Mulheres no climatério ainda têm baixa atenção médica à osteoporose, revela especialista da FEBRASGO

Sexta, 17 Outubro 2025 11:01
  • 75% das fraturas de fêmur ocorrem em mulheres
  • 20 de outubro é o Dia Mundial da Osteoporose

 

A menopausa marca uma fase de profundas mudanças no corpo da mulher, sendo a saúde óssea uma das áreas mais afetadas. A queda na produção de estrogênio aumenta a perda de massa óssea e eleva significativamente o risco de osteoporose – doença silenciosa que, segundo dados internacionais, já atinge mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo.

De acordo com a Dra. Adriana Orcesi Pedro, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Osteoporose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a prevenção deve começar cedo, mas a atenção deve der redobrada no climatério. “A saúde óssea precisa ser construída ao longo de toda a vida, com hábitos saudáveis e atenção aos fatores de risco. No entanto, na menopausa, quando há a parada de produção do estrogênio, a proteção natural do osso é reduzida. A partir desse momento, a mulher começa a perder massa óssea de forma acelerada, aumentando a fragilidade e, consequentemente, o risco de fraturas, que podem ocorrer em situações de baixo impacto ou até espontaneamente”, explica a especialista.

Segundo dados recentes do Ministério da Saúde (2023 e 2025), cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil convivem com a osteoporose. Embora silenciosa, a doença causa aproximadamente 200 mil mortes por ano e é a principal responsável por fraturas em idosos e mulheres na menopausa. Esta estatística só tende a aumentar devido ao envelhecimento populacional.

Um dos tratamentos indicados para mulheres saudáveis, com menos de 60 anos, é a terapia hormonal. “A terapia hormonal é eficaz em interromper a perda óssea e prevenir fraturas, além de trazer outros benefícios importantes para a saúde da mulher. Porém, no Brasil, apenas 20% das mulheres no climatério recebem prescrição médica adequada. Muitas recorrem a fitoterápicos ou antidepressivos, que podem aliviar ondas de calor, mas não protegem os ossos, o coração ou a saúde íntima”, alerta Dra. Adriana.

Os números reforçam a gravidade da situação. Segundo a médica, estima-se que ocorram mais de 37 milhões de fraturas por fragilidade óssea por ano no mundo, o que representa mais de uma fratura por segundo. A mais grave delas é a de fêmur: cerca de 20% a 24% das pacientes que sofrem essa fratura morrem nos primeiros seis meses após o evento; e cerca de 30% ficam com incapacidade permanente, dependendo de cuidadores e gerando alto impacto pessoal, familiar, social e econômico. Importante ressaltar que 75% das fraturas de fêmur ocorrem em mulheres.

“O Ministério da Saúde gasta mais tratando fraturas decorrentes da osteoporose do que câncer de mama. Porém, enquanto o câncer de mama conta com protocolos de rastreamento bem estabelecidos, a osteoporose ainda carece de políticas públicas consistentes para diagnóstico precoce e tratamento, destaca a ginecologista.

A especialista reforça que, apesar da gravidade da doença, menos de 20% dos pacientes recebem diagnóstico; menos de 30% dos que sofrem uma fratura iniciam o tratamento adequado; e menos de 50% aderem ao tratamento, ressaltando que uma fratura prévia aumenta substancialmente o risco de novos episódios. Estes dados são tão impactantes, que a maior e mais influente sociedade médica em osteometabolismo, a Fundação Internacional de Osteoporose (IOF), da qual a FEBRASGO é afiliada, escolheu “É inaceitável. Pare de negligenciar a saúde óssea” como tema central da campanha 2025 do Dia Mundial de Combate à Osteoporose. A campanha mostra casos reais de fraturas em pacientes sob risco em que a saúde óssea foi negligenciada.

“A osteoporose é uma verdadeira epidemia silenciosa do século. Precisamos conscientizar as mulheres, especialmente as que estão na menopausa e as que têm fatores de risco sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento correto. Cuidar da saúde óssea é investir em qualidade de vida e longevidade com dignidade, autonomia e independência”, finaliza a médica.


Mais conteúdos

Estilo de vida é base essencial para o cuidado da menopausa

Estilo de vida é base essencial para o cuidado da menopausa

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatí...
Câncer de mama nem sempre causa dor, mas pode dar sinais

Câncer de mama nem sempre causa dor, mas pode dar sinais

Associação da ultrassonografia com a mamografia aumenta a sensibilidade ...
MEC suspende por 120 dias edital para novos cursos de Medicina

MEC suspende por 120 dias edital para novos cursos de Medicina

Nesta sexta-feira, 10 de outubro, o Ministério da Educação (...
Amamentação e saúde mental das mães: benefícios, desafios e o papel da família

Amamentação e saúde mental das mães: benefícios, desafios e o papel da família

Substâncias liberadas no aleitamento podem reduzir risco de depressã...
-->

© Copyright 2025 - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Todos os direitos são reservados.

Políticas de Privacidade e Termos De Uso.

Aceitar e continuar no site