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Agosto Dourado - Ginecologistas e Obstetras do Brasil assumem vanguarda da defesa da amamentação

Instituído em 2017, o mês celebra o leite materno como alimento de ouro para a saúde dos bebês

 

        Todos os estudos científicos publicados mundialmente comprovam que o leite materno é o único alimento completo para o recém-nascido durante os seis primeiros meses. Também é importantíssimo para a garantia de uma existência mais saudável, quando suplementado com outros alimentos até os dois anos ou mais.

        A amamentação protege a criança, evitando doenças físicas e mentais, diminuindo a mortalidade infantil e a subnutrição. É um ato de amor que só faz bem ao bebê, além de trazer benefícios também para a mãe. Só não é um ato instintivo: um profissional de saúde qualificado deve ensinar a mulher como fazê-lo de maneira correta.

 “A mulher pode amamentar sentada, deitada ou até em pé. O bebê pode permanecer sentado, deitado ou até em posição invertida (entre o braço e o lado do corpo da mãe), sempre sob orientação profissional. O fundamental é que ambos estejam confortáveis e relaxados”, pontua o obstetra Corintio Mariani Neto, presidente da Comissão Nacional de Aleitamento Materno e diretor Administrativo/Financeiro da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

        Há sinais indicativos básicos da posição correta da criança, conforme complementa Corintio. O corpo e a cabeça devem estar alinhados, de modo que o lactente não necessite virar o rosto para pegar a mama.

        Outros indicativos: o bebê deve estar com o rosto de frente para o peito, com a barriga voltada para a barriga da mãe. A aréola deve estar quase toda dentro da boca do bebê e o queixo encostado na mama. Ao sugar, os lábios ficam voltados para fora, a língua por baixo do mamilo e as bochechas ficam redondas. A criança mostra-se tranquila, com sucção lenta, profunda e ritmada, com períodos de atividade e pausa.

        Toda mãe se preocupa com o peso de seu filho. Mas é normal que o recém-nascido perca cerca de 10% de peso nos primeiros dias de vida. Em pouco tempo, ele recuperará e deve ganhar entre 18 e 30 gramas por dia, chegando mesmo a engordar 500 gramas no mês.

“A questão do ganho de peso é muito discutida entre os profissionais que lidam com a amamentação. Causa comum de ganho de peso insatisfatório em criança amamentada exclusivamente com leite materno pode ser um erro na técnica de aleitamento”.

        Ainda em relação ao ganho de peso, as mulheres lactantes devem ter uma alimentação balanceada, rica em proteínas e minerais, consumindo carnes magras, verduras e frutas. Entretanto, assim como na gravidez, há de se levar em conta que durante a lactação as necessidades de alguns nutrientes aumentam.

“Sabe-se que a concentração de diversas vitaminas e sais minerais, tanto no plasma quanto no leite materno sofre influência da dieta e do estado nutricional da puérpera. Os nutrientes mais críticos incluem vitamina A, tiamina, riboflavina, vitaminas B6 e B12, iodo e selênio, uma vez que o consumo inadequado e as reservas maternas baixas podem repercutir negativamente na criança. Nestes casos, a suplementação materna costuma normalizar rapidamente a concentração desses produtos no leite. As lactantes vegetarianas ou submetidas à cirurgia bariátrica merecem atenção maior pelo risco aumentado de deficiência de nutrientes”.

        Outra preocupação das mulheres é quanto à quantidade e qualidade do leite materno. Para Corintio, basta seguir alguns conselhos básicos:  mamadas sem horários fixos (livre demanda), não alternar os lados na mesma mamada (a criança suga o mesmo peito até se saciar), não oferecer outros líquidos (água, chá) durante o aleitamento materno exclusivo e não substituir a mamada noturna por mamadeira, entre outros.

        Sempre que houver um problema, a mãe deve procurar orientação profissional, por exemplo, num Banco de Leite Humano (BLH).

“Todas as mães deveriam ser orientadas para retirar o excesso de leite de forma adequada (expressão manual, mecânica ou elétrica), conservá-lo em freezer por até 15 dias e doá-lo para um BLH. Assim, estarão ajudando a salvar a vida de recém-nascidos prematuros internados em UTIs neonatais”.

        Vale frisar que a produção de leite materno é tanto maior quanto mais frequentes são as mamadas, pois a sucção do peito pela criança é o maior estímulo para a produção contínua de leite.

     Isso ocorre através do reflexo que determina elevação da produção de prolactina, hormônio responsável pela lactogênese, pela hipófise materna. Novamente, a falta de orientação profissional adequada pode levar à baixa produção de leite devido ao pequeno número de mamadas diárias.

