Desafios na assistência ao parto no cenário brasileiro é tema de debate no Atualiza Parto FEBRASGO
Dando continuidade ao Atualiza Parto FEBRASGO, a Sessão 04 tratou temas relacionados aos “Desafios na assistência ao parto no cenário brasileiro”, sob coordenação da Dra. Roseli Nomura, diretora administrativa da FEBRASGO, com destaque para aspectos importantes sobre práticas e adoção de políticas efetivas para reduzir riscos e fortalecer a segurança materna.
A Dra. Eliana Martorano Amaral, vice-presidente da CNE em Assistência Pré-Natal, abordou um dos assuntos mais sensíveis e atuais da obstetrícia: o parto cesáreo a pedido materno. A médica chamou atenção para o crescimento contínuo das cesáreas no país. “O Brasil é um dos maiores no número de cesáreas. É um crescimento que tem acontecido com certa velocidade”, explica a médica.
A especialista também lembrou que o contexto brasileiro possui particularidades que influenciam diretamente essa decisão. “No Brasil, em especial, existem leis que apoiam a cesárea. No estado de São Paulo, por exemplo, há uma lei que garante o direito ao procedimento a partir de 39 semanas”.
O Dr. Alberto Trapani Junior, membro da CNE de Obstetrícia, tratou sobre a “Implementação do partograma da OMS no Brasil”, destacando a importância dessa ferramenta padronizada para o acompanhamento da evolução do trabalho de parto. Ele ressaltou que o futuro da assistência obstétrica deve incorporar, de forma progressiva, tecnologias. “Por diversas situações, é bem provável que haja uma evolução sobre a sala de parto do futuro com a Inteligência Artificial”, declara. Ele ainda enfatizou a adoção de ferramentas digitais e o apoio em decisões clínicas.
Na sequência, a Dra. Rossana Pulcinelli Vieira Francisco, presidente da CNE de Mortalidade Materna, apresentou uma análise atualizada sobre as taxas de cesárea no Brasil, destacando que o país atingiu 61% de partos cesáreos em 2024. A especialista contextualizou que fatores estruturais e a grande extensão territorial do Brasil influenciam diretamente esses indicadores: “O que precisa estar em foco é prevenir a primeira cesárea”, pontua.
Entre as principais causas de morte materna estão hipertensão, hemorragia, além da importância da prevenção da anemia e da pré-eclâmpsia, entre outros fatores. A médica também chamou atenção para fatores estruturais. “Desigualdades regionais, de raça e cor impactam a mortalidade materna no Brasil. Precisamos investir em educação sexual de meninos e meninas, no enfrentamento à violência sexual, no apoio para que as mulheres escolham o melhor momento de engravidar e no acesso a anticoncepcionais de longa duração”.