DIU hormonal ou não hormonal?

Quarta, 30 Abril 2025 17:22

Entenda a diferença, os benefícios e as contraindicações

Ao buscar um método contraceptivo eficaz, seguro e de longa duração, muitas mulheres se deparam com uma dúvida comum: qual a diferença entre o DIU hormonal e o DIU não hormonal – e qual deles é o mais indicado para cada perfil? A Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, Presidente da Comissão Nacional de Anticoncepcionais da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), esclarece os principais pontos que devem ser considerados pelas pacientes e pelos profissionais de saúde na hora da decisão.

“De uma forma simplista, o DIU (Dispositivo Intrauterino) hormonal contém um hormônio chamado levonorgestrel, semelhante à progesterona, que produzimos na segunda fase do ciclo menstrual. Esse hormônio age localmente no útero, reduzindo o fluxo menstrual e, em alguns casos, fazendo com que a mulher pare de menstruar. Já o DIU não hormonal, composto por cobre, não contém hormônios. A diferença principal entre os dois é na alteração que provocam na menstruação, no fluxo menstrual”, explica a especialista.

O mecanismo de ação de cada tipo de DIU também é distinto. No caso do DIU hormonal, uma das características é provocar um espessamento no muco que o colo produz, criando uma barreira à passagem dos espermatozoides e dificultando sua progressão até as trompas. “Esse efeito combinado com a ação hormonal no útero torna o DIU hormonal extremamente eficaz”, afirma a médica.

Já o DIU não hormonal (cobre) atua por meio de uma resposta inflamatória gerada pela presença do metal no útero, que libera substâncias tóxicas aos espermatozoides. “O cobre interfere diretamente na mobilidade espermática, fazendo com que eles não consigam se movimentar de forma eficaz ou até mesmo fiquem imóveis ou morram antes de alcançar o óvulo”, complementa.

Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2022 e 2023, o número de inserções de DIU realizadas nas unidades de atenção primária — como as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) — dobrou, passando de 30 mil para 60 mil procedimentos. Em toda a rede do Sistema Único de Saúde (SUS), que abrange também ambulatórios, policlínicas e hospitais, foram registradas 164,4 mil inserções, o que representa um aumento de 43,6% em comparação com o ano de 2022.

 

Como orientar a escolha

A idade nunca será um fator limitante para nenhum tipo de método contraceptivo isoladamente, só se a pessoa tiver algum problema. A escolha entre os dois métodos deve considerar, sobretudo, o padrão de sangramento e o histórico clínico da paciente. “Mulheres com fluxo menstrual intenso, cólicas, endometriose, ovários policísticos ou que estão no climatério (normalmente a partir dos 45 anos) tendem a se beneficiar mais do DIU hormonal, que reduz o sangramento e protege o endométrio. Já o DIU de cobre pode ser uma opção viável para mulheres que menstruam pouco e não desejam utilizar hormônios, desde que não tenham contraindicações específicas”, explica Dra. Ilza.

 

Contraindicação

Mulheres que apresentam malformações uterinas não estão aptas a utilizar o dispositivo intrauterino (DIU). Da mesma forma aquelas que possuem miomas localizados na cavidade interna do útero – denominados submucosos – somente podem recorrer ao uso do DIU após a remoção dessas formações. “Esses miomas costumam provocar sangramentos intensos. Por esta razão, é comum realizarmos a sua retirada por meio de histeroscopia para procedermos com a inserção do DIU”, esclarece Dra. Ilza.

Além disso, mulheres diagnosticadas com câncer de mama não devem utilizar o DIU hormonal, sendo indicado, nesses casos, exclusivamente o DIU não hormonal.

 

Mitos e eficácia

Um dos principais mitos que ainda afasta algumas mulheres do uso do DIU é a ideia de que esse dispositivo falha com frequência. “Quando uma mulher engravida usando pílula, muitas vezes isso é atribuído ao esquecimento. Já com o DIU, como ele é um método inserido e contínuo, qualquer falha é atribuída diretamente a ele, o que gera uma falsa percepção de baixa eficácia. Mas os dados mostram o contrário: enquanto a taxa de falha da pílula é de cerca de 80 mulheres a cada mil por ano, o DIU apresenta falha em apenas 2 a 3 mulheres a cada mil”, explica a ginecologista.

 

Indicações específicas

De acordo com a médica, mulheres que passaram por cirurgia bariátrica, por exemplo, têm absorção reduzida de ferro e não devem ter perdas menstruais significativas – tornando o DIU hormonal a melhor escolha. Já mulheres jovens, com queixas frequentes de cólicas, também podem ter melhora significativa da qualidade de vida com o uso deste dispositivo.


“O importante é compreender o contexto clínico de cada paciente. Mulheres climatéricas, por exemplo, podem se beneficiar bastante do DIU hormonal, especialmente para controle de sangramentos irregulares. Ademais, o dispositivo também pode ser utilizado como proteção endometrial durante a reposição hormonal na pós-menopausa.

A Dra. Ilza reforça que, apesar das diferenças, ambos os tipos de DIU são métodos altamente seguros, eficazes e duradouros. “A escolha deve ser baseada no perfil da paciente, nos sintomas apresentados, no padrão menstrual e nas contraindicações específicas. Com a orientação correta, é possível encontrar o método que trará mais conforto, segurança e qualidade de vida à mulher”, finaliza.


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