Informações sobre a Vacinação contra HPV
Comissão Nacional Especializada de Vacinas da FEBRASGO
O dia 4 de março foi estabelecido como dia da conscientização sobre HPV, o Papilomavírus humano, que tem associação causal com várias doenças que afetam as mulheres e homens. A infecção por HPV é considerada a infecção sexualmente transmissível de maior incidência no mundo. Estima-se que há cerca de 600 milhões de pessoas infectadas por HPV no mundo e que 80% da população sexualmente ativa entrou em contato com o vírus em algum momento de suas vidas. Na ausência de vacinação, a maioria dos indivíduos sexualmente ativos é infectada por HPV durante a vida sendo que mais de 80% das infecções desaparece sem deixar sequelas e, as infecções que não regridem, podem progredir para doenças relacionadas ao HPV, incluindo câncer do colo do útero e seus precursores (lesões intraepiteliais de baixo ou alto grau), cânceres do ânus, da vulva, da vagina, do pênis e lesões precursoras do câncer, neoplasia intraepitelial peniana, verrugas genitais, lesões no trato respiratório e digestivo, incluindo câncer de orofaringe e papilomatose respiratória recorrente.
Nas mulheres, os subtipos oncogênicos HPV 16 e HPV 18 são os responsáveis por mais de 70% dos casos de cânceres de colo de útero e de suas lesões precursoras, e 90% dos casos de adenocarcinoma in situ (AIS) do colo uterino. Também nas mulheres, estes dois subtipos estão associados a mais de 70% das lesões de vulva vagina e ânus. Os tipos de HPV 6 e 11 são considerados não oncogênicos e estão associados a verrugas genitais de homens e mulheres.
Desde 2007, as vacinas contra o HPV estão sendo administradas em adolescentes nos Programas de Imunização em todo o mundo, promovendo a prevenção de neoplasias cervicais e lesões clínicas induzidas pelo vírus. Neste público-alvo, principalmente entre 9 e 14 anos, não há questionamento quanto à efetividade e à segurança da vacinação. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) se iniciou em 2014 e contempla atualmente meninas e meninos de 9 a 14 anos com a vacina quadrivalente (4V) contra os quatro subtipos de HPV, 16, 18, 6 e 11.
O Ministério da Saúde, assim como vários países do mundo, utiliza a vacina HPV 4V, que tem comprovadamente impactado a prevenção dos principais subtipos de alto risco de HPV que podem resultar em canceres principalmente do colo uterino.
O Estudo POP Brasil, que apresenta dados sobre a prevalência nacional de infecção por HPV, financiado pelo Ministério da Saúde, mostrou que o principal subtipo oncogênico mais prevalente no Brasil é o HPV 16.
Em 2019, em uma revisão sistemática Cochrane que avaliou a eficácia, imunogenicidade e segurança de diferentes tipos de vacina contra HPV, em esquemas e dosagens distintos, mostrou que comparando as duas apresentações de vacinas, 4V e nonavalente (9V), a proteção foi semelhante contra um resultado combinado de neoplasia intraepitelial cervical de alto grau, adenocarcinoma in situ ou cancer cervical.
A partir de 2015 foi licenciada e recomendada nos Estados Unidos pela ACIP (Advisory Committee on Immunization Practices) uma nova formulação da vacina HPV que, além dos 4 tipos de HPV que estão incluídos na 4V, contempla 5 outros tipos oncogênicos de HPV, tipos 31, 33, 45, 52 e 58, chamada Gardasilâ 9V, que aumenta a proteção contra as lesões induzidas por HPV. É uma vacina recombinante com proteínas L1 semelhantes aos 9 tipos de HPV. Como as proteínas L1 não contêm DNA viral, não podem infectar as células nem se reproduzir.
Neste mês de março, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou a comercialização dessa nova formulação, Gardasilâ 9V, em clínicas privadas. Na rede básica gratuita de saúde, a vacina disponível permanece a Gardasilâ 4V.
A vacina 9V está indicada para mulheres e homens entre 9 e 45 anos com as doses administradas de acordo com a idade: 9 a 14 anos (2 doses: 0-6 meses); acima de 14 anos onze meses e vinte e nove dias (3 doses: 0-2-6 meses). Semelhante à vacina 4V, a 9V apresentou resultados de eficácia, segurança e imunigenicidade em relação a desfechos clínicos, em populações selecionadas.
O perfil de segurança foi similar entre 9V e 4V em mulheres, homens, meninas e meninos. As reações adversas sistêmicas e locais relacionadas à vacinação foram aproximadamente 1% maior naqueles que receberam a 9V, quando comparadas com a 4V, em todos os estudos clínicos.
