Informações sobre a Vacinação contra HPV

Terça, 14 Março 2023 14:57

Comissão Nacional Especializada de Vacinas da FEBRASGO


O dia 4 de março foi estabelecido como dia da conscientização sobre HPV, o Papilomavírus humano, que tem associação causal com várias doenças que afetam as mulheres e homens. A infecção por HPV é considerada a infecção sexualmente transmissível de maior incidência no mundo. Estima-se que há cerca de 600 milhões de pessoas infectadas por HPV no mundo e que 80% da população sexualmente ativa entrou em contato com o vírus em algum momento de suas vidas. Na ausência de vacinação, a maioria dos indivíduos sexualmente ativos é infectada por HPV durante a vida sendo que mais de 80% das infecções desaparece sem deixar sequelas e, as infecções que não regridem, podem progredir para doenças relacionadas ao HPV, incluindo câncer do colo do útero e seus precursores (lesões intraepiteliais de baixo ou alto grau), cânceres do ânus, da vulva, da vagina, do pênis e lesões precursoras do câncer, neoplasia intraepitelial peniana, verrugas genitais, lesões no trato respiratório e digestivo, incluindo câncer de orofaringe e papilomatose respiratória recorrente.

Nas mulheres, os subtipos oncogênicos HPV 16 e HPV 18 são os responsáveis por mais de 70% dos casos de cânceres de colo de útero e de suas lesões precursoras, e 90% dos casos de adenocarcinoma in situ (AIS) do colo uterino. Também nas mulheres, estes dois subtipos estão associados a mais de 70% das lesões de vulva vagina e ânus. Os tipos de HPV 6 e 11 são considerados não oncogênicos e estão associados a verrugas genitais de homens e mulheres.

Desde 2007, as vacinas contra o HPV estão sendo administradas em adolescentes nos Programas de Imunização em todo o mundo, promovendo a prevenção de neoplasias cervicais e lesões clínicas induzidas pelo vírus. Neste público-alvo, principalmente entre 9 e 14 anos, não há questionamento quanto à efetividade e à segurança da vacinação. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) se iniciou em 2014 e contempla atualmente meninas e meninos de 9 a 14 anos com a vacina quadrivalente (4V) contra os quatro subtipos de HPV, 16, 18, 6 e 11.

O Ministério da Saúde, assim como vários países do mundo, utiliza a vacina HPV 4V, que tem comprovadamente impactado a prevenção dos principais subtipos de alto risco de HPV que podem resultar em canceres principalmente do colo uterino.

O Estudo POP Brasil, que apresenta dados sobre a prevalência nacional de infecção por HPV, financiado pelo Ministério da Saúde, mostrou que o principal subtipo oncogênico mais prevalente no Brasil é o HPV 16.

Em 2019, em uma revisão sistemática Cochrane que avaliou a eficácia, imunogenicidade e segurança de diferentes tipos de vacina contra HPV, em esquemas e dosagens distintos, mostrou que comparando as duas apresentações de vacinas, 4V e nonavalente (9V), a proteção foi semelhante contra um resultado combinado de neoplasia intraepitelial cervical de alto grau, adenocarcinoma in situ ou cancer cervical.

A partir de 2015 foi licenciada e recomendada nos Estados Unidos pela ACIP (Advisory Committee on Immunization Practices) uma nova formulação da vacina HPV que, além dos 4 tipos de HPV que estão incluídos na 4V, contempla 5 outros tipos oncogênicos de HPV, tipos 31, 33, 45, 52 e 58, chamada Gardasilâ 9V, que aumenta a proteção contra as lesões induzidas por HPV. É uma vacina recombinante com proteínas L1 semelhantes aos 9 tipos de HPV. Como as proteínas L1 não contêm DNA viral, não podem infectar as células nem se reproduzir.

Neste mês de março, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou a comercialização dessa nova formulação, Gardasilâ 9V, em clínicas privadas. Na rede básica gratuita de saúde, a vacina disponível permanece a Gardasilâ 4V.

