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Porque é importante fazer rastreio da infecção genital por Chlamydia trachomatis?

Terça, 26 Setembro 2017 16:16
A Chlamydia trachomatis é uma bactéria muito pequena e que não pode ser vista na microscopia convencional. Tem comportamento silencioso e na grande maioria das vezes a infecção genital não causa sintomas.

No entanto, embora não pareça incomodar, este agente leva a sérias consequências principalmente a longo prazo. Algumas delas são: dor pélvica crônica e infertilidade, maior risco de abortamento, rotura prematura de membranas e de trabalho de parto prematuro e, ainda, de infecção neonatal. A sua possível associação, junto com o Papilomavírus humano, com o câncer cervical tem sido demonstrada.

Esta infecção acomete predominantemente mulheres jovens, com menos de 25 anos e tem uma prevalência variável entre 5 e 25% conforme o grupo estudado. Tais características impõem a necessidade de rastreio, ou seja, pesquisa do agente em toda a população que teria risco.

É importante lembrar que fazer a pesquisa do agente em mulheres inférteis, por exemplo, tem baixo impacto, uma vez que estamos diante da complicação de uma infecção que já ocorreu há algum tempo e que as sequelas não regridem com o tratamento.

Muitos dos problemas associados à clamídia ocorrem por conta de uma alteração da resposta imunológica que perpetua sua ação mesmo que ela não esteja mais presente. O mecanismo mais conhecido está associado à capacidade de confundir nosso sistema imunológico através da HSP60 (heat shock protein 60), contra a qual o nosso sistema imune forma anticorpos.

O problema é que uma HSP60 semelhante existe em células humanas que podem ser atacadas pelos anticorpos que seriam para combater HSP60 da clamídia. Acredita-se ainda que este é o mecanismo associado ao aborto de repetição.

Mas, como combater uma infecção tão insidiosa? Devemos entender que não é possível esperar que haja sintomas para fazer a pesquisa, já que a maior parte das infecções é assintomática. O diagnóstico precoce da infecção e tratamento adequados são as armas mais efetivas.

Hoje temos acesso a uma arma poderosa de alta sensibilidade para o rastreio de um agente que não pode ser visto em exames de microscopia convencional. Trata-se de métodos de biologia molecular (captura híbrida e testes de amplificação de ácido nucleico [NAAT]). Ambos têm perfil para uso no rastreio de clamídia. A captura híbrida inclusive está na relação de procedimentos do Sistema Único de Saúde no Brasil.

Países onde o rastreio é sugerido, o indicam anualmente em mulheres com 24 anos ou menos, toda vez que houver mudança de parceiro, no início do pré-natal. Considera-se ainda a possibilidade de realizar antes de procedimentos invasivos no útero (histeroscopia, histerossalpingografia). Ainda deve ser realizado em pacientes com diagnóstico de outras infecções sexualmente transmissíveis e quadros inflamatórios cervico-vaginais crônicos.

A coleta de material para realização dos testes é simples, podendo ser cervical ou mesmo de swab de material do vestíbulo, devido à alta sensibilidade dos métodos. Devemos colher com dispositivo adequado e o material é conservado em frascos com veículo compatível com testes de biologia molecular, tais como o STM (Qiagen®), Surepth vial (BD®) e Thinprep vial (Hologic®).

A solicitação deve ser feita da seguinte forma: “solicito pesquisa de Chlamydia por captura híbrida” ou “solicito pesquisa de Chlamydia por PCR”. O material enviado ao laboratório da confiança do ginecologista será processado e o resultado poderá ser “negativo” ou “positivo”. Eventualmente o resultado pode ser “inconclusivo”, quando há necessidade de um novo teste com outro material.

Diagnóstico feito, inicia-se o tratamento com antibiótico da classe das tetraciclinas (doxiciclina ou azitromicina), conforme os protocolos dos ministério da Saúde no Brasil.

O investimento feito em um rastreio universal de clamídia tem como consequência uma economia de impacto por conta da redução das complicações da infecção de forma direta e indireta. Não só redução de taxas de infertilidade, aborto de repetição e complicações obstétricas, mas, ainda, menos falta ao trabalho e menos distúrbios psicológicos associados a todo o sofrimento causado por este silencioso agente.

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