Com o objetivo de informar sobre a vacinação contra HPV, a CNE vacinas da Febrasgo esclarece que:
- A vacinação com a vacina 4V, contra os 2 principais tipos de HPV causadores de câncer de colo uterino e os 2 tipos causadores de verrugas genitais, está disponível gratuitamente em todo o país para meninas e meninos de 9 a 14 anos, com duas doses em intervalo de 6 meses (0-6 meses). Para mulheres e homens imunossuprimidos até 45 anos, também está disponível gratuitamente, com três doses em intervalo de 2 e 6 meses (0-2-6 meses).
- Em todos os países que introduziram a vacinação com a 4V, com altas coberturas vacinais, houve queda da incidência de verrugas e neoplasias do trato anogenital, comprovando que a vacinação de meninas é a intervenção mais efetiva para a redução do risco de câncer de colo de útero.
- A prioridade atual do Ministério da Saúde é aumentar as coberturas da vacina 4V, de acordo com o comprometimento do Brasil junto à OMS, de alcançar até 2030, coberturas iguais ou acima de 90% para possibilitar a diminuição do câncer de colo uterino.
- O Ministério da Saúde continuará a usar a vacina HPV 4V, resultado de acordo de transferência de tecnologia, entre o MS, o Instituto Butantan e a empresa MSD. Em futuro próximo, a vacina será totalmente produzida no Brasil.
- A vacina 9V aprovada pela Anvisa para uso comercial, cobre os mesmos 4 subtipos de HPV contidos na vacina 4V (6-11-16-18) e outros 5 subtipos de HPV (31-33-45-52-58).
- Para a proteção contra os subtipos incluídos na nova formulação 9V, é necessário o número completo de doses, mesmo para quem tem o esquema completo com a 4V. Para meninas e meninos de 9 a 14 anos, duas doses com intervalo de seis meses (0-6 meses). Homens e mulheres de 15 a 45 anos, três doses com intervalo de 2 e seis meses (0-2-6 meses). Para imunossuprimidos entre 9 e 45 anos, três doses com intervalo de dois e seis meses (0-2-6 meses).
As diferenças entre as duas formulações estão contempladas na tabela 1
Bibliografia:
- Gardasil 9 (Human papillomavirus 9-valent vaccine, recombinant. US FDA approved product information; Whitehouse Station, NJ: Merck & Co, Inc. June 2020]
- SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações. Estratégia de Vacinação contra HPV – 2015 Doses aplicadas da vacina HPV Quadrivalente Brasil. http://pni.datasus.gov.br/consulta_hpv_15_C23.php
- Programa Vacinal para Mulheres, 2ª ed., São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo 2021) Comissão Nacional Especializada de Vacinas pg. 38-39
- https://www.who.int/initiatives/cervical-cancer-elimination-initiative#:~:text=In%20May%202018%2C%20the%20WHO,unite%20behind%20this%20common%20goal acessado em 4 de março de 2023
- https://www.who.int/initiatives/cervical-cancer-elimination-initiative#:~:text=In%20May%202018%2C%20the%20WHO,unite%20behind%20this%20common%20goal acessado em 4 de março de 2023
No mês de celebração do Dia Internacional da Mulher, FEBRASGO anuncia criação de Núcleo Feminino
No mês da mulher, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia Obstetrícia (FEBRASGO) anuncia a formação do Núcleo Feminino, que desempenhará um papel vital na promoção da saúde das mulheres, no avanço da pesquisa, educação e na defesa dos direitos das mulheres no campo da obstetrícia e ginecologia. Ou seja, o grupo fortalecerá os propósitos da Federação, do ponto de vista técnico e social.
O Núcleo será formado por importantes nomes da GO, entre elas a Dra. Maria Celeste Osório Wender, Diretora de Defesa e Valorização Profissional, e também ginecologistas membros das demais comissões nacionais especializadas, entre elas: Dra. Marta Finotti, Dra. Roseli Nomura, Dra. Lia Cruz, Dra. Ida Perea, Dra. Hilka Espirito Santo, Dra. Marcia Machado, Dra. Maria Auxiliadora Budib, Dra. Valeria Pontes e Dra. Joice Lima.
Entre outros fatores, o aumento no número de profissionais mulheres, segundo o mais recente Estudo Demográfico Médico Brasileiro de 2023, que indica que mais de 20,3 mil mulheres são especialistas em Ginecologia e Obstetrícia, dão sinais claros da necessidade de promover espaços para estas vozes. Atualmente, o montante representa 60,9% dos profissionais nessas especialidades.
