A vacinação da gestante
Vacinação é um assunto de extrema importância. Não só para as crianças, mas também para as gestantes, visto que passarão os primeiros anticorpos para o bebê. Além da proteção do próprio indivíduo, a vacinação é um ato de civilidade, que contribui para a diminuição de diversas doenças entre a população em geral.
As vacinas que a mulher deve observar durante o período de gestação são: DTPa (tríplice acelular), Hepatite B e Gripe.
Vacina contra a gripe
A vacinação contra a gripe consta no calendário oficial e é aplicada gratuitamente às mães nos postos de saúde. Ela deve ser tomada antes ou durante o inverno, independentemente do período em que a mulher tomou no ano anterior. Lembrando apenas que, no final do ano, costuma ser difícil achar a vacina, já que as clínicas aguardam o lançamento do novo lote da vacina para o próximo ano e não renovam seus estoques.
A vacina contra a gripe é a única que pode ser tomada em qualquer período da gestação e deve ser aplicada mesmo que a mulher já tenha sido vacinada na gravidez anterior.
É importante lembrar também o quanto a gripe é uma doença grave, pois a mulher grávida tem quatro vezes mais chance de desenvolver uma condição crítica, podendo até vir a óbito. Além disso, a gripe também pode aumentar em 30% o risco de nascimento prematuro do bebê.
Vale dizer que a gripe não é a mesma coisa que o resfriado, pois ela é causada pelo vírus Influenza, podendo levar a quadros graves durante a gravidez.
Tríplice Bacteriana Adulta (DTPa)
A vacina Tríplice Bacteriana Adulta (DTPa) protege contra Coqueluche, Tétano e Difteria. A Coqueluche é a quinta maior causa de morte em crianças, sendo especialmente grave em bebês até seis meses. O Tétano é uma doença conhecida no período pré-natal, possuindo alta taxa de letalidade devido à contaminação do cordão umbilical durante o parto. Já a Difteria é uma doença que pode causar obstrução respiratória, tendo alta taxa de mortalidade entre os recém-nascidos.
A gestante deve tomar essa vacina no período entre a 27ª e a 36ª semanas, pois qualquer vacina demora de 7 a 15 dias para poder desenvolver os anticorpos no indivíduo. É fundamental que a mãe tome a vacina no prazo, para que haja tempo de criar e transmitir os anticorpos para o feto. Se acontecer de ela ter seu bebê prematuramente, este já terá recebido a proteção da mãe.
Hepatite B
A vacinação contra a Hepatite B também é muito importante. No caso de transmissão perinatal, quase 25% das crianças contaminadas desenvolverão infecção hepática crônica. Os bebês podem vir a morrer de carcinoma hepato-celular (um tipo de câncer que acomete o fígado) ou de uma cirrose.
A vacinação contra Hepatite B está no calendário oficial infantil e quem toma as três doses, em geral, já está protegido por toda a vida. Entretanto, é importante a mulher, até mesmo antes de engravidar, ter certeza se já foi ou não vacinada. Caso não tenha tomado as três doses (ou não tenha certeza disso), ela deve realizar a sorologia da doença para se certificar se está imunizada.
Cada esquema vacinal tem seu intervalo específico, sendo que no posto de saúde ou clínica de vacinação ela será informada sobre quando deverá tomar a próxima dose. Caso a grávida ainda não tenha tomado nenhuma dose e precise tomar as três durante a gravidez, provavelmente a terceira será aplicada após o parto.
Cada esquema vacinal tem seu intervalo específico, sendo que no posto de saúde ou clínica de vacinação ela será informada sobre quando deverá tomar a próxima dose. Caso a grávida ainda não tenha tomado nenhuma dose e precise tomar as três durante a gravidez, provavelmente a terceira será aplicada após o parto.
Vacinas que a grávida não pode tomar
As mulheres gestantes não podem tomar vacinas de vírus e bactérias vivos, como é o caso da Tríplice Viral – que combate o Sarampo, a Caxumba e a Rubéola –, Varicela (Catapora), Febre Amarela e BCG (contra a Tuberculose). Essas vacinas são elaboradas a partir do vírus ou da bactéria (no caso da BCG) vivos e atenuados, por isso há o risco, mesmo que seja baixo, de a mulher grávida, que já está com a imunidade alterada por conta da gestação, desenvolver a doença.
No entanto, há exceções para a vacinação dessa mulher quando, por exemplo, ela mora em uma região com foco de transmissão (como nos casos de febre amarela), de modo que é o médico que deve avaliar o risco. Se a mulher tomar a vacina sem saber que está grávida, deve comunicar imediatamente o seu médico para ser acompanhada.
