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Papel do Obstetra no sucesso da amamentação

Terça, 23 Maio 2017 16:57

Ao contrário do que ocorre com todos os demais mamíferos, a mulher não amamenta como um ato instintivo, por isso ela deve aprender como realizar o aleitamento e compete ao obstetra, que costuma ser o primeiro profissional de saúde a lidar com a gestante, participar ativamente deste ensinamento.

A atenção obstétrica deve contemplar todos os procedimentos que garantam o bem-estar do binômio mãe-filho em todas as etapas da puerperalidade. Entre as diversas evidências científicas encontram-se as ações de estímulo ao aleitamento materno.

O obstetra tem várias oportunidades de atuação desde o início do pré-natal até o final do puerpério, de modo que as suas condutas podem se constituir em poderosas armas a favor do aleitamento materno. Como chefe de equipe que naturalmente é, deveria inclusive se posicionar contra as rotinas institucionais contrárias ao sucesso da amamentação.

Há dois fatos que o obstetra deve ter sempre em mente:

- Em geral, ele é o primeiro profissional de saúde a lidar com a gestante;

- No final do 1º trimestre da gestação, a maioria das mulheres já se decidiu sobre o aleitamento.

 

No pré-natal

  • Anamnese Dirigida

Para as primigestas, investigar quais os conceitos próprios sobre o aleitamento, se ela já se decidiu sobre o assunto e quais os medos a respeito. Para as multíparas, perguntar sobre tempo de amamentação de seus filhos, se houve alguma dificuldade e qual o motivo para eventual complementação ou interrupção.

  • Exame Físico das Mamas

Objetivando detectar quaisquer alterações, em especial das papilas. Durante o exame, com delicadeza, mostrar a saída do colostro. É uma ótima oportunidade para explicar a função das mamas, a finalidade do colostro e a importância do aleitamento.

  • Aconselhamento

Orientar quanto às atitudes contrárias à amamentação e conscientizar os familiares sobre a necessidade de apoiar a mulher que amamenta.

Atenção especial para as primigestas e as gestantes com história de insucesso na amamentação. O obstetra deve lembrar que os seus conselhos, desde o início do pré-natal, terão uma influência decisiva na postura da futura nutriz, como, por exemplo, na opção pelo alojamento conjunto.

Resumindo a atuação durante o pré-natal:

  • Examinar as mamas, explicar sua função e a importância do aleitamento materno.
  • Informar as gestantes das eventuais dificuldades no aleitamento materno e as maneiras de superá-las.
  • Identificar e orientar quanto às variações anatômicas como mamilos planos, invertidos ou pseudoinvertidos.
  • Alertar para os procedimentos ou atitudes contrárias à amamentação.
  • Conscientizar os familiares sobre a necessidade de apoiar a mulher que amamenta.

 

No trabalho de parto

  • Lembrar que o uso indiscriminado de analgésicos sistêmicos e sedativos diminui as chances do parto ser normal, pode induzir sonolência e, após o parto, impedir um contato íntimo entre a mãe e o RN e ainda diminui a capacidade de sucção do RN. Por outro lado, o seu uso cuidadoso reduz o desconforto físico e a ansiedade da parturiente. Manter o ambiente tranquilo para a parturiente (incentivar a presença de acompanhante). Utilizar todos os recursos disponíveis para alívio da dor, evitando substâncias entorpecentes que possam prejudicar a emoção do primeiro contato mãe-filho.

 

No parto

  • Promover a integração da equipe para que todos ajudem mãe e filho a iniciar a amamentação o mais precocemente possível. Do ponto de vista obstétrico, este início precoce do aleitamento traz as seguintes vantagens para a mãe: maior produção e liberação de ocitocina; maior vínculo com seu filho e maior chance de aleitar por tempo prolongado.
  • Evitar o uso de anestesia geral ou de entorpecentes que prejudiquem a emoção do primeiro encontro mãe-filho.
  • Colocar o recém-nascido com boa vitalidade em contato pele a pele com a mãe e assim mantê-lo pelo maior tempo possível. Estimular o contato físico e visual entre a mãe e o RN.
  • Estimular a mamada ainda na sala de partos, inclusive nas cesáreas. A sucção dos mamilos promove liberação de ocitocina endógena que acelera a dequitação e o miotamponamento.
  • Quando a episiotomia for necessária, fazê-la de tal modo que a mãe possa sentar e caminhar sem dor.
  • Estimular a presença do pai na sala de parto.
  • Lembrar a equipe que os procedimentos rotineiros com o RN sadio como identificação, medição, pesagem e profilaxia da oftalmia gonocócica podem ser postergados.
  • Administrar soro de hidratação no menor tempo possível e manter acesso salinizado para eventuais medicações intravenosas.
  • Aliviar a dor com analgésicos não entorpecentes para que a mãe seja capaz de cuidar do recém-nascido.
  • Usar ocitocina preferencialmente aos ergóticos, quando necessário, para aumentar a contratilidade uterina.

 

No puerpério

  • Estimular as mães a permanecerem junto de seus filhos 24 horas por dia em alojamento conjunto desde o pós-parto imediato.
  • Examinar diariamente as mamas.
  • Orientar as mães para o cuidado com as mamas e as papilas.
  • Tratar ingurgitamento, fissuras e mastite sem interromper a lactação.
  • Estimular as mães a amamentar seus bebês sob livre demanda, sem horário estabelecido. Caso seus bebês não possam sugar, ensinar a ordenha e como armazenar o leite, mantendo a lactação.
  • Orientar e apoiar as mães trabalhadoras no que se refere às leis que protegem a amamentação.
  • Apoiar e divulgar as “Normas para Comercialização de Alimentos para Lactentes”, desestimulando o uso de mamadeiras e chupetas em serviços hospitalares e combatendo a livre propaganda de “substitutos” do leite materno, bem como, sua distribuição gratuita ou a baixo custo em maternidades.
  • Acompanhar ou referir o binômio mãe-filho para acompanhamento, desde a 1a semana, para evitar desmame precoce.
  • Aproveitar consultas médicas por quaisquer motivos para avaliar a prática da amamentação.
  • Prescrever método anticoncepcional que não interfira com a lactação.
  • Estimular a coleta, conservação e encaminhamento do leite excedente a um Banco de Leite Humano.

 

Escrito por: Corintio Mariani Neto 
COMISSÃO DE ALEITAMENTO MATERNO


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