A iniciativa demonstra ainda o compromisso da FEBRASGO com as profissionais da área, uma vez que uma das diretrizes do Núcleo é ser uma rede de apoio às mulheres médicas, nos diversos estágios de suas carreiras - da residência médica à aposentadoria.
Além dessas diretivas, o Núcleo Feminino da FEBRASGO terá como missão:
- Aumentar a conscientização sobre questões de saúde das mulheres e promover políticas e iniciativas que apoiem a saúde feminina;
- Apoiar os direitos das mulheres de tomar decisões, informadas sobre sua saúde reprodutiva;
- Facilitar o contato e colaboração entre mulheres ginecologistas-obstetras profissionais, pesquisadoras e defensoras dos direitos das mulheres para compartilhar conhecimento e recursos promover a pesquisa e a inovação da saúde das mulheres;
- Incentivar a discussão de temas relacionados aos desafios da carreira, mercado de trabalho, empreendedorismo, saúde física e mental e qualidade de vida na grade dos congressos da FEBRASGO;
- Desenvolver programas educacionais e oportunidades de treinamento para mulheres profissionais da área da obstetrícia e ginecologia, para aprimorar seus conhecimentos e habilidades nos cuidados da saúde feminina;
- Buscar apoios e financiamentos de projetos de pesquisa relacionados à saúde das mulheres, incluindo estudos sobre saúde reprodutiva, saúde materna, menopausa e outros problemas de saúde feminina;
- Ter programas de educação continuada que contemplem os aspectos mais relevantes relacionados a inovações e novas tecnologias na especialidade;
- Promover debates sobre temas relacionados a posicionamento das GOs nas mídias sociais.
Mais informações sobre as atividades do Núcleo serão divulgadas nos canais da FEBRASGO.
Mulheres podem aprender sobre saúde íntima quebrando tabus, orienta FEBRASGO
Ginecologistas alertam sobre cuidados que evitam o aparecimento de infecções, inflamações e muitos outros problemas
Em alusão ao Dia Internacional da Mulher, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) alerta sobre a importância dos cuidados com a higiene íntima como fator essencial para todas as mulheres, pois evita o aparecimento de infecções, inflamações e muitos outros problemas.
A Dra. Marcia Terra Cardial, vice-presidente da Comissão Especializada em Trato Genital Inferior da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), chama atenção para doenças genitais mais comuns, com os aspectos infecciosos que podem colocar em risco a vulva, vagina e colo de útero.
Uma das infecções vaginais mais frequentes é a Candidíase que, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope, atinge pelo menos 52% das mulheres brasileiras, ao menos uma vez na vida. “É uma doença bem comum no ciclo feminino, em que muitas vezes as mulheres têm a infecção recorrente, até por conta da falta de conhecimento sobre cuidados com a saúde íntima. Mas vale o alerta que nem tudo que coça é cândida, então é recomendado que sempre que tiver a dúvida, recorra ao médico para que seja comprovado com diagnóstico clínico laboratorial” enfatiza a Dra. Marcia.
Outra doença habitual na rotina feminina e pouco conhecida pelo público é a Vaginose Bacteriana. Sobre o tema, pesquisa do Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC) constatou que 49% das brasileiras não a conhecem. “Nessa doença, a mulher sente um odor forte, semelhante ao de peixe, que ocorre pelo desequilíbrio vaginal em relação às bactérias do bem, onde existe uma diminuição dos lactobacilos e um aumento das microorganismos que podem levar a algum tipo de infecção” explica a ginecologista.
Colo do Útero
“No colo de útero temos infecções subdiagnosticadas que podem causar problemas futuros, como, por exemplo a Clamídia, uma doença silenciosa, na maioria das vezes inicia sem sintoma algum e em algumas vezes pode dar uma dorzinha na relação apenas, e a patologia fica ali sem ser diagnosticada porque o médico também não ver a olho nu, nem sempre manifesta o corrimento cumpulso, em 40% das ocorrências ela é totalmente assintomática, e pode avançar para útero, ovário e trompas causando danos ao sistema reprodutivo, e pode ser passada pela relação sexual na maioria das vezes” destaca Márcia.
A infecção sobre o HPV também é comum quando o assunto é colo de útero. A médica da FEBRASGO explica que cerca de 8 em cada 10 mulheres sexualmente ativa terão o vírus em algum momento da vida antes dos 50 anos. É um vírus que infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais, e pode levar no futuro ao câncer de colo de útero, para uma determinada parcela de pessoas que não tem o hábito de cuidar da saúde, atingindo as mulheres que não fazem a prevenção e exames adequados.