É importante lembrar ainda que todas as vacinas citadas, com exceção da vacina contra Catapora, estão disponíveis gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios.
O pré-natal começa antes da gravidez
As consultas de pré-natal devem começar tão logo a mulher deseje engravidar. É nessa consulta que a futura gestante vai tirar suas dúvidas e verificar se tem alguma doença prévia ou condição que possa oferecer risco à sua gestação e ao seu bebê. Boa parte dessas condições, se verificadas previamente, podem ser corrigidas e garantem tranquilidade para a futura mamãe.
Hoje são preconizadas no mínimo seis consultas pré-natais ao longo da gravidez, mas o ideal é que haja consultas mensais até o sétimo mês de gestação, depois quinzenais e, chegando perto do parto, após o oitavo mês, essas consultas devem se tornar semanais.
Como o pré-natal contempla possíveis intercorrências, é uma proteção para a saúde da mulher. A gravidez é uma condição especial e, por isso, o pré-natal pode ser dividido em dois tipos: o acompanhamento de baixo risco e o acompanhamento de alto risco – não existe o risco zero!
Durante a consulta pré-natal, o ginecologista irá fazer um exame clínico, verificar batimentos cardíacos do bebê e pressão arterial, peso da paciente e acompanhar as queixas comuns da gravidez, estando atento às condições extermas, ao histórico da paciente e às mudanças relatadas.
O mínimo indicado são dois exames de ultrassom: um logo no início da gestação, no primeiro trimestre e o outro, entre 20 e 24 semanas. Esses exames conferem se há alterações no desenvolvimento do feto.
Exames de sangue também são solicitados para o controle da glicemia, afastando riscos de diabetes gestacional e também para verificação de doenças infecto-contagiosas, como sífilis, toxoplasmose, hepatite B e C, rubéola e HIV. Essas doenças devem ser observadas, pois podem levar a sequelas para o bebê.
O médico também avalia as vacinas que devem ser feitas, como a contra o vírus influenza, que tem campanha nacional na rede pública todos os meses de maio.
Após o parto, a paciente, agora chamada de puérpera, continua tendo que fazer consultas no ginecologista, principalmente com a preocupação da anticoncepção, já que uma gravidez indesejada pode acontecer. A periodicidade irá depender de como está a saúde da mãe após o parto e sua adaptação à nova vida.
Embora a amamentação proteja a mãe de uma nova gravidez, ela não tem 100% de segurança e métodos anticoncepcionais devem ser introduzidos de acordo com a avaliação do médico, em consonância com o casal. As mães que não amamentam, em geral, voltam a ovular em 45 dias após o parto.
Outra preocupação das novas mamães é com a volta à forma física. Por isso, nas consultas são discutidas a dieta da paciente, especialmente a que amamenta, o repouso moderado, principalmente nos casos em houve o parto por cesárea e o retorno à atividade física.
As mortalidades materna e fetal estão diretamente ligadas à qualidade do pré-natal, por isso, nenhuma mãe ou futura mãe pode deixá-lo de lado.
Exames preventivos, menos mitos e mais segurança
A visita periódica ao ginecologista e a realização de alguns exames, laboratoriais e de imagem, são importantes para o diagnóstico e prevenção de muitas doenças. Recomenda-se uma avaliação anual completa. Conheça quais são e qual sua finalidade:
Papanicolau – Este exame é feito através da coleta de um raspado de células do colo do útero. É introduzido um instrumento na vagina chamado espéculo, que permite a coleta das células para análise em laboratório. É possível diagnosticar câncer de colo uterino e também doenças sexualmente transmissíveis como tricomonas e HPV (papilomavírus humano).
Exames de sangue – Verificam se os componentes do sangue estão nos níveis normais e são importantes para analisar alterações hormonais. O T4 livre e o TSH, por exemplo, apontam alterações nos hormônios na tireóide. Testes como de glicemia, colesterol total e suas frações, triglicerídeos, creatina (avaliação da função renal), TGO e TGP (avaliação da função hepática) e hemograma completo também estar na lista dos exames solicitados pelo médico.
Mamografia e Ultrassom de Mama - A partir dos 40 anos, as mulheres devem realizar o exame para permitir a detecção precoce do câncer de mama. Já em mulheres entre 16 e 39 anos, é indicado o ultrassom de mama quando houver algum sintoma mamário ou achado suspeito no exame clínico anual realizado pelo ginecologista. Já o exame clínico, feito pelo médico no consultório, é capaz de identificar apenas nódulos que já atingiram ao menos um centímetro.
