Quando e como usar fatores estimulantes de colônias de granulócitos no tratamento de pacientes com neoplasia trofoblástica gestacional?
Sexta, 16 Março 2018 15:17
O uso de fator estimulante de colônias granulocíticas (G-CSF) é indicado para pacientes com neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) de alto risco durante tratamento quimioterápico por múltiplos agentes. Dois tipos de G-CSF estão disponíveis no mercado brasileiro: filgrastim e pegfilgrastim. A vantagem do uso do pegfilgrastim (6 mg subcutâneo) é a administração de dose única para cada ciclo de quimioterapia, com início 24 horas após o término da aplicação dos medicamentos quimioterápicos. De outra forma, o filgrastim (300 mcg subcutâneo) é administrado diariamente ou em dias alternados, geralmente nos dias 6 a 14 de cada ciclo de quimioterapia por múltiplos agentes.
A Sociedade Internacional para Estudo das Doenças Trofoblásticas (ISSTD) (Lurain, 2017) e Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) (Smith et al., 2015) recomendam o uso profilático primário de G-CSF (início com o primeiro ciclo e continuação em ciclos subsequentes) em regimes à base de platina (EP/EMA, TP/TE, BEP, VIP, ICE) pelo risco > 20% de complicações relacionadas à neutropenia e atrasos no tratamento. Uso profilático secundário de G-CSF (uso em pacientes que apresentaram neutropenia em ciclo prévio de quimioterapia) é indicado com o regime EMA/CO em ciclos subsequentes.
Atrasos no tratamento ou reduções de dose, usualmente ocasionados pela neutropenia, contribuem para o desenvolvimento de resistência tumoral ou falha do regime quimioterápico. Uma vez que a finalidade do tratamento é curativa, não se deve ampliar intervalos da quimioterapia sem causa que justifique. O uso de G-CSF (filgrastim ou pegfilgrastim) é ferramenta importante para manter a intensidade de dose adequada e prevenir tais atrasos.
A Associação Brasileira de Doença Trofoblástica Gestacional recomenda que pacientes em quimioterapia por múltiplos agentes à base de platina façam uso profilático primário de filgrastim, antes da ocorrência de neutropenia. As doses de filgastrim (300 mcg subcutâneo) em dias alternados ou diariamente são ajustadas conforme a contagem de neutrófilos para cada paciente (com início 48 horas após o término da quimioterapia e interrupção 48 horas antes do próximo tratamento) (Maestá et al., 2007).
Na NTG de alto risco, neoplasia de elevada fração de crescimento, com altas taxas de cura (80-90%), que necessita de quimioterapia dose-densa (doses elevadas em intervalos mais curtos) é uma inadmissibilidade o não uso de G-CSF. Portanto, em pacientes com NTG de alto risco tratadas com quimioterapia por múltiplos agentes, o uso de G-CSF (profilaxia primária ou profilaxia secundária) oferece melhor prognóstico pela diminuição da morbidade, atrasos no tratamento e reduções de doses.
Leitura suplementar
- Lurain J. Use of Granulocyte Colony Stimulating Factors (G-CSFs) with chemotherapy for high-risk GTN decreases neutropenic complications and treatment delays. Proceedings of the XIX World Congress on GTD, Amsterdam, Netherlands, September 2017.
- Smith TJ, Bohlke K, Lyman GH, Carson KR, Crawford J, Cross SJ, et al. Recommendations for the Use of WBC Growth Factors: American Society of Clinical Oncology. ClinicalPractice Guideline Update.American Society. J Clin Oncol. 2015;33(28):3199-212.
- Maestá I, Michelin OC, Traiman P, Braga A, Delmanto LRMG, Consonni M. Tratamento da neoplasia trofoblástica gestacional de alto risco resistente à quimioterapia. Femina. 2007;35(12):797-805.
Comissão Nacional Especializada em Doença Trofoblástica Gestacional
FEBRASGO
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