Cuidados com a saúde íntima
A higiene íntima feminina é essencial para a saúde e merece cuidados especiais para evitar riscos que podem evoluir para quadros sérios. “Indicamos as mulheres que façam higiene genital com sabonete líquido adequado para cada fase da vida, uso da calcinha de algodão ou seda, sempre de cor neutra no dia a dia, e sem o absorvente diário. A higiene após urinar ela deve ser sempre para trás, sempre lavar ao evacuar, papel higiênico deve ser neutro sem perfume, e também é muito importante hidratar a pele da vulva, é bem comum tratar o recenseamento de todo o corpo e esquecer de cuidar da pele da vulva. Se a mulher puder dormir sem calcinha, ficar de saia sem calcinha em casa para entrada do oxigênio que permite manter vivos os lactobacilos naturais da vagina, mantendo assim o microbioma vaginal ”.
Exames de Prevenção
“Os exames preventivos para câncer do colo de útero devem ser realizados em toda mulher que já teve relação sexual e tem idade de 25 a 64 anos. Antes dos 25 anos deve fazer apenas o exame ginecológico de rotina, rastreamento de clamídia e atualizar o calendário vacinal. É muito importante que a mulher tenha um bom relacionamento com ginecologista indo para consulta anual para que tenha o acompanhamento correto ", salienta a médica.
Aos 25 anos a mulher começa a ter a necessidade de fazer o exame preventivo com o HPV para prevenção do Câncer de Colo de Útero até 64 anos. Após essa idade, vai de avaliação médica de cada paciente, que identifica se precisa de continuar com o acompanhamento ou não, porque após a menopausa vai reduzindo a incidência de Câncer Cervical, e, por outro lado, vai aumentando a taxa de câncer de mama.
“A Organização Mundial de Saúde, reforça que podemos acabar com o Câncer de colo de útero se vacinarmos 90% das meninas. Ter um rastreamento com teste efetivo para o HPV em 70% das mulheres de 30 a 45 anos. E tratarmos 90% das mulheres com doença pré cancerosa" finaliza Márcia.
Nota de Falecimento - Prof. Dr. José de Souza Costa
É com enorme pesar que a FEBRASGO comunica o falecimento do Prof. Sr. José de Souza Costa, ginecologista, doutor em ciências médico cirúrgicas pela Universidade Federal da Bahia, professor titular da Universidade Federal da Bahia, membro do Conselho Superior da SOGIBA, ex-presidente da FEBRASGO.Obesidade pode implicar em problemas ginecológicos, afirma especialista da FEBRASGO
A obesidade afeta mais mulheres do que homens e deixa a mulher vulnerável a muitos problemas de saúde
Publicado em 2022 pela Federação Mundial de Obesidade, o Atlas da Obesidade apontou que até 2030 no Brasil, 29,7% da população adulta viverá com obesidade, sendo 33,2% desse total mulheres. A Dra. Gabriela Pravatta Rezende, membro da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), explica que a obesidade é classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica e que está atrelada a diversos problemas de saúde.
Quando se fala sobre a saúde ginecológica da mulher, pensa-se tanto na questão da menstruação quanto de fertilidade e de outras doenças que podem estar associadas à obesidade como um fator de risco. “Sabemos que a obesidade está relacionada a muitas alterações do ponto de vista endocrinológico, porque o tecido gorduroso, que se chama de tecido periférico, é capaz de produzir alguns hormônios”, comenta Dra. Gabriela.
A Dra. explica que obesidade aumenta o risco de resistência insulínica, que é uma condição que pode afetar o ciclo menstrual. Ela pode também aumentar a prevalência da Síndrome de Ovários Policísticos, uma complicação metabólica bastante complexa. “Isso afeta não só a questão menstrual, pois a mulher passa a não menstruar adequadamente, porque é uma síndrome que bloqueia a ovulação, como também está relacionada ao aumento dos hormônios masculinos e também à infertilidade", adiciona a ginecologista.
Há também uma relação entre a obesidade e o sangramento menstrual aumentado. “Os hormônios produzidos pelo tecido gorduroso, principalmente o estrogênio, na forma da estrona, pode aumentar o risco de câncer de endométrio e de hiperplasia de endométrio, que o endométrio fica mais espesso e isso também está relacionado ao sangramento uterino aumentado”, explica.
A obesidade também pode aumentar o risco do câncer de mama, devido à produção de hormônios no tecido periférico (gorduroso). Em adolescentes, a obesidade causa cólicas muito fortes durante o período menstrual e pode acelerar o processo de puberdade. Portanto, mulheres obesas têm mais chance de passar pela puberdade precocemente.