       Algumas mulheres se queixam de dor durante a amamentação. Quando isto ocorrer, é fundamental procurar orientação médica adequada, pois, a dor constitui uma das principais causas de desmame precoce.

        Porém, certos episódios podem mesmo provocar desconforto, como a presença de fissuras nos mamilos, geralmente decorrentes de técnica incorreta de aleitamento.

        Às vezes, não há traumas mamilares e a dor pode ocorrer por outros motivos, como o “fenômeno de Raynaud”, decorrente de um vasoespasmo que reduz o fluxo de sangue nas mamas, levando à isquemia intermitente nos mamilos.  

       Em geral, isto ocorre como resposta ao frio ou compressão anormal dos mamilos na boca da criança. Os mamilos apresentam-se pálidos pela falta de irrigação sanguínea e a dor se manifesta como uma fisgada antes, durante e após as mamadas.

 “Quando unilateral, a mãe pode oferecer o lado saudável e ordenhar o leite do outro peito, enquanto for doloroso mamar do lado afetado. De qualquer modo, o diagnóstico e a orientação devem ser estabelecidos preferencialmente por gineco-obstetra ou pediatra.”

        Enfim, os benefícios da amamentação para as mulheres vão desde o menor sangramento pós-parto e, consequentemente, menor incidência de anemias, até efeito contraceptivo por seis meses, desde que em aleitamento materno exclusivo nas 24 horas do dia e ainda não ter menstruado. Portanto, maior intervalo entre as gravidezes.
        
Como, infelizmente, a média de aleitamento exclusivo no Brasil é de pouco mais de 50 dias, o bom senso recomenda uso de outro método contraceptivo, a partir de seis semanas pós-parto. Podem ser usados preservativos, métodos mecânicos ou hormonais sem estrogênio, que pode alterar a quantidade e a qualidade do leite, especialmente, durante o aleitamento exclusivo. Para tanto, podem ser usados anticoncepcionais que contenham apenas progestagênio.

“A mãe também tem recuperação mais rápida do peso pré-gestacional, menos anemia, menor prevalência de câncer de mama, de ovário, diabete e doença cardiovascular”, informa Corintio.

“Algumas apresentam o bico do seio invertido (para dentro). Com frequência, uma avaliação médica constata tratar-se de mamilo pseudoinvertido. Nesta situação, exercícios e estímulos locais provocam a protrusão mamilar suficiente para permitir uma pega adequada. Nunca é demais lembrar que a pega deve ser na aréola, não no mamilo. Por isso, cada caso deve ser avaliado individualmente”.

       Corintio adverte ainda, que a lactação só deve ser suspensa em casos excepcionais, por indicação médica, como, por exemplo, portadoras do vírus HIV ou puérperas submetidas a tratamento quimioterápico, entre outros.

 

Agressão a médicos em Roraima

          A FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), entidade que congrega aproximadamente 15000 médicos Obstetras e Ginecologistas associados em todo o Brasil, lamenta e repudia veementemente a ocorrência de atos de agressão aos profissionais médicos da especialidade, que atuavam no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré, em plantão no dia 28/07/2018 às 23:50, na cidade de Boa Vista em Roraima. 

        Lamentavelmente, tais fatos veem se repetindo em vários locais do Brasil, sem as condições ideais de trabalho principalmente nos hospitais públicos, impedindo que profissionais médicos competentes possam desempenhar suas funções sem serem ameaçados física e psicologicamente.

        As recomendações do Ministério da Saúde, associadas às legislações estadual e municipal que regulam as condições atuais durante o atendimento obstétrico de assistência ao trabalho de parto, parto e puerpério, são muito bem vindas com intuito de tornar tal assistência compatível com as recomendações mundialmente aceitas, mas não podem ser confundidas com falta de condições mínimas para que todos os profissionais da saúde que prestam assistência obstétrica, inclusive os médicos, tenham segurança no exercício de suas funções.

        Aos dedicados profissionais desta região do Brasil, que circunstancialmente veem enfrentando situações de problemas maiores em razão da sua localização geográfica, nossa solidariedade.

        Aos médicos obstetras, que tem por missão maior a assistência médica na celebração do nascimento, nossa mensagem de total apoio, com a esperança de podermos manter a qualidade da assistência obstétrica, e lutarmos cada vez mais, por condições dignas de trabalho, com condições de ambiência adequada, recursos humanos e tecnológicos suficientes, sempre pensando nas mulheres, nossas pacientes.



