Onde a paciente com mola deve ser tratada?
Quarta, 13 Setembro 2017 17:08
A gravidez molar, ou simplesmente mola, é uma complicação da gestação, que faz parte da doença trofoblástica gestacional. Ela ocorre por um erro na fertilização levando ao surgimento de uma placenta anormal que pode evoluir para o câncer (chamado de neoplasia trofoblástica gestacional).
É uma doença grave, mas felizmente amplamente curável. Para a grande maioria das mulheres com essa doença, apenas a retirada da mola do útero é necessária para a cura. Para cerca de 20%, pode ser necessário o emprego de quimioterapia, ainda com excepcionais índices de cura.
Todavia, inúmeras mulheres ainda recebem tratamento inadequado para essa doença, sofrendo cirurgias desnecessárias, que podem mesmo impedir a capacidade de nova gravidez. Isso é muito ruim, uma vez que a mola acomete em mais da metade das vezes mulheres em sua primeira gestação. Além disso, mesmo quando todo tratamento é feito corretamente, a grande maioria das mulheres acometidas pela mola sofre importante alteração na qualidade de vida, fruto de anseios e medos trazidos por essa doença.
Pensando em como melhorar o atendimento de mulheres com mola, um americano chamado John Brewer da Northwestern University's Feinberg School, Chicago (EUA), criou em 1960 o primeiro centro de referência para acompanhar mulheres com gravidez molar no mundo. Nesse mesmo ano, o Professor Paulo Belfort fundou no Rio de Janeiro o primeiro centro especializado em seguimento de doença trofoblástica no Brasil.
Com o tempo, houve uma tendência mundial de encaminhar as pacientes com mola para Centros de Referência. Esses Serviços ganharam experiência no tratamento de mulheres com mola e obtiveram, ao longo dos anos, os melhores recursos para o atendimento global dessas mulheres, provendo não apenas atendimento médico de excelência, como cuidado multiprofissional com a presença de psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e enfermagem.
Estudos mostram que, quando as pacientes com doença trofoblástica gestacional em geral, especialmente aquelas que evoluíram para neoplasia trofoblástica, são tratadas fora dos Centros de Referência para essa doença, que os riscos de morte ou de mutilação uterina aumentam em 10 vezes.
Por isso, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, irmanada com a Associação Brasileira de Doença Trofoblástica Gestacional recomendam que as pacientes com mola sejam atendidas nos Centros de Referência brasileiros para pacientes com mola, listados aqui abaixo.
- Região Norte
CR do Amapá – Hospital da Mulher Mãe Luzia (Macapá): Dra. Nirce Carvalho
CR em Amazonas (Manaus): Dra. Monica Bandeira
CR no Pará – Santa Casa de Misericórdia (Belém): Dra Gabriela Queiroz
CR de Roraima – Hospital Geral de Roraima (Boa Vista): Dra. Cynthia Macedo
CR em Rondonia - Hospital de Base Ary Pinheiro (Porto Velho): Dra. Rita de Cássia Alves
CR em Tocantins (Palmas): Dr. João de Deus
- Região Nordeste
CR na Bahia – Maternidade Climério de Oliveira da FMB/UFBA: Dra. Olivia Lucia Costa
CR no Ceará – Maternidade Escola Assis Chateaubriand/UFC (Fortaleza): Dra. Cecília Ponte
CR no Maranhão – Maternidade Marly Sarney (São Luis): Dra. Marília Martins
CR no Rio Grande do Norte - Maternidade Januário Cicco/UFRN (Natal): Dra. Maria do Carmo
CR na Paraíba:
- HU Lauro Wanderley - UFPB (João Pessoa): Claudio Sergio Paiva
- Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Campina Grande): Dra. Melania Amorim
CR no Piauí – Maternidade Dona Evangelina Rosa/UFPI (Teresina): Dr. José Arimatéa Santos Jr.
CR em Sergipe HU/UFS (Aracaju): Dra. Marina Nogueira
- Região Centro-Oeste
CR em Goiás – HC/UFG. Ambulatório de Mola. (Goiânia): Dr. Maurício Viggiano
CR em Mato Grosso – HU/UFMT (Cuiabá): Rejane Martins Ribeiro Itaborahy
CR no Mato Grosso do Sul - HR do MS (Campo Grande): Dra. Sueli de Souza
- 4. Região Sudeste
CR em Minas Gerais – HC/UFMG (Belo Horizonte): Dr. Gabriel Costa Osanan
CRs no Rio de Janeiro:
- Maternidade Escola de Laranjeiras da UFRJ (Rio de Janeiro): Antonio Braga
- Hospital Universitário Antonio Pedro/UFF (Niterói): Dr. Antonio Braga
- HC da FMB/UNESP (Botucatu): Izildinha Maestá
- CAISM/Unicamp-SP (Campinas): Daniela Yela
- HU/Faculdade de Medicina de Jundiaí (Jundiaí): Dra. Karayna Gil Fernandes
- HC/FMRP/USP (Ribeirão Preto): Jurandyr Andrade
- Hospital Guilherme Álvaro (Santos): Eduardo Silveira
- HC/EPM/UNIFESP (São Paulo): Sue Yazaki Sun
- HC/USP (São Paulo): Koji Fushida e Dr Lawrence Lin
- Região Sul
CRs no Rio Grande do Sul
- de Patologias do Trofoblasto - UCS (Caxias do Sul): Dr. José Mauro Madi
- Santa Casa - CDT (Porto Alegre): Elza Uberti
Todos esses Serviços são gratuitos, vinculados ao Sistema Único de Saúde, e reúnem médicos com grande experiência no tratamento dessa doença da gravidez.
Fiquem tranquilas! Uma vez tratadas corretamente, a cura é praticamente certa, sendo permitida novas gravidezes, que serão seguras e oxalá exitosas!
Referências bibliográficas
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- Braga A, Uberti EMH, Fajardo MC, Viggiano BM, Sun SY, Grillo BM, et al. Epidemiological report on the treatment of patients with Gestationsl Trophoblastic Disease in 10 Brazilian referral centers. Results after 12 years since International FIGO 2000 consensus. J Reprod Med 2014;59:241-7.
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