Dia do Adolescente: entenda os principais motivos clínicos para consultar um ginecologista na adolescência

Quinta, 21 Setembro 2023 15:00


Em 21 de setembro, comemoramos o Dia do Adolescente, uma data que foi instituída para reconhecer essa fase de transição tão aguardada e, simultaneamente, desafiadora tanto para as famílias quanto para os próprios adolescentes. Este é um momento importante para enfatizar a necessidade de cuidados especiais, como consultas com ginecologistas, que fazem parte da atenção à saúde das adolescentes.

De acordo com um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), utilizando informações do Ministério da Saúde, verificou-se que, em 2020, o número de consultas médicas realizadas por adolescentes do sexo feminino, com idades entre 12 e 19 anos, foi 2,5 vezes maior do que o número de consultas médicas por adolescentes do sexo masculino da mesma faixa etária. No total, foram registrados 10.096.778 atendimentos para as adolescentes e 4.066.710 atendimentos para os adolescentes do sexo masculino.

A Dra. Ana Karla Freitas, membro da Comissão Nacional Especializada de Ginecologia Infanto Puberal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), enfatiza que a questão da primeira consulta é uma preocupação comum nas consultas de ginecologia destinadas a crianças e adolescentes. A resposta a esse questionamento sempre dependerá do estado de desenvolvimento físico e emocional, do ambiente social e das necessidades individuais específicas da criança ou do adolescente.

“Não há um marco temporal específico, rígido, que determine a obrigatoriedade dessa consulta ginecológica, pois isso precisa respeitar e contemplar as demandas próprias de cada pessoa. De forma mais abrangente, uma sugestão útil é que a primeira consulta ginecológica aconteça entre os 13 e 15 anos de idade, ou ainda no primeiro ano após a primeira menstruação, a menarca, que, geralmente, ocorre por volta dos 12 anos de idade. É sempre importante ressaltar que esse encontro deve ser antecipado diante de problemas de saúde específicos ou relacionados à sua saúde sexual e reprodutiva em meninas mais jovens. O importante é que o cuidado com a saúde ginecológica da criança ou da adolescente esteja acessível e disponível, tão logo essa necessidade seja percebida”, destaca a Dra. Ana Karla.

A especialista da FEBRASGO explica que o primeiro encontro com um ginecologista é uma oportunidade fundamental para estabelecer uma relação de confiança e respeito com a adolescente. Durante essa consulta, a professora enfatiza ainda a importância de uma abordagem acolhedora, comunicação eficaz, competência cultural e cuidado centrado na paciente. A privacidade e confidencialidade são garantidas, e é incentivada a comunicação familiar. Do ponto de vista técnico, a ginecologista investigará a queixa principal, antecedentes pessoais e familiares, bem como fatores relacionados ao desenvolvimento físico, emocional, puberdade e ciclo menstrual. O exame físico será adaptado à idade e necessidades individuais da adolescente, considerando sua aceitação e disponibilidade. Isso determinará a extensão da avaliação dos órgãos genitais.

 

Motivos clínicos para consultar um ginecologista na adolescência

 

É fundamental que as adolescentes consultem um ginecologista para assegurar sua saúde sexual e reprodutiva. Alguns motivos clínicos que podem levar uma adolescente a buscar uma consulta ginecológica incluem:

Menstruação: para avaliar e discutir problemas relacionados ao ciclo menstrual, como irregularidades, dor intensa (Dismenorréia), fluxo menstrual excessivo ou ausência de menstruação (amenorreia).

Puberdade precoce ou tardia: para avaliar e tratar questões relacionadas ao desenvolvimento físico, como o início precoce ou tardio da puberdade.

Infecções genitais: se a adolescente apresentar infecções genitais, corrimento vaginal anormal, odor desagradável ou dor ao urinar.

Saúde sexual: para receber informações sobre início da atividade sexual, discutir e fornecer informações planejadas sobre diferentes métodos contraceptivos disponíveis e ajudar a adolescente a fazer escolhas informadas sobre a contracepção, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), orientações sobre relacionamentos saudáveis, consentimento e comunicação eficaz, ajudando a adolescente a desenvolver relações interpessoais saudáveis ​​e respeitosas.

Dores pélvicas: se um adolescente sentir dores persistentes na região pélvica, que podem ser causadas por várias condições, como cisto ovariano, endometriose ou problemas uterinos.