Juvenal Barreto Borriello de Andrade

Diretor de Defesa e Valorização Profissional

 

 

 

Superbactéria da gonorreia pode tornar-se intratável

Médicos e pesquisados tentam conter a disseminação da doença sexualmente transmissível com novos antibióticos, testes e prevenção

 

        O Ministério da Saúde estima que 500 mil pessoas sejam infectadas anualmente por gonorreia no país. No mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), são cerca de 78 milhões pacientes com a doença.

        Esses números podem crescer ainda mais se não houver um combate efetivo a uma superbactéria da gonorreia que está tornando a doença praticamente intratável.        

        “A primeira superbactéria da gonorreia foi descoberta em 2007. Ela foi encontrada principalmente na faringe dos infectados que faziam sexo oral. Mas, atualmente, sabe-se que também infecta os órgãos genitais”, esclarece o presidente da Comissão Nacional Especializa de Doenças Infectocontagiosas da FEBRASGO, José Eleutério Júnior.

        Ele ressalta que as bactérias transmitidas pelo sexo oral são mais resistentes aos antibióticos do que aquelas que não estão na cavidade oral. Registra ainda que não existe explicação para essa diferença.

        Segundo Eleutério, o Brasil não possui nenhum episódio notificado de gonorreia causada pela superbactéria, mas esse fato não indica que a doença ainda não chegou por aqui.

        “Provavelmente existem casos no País, mas infelizmente as notificações não estão sendo feitas. A doença foi encontrada na Europa, na Ásia, na Oceania, e nos EUA; dificilmente não teremos gente atingida”.

         O quadro clínico é basicamente o mesmo tanto para os infectados pela bactéria da gonorreia quanto para aqueles que estão com a superbactéria.

      “O problema é que na mulher, na maioria das vezes, a gonorreia é assintomática. Só é detectada quando aparecerem as complicações como doença inflamatória pélvica, problemas de infertilidade ou aborto. Já os homens têm uretrite e secreção expelida pelo pênis”.

        Para combater a superbactéria estão sendo testados novos medicamentos. Alguns deles podem ser aprovados em um futuro próximo.        

        “É importante encontrar os casos da superbactéria e tentar tratar para evitar transmissão. Nos países desenvolvidos, as pessoas que viajam para o exterior são aconselhadas a fazer testes para detectar a doença e evitar as complicações decorrentes, que podem ser sérias”, destaca José Eleutério.

          A única forma de prevenir a doença é usando preservativo em todas as relações sexuais, inclusive no sexo oral.

        “Não existe vacina para a gonorreia e o tratamento precoce diminui possibilidades de problemas. A bactéria resistente corresponde a 5% dos episódios. Mas se não tratar, a tendência é que esses números cresçam. Usamos os antibióticos para combater várias enfermidades. A questão é que se utilizado de forma errada, com dose inadequada, acaba tornando as bactérias mais resistentes.”

 

 

 

 

Número de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) aumenta

        Organização Mundial da Saúde (OMS) estima a ocorrência de mais de um milhão de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) por dia no planeta. Ao ano, estima-se aproximadamente 357 milhões de novas infecções, entre HPV, clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoniase

          O sexo sem proteção está causando a explosão do número de pessoas infectadas com agentes de DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis).

        O problema é comum também ao Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que a população entre 25 e 39 anos é a mais suscetível a contrair as enfermidades transmitidas pelo sexo.

        A despeito das campanhas e dos alertas dos médicos, um pouco mais da metade dos jovens entre 15 e 24 anos usa preservativo na relação com parceiros eventuais.  Os outros, partem para o risco e podem ser infectados pelo HIV, vírus que provoca a AIDS, papilomavírus, causador dos condilomas e cancer, entre outras enfermidades.

        “Nos últimos quatro anos o aumento dessas doenças tem sido assustador, principalmente em relação à sífilis, que é uma doença fácil de tratar. Mas está faltando diagnóstico e tratamento adequados. O que vemos é apenas um dos parceiros sendo tratados e outro não. E às vezes a gestante é tratada de forma incorreta e o bebê nasce com a doença”, destaca o ginecologista José Eleutério Júnior, presidente da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas, da FEBRASGO.

        O Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano) constatou que das 7.586 pessoas testadas, 54,9% tinham o vírus e 38,4% apresentavam alto risco de desenvolver câncer.

