Sentir dor abdominal intensa durante o período menstrual não é normal
Apesar da cólica menstrual estar presente na vida das mulheres, dor incapacitante pode ser sinal de endometriose, alerta FEBRASGO
De acordo com dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), cerca de 50% das mulheres em idade reprodutiva sentem cólica menstrual, sendo que 10% delas apresentam dores intensas, muitas vezes incapacitante. Embora o sintoma seja frequente durante a menstruação, o Dr. Ricardo Quintairos, presidente da Comissão Nacional Especializada em Endometriose da FEBRASGO, reforça que sentir dor não é “normal” e, em alguns casos, o desconforto excessivo pode indicar uma endometriose.
O especialista esclarece que a dor é comum durante os primeiros dias do ciclo, porém a intensidade merece atenção, principalmente quando impede a mulher de exercer qualquer tipo de atividade. “Se a dor compromete a rotina, deve ser investigada. Cólicas menstruais severas, dores abdominais fora do período menstrual e durante relações sexuais podem ser sintomas de uma endometriose”, afirma.
A cólica menstrual é resultado do movimento causado pela contração e relaxamento do músculo uterino para a expulsão do endométrio - tecido que reveste a parte interna do útero e o prepara para receber um óvulo fecundado. Quando não ocorre a fecundação, a mucosa espessa que foi formada precisa ser eliminada, então ocorre a menstruação. A endometriose é uma doença inflamatória que acontece quando as células do endométrio não são completamente eliminadas e migram para outros locais como ovário, parte posterior do útero e bexiga.
Além das cólicas extremamente intensas, o médico explica que a endometriose pode apresentar outros sintomas como alterações intestinais e urinários durante o período menstrual, sangramento menstrual intenso e irregular, dor pré-menstrual - que pode ocorrer uma ou duas semanas antes do início do período menstrual, distensão abdominal, fadiga e cansaço e dificuldade maior para engravidar.
O Dr. Rodrigo de Almeida ressalta que o diagnóstico da doença não é simples e vai além dos sintomas citados. “Exige uma avaliação clínica detalhada, análise do histórico do paciente, além de exames físicos e de imagem, como ressonância magnética e ultrassonografia”, diz. “Embora as complicações sejam raras, a endometriose pode resultar na obstrução do intestino. Nestes casos, a paciente pode apresentar dificuldade para evacuar e dor intensa”, completa.
O tratamento pode ser categorizado em duas abordagens: clínica ou cirúrgica. Os tratamentos clínicos envolvem terapias hormonais que têm o efeito de suprimir a menstruação, além do uso de anti-inflamatórios e analgésicos. Em casos mais graves, uma cirurgia por meio de videolaparoscopia é realizada.
Para o especialista, a adoção de um estilo de vida saudável também faz parte do tratamento. “Praticar atividade física e manter uma alimentação equilibrada é fundamental para que a paciente tenha qualidade de vida. O mais importante é entender que sentir dor não é normal. E se a dor priva a mulher de algo que faça parte da sua rotina, é a hora de procurar o médico”, completa.