Ultrassonografia pélvica e transvaginal - O exame avalia, por meio de imagem, os ovários, o endométrio e a parede uterina para identificar possíveis alterações nesses órgãos. O exame de ultrassonografia pélvica transvaginal é indicado quando o ginecologista nota alguma alteração durante o exame físico feito no consultório. Também é solicitado quando existe a necessidade de investigação complementar de disfunções hormonais e irregularidade na menstruação, por exemplo.
Planejar a maternidade é saudável
Você quer ter filhos? Com quantos anos? Em qual momento da vida? Adiar a gravidez é praticamente uma tendência mundial. Razões para ter filhos depois dos 30, 40 anos não faltam, como a conquista da carreira, o aprimoramento nos estudos e a estabilidade financeira. Com o avanço da medicina, as mulheres estão se tornando mães em idades mais avançadas.
Esse cenário é possível graças aos avanços nos tratamentos de preservação da fertilidade, o que também mostra que ter filhos não é mais uma “obrigação” para os casais. A maternidade remete a planejamento, mas ainda há dúvidas sobre qual o momento certo para engravidar e como identificá-lo.
Uma vida saudável, sem oscilação de peso, livre de doenças sexualmente transmissíveis e sem uso abusivo de álcool, café e cigarro, costuma ser recomendado. Em contrapartida, o principal impedimento para a gravidez continua sendo a idade da mulher. A fertilidade varia entre populações e tende a declinar com a idade. Depois dos 35 anos, as chances de engravidar começam a se reduzir e cresce a possibilidade de doenças genéticas, como a síndrome de Down.
Histórico de cisto de ovário, mioma, endometriose, inflamação pélvica por doenças sexualmente transmissíveis e mãe com menopausa precoce são fatores importantes para o ginecologista avaliar o quanto uma gravidez pode ser adiada.
Uma alternativa é congelar os óvulos para ter uma chance maior no futuro se necessitar de tratamentos de fertilização in vitro. Lembre-se sempre que os tratamentos são uma alternativa para quem deles necessita e não uma garantia de gestação, principalmente em mulheres em faixas etárias mais elevadas.
A sugestão é conversar com o ginecologista não somente para anticoncepção, mas também para discutir se quer engravidar e quando.
Novidades do Congresso Brasileiro
Com farta programação científica, abordando os temais mais atuais ligados à Ginecologia e Obstetrícia, entre 15 e 18 de novembro de 2017, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia promove o 57º Congresso Brasileiro de GO, em Belém do Pará.
“Haverá fórum, debates informais e top temas, entre outros painéis, especialmente voltados a debater questões como condições para o exercício da especialidade, honorários, formação. Todas as atividades terão tempo para troca de experiências e discussão da plateia, o que é muito importante”, afirma dr. Juvenal Barreto Borriello de Andrade, diretor da Comissão de Defesa e Valorização Profissional da FEBRASGO.
Está programado também um curso pré-congresso de assistência ao parto, que ocorrerá em 15 de novembro, das 14h às 18h, focando questões como a relação médico/obstetra/enfermeiras obstetras, a responsabilidade civil de cada profissional, plano de parto, termo de consentimento livre, além de aspectos relevantes sobre sigilo médico em GO, entre outros esclarecimentos.
Em um lunch meeting, a polêmica central se dará em torno do olhar da Justiça para os conflitos da assistência ao parto. Outras mesas tratarão do exercício da obstetrícia e sobre ultrassom obstétrico realizado por não médicos.
A programação completa está disponível no site http://itarget.com.br/newclients/febrasgo.org.br/57cbgo/#programacao.
57º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia – Belém (PA)
De 15 a 18 de novembro de 2017
Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia (Av. Dr. Freitas s/n, Marco)
Para mais informações: http://itarget.com.br/newclients/febrasgo.org.br/57cbgo/
Cartilha de prevenção contra transtornos mentais do jovem médico
A pressão que os estudantes de Medicina, os residentes e os jovens médicos enfrentam podem afetar a saúde mental deles, o que gera graves consequências. Preocupada com essa perspectiva, a Câmara Temática do Médico Jovem do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) vai lançar uma cartilha visando prevenir esses profissionais de problemas como depressão e suicídio.
A cartilha é parte de uma ação maior do CREMESP para acompanhar e dar suporte aos problemas da saúde mental dos jovens no ambiente de estudo e de trabalho. Ela vai ser distribuída em escolas de Medicina, locais de residência médica e nos hospitais de modo geral, e trará pontos que servirão para a identificação e tratamento de aspectos relacionados aos transtornos mentais.
