Urgência obstétrica: Ministério da Saúde reitera parceria com FEBRASGO
A FEBRASGO recebeu, por meio de doação do Ministério da Saúde, trajes específicos para o manejo da hemorragia obstétrica. Trata-se de um recurso fundamental em cenários de urgência, especialmente quando há necessidade de remoção da paciente para hospitais de referência.
O uso do traje requer treinamento adequado dos profissionais de saúde, garantindo que sua aplicação seja eficaz e segura. Os trajes recebidos serão utilizados no Centro de Treinamento e Simulação da FEBRASGO, além de congressos, cursos hands-on e atividades organizadas pelas federadas. As sociedades estaduais também poderão solicitar o empréstimo do material para capacitação local.
“Essa doação do Ministério da Saúde é muito importante, caracteriza uma parceria muito profícua para podermos combater a hemorragia obstétrica e oferecer o melhor cuidado para as mulheres e reduzir o risco de morte materna”, reforça Dra. Roseli Nomura, diretora administrativa da FEBRASGO.
O Dr. Gabriel Costa Osanan, vice-presidente da CNE de Urgências Obstétricas, explica que o traje anti choque não-pneumático (TAN) consiste em uma veste de neoprene (com fixadores em velcro), que recobre a paciente do tornozelo ao abdome, de forma segmentada e não pneumática. É reutilizável e se ajusta a pacientes de diferentes alturas e pesos. Trata-se de uma tecnologia leve de controle transitório do sangramento, de baixo custo e fácil manuseio, capaz de permitir transferências extra ou intra-hospitalares, ou mesmo apoiar na estabilização de uma hemorragia dentro do hospital.
Como funciona e quais suas vantagens?
Ao ser aplicado na paciente, o TAN comprime os membros inferiores, pelve e abdome, redirecionando o sangue para órgãos vitais e aumentando o retorno venoso. Ele também reduz sangramentos uterinos por realizar compressão na pelve e no abdome.
Quando usar?
O TAN está indicado nos casos de sangramento obstétrico, especialmente na hemorragia pós-parto, quando há instabilidade hemodinâmica ou sangramento intenso com risco iminente de choque hipovolêmico.
Quais as vantagens?
O TAN não substitui os tratamentos definitivos da hemorragia, mas é um recurso de estabilização temporária extremamente valioso. Assim, são potenciais benefícios do TAN:
- Reduzir a velocidade do sangramento, dando tempo para a equipe agir;
- Ganhar tempo para transferências seguras, quando necessário;
- Facilitar a obtenção do acesso venoso durante a hemorragia;
- Reduzir a necessidade de transfusões ou intervenções cirúrgicas de urgência;
- Reduzir até mesmo mortes maternas, quando associado a um protocolo de hemorragia adequado.
Como utilizar?
O TAN deve ser aplicado iniciando pelos segmentos dos tornozelos em direção ao abdome, seguindo a sequência correta. Pode permanecer posicionado por até 72 horas, com monitoramento clínico contínuo. A retirada deve ser feita de forma lenta e gradual, a fim de evitar descompensações hemodinâmicas e o risco de retorno abrupto do sangramento.
Quais as contraindicações?
São contraindicações ao seu uso a presença de feto vivo viável, doenças cardíacas graves, hipertensão pulmonar, edema agudo de pulmão e lesões supra diafragmática.
Traje antichoque no Brasil e no mundo?
Atualmente o TAN está sendo utilizado na HPP em mais de 40 países do mundo, e tem sido recomendado por diversos protocolos nacionais e internacionais. No Brasil, o TAN já é utilizado em alguns estados, como parte integrante da Estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia (0MMxH), uma parceria do Ministério da Saúde com a Organização Panamericana de Saúde – Brasil, desde 2015
“A doação dos trajes antichoque pelo Ministério da Saúde à FEBRASGO representa um avanço significativo no fortalecimento da assistência obstétrica no Brasil. Essa iniciativa permitirá ampliar a capacitação de profissionais de saúde em todo o país para o uso correto da tecnologia, fortalecendo sua aplicação nos serviços que já o utilizam e contribuindo para uma resposta mais rápida e eficaz nas emergências hemorrágicas obstétricas; com potencial de impactar diretamente na redução das mortes maternas evitáveis no país”, finaliza Dr. Gabriel.
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