Diabetes pode impactar saúde ginecológica
E a menopausa se relaciona com a resistência insulínica
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) chama atenção para a relação entre menopausa e risco de diabetes e os problemas que a doença traz à saúde ginecológica. O alerta complementa informações do Novembro Azul, mês em que é lembrado o Dia Nacional de Combate ao Diabetes (14/11).
Na menopausa, a queda do estrogênio — hormônio com ação protetora sobre a sensibilidade à insulina em músculos e fígado — favorece a resistência insulínica, acúmulo de gordura visceral e piora do controle glicêmico. “Além disso, fatores associados à idade, como redução de massa magra e da atividade física, ganho de peso progressivo, inflamação crônica de baixo grau e uso mais frequente de alguns medicamentos também podem agravar a resistência à insulina”, explica a Dra. Rita de Cássia de Maio Dardes, ginecologista da Comissão Nacional Especializada (CNE) em Climatério da FEBRASGO.
Após a menopausa, o corpo feminino tende a acumular gordura abdominal, o que pode aumentar o risco de síndrome metabólica: pressão arterial elevada, glicemia alterada, triglicerídeos altos, HDL-colesterol reduzido. Mulheres na pós-menopausa têm maior probabilidade de apresentar esse conjunto e, por consequência, maior risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares (como infarto e AVC).
“Entre outros fatores que contribuem para o surgimento de diabetes na mulher menopausada estão o sono de má qualidade — comum nessa fase e associado a maior fome e preferência por alimentos calóricos —, o estresse crônico e a sobrecarga emocional, que favorecem hábitos alimentares irregulares e elevam a glicose, o histórico familiar e a predisposição genética, além do envelhecimento, um fator de risco independente para o diabetes tipo 2”, conta a Dra. Cristina Laguna Benetti Pinto, vice-presidente da CNE em Ginecologia Endócrina da FEBRASGO.
A terapia hormonal (TH) pode beneficiar o metabolismo a depender do tipo, via de administração e perfil da paciente. A via transdérmica (adesivo/gel) é especialmente útil por evitar a primeira passagem hepática, reduzindo o impacto em triglicerídeos e resistência insulínica.
Na fase de transição menopausal (geralmente após os 40 anos), a recomendação das especialistas é: (1) Avaliar a glicemia precocemente para identificar pré-diabetes. (2) Implementar mudanças de estilo de vida: alimentação menos calórica, menos ultraprocessados e açúcares, atividade física regular e higiene do sono. (3) Considerar apoio medicamentoso quando indicado, para evitar a progressão de pré-diabetes para diabetes.
O diabetes mal controlado pode impactar a saúde ginecológica. A hiperglicemia crônica afeta o sistema reprodutivo e urinário, podendo causar infecções genitais e urinárias de repetição, como candidíase, pela maior disponibilidade de glicose para microrganismos. “Além disso, na menopausa há mais disfunção sexual, associando-se redução da lubrificação e dor nas relações sexuais”, complementa Dra. Cristina.
“Diabetes e bem-estar no trabalho”: tema da campanha mundial de 2025
O impacto do diabetes ultrapassa a glicemia: energia, sono, alimentação e saúde mental influenciam o desempenho. Para prevenir o diabetes e manter a saúde das mulheres, as ginecologistas da FEBRASGO recomendam às empresas:
- Flexibilidade para monitorar glicemia, aplicar insulina e realizar lanches adequados.
- Ambiente alimentar favorável em refeitórios, reuniões e eventos; redução de ultraprocessados e bebidas açucaradas.
- Educação e empatia: capacitar líderes e equipes para apoiar sem estigma.
- Apoio psicológico e programas de saúde com endocrinologistas, nutricionistas e psicólogos.
- Atenção à dupla jornada: flexibilizar horários e viabilizar trabalho remoto parcial quando possível.
- Pausas ativas e incentivo a pequenas caminhadas durante o expediente.
- Campanhas internas sobre alimentação, sono e saúde mental e estímulo constante ao autocuidado.