa chamada estadiamento. Isso significa realizar exames como tomografia, ressonância magnética ou PET-CT para entender melhor a extensão da doença e verificar se o câncer se espalhou para outras partes do corpo. Esses exames são fundamentais para definir o melhor tratamento para cada caso.

A idade da paciente, seu desejo de ter filhos ou o fato de já ter completado a família são fatores importantes na escolha das opções terapêuticas. O tratamento do câncer do colo do útero pode impactar a fertilidade, dependendo do tamanho do tumor e do tipo de intervenção necessária.

Em alguns casos, o tratamento cirúrgico pode incluir a retirada do útero, enquanto a radioterapia e a quimioterapia também podem comprometer a capacidade reprodutiva. No entanto, para tumores pequenos, existem técnicas seguras que permitem preservar o útero, como a conização, que remove apenas a parte central do colo do útero, ou a traquelectomia radical, que retira todo o colo uterino, mas mantém o útero intacto.
Já para tumores maiores, uma alternativa é a coleta de óvulos antes do início do tratamento, permitindo a fertilização in vitro e a possibilidade de gestação por meio da chamada "barriga solidária". Essas opções devem ser discutidas com a equipe médica para garantir a melhor abordagem tanto para a saúde da paciente quanto para seu planejamento familiar.

Após a remoção do tumor ou uma cirurgia no útero, alguns cuidados são fundamentais para a recuperação adequada da paciente. Em geral, recomenda-se abstinência sexual por um período de 30 a 45 dias, permitindo a cicatrização completa dos tecidos. Atividades físicas intensas, como academia, devem ser evitadas por 30 a 60 dias, dependendo do tipo de procedimento realizado.

“A recuperação também varia conforme a técnica cirúrgica utilizada: em cirurgias minimamente invasivas, como a laparoscópica ou robótica, o tempo de recuperação tende a ser mais rápido, enquanto na cirurgia aberta (convencional), o período de repouso pode ser maior. Além disso, é essencial seguir todas as orientações médicas, comparecer às consultas de acompanhamento e relatar qualquer sintoma incomum para garantir uma recuperação segura e eficaz”, ressalta o médico.

Após o tratamento, a paciente será acompanhada de perto nos primeiros dois a três anos, com consultas a cada três ou quatro meses. Além do exame físico, podem ser solicitados exames como tomografia, ressonância magnética e Papanicolau, dependendo do quadro clínico e dos sintomas apresentados. “Esse acompanhamento é fundamental para garantir que a doença não retorne e para identificar qualquer alteração precocemente", explica.
A prática regular de exercícios, atividades ao ar livre e uma alimentação saudável, com porções diárias de frutas, legumes, vegetais e proteínas, são fundamentais para o fortalecimento geral da paciente. “Esses hábitos contribuem para a recuperação física e emocional, melhorando a qualidade de vida e auxiliando na manutenção da saúde a longo prazo. O suporte emocional e psicológico é uma parte essencial do tratamento e deve ser oferecido logo após o diagnóstico”, conclui o especialista.

Efeitos colaterais da radioterapia e quimioterapia no câncer de colo do útero

Todo tipo de tratamento contra o câncer pode trazer efeitos colaterais, e a radioterapia e a quimioterapia não são exceções. É fundamental que a paciente siga as orientações médicas para minimizar esses impactos. Ambos os tratamentos podem afetar a função ovariana, levando a um quadro de menopausa precoce. Isso pode resultar em sintomas como diminuição da libido, perda de lubrificação vaginal e, no caso da quimioterapia, queda de cabelo, o que pode afetar significativamente a autoestima da mulher e agravar outros sintomas.

Para gerenciar esses efeitos colaterais de maneira eficaz, algumas estratégias podem ser adotadas:

● Uso de lubrificantes: para aliviar a secura vaginal e a dor durante a relação sexual, o uso de lubrificantes à base de água pode ser recomendado.
● Orientação para parceiros sexuais: a comunicação aberta com o parceiro é importante para ajudar a paciente a lidar com a diminuição da libido e outros desconfortos relacionados.
● Próteses capilares: para as mulheres afetadas pela queda de cabelo devido à quimioterapia, as próteses capilares (perucas) podem ser uma opção que ajuda a restaurar a autoestima e a confiança.
● Alimentação saudável: manter uma dieta balanceada pode ajudar na recuperação e no fortalecimento do sistema imunológico.
● Exercícios físicos: a prática de atividades físicas, sempre que liberada pelo médico, pode melhorar o bem-estar geral, ajudar no controle do estresse e aumentar a energia, além de reduzir sintomas como a fadiga.

Endometriose: doença afeta uma em cada dez mulheres em idade fértil no Brasil

Falta de conhecimento pode ser a principal barreira para o diagnóstico precoce, alerta especialista

Março Amarelo é o mês de conscientização sobre a endometriose, condição que afeta uma em cada dez mulheres em idade fértil no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) reforça a importância do diagnóstico precoce, já que a doença pode causar dores intensas e dificuldades para engravidar.

