Dia Nacional de Combate à Sífilis: 31 mil gestantes brasileiras foram diagnosticadas com a doença no último ano
FEBRASGO alerta que a infecção pode ser transmitida da mãe para o bebê
De janeiro a junho de 2022, o Brasil registrou um total de 122 mil novos casos de sífilis. Segundo informações do Ministério da Saúde, nesse período, foram identificados 79,5 mil casos de sífilis adquirida, 31 mil casos em gestantes e 12 mil ocorrências de sífilis congênita, que é transmitida da mãe para o bebê. O Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, 19 de outubro, foi estabelecido com o propósito de incentivar a conscientização da população sobre a prevenção da doença. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) destaca a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado da sífilis nas gestantes durante o período pré-natal.
O Dr. Regis Kreitchmann, vice-presidente da Comissão de Doenças Infectocontagiosas da FEBRASGO, explica que a sífilis é uma doença causada por uma bactéria chamada Treponema Pallidum que pode provocar feridas no genitais, na palma das mãos e planta dos pés, manchas no corpo, queda de cabelos e pode levar, com o tempo, à destruição das articulações, lesões nos vasos do coração e no cérebro. “Os sintomas não são específicos da sífilis, sendo que muitas vezes, nas fases iniciais da doença, eles podem passar despercebidos pelas mulheres”, alerta o Dr Régis.
A transmissão da doença pode ocorrer tanto por meio de relação sexual, quanto durante a gravidez, uma vez que a bactéria pode facilmente atravessar a placenta. A sífilis apresenta um alto risco de resultar em perdas ou lesões fetais potencialmente irreversíveis. Os impactos no feto podem ser devastadores, incluindo a possibilidade de aborto ou óbito fetal. Sem tratamento, o bebê pode nascer com sífilis congênita, exigindo internação para exames e administração de antibióticos como parte do tratamento da doença.
Teste diagnóstico
O Dr. Régis explica que o teste diagnóstico pode ser feito através de exames de sangue (VDRL ou RPR) no laboratório ou mesmo por teste rápido específico para sífilis no posto de saúde. “O teste precisa ser realizado pelas pacientes que estão planejando uma gestação. Todas as gestantes devem realizar o teste na primeira consulta do pré-natal e repeti-lo no terceiro trimestre e no momento do parto. O exame deverá ser feito também nas situações de exposição de risco para sífilis, como ocorre nos episódios de violência sexual”, destaca o ginecologista.
Tratamento
Durante a gestação, o tratamento da mãe e do bebê envolve o uso de penicilina benzatina por via intramuscular, com o número de injeções dependendo do tempo de contágio, variando de uma a três doses. Além disso, o parceiro também deve ser tratado com o mesmo tratamento ou, se preferir, pode optar por um antibiótico oral. É fundamental seguir o tratamento prescrito e realizar exames de sangue para confirmar a eficácia da terapia.
Complicações potenciais da sífilis se não for tratada adequadamente
Em mulheres, a sífilis tem o potencial de evoluir e provocar danos nos órgãos vitais, resultando em lesões cerebrais, articulares e cardíacas que podem ser fatais. Em gestantes, a complicação mais séria de um tratamento inadequado é a possibilidade de transmitir a infecção para o bebê, o que pode acarretar consequências graves e sequelas ao longo de toda a vida da criança.
Saúde reprodutiva da Mulher
“A sífilis não tratada pode causar abortos de repetição, além da ocorrência de perdas fetais e neonatais repetidas. Essas perdas possuem enormes impactos sociais, econômicos e psicológicos para a mulher e a sociedade. A sífilis congênita pode ser eliminada se a mulher for diagnosticada e tratada corretamente”, alerta o especialista.
Como posso me proteger da sífilis e de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)?
Uma maneira eficaz de se prevenir contra doenças sexualmente transmissíveis é o uso de preservativos durante as relações sexuais. Além disso, a testagem regular para sífilis, HIV e hepatites virais, disponível em postos de saúde, é fundamental, especialmente para indivíduos que praticam sexo desprotegido, devendo ser realizada anualmente. A testagem dos parceiros também é essencial para garantir uma camada adicional de proteção, especialmente para as mulheres.
“Em situações de risco, como aquelas envolvendo violência sexual, é recomendado que as mulheres busquem serviços especializados o mais rápido possível, a fim de receber medicamentos de profilaxia contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Para pessoas que enfrentam exposição frequente a ISTs, a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), que consiste em uma combinação de antirretrovirais orais, pode ser uma opção para prevenir a infecção pelo HIV", pontua o médico.
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