Câncer de ovário: o desafio silencioso que exige atenção redobrada das mulheres, especialmente após a menopausa
Tema será abordado no 62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia – CBGO, que acontece de 14 a 17 de maio, no Riocentro, RJ
Apesar de menos prevalente que outros tipos de câncer ginecológico, como o de colo do útero, o câncer de ovário continua sendo um dos mais letais. Conhecido por sua evolução silenciosa, o tumor frequentemente é diagnosticado em estágios avançados, -o que reduz drasticamente as chances de cura. Segundo o ginecologista Eduardo Batista Cândido, Presidente da Comissão Nacional de Ginecologia Oncológica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), cerca de 65% das pacientes recebem o diagnóstico quando a doença já está em estágio avançado. “Por isso, nos anos 2000, o câncer de ovário era conhecido como o ‘matador silencioso’, já que apresenta sintomas pouco específicos”, alerta o especialista.
De acordo com estimativas globais, mais de 670 mil novos casos de câncer de ovário são diagnosticados por ano no mundo, com metade dessas pacientes vindo a óbito. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, a estimativa é de cerca de 6 a 7 mil casos anuais, o que reforça a urgência de ações de conscientização e cuidado.
Principais sintomas da doença
Os sinais mais comuns do câncer de ovário costumam ser confundidos com alterações gastrointestinais corriqueiras. Sensação de empachamento, aumento do volume abdominal, flatulência, alterações no apetite e mudança no hábito intestinal (constipação alternada com diarreia) podem surgir até seis meses antes do diagnóstico. “Esses sintomas precisam ser levados a sério, sobretudo em mulheres pós-menopausa”, orienta o Dr. Eduardo Cândido.
Fatores de risco e prevenção
A idade é um fator determinante. O câncer de ovário acomete majoritariamente mulheres após a menopausa, com pico de incidência por volta dos 60 anos. O histórico familiar também deve ser observado com atenção. Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, por exemplo, aumentam significativamente o risco da doença e do câncer de mama. “Pacientes com essas mutações genéticas se beneficiam de uma abordagem preventiva, como a salpingooforectomia bilateral, que consiste na retirada dos ovários e trompas. Isso pode reduzir drasticamente a mortalidade por câncer de ovário”, explica o médico.
Diagnóstico ainda é um desafio
Diferente do câncer de colo do útero, o de ovário não possui um método eficaz de rastreamento. Exames como o ultrassom transvaginal e o marcador tumoral CA-125 demonstraram baixa sensibilidade e especificidade em grandes estudos clínicos. “Esses métodos só detectam alterações quando o tumor já está avançado, o que compromete a efetividade do diagnóstico precoce”, pontua Cândido. Ensaios clínicos com mais de 100 mil mulheres evidenciaram que o rastreamento rotineiro não reduz a mortalidade.
Possíveis tratamentos
O tratamento convencional se baseia em cirurgia radical para retirada de toda a doença visível e em quimioterapia com drogas como platinas e taxanos. No entanto, mesmo com a abordagem correta, até 75% das pacientes apresentam o reaparecimento da doença - fato que obriga a repetir ciclos de cirurgia e quimioterapia, até o momento em que os tratamentos se tornam ineficazes.
Nos últimos anos, porém, surgiram terapias inovadoras. Os inibidores de PARP, por exemplo, mostraram resultados promissores em pacientes com mutações genéticas específicas, ajudando a interromper o ciclo de recidivas e prolongando a sobrevida com qualidade de vida. Além disso, a imunoterapia tem se consolidado como um recurso importante no combate ao câncer de ovário.
Prevenção
A adoção de hábitos saudáveis pode contribuir para a redução de riscos. “Manutenção do peso, alimentação rica em fibras, prática regular de atividade física e visitas regulares ao ginecologista são pilares fundamentais do autocuidado”, explica o Dr. Eduardo Cândido. Ele ainda reforça que mulheres com histórico familiar relevante devem procurar aconselhamento genético.
O câncer de ovário, embora silencioso, exige um olhar atento, especialmente em mulheres com fatores de risco. O diagnóstico precoce ainda é um desafio, mas avanços terapêuticos vêm abrindo novos caminhos para um enfrentamento mais eficaz e humanizado da doença.
62º CBGO
Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia
#CBGO2025
Data: 14 a 17 de maio de 2025
Local: Riocentro - Av. Salvador Allende, 6555 – Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ
Credenciamento para imprensa: imprensa@gengibrecomunicacao.com.br