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Nomenclatura dos esteroides sexuais Proposta de normatização da CNE Ginecologia Endócrina

Sexta, 16 Março 2018 15:35
 

Medicina é um por cento de terapêutica, noventa e nove de nomenclatura.

(Millôr Fernandes)

        A frase de Millôr Fernandes retrata com bom humor a importância das palavras para a medicina. Também por se tratar de uma ciência universal, muitos nomes, estruturas e procedimentos são conhecidos em latim ou na língua original em que foram descritos, inventados ou descobertos. Por outro lado, a necessidade de tradução de vocábulos e a falta de padronização dos linguistas e mesmo fatores históricos e culturais, por vezes levam a conflitos ou dúvidas referentes na formulação da nomenclatura oficial.

        O caso dos esteroides sexuais é um exemplo desses conflitos de nomenclatura. A depender das escolas, os compostos são denominados usando termos que refletem diferentes tipos de tradução. Mesmo nos dicionários leigos, médicos ou bancos de dados oficiais, há conflitos e sinônimos usados de maneira quase que aleatória. Além disso, a escolha de vocábulos de origem diversa e de pronúncias menos vinculadas à Língua Portuguesa pode gerar, de certo modo, inconsistência na nômina científica.

        Desse modo, a Comissão Nacional Especializada de Ginecologia Endócrina da FEBRASGO propõe uma normatização do uso da nomenclatura dos esteroides sexuais. A presente recomendação não pretende constituir estudo aprofundado de linguística ou discutir temas acadêmicos de etimologia, uma vez que se encontra fora do escopo da área, mas instruir autores, pesquisadores, professores e estudantes quanto aos usos preferenciais dos vocábulos.

        Foi realizada pesquisa em várias fontes, dicionários e base de dados e procurou-se identificar usos mais comuns e alguns critérios para adoção das denominações. Considerando as origens das palavras de língua portuguesa, a etimologia e os usos correntes mais frequentes, propomos a utilização de palavras paroxítonas para definição desses hormônios, ou seja:

  • ESTROGÊNIO
  • ANDROGÊNIO
  • PROGESTAGÊNIO
        Por outro lado, no entendimento desse grupo, devem ser evitados os vocábulos proparoxítonos, derivados do espanhol, como estrógeno, andrógeno e progestógeno.

Definições

        Estrogênio (es·tro·gê·ni·o) – substantivo masculino – substância capaz de gerar o estro em animais. BIOQUÍMICA: Grupo de hormônios relacionados com a ovulação e com o desenvolvimento de características femininas secundárias. ETIMOLOGIA - vocábulo composto do latim œstrus+o+gr génos+io (2,3).

        Androgênio (an·dro·gê·ni·o) – substantivo masculino – substância capaz de induzir características sexuais masculinas. BIOQUÍMICA: sexual, como a androsterona e a testosterona, produzido especialmente nos testículos e no córtex da supra-renal, caracterizado por sua capacidade de estimular o desenvolvimento dos caracteres sexuais no homem. ETIMOLOGIA derivado do vocábulo composto do grego anēr, andrós+gr génos+io (2,3).

        Progestagênio (pro·ges·ta·gê·nio) – substantivo masculino – substância capaz de induzir características semelhantes à gravidez / gestacionais - BIOQUÍMICA - Substância esteroidal que contribui para a estimulação das mucosas uterinas, favorecendo o processo de gravidez. ETIMOLOGIA - progestógeno (1941) - inglês. progestogen (1941) – qualquer esteróide progestacional, como, p.ex., a progesterona - (no sentido definido), de pro, no sentido de 'em favor de, ao lado de' + 'gestação' + -o- + -gen + io.

            Na pesquisa desenvolvida identificamos que a maioria dos dicionários, bem como os Descritores em Ciências da Saúde (DECS), apresentam as opções ‘estrogênio’ e ‘androgênio’ como as mais comumente utilizadas. No entanto, quanto às substâncias capazes de induzir características gestacionais há uma grande variedade de termos. A proposta da Comissão é preferencialmente o uso do vocábulo Progestagênio. Estas nomenclaturas, Estrogênio, Progestagênio e Androgênio, serão utilizadas para referir-se ao grupo de esteróide sexual, seja de origem natural no organismo, seja de origem sintética.

Referências

  • FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da língua portuguesa. Coordenação e edição Marina Baird Ferreira e Margarida dos Anjos. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010.
  • HOUAISS, Antonio e Villar. 2010. Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva.
  • HOUAISS, Antonio e Villar. 2017 https://houaiss.uol.com.br/pub/apps/www/v3-3/html/index.php#1
  • Descritores em Ciências da Saúde: DeCS [Internet]. ed. 2017. São Paulo (SP): BIREME / OPAS / OMS. 2017 [atualizado 2017 Mai; citado 2017 Jun 13]. Disponível em: http://decs.bvsalud.org.
  • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID-10. Disponível em: <www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.ht... Acesso em: 12 nov. 2010.
  • WEISZFLÖG, Walter. 1998. Michaelis: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos
  • DICIONÁRIO Michaelis. Disponível em: <www.uol.com.br/michaelis>. Acesso em: 20 OUT. 2017.
  • DICIONARIO MEDICO STEDMAN, 27ª. Edição, 2003, Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan
  • REY, Luiz, DICIONÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS DE MEDICINA E SAÚDE - 2ª Ed. 2012, Guanabara Koogan.
Ana Carolina Japur de Sá Rosa e Silva, Andréa Prestes Nácul, Bruno Ramalho de Carvalho, Cristina Laguna Benetti-Pinto, Daniela Angerame Yela , Gustavo Arantes Rosa Maciel , José Maria Soares Júnior, Laura Olinda Bregieiro Fernandes Costa, Sebastião Freitas de Medeiros, Técia Maria Oliveira Maranhão; Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO.

 

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