A vacina 9V está indicada para mulheres e homens entre 9 e 45 anos com as doses administradas de acordo com a idade: 9 a 14 anos (2 doses: 0-6 meses); acima de 14 anos onze meses e vinte e nove dias (3 doses: 0-2-6 meses). Semelhante à vacina 4V, a 9V apresentou resultados de eficácia, segurança e imunigenicidade em relação a desfechos clínicos, em populações selecionadas.

O perfil de segurança foi similar entre 9V e 4V em mulheres, homens, meninas e meninos. As reações adversas sistêmicas e locais relacionadas à vacinação foram aproximadamente 1% maior naqueles que receberam a 9V, quando comparadas com a 4V, em todos os estudos clínicos.

Com o objetivo de informar sobre a vacinação contra HPV, a CNE vacinas da Febrasgo esclarece que:

  1. A vacinação com a vacina 4V, contra os 2 principais tipos de HPV causadores de câncer de colo uterino e os 2 tipos causadores de verrugas genitais, está disponível gratuitamente em todo o país para meninas e meninos de 9 a 14 anos, com duas doses em intervalo de 6 meses (0-6 meses). Para mulheres e homens imunossuprimidos até 45 anos, também está disponível gratuitamente, com três doses em intervalo de 2 e 6 meses (0-2-6 meses).
  2. Em todos os países que introduziram a vacinação com a 4V, com altas coberturas vacinais, houve queda da incidência de verrugas e neoplasias do trato anogenital, comprovando que a vacinação de meninas é a intervenção mais efetiva para a redução do risco de câncer de colo de útero.
  3. A prioridade atual do Ministério da Saúde é aumentar as coberturas da vacina 4V, de acordo com o comprometimento do Brasil junto à OMS, de alcançar até 2030, coberturas iguais ou acima de 90% para possibilitar a diminuição do câncer de colo uterino.
  4. O Ministério da Saúde continuará a usar a vacina HPV 4V, resultado de acordo de transferência de tecnologia, entre o MS, o Instituto Butantan e a empresa MSD. Em futuro próximo, a vacina será totalmente produzida no Brasil.
  5. A vacina 9V aprovada pela Anvisa para uso comercial, cobre os mesmos 4 subtipos de HPV contidos na vacina 4V (6-11-16-18) e outros 5 subtipos de HPV (31-33-45-52-58).
  6. Para a proteção contra os subtipos incluídos na nova formulação 9V, é necessário o número completo de doses, mesmo para quem tem o esquema completo com a 4V. Para meninas e meninos de 9 a 14 anos, duas doses com intervalo de seis meses (0-6 meses). Homens e mulheres de 15 a 45 anos, três doses com intervalo de 2 e seis meses (0-2-6 meses). Para imunossuprimidos entre 9 e 45 anos, três doses com intervalo de dois e seis meses (0-2-6 meses).

As diferenças entre as duas formulações estão contempladas na tabela 1

 

Bibliografia:

  1. Gardasil 9 (Human papillomavirus 9-valent vaccine, recombinant. US FDA approved product information; Whitehouse Station, NJ: Merck & Co, Inc. June 2020]
  2. SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações. Estratégia de Vacinação contra HPV – 2015 Doses aplicadas da vacina HPV Quadrivalente Brasil. http://pni.datasus.gov.br/consulta_hpv_15_C23.php
  3. Programa Vacinal para Mulheres, 2ª ed., São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo 2021) Comissão Nacional Especializada de Vacinas pg. 38-39
  4. https://www.who.int/initiatives/cervical-cancer-elimination-initiative#:~:text=In%20May%202018%2C%20the%20WHO,unite%20behind%20this%20common%20goal acessado em 4 de março de 2023
  5. https://www.who.int/initiatives/cervical-cancer-elimination-initiative#:~:text=In%20May%202018%2C%20the%20WHO,unite%20behind%20this%20common%20goal acessado em 4 de março de 2023

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