 

O Dr. Ricardo Quintairos, presidente da Comissão Nacional Especializada em Endometriose da FEBRASGO, destaca que o principal desafio para o diagnóstico precoce é o acesso à informação. Ele explica que é fundamental informar sobre os tipos de endometriose, evolução e sintomas, além de preparar os médicos para o diagnóstico. “O desconhecimento sobre a endometriose, tanto por parte da população quanto da classe médica, faz com que pacientes passem de médico em médico, sem que alguém considere a possibilidade de uma doença tão prevalente como a endometriose pélvica”, destaca.

 

O especialista reforça que é importante lembrar que sentir dor intensa durante o ciclo menstrual não é normal, e que uma jovem que sofre com cólicas tão fortes que a impedem de ir à escola ou realizar suas atividades diárias, precisa ser encaminhada para investigação. “Isso significa que o ginecologista ou até mesmo o clínico geral deve realizar uma avaliação. A análise pode ser realizada, por exemplo, por meio de uma ressonância magnética ou ultrassonografia com preparo adequado para mulheres que não são virgens. Além disso, pode-se utilizar a ultrassonografia transvaginal, sempre com preparo intestinal, para visualizar as lesões, sendo essa abordagem particularmente indicada para mulheres que não são virgens”,ressalta.

 

No entanto, se não for possível fazer um diagnóstico imediato, é possível começar o tratamento de uma paciente jovem que apresenta ciclos menstruais intensos há mais de dois anos, período após o qual as cartilagens já começam a se fechar. Nessas situações, o tratamento pode ser iniciado de forma empírica — ou seja, sem a comprovação definitiva da doença — com o objetivo de aliviar a dor e impedir o avanço da condição. Atualmente, as sociedades médicas aceitam o tratamento empírico, enquanto, no passado, era necessário aguardar a confirmação por meio de biópsia. A abordagem moderna entende que, diante de dor incapacitante e recorrente, a paciente pode iniciar o tratamento mesmo sem diagnóstico definitivo, sem a necessidade imediata de uma equipe especializada e multidisciplinar.

 

“Temos trabalhado intensamente no combate ao diagnóstico tardio,  juntamente ao grupo de mulheres portadoras de endometriose que também tem se empenhado em esclarecer e ensinar que a doença começa precocemente e pode evoluir, muitas vezes, de forma rápida. A ignorância, no sentido de desconhecimento, é um grande desafio. E, por conta disso, não conseguimos identificar a doença de forma precoce, o que dificulta o tratamento adequado”, afirma o médico.

 

A doença pode ser subdiagnosticada em mulheres mais jovens ou naquelas que ainda não têm filhos. Muitas vezes, a paciente apresenta poucos sintomas, o que gera uma idiossincrasia entre a gravidade da doença e a intensidade dos sintomas. Ou seja, algumas mulheres com casos graves podem não apresentar sintomas significativos, enquanto outras, com formas mais leves, têm sintomas intensos. Essa incompatibilidade entre a doença e os sintomas pode levar ao subdiagnóstico, com pacientes assintomáticas ou com sintomas discretos não sendo corretamente identificadas. Existe, portanto, um grande subdiagnóstico, especialmente entre as pacientes com infertilidade, já que 50% das mulheres inférteis podem ter endometriose pélvica.

 

Sobre os sintomas de alerta, o Dr. Ricardo Quintairos explica que a endometriose é conhecida como a doença dos '6 Ds': dispareunia (dor na relação sexual), disquesia (dor na defecação), dismenorréia (dor menstruacional), dificuldade de gestar (dificuldade de gestação), infertilidade e disúria (dificuldade para urinar). Além disso, a dor pélvica crônica, que ocorre fora do ciclo menstrual, também é um sinal importante. Se a paciente apresentar qualquer um desses sintomas de forma recorrente ou persistente, é fundamental considerar rapidamente o diagnóstico de endometriose.

 

O especialista declara que apesar da falta de informação, o  conhecimento sobre a endometriose tem melhorado consideravelmente nos últimos anos com a divulgação de informações das sociedades médicas à população.O Brasil, hoje, é considerado um dos melhores países do mundo para diagnóstico de endometriose, de acordo com o médico.

“Como resultado, pessoas que antes não tinham diagnóstico agora estão sendo corretamente identificadas, e médicos que antes não estavam preparados para realizar o diagnóstico agora possuem mais recursos e conhecimento. Isso tem levado a um aumento nos diagnósticos, especialmente porque as mulheres hoje têm menos filhos do que no passado, o que significa que menstruam por mais tempo. Com isso, há uma maior prevalência de endometriose, uma vez que a condição tem uma forte relação com fatores clínicos e genéticos”, finaliza.

Página 18 de 142
-->

© Copyright 2025 - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Todos os direitos são reservados.

Políticas de Privacidade e Termos De Uso.

Aceitar e continuar no site