FEBRASGO alerta para intensificação e ampliação da vacinação contra a coqueluche devido ao aumento de casos no Brasil
Em 2024, já foram registrados 3.253 casos notificados de coqueluche, tornando-se o ano com o maior número de ocorrências desde 2014, quando foram contabilizados 8.622 casos da doença. Em 2013, o total foi de 3.113 casos, segundo o painel epidemiológico do Ministério da Saúde (MS). Diante desse cenário preocupante, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) emite um alerta sobre a importância da vacinação, especialmente em gestantes, para prevenir a transmissão da doença para os recém-nascidos, que estão entre os mais vulneráveis.
A Dra. Susana Aidé, presidente da Comissão de Vacinas da FEBRASGO, destaca que o Brasil está enfrentando um surto de coqueluche, popularmente conhecida como "tosse comprida". Ela explica que, embora a doença cause um quadro de tosse prolongada e desconfortável, as vítimas mais graves são, principalmente, os bebês menores de um ano, especialmente os abaixo de seis meses, que ainda não foram vacinados. Esses casos podem evoluir para complicações severas, necessitando de internação, UTI, intubação e até levando ao óbito.
“A estratégia de vacinar gestantes com a vacina tríplice bacteriana tipo adulto, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, visa não apenas proteger a mãe, mas principalmente transferir anticorpos pela placenta, garantindo proteção ao bebê nos primeiros meses de vida, período de maior vulnerabilidade. O SUS oferece a vacina dTpa para todas as gestantes desde 2014 e reforça a importância dessa vacina para a saúde dos filhos”, afirma a médica.
Entidades como o Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI/SVSA/MS), por meio da Coordenação-Geral de Vigilância de Doenças Imunopreveníveis (CGVDI/DPNI/SVSA/MS) e da Coordenação-Geral de Incorporação de Ciências e Imunização (CGICI/DPNI/SVSA/MS), também emitiram um alerta por meio de uma nota técnica sobre surtos de coqueluche em países da Ásia e Europa. Em resposta, recomendam a ampliação excepcional e intensificação da vacinação contra a doença, além do reforço nas ações de vigilância epidemiológica no Brasil. A nota destaca a importância de manter as estratégias de imunização atualizadas e de garantir que todos os grupos-alvo, incluindo gestantes, bebês e profissionais de saúde, recebam as vacinas recomendadas, de forma a prevenir a disseminação da coqueluche no país. O documento também enfatiza a necessidade de monitoramento constante da incidência da doença e da implementação de medidas para garantir o acesso à vacinação, visando a proteção da população, especialmente os mais vulneráveis, como crianças pequenas e gestantes.
Prevenção e controle
O esquema vacinal primário consiste em 3 doses da vacina pentavalente (penta), administradas aos 2, 4 e 6 meses de vida, com intervalo mínimo de 30 dias e máximo de 60 dias entre as doses. A vacina penta é composta por antígenos contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B (recombinante) e Haemophilus influenzae tipo b (conjugada). Após o esquema primário, são realizados reforços com a vacina DTP (tríplice bacteriana), que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Essas vacinas devem ser administradas em crianças a partir dos 2 meses de vida e menores de 7 anos, conforme as orientações do Calendário Nacional de Vacinação da Criança, disponível online.
Desde 2014, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) recomenda, para gestantes, a administração de uma dose da vacina dTpa (vacina adsorvida contra difteria, tétano e coqueluche acelular) a partir da 20ª semana gestacional, com o objetivo de promover a imunização passiva do recém-nascido, transferindo anticorpos via transplacentária, até que o bebê possa iniciar a vacinação contra a doença aos 2 meses de vida. Para gestantes que não receberam a vacina durante a gravidez, é recomendado que a dose de dTpa seja administrada o mais precocemente possível no puerpério, até 45 dias após o parto, conforme o Calendário Nacional de Vacinação da Gestante.
Em 2019, a recomendação para o uso da vacina dTpa foi ampliada para todos os profissionais de saúde, parteiras tradicionais e estagiários da área da saúde atuantes em UTIs neonatais, UCIs Canguru, berçários, entre outros, como parte do esquema vacinal para difteria e tétano (vacina dT) ou como reforço (a cada 10 anos, ou a cada 5 anos em caso de ferimentos graves), para aqueles que já completaram o esquema vacinal para difteria e tétano (composto por 3 doses).
Com o aumento do número de casos nesse ano, o PNI amplia a indicação de uso da vacina dTpa [vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis (acelular)] tipo adulto, em caráter excepcional, para: trabalhadores da saúde que atuam nos serviços de saúde públicos e privados, ambulatorial e hospitalar; com o atendimento em ginecologia e obstetrícia; parto e pós-parto imediato, incluindo as Casas de Parto. Além de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) neonatal convencional, UCI Canguru etc; berçários (baixo, médio e alto risco); e pediatria. Ainda, profissionais que atuam como Doula, acompanhando a gestante durante o período de gravidez, parto e período pós-parto; e trabalhadores que atuam em berçários e creches, com atendimento de crianças até 4 anos de idade.
O PNI tem como meta alcançar uma cobertura vacinal de 95% com a vacina penta para crianças menores de 1 ano (esquema primário completo) e com a vacina DTP (1º reforço) aos 15 meses de vida. Além disso, o PNI busca garantir a homogeneidade das coberturas vacinais nos 5.570 municípios brasileiros.
"Manter altas taxas de vacinação e garantir a cobertura de todos os grupos-alvo são fundamentais para o controle de doenças como a coqueluche, protegendo não apenas os indivíduos, mas também a saúde pública como um todo", finaliza a Dra. Susana.
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