Quanto à Aids, o índice de contágio dobrou entre jovens de 15 a 19 anos, passando de 2,8 casos por 100 mil habitantes para 5,8 na última década. Na população entre 20 e 24 anos, chegou a 21,8 casos por 100 mil habitantes. Em 2016, cerca de 827 mil pessoas viviam com o HIV no País. Aproximadamente 112 mil brasileiros têm o vírus, mas não o sabem.

        Ainda segundo o Ministério da Saúde, há dois anos, foram notificados 87.593 casos de sífilis adquirida, 37.436 em gestantes e 20.474 congênitas. Já os episódios de Hepatite C somavam pouco mais de 7 mil casos em 2003, incidência de 4 por 100 mil habitantes. Em 2016 foram 6,5 casos por 100 mil habitantes.

        “Está faltando uma boa assistência voltada às ITSs. Precisamos de educação, que é a base de tudo. Precisamos informar a população sobre os riscos da relação sexual desprotegida, sobre os riscos de excesso de parceiros. É necessário também acesso fácil ao sistema público de saúde e nada de discriminar os pacientes, principalmente os portadores de HIV. talvez conseguisse diminuir esses índices, junto com uma boa assistência no sistema de saúde. Com isso, certamente diminuiríamos os números dessas doenças”, afirma o ginecologista.

        As consequências de algumas destas doenças podem ser drásticas, inclusive levando ao óbito. Outras são passíveis de prevenção com vacina disponível em postos de saúde, caso do HPV.

Pesquisadores desenvolvem ovário artificial

Dinamarqueses anunciam criação de órgão que receberá os folículos ovarianos até que a paciente possa recebê-los de volta

        Pesquisadores dinamarqueses divulgaram o desenvolvimento de um ovário artificial que permitirá a gestação em mulheres inférteis devido à quimioterapia e radioterapia. O anúncio ocorreu durante encontro anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana, em Barcelona, na Espanha.

        “A proposta dos estudiosos da Dinamarca é retirar o folículo ovariano e estimulá-lo fora do útero para obter óvulos. Quando retirados, eles ficam em uma estrutura majoritariamente de colágeno, obtida a partir de células ovarianas. Isso é o que eles chamam de ovário artificial”, explica o ginecologista Rui Alberto Ferriani, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada de Reprodução Humana, da FEBRASGO. Desta forma, prossegue o médico, quando reimplantados, a mulher poderá uma gravidez normal, sem a necessidade de fazer fertilização in vitro.

        O tratamento para combater o câncer pode causar a infertilidade. Atualmente para mulheres que serão submetidas a quimioterapia ou radioterapia recomenda-se o congelamento de óvulos e  quando  querem engravidar precisam fazer fertilização in vitro.

        Outra opção é remover parte do tecido ovariano e congelá-lo antes do início do tratamento. Quando a paciente estiver curada, é reinserido no organismo para viabilizar uma gravidez natural.

        “A lesão do ovário pela quimioterapia é um problema. Então dispomos da fertilização ou da remoção do tecido para que essa mulher possa ser mãe. A dificuldade dessa última técnica é que o tecido pode conter células cancerígenas e quando reinserimos existe a possibilidade de o câncer reincidir”, ressalta Ferriani.

        O médico ainda alerta: a infertilidade depende do tipo de quimioterapia e da idade da paciente.

        “Não são todos os tratamentos com quimioterapia que deixam a mulher infértil. A idade mais avançada e alguns tipos de quimioterapia podem ter um impacto maior sobre a função do ovário”.

        A técnica poderá beneficiar também mulheres com esclerose múltipla e beta-talassemia, que passam por tratamentos agressivos, e aquelas com menopausa precoce.

        Ainda na fase inicial de desenvolvimento, o ovário artificial deverá ser testado em humanos dentro de 5 a 10 anos, segundo informação dos pesquisadores.

Entenda o que é a bactéria transmitida sexualmente que é resistente a antibióticos

      Descoberta há menos de 40 anos, mas pouco conhecida até agora, a bactéria Mycoplasma genitalium (MG) entrou no radar de especialistas, principalmente na Europa, por conta da resistência que vem desenvolvendo aos antibióticos usados no tratamento. Ela é transmitida sexualmente e pode provocar infecções nos órgãos sexuais de homens e mulheres, incluindo o risco de infertilidade ou complicações durante a gestação. No final da semana passada, a Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV (BASHH, na sigla em inglês) emitiu um alerta com novas diretrizes de tratamento para evitar que a MG se torne uma “superbactéria” nos próximos dez anos. Sua disseminação ocorre principalmente no continente europeu, mas o Ministério da Saúde monitora a circulação no Brasil. O problema é que há poucos dados sobre a incidência no país.

