Orientação de anticoncepção para pacientes com cefaléias

Terça, 27 Novembro 2018 15:33

Entre as mulheres a cefaleia e a enxaqueca são os transtornos neurológicos mais frequentemente observados, podendo ocorrer em  70% ou mais na dependência da população estudada. Na maioria das vezes são destituídas de maior gravidade, sendo as tensionais e crônicas diárias as mais referidas.  

Para podermos orientar na anticoncepção adequada há necessidade de conhecermos a classificação das cefaleias, normatizadas pela Sociedade Internacional de cefaleias. Nesta divisão a enxaqueca é diferenciada de outras cefaleias que podem ser tensional, em salvas, primária, secundária, por neuralgias, ou outras causas. A enxaqueca ou migrânea pode ocorrer com ou sem aura.

A enxaqueca é menos frequente, com prevalência de aproximadamente 18% no sexo feminino, incidindo mais dos 25 aos 55 anos. É caracterizada por dor latejante insidiosa, unilateral, pulsátil, com intensidade que pode causar incapacidade, com duração variável que pode atingir 72 horas. Piora com movimentos, na presença de luz, sons e odores. Na grande maioria das vezes são acompanhadas de náuseas, vômitos e aura. Aura é descrita como a presença de sintomas ou sinais que antecedem ou ocorrem logo após o inicio da enxaqueca, os mais referidos são faixas de luz (escotomas luminosos), amaurose transitória ou parcial, alterações na fala, tremores nas mãos. Estas queixas costumam durar de 15 a 30 minutos e desaparecem progressivamente. A prevalência de enxaqueca com aura é de 5%. O conhecimento destas manifestações tem importância, pois está associado a um aumento de risco de complicações, como o acidente vascular cerebral que nestas pacientes  esta aumentado de 2-3 vezes.

A orientação da anticoncepção depende do diagnóstico do tipo de cefaleia.

Algumas perguntas simples podem nos auxiliar para diferenciar cefaleia de enxaqueca, são elas:

  • Você tem dores de cabeça que duram algumas horas até alguns dias?
  • A luz incomoda mais do que de costume?
  • Isto a impede de trabalhar, estudar?
  • Apresenta  náuseas, vômitos? Alteração visual?

A presença de 3 respostas afirmativas indicam um alto valor preditivo de diagnóstico de enxaqueca.

Pacientes com cefaleia leve ou moderada não apresentam contraindicação para o uso de qualquer método inclusive os hormonais combinados. Todos são considerados categoria 1 ou 2 pela OMS. Durante o acompanhamento preste atenção se a usuária referir aumento da frequência ou intensidade da cefaleia. Nesta condição a troca para um hormonal só com progestagênio seria mais adequado.

Em mulheres com enxaqueca a prescrição do método anticoncepcional dependerá da idade e da presença de aura.

A utilização dos anticoncepcionais hormonais combinados está associada a maior risco de acidente vascular cerebral, especialmente nas mulheres com enxaqueca com aura. (2 a 4 vezes).  Desta forma, a anamnese deverá ser criteriosa em relação ao tipo de cefaleia e aos sintomas que a rodeiam.

Pacientes que referem enxaqueca sem aura podem inicialmente utilizar os hormonais combinados, que passam a ser  contraindicados após os 35 anos ou se durante o uso houver piora da sintomatologia, pois os riscos de complicações aumentam. Oriente em relação as interações medicamentosas.

Nas mulheres com enxaqueca que mencionam aura há contraindicação na utilização de métodos hormonais combinados  independente  da via. Nesta doença há uma associação com aumento de risco de infarto do miocárdico e de acidente vascular cerebral, que se eleva na utilização de hormonais combinados pela presença do estrogênio.

Métodos não hormonais como o dispositivo intrauterino ou os contendo apenas progestagênios podem ser utilizados em mulheres com cefaleia ou enxaqueca. O acompanhamento destas usuárias deve ser cuidados e em intervalos menores  pois a exacerbação da cefaleia ou o aparecimento de outros sintomas sugerem substituição do método contraceptivo.

 

 


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