Além do longo tempo exigido para uma formação sólida, que inclui horas e horas de estudo, plantões e um alto nível de concentração, estudantes, residentes e jovens médicos muitas vezes se frustram com a cobrança para adquirir cada vez mais conhecimento. Diante dessa pressão, a saúde mental de quem ainda não está preparado para o processo de profissionalização pode ficar comprometida.
O objetivo da cartilha é orientar os jovens profissionais a reconhecerem em si próprios e nos colegas os sinais de que a saúde mental está sendo afetada e, assim, evitar que o problema se agrave e culmine em tragédia. Um segundo passo da Câmara após essa iniciativa é criar grupos de apoio para dar suporte aos médicos que estão sofrendo com a pressão na formação médica, fazendo-os vencer barreiras como negação e preconceito, que podem levar à depressão e ao suicídio.
FEBRASGO em Defesa do Parto com Segurança
A questão dos partos normais a qualquer custo foi motivo de uma reportagem de destaque recentemente no The Guardian, jornal inglês de grande circulação. Segundo a publicação, campanhas de caráter meramente emocional e motivadas por motivos outros, que não o bem estar das gestantes e seus bebês, redundaram em uma série de maus resultados.
A reportagem ressalta que as campanhas para a realização de partos normais sem qualquer intervenção e distantes de centros médicos foram levadas ao extremo. Provocaram sensação de fracasso e de culpa nas mulheres que não obtiveram sucesso no procedimento.
Investigações sobre mortes maternas e neonatais indicaram várias condutas inadequadas por parte dos profissionais que atendiam a esses partos sem a devida qualificação e segurança. A insistência inconsequente pela não utilização de práticas como analgesia farmacológica, indução do parto e cesariana foi responsável por grande parte das intercorrências.
Diante dessa situação, entidades que congregam enfermeiras obstétricas passaram a desestimular práticas que podem colocar em risco o bom prognóstico materno e fetal.
A FEBRASGO traz essa pauta à tona com o intuito de reiterar a todos os médicos obstetras do Brasil seu apoio ao trabalho em equipe multidisciplinar. Dessa forma, com a utilização das práticas obstétricas adequadas, sempre priorizando a garantia de vida da mãe e do bebê, dispensamos assistência realmente de qualidade às nossas pacientes.
Fóruns de Defesa e Valorização Profissional nos Congressos Estaduais e Regionais
A Comissão de Defesa e Valorização Profissional da FEBRASGO tem focado suas ações em alguns aspectos essenciais para a melhoria das condições de trabalho e remuneração dos ginecologistas e obstetras: agilidade, participação e troca de experiências.
Frequentemente recebemos seguidos questionamentos de colegas associados, muitas vezes com assuntos loco-regionais, os mais variados, somando-se a eles outros de repercussão nacional. Nosso entendimento é que o simples encaminhamento e mesmo a solução de casos não são suficientes para gerar um lastro positivo aos GOs de todo o Brasil. Isso porque em diversas vezes não há compartilhamento entre as regiões.
Para aperfeiçoar esse processo, propomos o aprofundamento nos debates regionais dos problemas do dia a dia de nossa prática médica. Pode ser em fóruns de Defesa Profissional e Congresso estaduais, além de outros encontros marcados especialmente com esse fim.
Se almejamos de fato avanços e conquistas, e é óbvio que o desejamos, nossos eventos devem ultrapassar a fronteira científica. É essencial espaço para discutir honorários, relação com planos de saúde, o papel do tocoginecologista no Sistema Único de Saúde, entre outras questões.
Pautas como disponibilidade, violência obstétrica, diminuição do número de médicos interessados na Residência Médica em GO, a atuação de outras categorias profissionais em atos privativos por nós realizados são outras sugestões. Certamente, aprofundando tais polêmicas, trazendo-as para encaminhamento na – e com apoio da – FEBRASGO, ganharemos em maturidade, corpo e ainda na troca de experiências com o coletivo.
O processo, enfim, é fundamental para a resolução e conquistas de nossos pleitos.
O processo, enfim, é fundamental para a resolução e conquistas de nossos pleitos.
A Diretoria e a Comissão de Defesa e Valorização profissional estarão sempre disponíveis para acompanhar e oferecer condição adequada a todos os debates.
Obrigado.
Obrigado.
Juvenal Barreto Borriello de Andrade, diretor de Defesa e Valorização Profissional