         A infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela MG não é de notificação compulsória no país. Por isso, não se sabe exatamente quantos casos há no Brasil. Além disso, apenas uma pequena parcela das pessoas infectadas manifesta sintomas, o que pode fazer com que a transmitam sem saber. Quando a doença se manifesta, os sintomas podem causar grande desconforto.

        Ministério da Saúde informou, em nota, que monitora desde o ano passado a ascensão da MG, “que ocorre principalmente no continente europeu, tanto pelo aumento da prevalência quanto pelo aumento da resistência antimicrobiana”. A pasta informou ainda que existem no país estudos de prevalência regionais que demonstram que a bactéria é muito menos frequente que outros agentes como o da gonorreia e o da clamídia.

Resistência a antibióticos

        O ginecologista Newton Sérgio de Carvalho, membro da Comissão Nacional Especializada de Doenças Infecto-contagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), explica que esta bactéria não tem uma “carapaça” que envolve as bactérias, a membrana citoplasmática. Isso já é um fator que a torna resistente a uma série de antibióticos que atuam degradando justamente essa parte. “De acordo com o médico, para as “Quinolonas”, uma classe de antimicrobianos indicada para esse tipo de bactéria, a MG já apresenta uma média de 5 a 10% de resistência.

— Sua própria constituição, portanto, tem uma resistência natural. O segundo ponto é que, mesmo com antibióticos usuais, a bactéria tem uma capacidade de criar resistência a eles, fazendo com que não funcionem. Alguns que têm efeito para clamídia, por exemplo, não funcionam para ela. Mesmo em antibióticos mais modernos ela tem apresentado resistência — afirma o médico, que é professor titular de ginecologia da Universidade Federal do Paraná. — É um agente emergente e recente, descoberto em 1980, que está se tornando cada vez mais resistente.

        O ginecologista destaca que a MG é uma preocupação para todos os lugares do mundo, incluindo o Brasil. Tem uma prevalência de 1 a 2% na população geral. O índice cresce para cerca de 10% entre os adolescentes, diz ele.

— É pouco conhecida. Ficamos com a clamídia no foco e se perde a MG, o que não deveria acontecer. A clamídia tem muito menos resistência e responde melhor aos antibióticos mais simples.

        Além disso, a MG é um micro-organismo que pode não causar sintomas. Na maioria das vezes, a pessoa tem a bactéria e não sabe disso. A partir daí, poderia, no futuro, sofrer consequências da infecção sem saber a origem do problema. Das pessoas contaminadas, segundo Newton, apenas 10% apresenta sintomas.

Fonte – O Globo

FEBRASGO aciona Presidência e Ministério da Saúde em defesa do aleitamento materno

        A FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) soltou uma nota oficial, no início de julho, registrando indignação quanto à atitude do atual Governo dos Estados Unidos de tirar da pauta de recente reunião da Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, Suíça, uma recomendação sobre a relevância do incentivo às políticas de aleitamento materno.

          “É público, lamentavelmente, que houve inclusive intimidação a outras nações, como ameaças de corte de verbas e de retirada de apoio militar”, pontua o documento.

       É de compreensão da Comissão Nacional Especializada em Aleitamento Materno (CNE) da FEBRASGO que a conduta dos representantes norte-americanos significa uma irresponsabilidade em termos de saúde pública e da proteção social da humanidade.

          “Certamente coloca em risco a vida de milhares de crianças ao redor do mundo”, afirma o diretor Corintio Mariani Neto.

        Estimativas recentes sugerem que a amamentação, se fosse ampliada para níveis universais, poderia prevenir cerca de 12% das mortes de crianças menores de cinco anos de idade a cada ano, ou cerca de 820 mil mortes em países de média e baixa renda.

        Todos os estudos científicos publicados sobre o tema comprovam que o leite materno é o único alimento completo para o recém-nascido durante os seis primeiros meses e suplementado com outros alimentos, até os dois anos ou mais.

          A amamentação protege a criança, evitando doenças físicas e mentais, diminuindo a mortalidade infantil e a subnutrição.

       A FEBRASGO, por meio da CNE de Aleitamento Materno registrou desapontamento com tal posição, destacando ser inaceitável que interesses econômicos suplantem a defesa da saúde, ignorando e insuflando o descumprimento de recomendações da OMS.

        Também instou a Presidência da República e o Ministério da Saúde, por meio de protesto formal, a se posicionar contra quaisquer ações deste gênero, pontuando incisivamente seu apoio às políticas de promoção ao aleitamento materno no País e em todo o planeta, como segurança à saúde das futuras gerações.

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