Parto prematuro responde a 11% dos nascimentos no Brasil
Parto prematuro não afeta só o bebê, revela especialista da FEBRASGO
O parto prematuro, definido como o nascimento que ocorre antes das 37 semanas de gestação, é um tema de extrema importância para a saúde materna e infantil. Segundo o Dr. Renato Teixeira Souza, ginecologista e membro da Comissão Nacional Especializada em Gestação de Alto Risco da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), compreender as causas, os riscos e as formas de prevenção é essencial para reduzir complicações e garantir o bem-estar da mãe e do bebê.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 300 mil e 340 mil bebês nascem prematuros no Brasil a cada ano, o que representa cerca de 11% de todos os partos realizados no país. Esses números evidenciam a relevância do tema e reforçam a importância de medidas preventivas, acompanhamento pré-natal adequado e atenção especializada para reduzir os riscos associados à prematuridade.
Entre as principais causas do parto prematuro estão fatores relacionados à saúde da gestante, ao bebê e às condições da gestação. O histórico de parto prematuro anterior, a gravidez múltipla, as infecções urinárias ou genitais, a hipertensão, o diabetes, a ruptura precoce da bolsa, o tabagismo, o uso de drogas ilícitas e o baixo ganho de peso, geralmente, estão associados às causas. Aspectos sociais, como intervalos curtos entre gestações e o acesso limitado ao pré-natal, também contribuem para o aumento do risco.
“Os sinais de alerta incluem contrações regulares antes das 37 semanas, dor ou pressão pélvica, perda de líquido pela vagina, sangramento e diminuição dos movimentos do bebê. Nesses casos, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente”, explica o Dr. Renato. Durante o pré-natal, a avaliação do comprimento do colo do útero por ultrassonografia entre 18 e 24 semanas é uma ferramenta importante para identificar risco de prematuridade e permitir intervenções precoces.
O parto prematuro representa riscos significativos para o bebê, uma vez que muitos órgãos ainda estão em desenvolvimento. Complicações respiratórias, infecções, hemorragias cerebrais e dificuldades na alimentação e manutenção da temperatura corporal são comuns, especialmente em nascimentos antes das 32 semanas. Para minimizar esses riscos, a equipe médica pode administrar corticoides para acelerar a maturação pulmonar e sulfato de magnésio para proteger o sistema nervoso. Após o nascimento, o cuidado em unidade de terapia intensiva neonatal, incluindo suporte respiratório, nutrição adequada e monitoramento contínuo, é essencial. O método canguru, com contato pele a pele entre bebê e pais, também é recomendado para fortalecer vínculo e favorecer a recuperação.
Além do bebê, a saúde da mãe também pode ser afetada. Hemorragias, necessidade de transfusões e internação em unidade intensiva estão entre as complicações possíveis. “O acompanhamento pós-parto é fundamental para revisar a gestação, identificar fatores que contribuíram para o parto prematuro e planejar medidas preventivas em futuras gestações, como o uso de progesterona vaginal e, em alguns casos, a cerclagem (pontos do colo do útero para evitar sua abertura prematura), alerta o médico. O cuidado emocional é igualmente importante, pois ansiedade, culpa e depressão pós-parto podem ocorrer, especialmente quando o bebê permanece internado. A amamentação, quando possível, oferece benefícios imunológicos e nutricionais fundamentais para o bebê prematuro.
A prevenção do parto prematuro envolve tanto cuidados médicos quanto hábitos saudáveis. Iniciar o pré-natal precocemente, não fumar, evitar álcool, manter alimentação equilibrada, controlar peso, praticar atividades leves e reduzir o estresse são atitudes essenciais. “O acompanhamento regular com ginecologista ou obstetra é o melhor aliado para garantir a segurança da mãe e do bebê, permitindo uma gestação mais segura e saudável”, conclui o Dr. Renato.