AMAMENTAÇÃO DURANTE A GRAVIDEZ, É POSSÍVEL?
Autoras: Ana Cristina Freitas de Vilhena Abrão, Maria José Guardia Mattar e Kelly Pereira CocaA recomendação da amamentação durante a gravidez tem sido bastante controversa visto a frequente preocupação dos profissionais com as consequências desta prática. O aleitamento materno é recomendado até seis meses exclusivo e continuado até dois anos ou mais (OMS).² Os benefícios de uma amamentação exclusiva e prolongada são consistentes e bem estabelecidos.² Apesar das recomendações, as mulheres vêm enfrentando um dilema na continuidade da amamentação diante de uma nova gravidez, que apesar do desejo de continuar a amamentação do filho mais velho, o desmame é muito comum nesta situação, seja por insegurança materna, pressão social decorrente da cultura do país e até mesmo por recomendação médica.³
A prevalência do aleitamento materno entre gestantes é variável. Estudos mostram taxas entre 5% e 61% em diferentes continentes, sendo mais altas em países com culturas favoráveis ao aleitamento materno 4. Acredita-se que estes valores possam estar subestimados pelo medo do julgamento que as gestantes vivenciam quando amamentam.
Uma revisão sistemática publicada recentemente investigou todos os estudos existentes a respeito da temática, entre 1990 a 2015, e analisou 19 estudos dos 3.278 artigos identificados, representando 6.315 participantes (2073 casos e 4.242 controles) no total.4 Dentre os desfechos avaliados, têm-se: abortamento espontâneo, parto prematuro, condição nutricional materna, quantidade e composição do leite materno, continuidade do aleitamento materno durante a gestação, peso de nascimento e crescimento da criança.
No que se refere ao risco de abortamento, os sete estudos encontrados mostraram taxas similares entre gestantes (0% - 15,6%; n=816) e não gestantes (0% - 19,6%; n=1.706) que estavam amamentando. Em relação ao parto prematuro, as taxas variaram entre 2,2% e 7,7% em gestantes que estavam amamentando e entre 0% e 10,3% daquelas que não estavam em aleitamento materno4. Apenas um estudo encontrou o risco de abortamento espontâneo, no entanto, limitações metodológicas importantes foram identificadas, tais como: a gestante foi recrutada no final da gestação e os dados obstétricos eram limitados, o que pode ser a razão da discrepância entre esse e os dos demais resultados.5
Quanto à condição nutricional materna, a revisão sistemática identificou deficiência entre gestantes que amamentam, assim como foram observados uma diminuição da hemoglobina e menor ganho de peso materno. As gestantes que amamentaram vivenciaram uma redução da produção láctea nos seis estudos identificados, menor quantidade de gordura e lactose em três destes estudos. Os resultados indicaram ainda que o leite maduro se transforma em colostro no final da gravidez, apesar da falta de consenso acerca dos componentes afetados. O tempo de amamentação observado foi variável e menor com o avançar da gestação.5
Em relação ao peso de nascimento da criança, observou-se porcentagem maior de recém-nascidos com baixo peso ao nascer e pequenos para a idade gestacional, no entanto, sem diferença significativa. Quanto ao crescimento, os dados são ainda inconsistentes pelo reduzido número amostral e limitações metodológicas dos estudos encontrados. 5
De acordo com os estudos existentes conclui-se que a amamentação durante a gestação é possível e pode ser apoiada para as mulheres de risco habitual. O profissional não deve aconselhar o desmame e sim monitorar a situação de saúde desta gestante para analisar situações especiais, para identificar possíveis riscos e benefícios associados.
Referencias utilizadas:
- WHO, UNICEF. Global strategy for infant and young child feeding. Geneva: World Health Organization, 2003.
- Victora CG, Bahl R, Barros AJD, França GVA, Horton S, Krasevec et al. Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect. Lancet. 2016;387: 475–90.
- Dettwyler KA. When to wean biological versus cultural perspectives. Clin Obstet Gynecol. 2004;47(3):712-23.
- López-Fernández G, Barrios M, Goberna-Tricas J, Gómez-Benito J. Breastfeeding during pregnancy: a systematic review. Woman and birth. 2017;30(6):e292-e300.
- Albadran MM. Effect of breastfeeding during pregnancy on the occurrence of miscarriage and preterm labour. Iraqui JMS. 2013;11(3):285-9.
CFM realiza pesquisa para identificar panorama da assistência a pacientes com câncer no Brasil
Com o objetivo de traçar um panorama sobre as condições de acesso ao diagnóstico e ao tratamento de câncer no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) está realizando uma pesquisa, com médicos que atuam em diferentes níveis de atenção e complexidade nos serviços de saúde públicos e privados, sobre as condições de acolhimento de pacientes oncológicos.
A pesquisa será realizada via e-mail com 2.300 médicos, selecionados aleatoriamente e que terão garantidos o sigilo e o anonimato. As questões são simples e objetivas, sendo fundamental a participação franca e honesta da comunidade médica para que, com o levantamento gerado a partir dos dados informados, o CFM possa atuar, de modo estratégico, em favor de médicos e pacientes no combate e prevenção dos problemas relatados – bem como no aprimoramento de serviços.
