Oito em cada dez ginecologistas e obstetras do Brasil afirmam que seus pacientes já tiveram problemas com planos de saúde
Especialistas relatam ainda interferência na autonomia médica, como em glosas (57%), restrições a doenças pré-existentes (14%), em atos diagnósticos e terapêuticos (39%) no tempo de internação dos pacientes (12%) e no período de internação pré-operatória (6%). Enfim, queixas de abusos gravíssimos
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) realizou, entre 5 de março e 23 de abril, pesquisa online com sua base de médicos especialistas associados. O questionário foi estruturado via SurverMonkey, para identificar as principais demandas profissionais, dificuldades e anseios tanto no âmbito do Sistema Único de Saúde quanto na rede suplementar de assistência.
Retornaram para a FEBRASGO, espontaneamente, 607 tocoginecologistas de todo o território nacional. Deste universo, 52% são médicas e 48% do sexo masculino.
Planos de saúde e seus problemas
A maioria dos ginecologistas e obstetras atende pelo sistema suplementar em consultório particular (74%) e também em ambulatório (84%).
A relação com as empresas é extremamente conflituosa, a ponto de a avaliação geral dos planos e seguros ser de 0% para a conceituação ótima. Outros 52% afirmam ser regular, 23% consideram ruim/péssima e os demais não atuam no segmento.
Para 58% dos ginecologistas e obstetras os planos desrespeitam a autonomia médica. Em pergunta que possibilitava múltiplas escolhas, foram apontados problemas como interferências em glosas (57%), restrições a doenças pré-existentes (14%), em atos diagnósticos e terapêuticos (39%), no tempo de internação dos pacientes (12%) e no período de internação pré-operatória (6%). Enfim, queixas de abusos gravíssimos.
O rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é insuficiente para 50%; e 79% (praticamente 8 a cada 10) dizem que algum paciente já teve problemas com planos de saúde.
Sistema Único, Raio-x
Dos 607 GOs que retornaram à FEBRASGO, 92% pontuam que o SUS não atende às expectativas dos pacientes e 96% têm a mesma opinião quanto ao Sistema Único não responder adequadamente às expectativas dos próprios médicos.