Gravidez na Adolescência: a ginecologista pode oferecer suporte e aconselhamento às adolescentes que estão grávidas ou que desejam planejar ou evitar uma gravidez. Isso pode incluir orientações sobre pré-natal, opções de cuidados e apoio emocional.

Aconselhamento sobre saúde reprodutiva: para discutir planejamento familiar, fertilidade e futuros desejos de ter ou não filhos.

Vacinas: para garantir que a adolescente esteja atualizada com as vacinas recomendadas, como a vacina contra o HPV (papilomavírus humano) para prevenir o câncer cervical, e Vacina Meningocócica

Direitos Sexuais: a ginecologista pode fornecer informações sobre os direitos sexuais da adolescente, incluindo autonomia sobre o próprio corpo, consentimento, educação sexual e acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva.

Prevenção e Cuidados em situações de Violência Sexual: caso uma adolescente tenha sido vítima de violência sexual, a ginecologista pode oferecer suporte e atendimento específico, com ênfase na redução de danos, além do encaminhamento para serviços de apoio e seguimento especializados.

 

Principais mudanças físicas mais notáveis que ocorrem durante a adolescência feminina

 

A ativação dos hormônios sexuais, com destaque para o estrogênio, desencadeia uma série de transformações no corpo das meninas. É importante compreender que o momento e a velocidade dessas mudanças podem variar consideravelmente de uma adolescente para outra. A puberdade é um estágio normal e saudável do desenvolvimento, mas pode vir acompanhada de desafios emocionais. Dentre as mudanças mais notáveis estão:

Crescimento e Estatura: As meninas experimentam um crescimento rápido em altura durante os primeiros estágios da puberdade, o estirão de crescimento. Isso pode variar de acordo com a genética individual, mas em média ocorre entre os 10 e 14 anos. É normal que as adolescentes sintam uma certa estranheza em relação ao corpo e que suas proporções não pareçam adequadas ou harmônicas.

Desenvolvimento Mamário: É um dos primeiros sinais da puberdade, geralmente começa entre os 8 e 13 anos, sendo uma das mudanças mais visíveis durante a puberdade. Inicialmente, pode haver um aumento na sensibilidade dos seios, seguido pelo crescimento do tecido mamário. O desenvolvimento completo das mamas pode levar até 3 anos para acontecer e muitas vezes as meninas apresentam curiosidade e ansiedade para saber de que tamanho ficarão.

Crescimento de Pelos, Cabelo e Pele Oleosa: Há um aumento de pelos, principalmente na região pubiana e axilas. Além disso, alguns pelos finos podem aparecer nos braços e pernas. A pele pode se tornar mais oleosa e, em alguns casos, pode ocorrer o aparecimento de acne. Os cabelos também podem tornar-se mais oleosos.

Alargamento da pelve: A estrutura óssea da pelve alarga-se.

Distribuição de gordura corporal: A gordura corporal é redistribuída, com uma maior quantidade sendo depositada em quadris e coxas. Acentuando-se as curvas femininas.

Mudanças na Voz: A voz pode sofrer pequenas alterações, embora geralmente não seja tão notável quanto nas mudanças vocais dos meninos.

Desenvolvimento dos órgãos sexuais: Durante a adolescência, os órgãos sexuais internos e externos se desenvolvem. Os órgãos genitais externos femininos, como os lábios vaginais e o clitóris, amadurecem e se desenvolvem.

Mudanças nas unhas: Algumas meninas podem notar alterações nas unhas, como crescimento mais rápido ou alterações na textura.

 

Menarca

 

A menstruação é uma das primeiras transformações na vida das adolescentes, marcando o início da maturação do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. A Dra. Andrea Nácul, da Comissão de Ginecologia Endócrina, explica que a primeira menstruação, conhecida como menarca, geralmente ocorre cerca de 2 a 6 anos após o início da puberdade. Esse período de transição, que inclui o estirão puberal, a telarca, e pubarca e, por fim, a menarca, tem duração média de 4 a 5 anos. Os primeiros ciclos menstruais costumam ser irregulares e, ocasionalmente, anovulatórios, e a duração da menstruação varia amplamente, podendo durar apenas alguns dias ou, em casos excepcionais, mais de 8 dias. A menarca pode ou não ser acompanhada de cólicas, e o fluxo menstrual varia de escasso a intenso.


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