Já no climatério, a mulher obesa tem maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares: infarto, AVC, angina e mais complicações. Principalmente durante esse período, a obesidade aumenta as chances de câncer de ovário. “O aumento de peso está associado a mais ou menos 3% na incidência do câncer de ovário por década”, completa.
Sobre os cuidados que a mulher obesa deve ter sobre sua saúde são os mesmos cuidados que toda mulher deve ter: realizar exames laboratoriais com frequência e exames mais específicos, como mamografia, ultrassom de mama e transvaginal, entre outros. Cuidados com a alimentação e exercícios físicos também são recomendados. “A mulher deve estar atenta a sua saúde no ponto de vista global”, conclui a Dra.
Endometriose pode ser silenciosa em até 20% dos casos, afirma ginecologista da FEBRASGO
A doença afeta uma a cada dez mulheres no Brasil, não tem cura e pode retornar caso haja a interrupção do tratamento
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a endometriose afeta uma a cada dez mulheres entre 25 e 35 anos. A doença, explica a ginecologista e secretária da Comissão Nacional Especializada em Endometriose da FEBRASGO, Dra. Márcia Mendonça Carneiro, é benigna e caracterizada pela presença de tecido menstrual (endométrio) fora do útero, podendo atingir não só órgãos reprodutivos, mas também intestino, bexiga e até os pulmões.
Segundo a ginecologista, em até 20% das mulheres a doença pode ser silenciosa. Os principais indícios da doenças são dores pélvicas relacionadas ao ciclo menstrual, dores durante o ato sexual e ao evacuar ou urinar. A dor pode apresentar piora durante o período menstrual e é uma alerta para a possibilidade de endometriose.
“Ao longo da vida, a endometriose pode comprometer o enfrentamento a esses desafios diários, resultando em limitações para alcançar objetivos de vida, como concluir os estudos, avançar na vida profissional”, aponta Dra Márcia. “Além disso, a doença pode interferir no desenvolvimento de relacionamentos estáveis e gratificantes ou afetar as chances de gravidez e formação de um família, o que em suma acaba alterando profundamente a trajetória de vida de uma pessoa”, conclui.
Quanto ao tratamento da endometriose, os principais objetivos são o alívio da dor, a obtenção de gravidez para as mulheres que desejam engravidar e a prevenção do retorno da doença. O tratamento pode incluir o uso de medicamentos, a realização de cirurgias ou a combinação de ambos. “É importante ressaltar que a doença não tem cura e que a recidiva (retorno) ocorre uma vez quando interrompido o tratamento”, explica a médica.
Ela ainda explica que a cirurgia, caso indicada, deve ser minimamente invasiva, ou seja, deve preservar útero e ovários, principalmente para as mulheres que desejam engravidar, já que a maioria estão em idade reprodutiva. O objetivo da cirurgia é remover todos os focos visíveis ou palpáveis de endometriose em uma única cirurgia. “A cirurgia melhora a dor, a qualidade de vida e a fertilidade da mulher”, diz Dra. Márcia. Ainda é importante ressaltar que para as mulheres que não planejam gravidez no futuro próximo ou tem custos ovarianos (endometrioma) , a preservação da fertilidade através do congelamento de óvulos deve ser considerada.
Ainda sobre o tratamento, as opções incluem a suspensão da menstruação através do uso de medicação hormonal, como a pílula combinada ou de progesterona, implante hormonal ou DIU medicado (Mirena©) e a remoção cirúrgica de lesões. “Apesar de seguro, o tratamento hormonal não funciona adequadamente ou não é tolerado por até 30% das mulheres e possui efeitos colaterais comuns, como sangramento irregular, dores de cabeça e alterações de libido”, pontua.
Sobre a prevenção da endometriose, Dra. Márcia comenta que não há meios eficazes de preveni-la e que alguns estudos sugerem que a prática de exercícios físicos e uma dieta equilibrada com alimentos ricos em ômega-3, com efeito anti-inflamatório e vitamina D, além do consumo de frutas e verduras preferencialmente orgânicas, e cereais integrais, parecem exercer efeito protetor, com redução no risco de desenvolvimento da endometriose.
“Quanto aos fatores de risco para a doença estão o histórico familiar, a ocorrência de ciclos menstruais com fluxo aumentado e a exposição a substâncias como os disruptores endócrinos presentes no meio ambiente, como plásticos e maquiagem, por exemplo, além disso a ingestão de alimentos em grandes quantidades podem piorar os sintomas, alimentos ricos em gordura trans, industrializados e carne vermelha”, conclui a Dra.