Cerca de 20% das mulheres podem enfrentar transtornos mentais durante a gestação e no período pós-parto

Quarta, 09 Outubro 2024 10:00

Depressão perinatal pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo do bebê e afetar o desenvolvimento neurológico, linguístico, comportamental e sócio emocional

No Dia Mundial da Saúde Mental, 10 de outubro, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) faz um alerta sobre a importância da atenção à saúde mental de gestantes e puérperas.  De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 20% das mulheres podem enfrentar transtornos mentais durante a gestação e no período pós-parto.

A Dra. Lilian de Paiva, presidente da Comissão de Pré-Natal da Febrasgo, explica que o período gestacional pode apresentar diversos desafios, que variam de mulher para mulher. De acordo com a especialista, muitas gestantes se preocupam com a saúde do bebê, com as expectativas em relação ao parto e com a adaptação a essa nova fase da vida. Essas preocupações podem impactar a saúde mental da mãe, tornando essencial o apoio emocional durante essa jornada.

A médica explica que essas preocupações podem resultar em diferentes níveis de ansiedade. As flutuações hormonais típicas da gestação podem provocar oscilações de humor, tornando a gestante mais suscetível a momentos de tristeza ou irritação. Algumas mulheres podem apresentar sintomas de depressão durante a gravidez, que podem ser agravados por fatores como histórico familiar de distúrbios emocionais. Além disso, a percepção da mudança em sua imagem corporal pode gerar inseguranças.

“O medo da dor ou de complicações durante o parto, bem como a incerteza em relação à experiência que está por vir, são preocupações comuns. É fundamental que as gestantes busquem apoio emocional, seja por meio de amigos e familiares, grupos de apoio ou profissionais de saúde mental, para enfrentar esses desafios de maneira saudável”, ressalta.

A saúde mental materna influencia diretamente o desenvolvimento da criança. A depressão perinatal, em particular, pode prejudicar a relação entre mãe e bebê, afetando o desenvolvimento neurológico, linguístico, cognitivo, comportamental e sócio emocional. Assim, perturbações nas interações iniciais, muitas vezes causadas por sintomas depressivos maternos, podem contribuir para o surgimento de problemas emocionais e comportamentais na criança.

A Dra. Lilian explica que, embora o histórico prévio de problemas de saúde mental seja o maior fator de risco para o desenvolvimento de transtornos perinatais, existem outros fatores que podem contribuir para o adoecimento, recaída ou agravamento de condições já existentes. Situações de risco incluem uma gravidez não planejada, complicações durante a gestação ou o parto, parto prematuro, malformações ou até mesmo a perda do bebê, além de violência doméstica, entre outras. Todas essas circunstâncias aumentam a vulnerabilidade das mulheres ao desenvolvimento de transtornos emocionais no período perinatal.

“É fundamental  que a equipe de saúde esteja atenta para diferenciar entre depressão e os sintomas de cansaço e fadiga relacionados à privação de sono e ao aumento do estresse. Algumas mulheres podem experimentar o "baby blues" entre o terceiro e o décimo dia após o parto, devido a alterações hormonais, sentindo-se chorosas e sobrecarregadas durante alguns dias. Esse quadro tende a se resolver espontaneamente, sem a necessidade de cuidados específicos, além do apoio e da compreensão de familiares e profissionais”, explica.

O "baby blues" não é a mesma coisa que a depressão pós-parto, e se os sintomas não desaparecerem após algumas semanas, pode ser um sinal de algo mais sério que precisa ser investigado. Globalmente, cerca de 10% das mulheres grávidas e 13% das mulheres no pós-parto enfrentam problemas de saúde mental, incluindo a depressão. “Não existe uma única causa para a depressão pós-parto”, reforça.

Os sintomas mais comuns que devem ser observados incluem: tristeza, isolamento, dificuldade em interagir com o bebê, insônia, dificuldade de concentração, choro fácil, sensação de profunda infelicidade e, nos casos mais graves, pensamentos suicidas.

A médica esclarece que essas preocupações devem ser abordadas de forma cuidadosa e clara durante a avaliação em uma consulta de rotina. É fundamental estabelecer uma relação de confiança entre o obstetra e a gestante ou parturiente. A avaliação e o acompanhamento pelo médico devem ser realizados até que se tenha um diagnóstico mais claro, incluindo, quando necessário, o encaminhamento para serviços especializados.

Prevenção e  Estilo de vida

 

Para a obstetra, a alimentação e o estilo de vida desempenham papéis cruciais na saúde mental durante a gestação. Uma dieta rica em ômega-3, folato, ferro e zinco pode beneficiar a saúde cerebral e emocional. Alimentos como peixes, vegetais verdes, leguminosas e grãos integrais são especialmente benéficos. O consumo de refeições equilibradas ajuda a manter níveis estáveis de açúcar no sangue, o que pode reduzir oscilações de humor e irritabilidade.

As vitaminas do complexo B, especialmente B6, B9 e B12, estão associadas à saúde mental, e a deficiência dessas vitaminas pode aumentar o risco de depressão. Além disso, é fundamental manter uma boa hidratação.

Praticar atividades físicas regularmente ajuda a liberar endorfinas, que melhoram o humor e reduzem os sintomas de ansiedade e depressão. Um sono adequado é vital para a saúde mental, pois a falta de sono pode acentuar a ansiedade e o estresse. Práticas como meditação, yoga e técnicas de relaxamento são eficazes para gerenciar o estresse emocional. Além disso, um ambiente social positivo, com uma rede de apoio formada por familiares e amigos, contribui para uma melhor adaptação às mudanças e desafios da gestação. Evitar álcool, cafeína e outros estimulantes pode prevenir o aumento da ansiedade e da depressão.

Outras medidas efeitas para manter uma boa saúde mental durante a gravidez

Psicoterapia: o acompanhamento psicológico pode ajudar a processar emoções e enfrentar os desafios associados à gravidez.

Planejamento para a Chegada do Bebê: Ter um planejamento pode ajudar a reduzir a ansiedade e aumentar a confiança em relação à nova fase que se aproxima.


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