Mulheres têm risco maior de apresentar episódios depressivos, quando comparadas aos homens, alerta FEBRASGO

Quarta, 06 Setembro 2023 12:09

Oscilações hormonais é um dos principais fatores que impactam na saúde mental feminina

 

O mês de setembro é reconhecido como Setembro Amarelo, um período designado para a prevenção do suicídio. Iniciada no Brasil em 2015, essa campanha tem como propósito sensibilizar a sociedade sobre a temática do suicídio e saúde mental e implementando medidas preventivas. Contudo, os distúrbios mentais não afetam todas as pessoas de maneira igual. As mulheres, por exemplo, frequentemente enfrentam o desafio de uma dupla jornada de trabalho (tanto no âmbito profissional quanto no pessoal), além de vivenciarem experiências de violência física e psicológica ao longo da vida.

 

De acordo com o Índice Instituto Cactus-Atlas de Saúde Mental (iCASM), desenvolvido pelo Instituto Cactus, quando observamos os fatores sociodemográficos, um aspecto que merece destaque é a constatação de que aqueles que estão em busca de emprego, mulheres, jovens e membros da comunidade LGBTQIA+, especialmente as pessoas trans, apresentam índices de saúde mental mais baixos do que a média. No caso das mulheres, a pontuação foi registrada em 600, evidenciando uma diferença negativa de 72 pontos em comparação aos homens, cuja pontuação foi de 672.

 

 Carmita Abdo, psiquiatra e membro da Comissão Especializada em Sexualidade da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), explica que devido às oscilações hormonais (fisiológicas), ao longo da vida, as mulheres têm risco maior de apresentar episódios depressivos, quando comparadas aos homens. “Esse risco, durante a vida, é de 5% a 12% para o sexo masculino e de 10% a 25% para o feminino, nos diversos períodos da sua vida reprodutiva e não reprodutiva (período pré-menstrual, gravidez, puerpério, perimenopausa e pós menopausa)”, alerta a médica.

 

Os transtornos de ansiedade e depressão são as duas condições de prejuízo à saúde mental que mais acometem mulheres. “A ansiedade se caracteriza por sintomas físicos, psicológicos e cognitivos. Diante de estresse ou perigo, essas reações são naturais. Por outro lado, algumas pessoas se sentem extremamente ansiosas com as atividades corriqueiras, o que representa ansiedade patológica”, alerta a Carmita.

A ansiedade patológica é caracterizada por respostas inadequadas em intensidade e duração diante de estímulos específicos, acompanhada de preocupações relacionadas a ameaças que não se concretizaram. Esta condição afeta 9% da população, sendo duas vezes mais comum em mulheres. Os sintomas incluem dificuldade de concentração, preocupação excessiva, inquietação, tremores, hiperatividade, taquicardia, palpitação, sudorese, tontura, boca seca e náusea, podendo ocorrer de forma isolada ou combinada, resultando em considerável desconforto e sofrimento. Essa experiência se prolonga por várias semanas ou meses, manifestando-se na maioria dos dias.

Depressão

A depressão, por sua vez, se caracteriza por humor triste, baixa autoestima, isolamento social, crises de choro, lentificação ou agitação psicomotora, dificuldade de concentração e decisão, prejuízo da memória, ideias de culpa, ruína e de suicídio, sintomas físicos (fadiga, perda ou aumento do apetite, do sono, do interesse sexual e dores generalizadas ou localizadas).  Em outras palavras, os transtornos depressivos incluem uma ampla variedade de manifestações, cuja característica comum é o humor triste, vazio ou irritável, associado a alterações físicas, que afetam significativamente a funcionalidade.

Um tipo específico de transtorno depressivo é o transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), que se manifesta por sintomas com intensidade suficiente para impactar o cotidiano da mulher (vida profissional e social, relacionamento interpessoal e sexual), como detalhado adiante. 

“É comum que aqueles que têm transtornos de ansiedade também enfrentem a depressão ou vice-versa. Cerca de 10% da população mundial sofre de ansiedade e depressão, o dobro de mulheres comparativamente aos homens. No entanto, embora os transtornos de ansiedade e depressivos sejam tratáveis, apenas uma pequena porcentagem das pessoas afetadas recebe tratamento”, pontua Carmita.

Sintomas de saúde mental que as mulheres devem estar atentas

A médica da FEBRASGO enfatiza a relevância de procurar a orientação de um profissional de saúde mental quando se manifestarem sintomas mentais graves ou angustiantes persistindo por duas semanas ou mais, tais como:

  • dificuldade para dormir;
  • mudanças de apetite que resultam em alterações de peso para mais ou para menos;
  • dificuldade para sair da cama, devido ao humor negativo;
  • dificuldade de concentração;
  • perda de interesse em atividades que antes eram agradáveis;
  • incapacidade de desempenhar funções e responsabilidades diárias habituais.

 

Prevenção

A Dra. Carmita expõe algumas medidas que ajudam tanto a prevenir doenças mentais quanto auxiliar na efetividade do tratamento. “Entre elas estão adoção de hábitos de vida saudáveis, evitando práticas como tabagismo, consumo excessivo de álcool, uso de drogas ilícitas, sono insuficiente, sedentarismo, dieta hipercalórica e gordurosa e beber pouca água. Medicamentos podem desempenhar papel importante no tratamento de condições mentais, sendo frequentemente utilizados em combinação com outras abordagens, tal como psicoterapia e exercício físico. Muitas vezes a psicoterapia é suficiente, se combinada a bons hábitos de vida. O profissional de saúde vai avaliar cada caso e definir qual a melhor alternativa de tratamento”, frisa Carmita.


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