Quando iniciar quimioterapia para o tratamento da neoplasia trofoblástica gestacional?
Sexta, 16 Março 2018 15:21
O diagnóstico da Neoplasia Trofoblástica Gestacional (NTG) após o esvaziamento molar observa os seguintes parâmetros determinados pela FIGO:
- 4 valores ou mais de estabilização (elevação ou diminuição menor que 10% em relação ao nível anterior = plateau ou platô) de hCG em um prazo de, no mínimo, 3 semanas (dias 1, 7, 14 e 21);
- Aumento de hCG > 10% para 3 valores ou mais em um prazo mínimo de 2 semanas (dias 1, 7 e 14);
- Diagnóstico de coriocarcinoma na anatomia patológica;
- Presença de hCG, mesmo que em queda, mais de 6 meses após o esvaziamento uterino;
As pacientes com NTG geralmente apresentam-se com um ou mais dos seguintes sintomas: sangramento transvaginal irregular, sub-involução uterina ou aumento assimétrico e cistos teca-luteínicos. A mola invasora pode perfurar o miométrio produzindo sangramento intra-abdominal.
Sabemos que a invasão miometrial ocorre em cerca de 15-20% das pacientes após o esvaziamento de mola hidatiforme completa e em 1-5% das pacientes seguindo mola hidatiforme parcial. A NTG pós-molar ocorre mais comumente (40-50%) seguindo o esvaziamento de uma mola hidatiforme completa de “alto-risco” (caracterizada por volume uterino maior para a idade gestacional, níveis de b-hCG > 100.000 mUI/ml e cistos teca-luteínicos bilaterais).
Vale citar que a indicação de quimioterapia na NTG pode contemplar ainda outras situações, principalmente nos protocolos ingleses:
- Metástases > 2,0 cm no cérebro, fígado, tubo digestivo ou pulmão, na radiografia
- Sangramento importante por via vaginal ou intraperitoneal
- Metástase pulmonar, vulvar ou vaginal (a menos que o hCG esteja em diminuição)
- > 20.000 mUI/ml em mais de 4 semanas após o esvaziamento uterino
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Comissão Nacional Especializada em Doença Trofoblástica Gestacional
FEBRASGO
Gestão 2016-2018
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