Atualiza Parto FEBRASGO destaca segurança e boas práticas nos cuidados ao parto de risco
O Atualiza Parto FEBRASGO realizado nesta sexta-feira (05/12), no Centro de Convenções Frei Caneca, reuniu especialistas para discutir condutas seguras e baseadas em evidências no atendimento ao parto de risco.
A Sessão 01, dedicada ao tema “Cuidados no parto de risco”, contou com a participação de palestrantes das Comissões Nacionais Especializadas (CNEs) da entidade e trouxe debates essenciais para o fortalecimento da assistência obstétrica no país. A mesa foi coordenada pela Dra. Lia Vaz da Costa Damásio, diretora de Defesa e Valorização Profissional da FEBRASGO e a Dra. Débora Siqueira Ramos Beltrammi, do Ministério da Saúde.
A abertura ficou por conta da Dra. Maria Laura Costa do Nascimento, membro da CNE de Obstetrícia, que apresentou a aula “Indução do parto na cesárea anterior”. A médica destacou que o procedimento pode ser seguro quando realizado com critério e treinamento especializado. “A indução de parto na cesárea anterior é uma intervenção possível e segura. Todos os serviços devem avaliar como é a assistência ao parto nessas mulheres, usando a classificação de Robson, e garantir o treinamento adequado para avaliação, preparo e métodos de indução”, afirmou.
Em seguida, o Dr. Jorge Francisco Kuhn dos Santos, membro da CNE de Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério, abordou o tema “Parto pélvico vaginal: como eu faço”? O obstetra afirma que o parto pélvico pode ser seguro quando conduzido por profissionais capacitados e em ambiente adequado. “Não tenha medo de assistir a um parto pélvico por via vaginal. No caso obstétrico, é estudar. Ler muito, ver vídeos sobre assistência ao parto.” Ele lembrou ainda que mais de 50% dos fetos em apresentação pélvica se desprendem sem intervenção.
Outro ponto relevante da sessão foi a aula do Dr. Álvaro Luiz Lage Alves, presidente da CNE de Urgências Obstétricas, sobre “Extração difícil na cesárea”. O especialista alertou para a importância do manejo adequado nos casos de dificuldade de extração fetal durante o procedimento, reforçando a necessidade de preparo técnico e tomada de decisão segura. Entre suas observações, destacou a importância de considerar soluções que evitem intervenções mais traumáticas sempre que possível: “Tentar resolver mais por via vaginal”, pontuou ao discutir estratégias de assistência.
Fechando a mesa, o Dr. José Geraldo Lopes Ramos, membro da CNE de Ginecologia, abordou “Como treinar o especialista no uso do fórceps”, discutindo a queda do uso do instrumento no Brasil e em diversos países. O médico reforçou que o fórceps continua sendo uma ferramenta importante quando bem indicada.
“O treinamento adequado, a discussão prévia com a paciente e o consentimento informado são fundamentais”, contou. Ele ressaltou que a descrição criteriosa no prontuário é indispensável e que o plano de parto deve contemplar a possibilidade de uso do instrumento quando clinicamente indicado.
A sessão reforçou um conceito central entre os especialistas presentes: gestação de risco não significa, por si só, necessidade de cesariana. A condução adequada, a avaliação individualizada e o fortalecimento do treinamento profissional são pilares para uma assistência obstétrica mais segura, humanizada e baseada em evidências.