A obesidade feminina e as consequências na saúde ginecológica
A obesidade feminina e as consequências na saúde ginecológica
Mulheres sofrem mais com obesidade no país, com 60% da população feminina acima do peso
O Dia Nacional de Prevenção da Obesidade é celebrado em 11 de outubro, com intuito de alertar sobre os diversos riscos que a doença apresenta e conscientizar sobre a importância do cuidado com o corpo para prevenção.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é um dos problemas de saúde mais graves hoje em dia. No ano de 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso e 700 milhões de pessoas com obesidade.
Estar atento à obesidade feminina é essencial, visto os malefícios que ela pode causar para a fertilidade e a saúde da mulher. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNE), o sobrepeso atinge mais as mulheres: 62,6% estão obesas ou com excesso de peso, enquanto entre os homens o problema alcança 57,5%.
A ginecologista e presidente da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira de Ginecologia Obstetrícia (Febrasgo), Cristina Laguna Benetti, explica porque essa doença é mais frequente com público feminino. “De modo geral, as mulheres têm mais massa gorda do que massa magra, proporcionalmente, do que os homens, e nas mulheres o tecido adiposo tende a se localizar na região central do abdome, quadril, coxas, e essa obesidade, quando mais centralizada, se reflete em inúmeros problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, diabete, alterações na qualidade do sono”.
A ginecologista esclarece também sobre o reflexo da obesidade em problemas ginecológicos: mulheres com sobrepeso e com obesidade têm alterações hormonais que levam com mais frequência a distúrbios ovulatórios. A anovulação pode causar dificuldade de engravidar. Desta forma, há um índice maior de infertilidade em mulheres obesas.
Síndrome do Ovário Policístico e Obesidade: uma relação frequente
A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é um problema comum que se manifesta por irregularidade na menstruação, com atrasos frequentes ou ausência de menstruação, além de manifestações como acne, aumento de pelos, estes associados ou não a aumento na produção de testosterona (hormônio masculino que a mulher também produz). “A SOP associa a irregularidade menstrual com hiperandrogenismo, alteração nos hormônios androgênicos ou manifestações no corpo como acne, pelos ou eventualmente até queda de cabelo, e um terceiro critério que são ovários aumentados de tamanho com vários folículos. Para ter a síndrome, tem que ter uma combinação de duas dessas três características. Existem, por exemplo casos de mulheres que tem anovulação e hiperandrogenismo mas não tem ultrassom alterado, anovulação com ultrassom alterado, e tem também mulheres que conjugam a anovulação com sinais de hiperandrogenismo e também com ultrassom alterado” destaca Laguna. Mas, apenas a alteração no ultrassom, sem nenhuma das outras características, não faz diagnóstico de SOP.
Existem muitas mulheres que já apresentam as manifestações da Síndrome desde as primeiras menstruações, mas é preciso acompanhar as adolescentes para ter certeza de que estas alterações irão se manter. A obesidade é frequente em mulheres com SOP e piora suas manifestações. “Mulheres com SOP mais frequentemente têm obesidade do que as sem a síndrome. As mulheres com SOP obesas têm mais problemas metabólicos do que mulheres com a doença que são magras. Embora ambas possam ter resistência insulínica, por exemplo, as obesas mais precocemente e com maior frequência mostram alteração de colesterol, de diabetes e de apneia do sono. Também têm maior dificuldade para engravidar, com pior resultado quando precisam de tratamento. Podemos dizer que a obesidade potencializa as manifestações e complicações que a SOP traz às mulheres”, enfatiza Cristina.
A redução do peso pode melhorar as manifestações da SOP, reduzindo a pilificação, melhorando a ovulação e facilitando a gravidez, melhorando os distúrbios metabólicos.
Como Prevenir a Obesidade
A médica da Febrasgo orienta que as mulheres mudem os hábitos de vida, com prática de atividades físicas, movimentando mais o corpo, melhorando o tipo de hábito alimentar, comendo menos alimentos processados e utilizando alimentos pobres em gorduras e açúcares. Hábitos saudáveis de vida são a primeira escolha de tratamento para a obesidade e também para auxiliar no tratamento de mulheres com SOP e sobrepeso ou obesidade.
Acompanhamento Médico
“O acompanhamento médico no caso de obesidade é importante porque o especialista vai orientar a melhor forma de redução do peso, indicar o tratamento para essas alterações metabólicas, e também avaliar se essas alterações estão presentes. Quando necessário, o tratamento medicamentoso pode ser prescrito, sempre em associação aos hábitos saudáveis de vida. É essencial que o paciente assuma o seu papel mudando o estilo de vida e não considerando que o controle da obesidade está somente revertido à responsabilidade do tratamento medicamentoso. Ainda, os hábitos saudáveis são extremamente importantes no sentido de manutenção do peso. Mesmo que no momento de perder peso seja necessária orientação medicamentosa e nutricional, o paciente tem uma grande responsabilidade para não voltar a ter hábitos que fazem com que o peso volte a se acumular”, explica a Dra. Cristina.
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