Estima-se que serão necessários apenas 15 minutos para resposta completa da pesquisa, que será enviada aos médicos selecionados às terças e sextas-feiras e está disponível em plataforma desenvolvida pelo Conselho Federal com critérios de segurança que garantem ao médico a confidencialidade necessária à sua participação.
Para possibilitar a avaliação dos serviços nos três níveis de complexidade, baixa, média e alta, três grandes grupos receberão, via e-mail, o link de acesso ao formulário da pesquisa. O primeiro grupo, que corresponde a 77% do total de entrevistados, é composto por 1.771 médicos não especialistas e aqueles que com especialização em Medicina de Família e Comunidade, Clínica Médica, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia.
O segundo grupo é formado por 241 médicos (10% do total) possuem contato primário com pacientes de câncer: especialistas em Coloproctologia, Dermatologia, Endocrinologia e Metabologia, Gastroenterologia, Hematologia e Hemoterapia, Mastologia, Pneumologia, Neurologia e Urologia. Já o terceiro e último grupo é composto por 288 médicos envolvidos nos cuidados específicos, como é o caso dos especialistas em Cirurgia Oncológica, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Cirurgia do Aparelho Digestivo, Cirurgia Geral, Oncologia Clínica, Neurocirurgia e Radioterapia.
Após a conclusão do levantamento, o CFM encaminhará a cada médico participante da pesquisa o relatório final com o panorama da assistência a pacientes com câncer no Brasil.
FEBRASGO leva ao Ministro da Saúde proposta de novas estratégias para o rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil
No dia 19 de Agosto estivemos em audiência com o Ministro da Saúde do Brasil, em Brasilia e apresentamos a ele sugestões para um novo modelo de rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil, incorporando o teste de HPV, rastreamento organizado, auto coleta, controle das pacientes pelo CPF, envolvimentos de agentes de saúde e lideres comunitários leigos e criação de indicadores de resultados.
Estas sugestões se implantadas vão nos ajudar a alinhar nossas ações com as propostas da Organização Mundial da Saúde, cujo projeto “Cervical Cancer Elimination Strategy” deverá ser apresentado na Assembleia Geral da OMS em Janeiro de 2020. O Ministro se mostrou muito receptivo e prometeu nos convocar para detalhamentos do projeto com a equipe técnica do Ministério.
Presidente da FEBRASGO Dr. César Eduardo Fernandes, participou do programa +50 Faz Muito Bem (Parte 1)
No último 23 de agosto, o presidente da Febrasgo, Dr. César Eduardo Fernandes, participou do programa +50 Faz Muito Bem, da TV Câmara São Paulo, onde conversou sobre como manter a saúde e qualidade de vida durante e após a menopausa e climatério.
Presidente da FEBRASGO Dr. César Eduardo Fernandes, participou do programa +50 Faz Muito Bem (Parte 2)
No último 23 de agosto, o presidente da Febrasgo, Dr. César Eduardo Fernandes, participou do programa +50 Faz Muito Bem, da TV Câmara São Paulo, onde conversou sobre como manter a saúde e qualidade de vida durante e após a menopausa e climatério.
Febrasgo prestigia lançamento de manual que revisa procedimentos ambulatoriais de Endocrinologia Ginecológica
No último dia 15 de agosto, a Febrasgo esteve no lançamento do livro Manual de Endocrinologia Ginecológica, realizado na cidade mineira de Juiz de Fora. Na ocasião, o presidente da Entidade, Dr. César Eduardo Fernandes, palestrou sobre o uso de androgênios na ginecologia e prestigiou a publicação do trabalho. A obra tem escrita e edição das professoras da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora Danielle Guedes Ezequiel, Denise Drumond, Fernanda Polisseni e Lize Vargas.
O manual nasceu com o objetivo de uniformizar o atendimento ambulatorial do Hospital Universitário da instituição e ser utilizada como fonte de estudos para a prática médica de profissionais de todo o País. O livro foi produzido ao longo de dois anos e surge com a expectativa de “facilitar o diagnóstico e tratamento das doenças abordadas”, revela a Dra. Denise Drumond.
O livro contém 17 capítulos e se destina a estudantes, residentes e profissionais de ginecologia, obstetrícia, endocrinologia e outras especialidades. Segundo o presidente da Febrasgo, “é de fundamental importância a revisão e alinhamento de diretrizes de atendimento. Para além da busca por uma universalização do atendimento de qualidade, o Manual serve como lugar de consulta e parâmetro para novos profissionais embasarem suas atividades, sobretudo ao considerarmos um território tão dispare em estruturas de saúde, como o nosso país”.
“A participação da Febrasgo foi fundamental no lançamento de nosso livro, não só abrilhantando o evento com a palestra realizada pelo professor César Eduardo Fernandes, como chancelando o valor da obra. Ademais, a entidade colabora, de forma efetiva, para divulgação do livro em todo território nacional”, completa a médica.